Tiago 1:19-27

Tiago  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 1,177 views
Notes
Transcript

Estudo 3

Recapitular
Autor: Tiago (meio irmão de Jesus)
Livro: Uma epistola com o foco Prático
Na dificuldade Deus continua a ser Deus.
Como saber se minha religião é verdadeira (Tiago 1.19–27)
A verdadeira “religião” é centrada na Palavra de Deus. Quais as evidências de um crente verdadeiro?
O crente verdadeiro tem sua vida centrada na Palavra de Deus (Tg 1.18,21,22–25)
Tiago enfatiza três verdades vitais aqui.
1. O verdadeiro crente nasce da Palavra de Deus (1.18). A Palavra de Deus é a divina semente. Quando ela é aplicada em nosso coração pelo Espírito Santo, acontece o milagre do novo nascimento. Nascemos, do Espírito. Recebemos, portanto, uma nova natureza, uma nova vida.
2. O verdadeiro crente acolhe a Palavra (1.21). Há uma preparação própria para receber a Palavra: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal…”. A Palavra de Deus é comparada a uma semente, e o coração do homem, a um solo. Antes de lançarmos a semente precisamos preparar a terra. Jesus falou de quatro tipos de solo: o solo endurecido, o superficial, o congestionado e o frutífero (Mt 13.1–23). Antes de acolhermos a Palavra, precisamos remover a erva daninha da impureza e da maldade. Também é requerida uma atitude correta para receber a Palavra: “… recebei com mansidão a palavra em vós implantada…”. A mansidão é o oposto da ira (1.19). É necessário adubar o terreno para que a semente frutifique. A Palavra deve ter raízes profundas em nossa vida. Aceitamos de bom grado a transformação que Deus opera em nós através da Palavra.
3. O crente pratica a Palavra (1.22–25). Não basta ouvir ou ler a Palavra, é preciso praticar. Não basta apenas o conhecimento da verdade, é necessário também a prática da verdade. Muitos crentes marcam sua Bíblia, a pergunta que te quero fazer a bíblia já marcou a tua vida.
· Primeiro, quem pratica a Palavra conhece-se a si mesmo (1.23,24). A Palavra aqui é comparada não com a semente, mas com o espelho. O principal propósito do espelho é o autoexame. Quando olhas para dentro da Palavra e compreendes o que ela diz, passas a te conhecer como és : teus pecados, tuas necessidades, teus deveres e tuas recompensas. Ninguém olha para o espelho e se vai embora sem fazer nada. tu olhas para o espelho para saberes se já penteaste o cabelo, se já lavaste a cara ou se a roupa está bem passada. tu olhas para o espelho para ver as coisas como elas são. Quando olhas para o espelho, descobres que tipo de pessoa tu es e como estás.
Há alguns perigos quanto ao espelho que precisamos evitar: devemos evitar olhar apenas de relance no espelho. Muitas pessoas não estudam a si mesmas quando lêem a Bíblia. Muitas pessoas lêem a Bíblia todo dia, mas não são lidas por ela, não a observam. Muitos lêem por um descargo de consciência, mas não se afligem por não colocar sua mensagem em prática. Há sempre o perigo de olhares para o espelho e não fazeres nada a respeito do que vês . Leia esta história:
Conta-se a história de um homem idoso, bastante míope, que tinha grande orgulho em atuar como crítico de arte. Um dia, ele visitou um museu com alguns amigos e, imediatamente, começou a fazer suas críticas sobre vários quadros. Parando diante de um quadro de corpo inteiro, começou a dar a sua opinião. Ele havia deixado seus óculos em casa e não podia ver a pintura com clareza. Com ar de superioridade, ele comentou: ‘A constituição física desse modelo está simplesmente em desacordo com a pintura. O sujeito (um homem) é bastante rústico e está miseravelmente vestido. De fato, ele é repulsivo, e foi um grande erro para o artista selecionar esse modelo de segunda classe para pintar o seu retrato’. O velho camarada foi seguindo em seu caminho, quando sua esposa o puxou para o lado e sussurrou em seu ouvido: ‘Querido, você estava se olhando no espelho’.
Devemos tomar cuidado para não esquecermos o que vemos no espelho. Muitas vezes lemos a Bíblia tão distraidamente que nem conseguimos ver quem nós somos, como está a nossa aparência. Não temos convicção de pecado. Não sentimos sede de Deus. Não falamos como Isaías: “Ai de mim!”. Não falamos como Pedro: “Senhor, aparta-te de mim, porque eu sou um pecador”. Não falamos como Jó: “Eu me abomino no pó e na cinza”.
Gastamos os assentos dos bancos e pouco as solas dos sapatos.
