Estevão o Martire

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Sua defesa

Atos 7 1-8No entanto, Estêvão deixa claro que o chamado de Abraão não implicava em receber uma herança, mas uma promessa. (7.5). Como sabemos do livro de Êxodo, inclusive seus descendentes não viram seus pés na terra prometida antes de Josué. A herança era deles, mas era preciso confiar na promessa de Deus ao longo de gerações. Abraão fora um nômade durante toda sua vida e não tinha literalmente uma terra sequer para chamar de lar, mas apenas uma vaga ideia de uma futura “herança” que muito tardiamente viraria de sua posse, a terra que lhes pertenceria.
O problema é que quando Abraão recebeu essa promessa de herança e progênie, ele ainda não tinha filhos, de modo que foi preciso ter uma fé dupla, em uma terra futura e em futuros descendentes (12.2; 15.2.6) para habitar a terra. O ponto de Estêvão reside no fato de que o chamado de Abraão não era centrado na posse da terra, mas na promessa de uma futura herança. A vida cristã se baseia não em posses materiais ou terrenas, e sim em promessas divinas, como em Gênesis 15.6: “Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi atribuído para justiça.”

José (7.9–16)

José demonstra, ainda, a extensão com a qual o povo de Deus não está vinculado a uma terra. Essa seção consiste de duas provações, seguidas por uma libertação divina. A primeira ocorre nos versículos 9–10, em que José é vendido como escravo por seus irmãos. Ele era o filho mais jovem e o predileto de Jacó (Gn 37), de modo que, movidos por ciúmes, seus irmãos o venderam para se livrarem dele. Para Estêvão, isso retrata o tratamento inadequado que Israel tivera das outras nações ao longo de sua história e, especialmente, a perseguição dos cristãos pelos líderes judeus.

A libertação que Deus concedera a José “de todos seus problemas” nasceu como resultado de seu cuidado vigilante e da orquestração de eventos. O Senhor “estava com ele”, e também lhe “concedera graça e sabedoria” para interpretar o sonho do faraó (Gn 41). Como resultado, ele ganhou “a boa vontade do faraó”, um eufemismo. Na realidade, o faraó o constituíra governador daquela nação e de toda a casa real. Ele passou de escravo preso a “governante sobre o Egito e todo o palácio [do Faraó]” de uma só vez devido ao resgate de Deus

Estêvão provavelmente se via em José, rejeitado e traído por seus irmãos (os judeus), mas com Deus a seu lado.

Estêvão ainda fala de uma segunda provação em 7.11–12, em que uma grande fome assola tanto o Egito como Canaã, e Jacó e seus filhos não achavam o que comer. Na frase “não se encontrava alimento (chortasmata), é possível inferir que se tratava de uma ração animal, significando que as pessoas nem mesmo encontravam alimento nos cochos destinados aos animais. A situação era desesperadora.

Havia apenas uma única esperança para os sobreviventes. O Egito era a capital mediterrânea do trigo, e a nação não tinha mais grãos. Todavia, quando Jacó ouviu que no Egito havia trigo, ele mandou seus filhos para lá (Gn 42). Quando eles chegaram, José amenizou suas necessidades mais urgentes, porém sem revelar sua identidade.

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