· Segundo, quem pratica a Palavra torna-se verdadeiramente livre (1.25). Por que Tiago chama a lei de Deus de “lei perfeita, lei da liberdade?” É porque quando a obedecemos, Deus nos liberta. Aquele que comete pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). Disse Jesus: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.31,32). Deus não deu a Sua lei como meio de salvação, mas a deu como um estilo de vida para os salvos, aqueles que haviam sido redimidos (Êx 20.2).
· Terceiro, quem pratica a Palavra torna-se bem-aventurado no que realizar (1.15). Ouvir a palavra sem praticá-la é enganar-se a si mesmo. É como se olhar no espelho, ver a roupa suja e não fazer nada.
O crente verdadeiro tem relacionamentos governados pela Palavra (Tg 1.19,20)
A comunicação é a chave para um relacionamento saudável. Dependendo da maneira como nos comunicamos, podemos dar vida ou matar um relacionamento. No século da comunicação virtual, estamos cada vez mais próximos das máquinas e mais distantes das pessoas. O verdadeiro crente deve saber se controlar tanto verbal quanto emocionalmente. Deve saber lidar com a palavra e também com a ira. Analisaremos o conselho de Tiago:
1. Ele deve ser pronto para ouvir (1.19). O termo “pronto”, no grego, é táxys, de onde vem nossa palavra táxi (rápido). O táxi é um carro de serviço. Ele deve estar sempre disponível. Seu objetivo é atender o cliente, sempre. Se vamos usar um táxi, é porque temos pressa. Não podemos esperar.
Assim ocorre também com a comunicação. Devemos ter rapidez para ouvir. Zenão, o pensador antigo, dizia: “Temos dois ouvidos, mas apenas uma boca; assim podemos escutar mais e falar menos”. Temos de considerar ainda que nossos ouvidos são externos, mas nossa língua está amuralhada de dentes. É preciso que estejamos prontos para ouvir a voz de Deus, a voz da consciência, a voz de nosso próximo.
As pessoas procuram os divãs dos psicólogos porque sentem necessidade de falar. Não conseguimos armazenar no peito as pressões e deceções sem abrir o coração com alguém. Falar é uma necessidade básica, e ouvir é uma responsabilidade vital para aqueles que desejam construir relacionamentos saudáveis e maduros. Dale Carnegie diz que aprender a ouvir as pessoas é uma das maneiras mais eficazes de se fazer amigos. Todos gostam e precisam falar de si mesmos. Temos de ouvir com os ouvidos, com os olhos e com o coração. Precisamos disponibilizar tempo e atenção para os outros. As pessoas são mais importantes que as coisas. Devemos adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas. Essa é a regra de ouro na comunicação interpessoal. Hoje, estamos substituindo relacionamentos por coisas. Os pais já não têm mais tempo para os filhos. Eles estão muito ocupados e não podem mais ajudar os filhos nos deveres da escola, nem ouvir o que os filhos têm a dizer sobre suas fantasias de criança ou suas angústias da adolescência. Os filhos parecem não ter com os pais o mesmo crédito que têm os amigos, o trabalho, o telefone. O diálogo está morrendo entre marido e mulher. Os casamentos estão acabando, o índice de divórcio está crescendo espantosamente, porque os cônjuges estão correndo atrás do urgente e deixando o que é importante de lado; estão valorizando coisas e não relacionamentos; estão substituindo pessoas por coisas.
2. Ele deve ser tardio para falar (1.19). Precisamos estar atentos sobre o que falamos, como falamos, quando falamos, com quem falamos e por que falamos.
O que Tiago quer dizer é que devemos refletir primeiro, e não falar de imediato. É preciso saber a hora de falar e também o que falar. O que temos a dizer é verdadeiro? É oportuno? Edifica? Transmite graça aos que ouvem?
Geralmente falamos antes de pensar, de ouvir, de orar, de medir as conseqüências. Devemos ter muito cuidado com isso, pois: “A morte e a vida estão no poder da língua…” (Pv 18.21). As palavras podem dar vida ou matar. Há um provérbio inglês que diz: “Tu és senhor da palavra não dita; a palavra dita é teu senhor”. Por isso, Davi orava a Deus e pedia: “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios!” (Sl 141.3). Sócrates dizia que precisamos sempre passar nossas palavras por três peneiras: é verdade?; é com a pessoa certa?; é oportuno?
3. Ele deve ser tardio para irar-se (1.19). Tiago está a dizer que a ira deve ser tratada com reflexos lentos. A maior demonstração de força está no autodomínio, e não no domínio sobre os outros. “Melhor é o longânimo do que o valente, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade” (Pv 16.32). Em geral, a ira humana é desgovernada, destruidora e pecaminosa. É obra da carne, e não opera a justiça de Deus.
Precisamos aprender a lidar com nossos sentimentos. Um indivíduo temperamental provoca grandes transtornos na família, no trabalho, na igreja e na sociedade.
O crente verdadeiro tem suas ações religiosas dirigidas pela Palavra (Tg 1.26,27)
A religião pura e verdadeira vai muito além de doutrinas e ritos. Envolve prática, ação. Em seu livro intitulado A Velhice, o grande orador Cícero conta que um velho ateniense, entrando no teatro lotado, não encontrou ninguém que lhe cedesse o lugar. Quando, porém, se aproximava da bancada especial, em que se achavam os embaixadores da Lacedemônia, estes se levantaram e deram lugar ao velho, no meio deles. Toda a assembleia, então, se levantou e aplaudiu o gesto desses embaixadores.
É sempre assim, não falta quem reconheça o valor das ações nobres e se disponha a aplaudi-las. No entanto, entre aplaudir e praticar existe uma enorme diferença.
Hoje há um grande abismo entre o que professamos e o que vivemos; entre o que dizemos e o que fazemos; entre a nossa profissão de fé e a nossa prática de vida; entre o cristianismo teórico e o cristianismo prático. Esse distanciamento entre verdades inseparáveis, essa falta de consistência e coerência, dá à luz uma religião esquizofrênica e farisaica.
Tiago, homem de mente lógica e de espírito prático, toca, sem subterfúgios, o ponto nevrálgico do problema e aponta o sério risco de se viver uma religião descomprometida, mística, etérea, teórica, descontextualizada, sem praticidade e sem pertinência histórica. Tiago diz que é preciso celebrar a liturgia da vida. Ele coloca o prumo de Deus em nós e questiona-nos: somos verdadeiros religiosos ou não? Como saber se somos? Aqui Tiago menciona dois aspetos negativos e um positivo.
1. Ele tem controle da sua língua (1.26). Tiago alerta para o perigo de um temperamento doente e explosivo e de uma língua solta (1.19,26).Tiago compara a língua com um cavalo fogoso sem freios, com um navio sem leme que pode espatifar-se nas rochas, com uma fagulha que incendeia uma floresta, com uma fonte contaminada, com uma árvore que produz frutos venenosos, com um mundo de iniquidade ou com uma fera indomável. Jesus disse que é a língua que revela o coração (Mt 12.34–35). Uma língua controlada significa um corpo controlado (3.1
A Bíblia diz que a boca fala daquilo que o coração está cheio. A língua funciona como aferidora do coração. Ela é como uma radiografia que revela o que está em nosso interior. Não há coração puro se a língua é impura. Não há língua santa se o coração é um poço de sujeira. Não há cristianismo verdadeiro sem santidade da língua. Se o coração estiver certo, a língua mostrará isso.
2. Ele tem vida santa (Tg 1.27b). A religião verdadeira não é um simples ritual, não é misticismo ou encenação, mas é ter uma vida separada para Deus. É guardar-se incontaminado do mundo, ou seja, do sistema de valores pervertidos, corruptos, sujos, imorais e inconsequentes.
Ser religioso autêntico é não conformar-se com os conformismos do mundo, para conformar-se com os inconformismos de Deus. A religião que agrada ao Senhor é rechaçar o mal ainda que mascarado de bem. O mundo é atraente. Contudo, o mundo jaz no maligno. James Boyce, corretamente afirma:
Nós vivemos, como Tiago, em uma época caracterizada por imundície moral. O perigo da contaminação pelo mundo por meio de suas diversões, revistas, livros e a vida do dia-a-dia, é algo que nós conhecemos muito bem. Tiago está dizendo que devemos nos manter livres de tudo isso e que não devemos ser contaminados com tais coisas.
Estamos fisicamente no mundo, mas não espiritualmente nele (Jo 17.11–16). Não somos tirados do mundo, mas guardados do mal. Não somos do mundo, mas estamos no mundo. Estamos nele não para que ele nos contamine, mas para sermos nele instrumentos de transformação.
3. Ele tem compaixão dos necessitados (Tg 1.27). Tiago não está enfocando a questão doutrinária, mas um assunto de prática cristã. O conteúdo da fé é a morte expiatória de Cristo e Sua ressurreição gloriosa. O cuidado dos necessitados não é o conteúdo do cristianismo, mas sua expressão. A preocupação prática da religião de uma pessoa é o cuidado pelos outros. Quando nos olhamos no espelho da Palavra, nós vemos a Deus, a nós mesmos e, também, o nosso próximo (Is 6.3–8). Palavras não substituem obras (2.14–18; 1Jo 3.11–18).
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições não é apenas cortesia pietista. Não é um descargo de consciência. Trata-se de socorro, de envolvimento, de empatia, de compaixão manifestada na ajuda concreta e no suprimento das necessidades reais daqueles que carecem e sofrem.
Related Media
See more
Related Sermons
See more