Tiago 2:1-26

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Estudo 4

Como saber se minha fé é verdadeira ou falsa
(Tiago 2.1–26)
O capítulo 2 da Carta de Tiago é um dos textos mais importantes da Bíblia. Muitos estudiosos não conseguiram entendê-lo. Lutero pensou que Tiago estivesse contradizendo Paulo (Rm 3.28 – Tg 2.24; Rm 4.2–3Tg 2.21). Logo, Lutero chamou Tiago de carta de palha e sentiu que a carta de Tiago não tinha o peso do Evangelho.
Mas será que Tiago contradiz Paulo? Absolutamente não. Eles se complementam. Paulo falou que a causa da salvação é a justificação pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé. Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a consequência da salvação e fala das obras. Paulo deixa isso claro: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.8–10).
Calvino diz que a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora não vem só. Ela se evidencia pelas obras. A questão levantada por Paulo era: “Como a salvação é recebida?” A resposta é: “Pela fé somente”. A pergunta de Tiago era: “Como essa fé verdadeira é reconhecida?” A resposta é: “Pelas obras!” Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizem, mas se completam. Somos justificados diante de Deus pela fé, somos justificados diante dos homens pelas obras. Deus pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas obras.
A fé testada (Tg 2.1–13)
Tiago falou que nascemos da Palavra (1.18), ouvimos a Palavra (1.19), acolhemos a Palavra (1.21), mas devemos também praticar a Palavra (1.23). Ouvir a Palavra e falar a Palavra não substitui o praticar a Palavra.
Tiago mostra que a maneira como nos comportamos com as pessoas indica o que realmente nós cremos sobre Deus. Não podemos separar relacionamento humano de comunhão divina (1Jo 4.20). Neste parágrafo, Tiago diz que nós podemos testar nossa fé pela maneira como nós tratamos as pessoas.
Tiago diz que a fé verdadeira é conhecida pelo relacionamento imparcial com as pessoas (2.1–4). Favoritismo e acepção de pessoas não são atitudes de um cristão. Dois visitantes entram na igreja: um rico e outro pobre. Oferecer maiores privilégios ao rico e desprezar o pobre é negar a nossa fé no Senhor da glória. Jesus não valorizava as pessoas pela cor da pele, pela beleza das roupas, ou pelo dinheiro. Jesus não julgava as pessoas pela aparência (Mt 22.16). Ele, sendo o Senhor da glória, se fez pobre e não julgou as pessoas pela aparência. Jesus acolheu os ricos e os pobres; os religiosos e os publicanos; os doentes e as crianças; os israelitas e os gentios. Sua Palavra orienta-nos a não julgarmos as pessoas pela aparência (Jo 7.24). Abraham Lincoln disse certa altura: “Deus deve amar as pessoas simples, porque ele fez muitas delas”.
A ênfase de Tiago agora é sobre a soberana escolha de Deus (2.5–7). A salvação não está baseada em mérito humano nem mesmo em nossas obras. A salvação não é comprada nem merecida (Ef 1.4–7; 2.8–10). Deus ignora diferenças nacionais (salvou Cornélio). Ele ignora diferenças sociais (salva senhores e escravos: Filemom e Onésimo). A escolha divina não está baseada no que a pessoa tem (1Co 1.26,27). Devemos tratar as pessoas como Deus as trata, e não de acordo com o seu status social.
A essência da lei de Deus é o amor ao próximo como a nós mesmos (2.8–11). A questão não é quem é o meu próximo, mas para quem eu posso ser o próximo? O amor é o cumprimento de toda a lei.
A fé morta (Tg 2.14–17)
A fé é uma doutrina chave no cristianismo. O pecador é salvo pela fé (Ef 2.8,9), o justo vive pela fé (Rm 1.17). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Tudo o que é feito sem fé é pecado (Rm 14.23).
Em Hebreus 11 encontramos a galeria da fé, em que homens e mulheres creram em Deus, pela fé.
Qual é o tipo de fé que salva uma pessoa? Nem todas as pessoas que dizem crer em Jesus estão salvas (Mt 7.21). Quais são as características de uma fé morta?
Em primeiro lugar, é uma fé que não desemboca em vida santa. A fé morta está divorciada da prática da piedade. Há um abismo entre o que a pessoa professa e o que a pessoa vive. Ela crê na verdade, mas não é transformada por essa verdade. A verdade chegou a sua mente, mas não desceu a seu coração. A fé que não produz vida, que não gera transformação, é uma fé espúria (Mt 7.21).
As igrejas estão cheias de pessoas que dizem que creem, mas não vivem o que creem. Isto é uma fé morta.
Em segundo lugar, é uma fé meramente intelectual. A pessoa consente com certas verdades, mas não é transformada por elas. No versículo 14, Tiago pergunta: “Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” Quando Tiago usa a palavra semelhante, ele fala de um certo tipo de fé, ou seja, a fé apenas verbal em oposição à fé verdadeira.
Em terceiro lugar, é uma fé que não produz frutos dignos de arrependimento. Essa fé é ineficiente, inoperante e não produz nenhum resultado. Ela tem sentimento, mas não ação. Tiago dá dois exemplos para ilustrar a fé morta (2.15,16). Um crente vem para a igreja sem roupas próprias e sem comida. Uma pessoa com uma fé morta vê essa situação e não faz nada para resolver o problema do irmão necessitado.
Comida e roupa são necessidades básicas (1Tm 6.8; Gn 28.20). Como crentes, devemos ajudar a todos e, principalmente, aos que professam a mesma fé (Gl 6.10). Seremos julgados por esse critério (Mt 25.40). Deixar de ajudar o necessitado é fechar o coração ao amor de Deus (1Jo 3.17,18). O sacerdote e o levita podiam pregar sobre sua fé, mas não demonstraram a sua fé (Lc 10.31,32). João Calvino diz: “Só a fé justifica, mas a fé que justifica jamais vem só”.
Em quarto lugar, é uma fé sem nenhum valor. Ela é inútil. A fé sem obras é inoperante (2.20).
Em quinto lugar, é uma fé incompleta. Tiago diz que a fé sem as obras está incompleta (2.22). As obras são a evidência da fé. Somos salvos pela fé para as obras (Ef 2.8–10).
Em último lugar, é uma fé morta. Tiago é claro em afirmar que a fé sem as obras está morta (2.17; 2.26), e uma fé morta não salva ninguém. Essa fé intelectual, inútil, incompleta e morta não salva ninguém. James Boyce diz que não podemos ser cristãos e, ao mesmo tempo, ignorar as necessidades dos outros. Devemos reconhecer que, se há alguém com fome e nós temos os meios para socorrê-lo, não somos cristãos de verdade se não ajudarmos essa pessoa. Não podemos ser indiferentes às necessidades do próximo e ainda professar que somos cristãos.
A fé dos demônios (Tg 2.19)
Os demônios creem e tremem! Crer e tremer não é uma experiência salvadora.
No que os demônios creem? Warren Wiersbe responde a essa pergunta, dizendo: em primeiro lugar, os demônios creem que Deus é um só. Os demônios creem na existência de Deus. Eles não são nem ateístas nem agnósticos. Mas esta crença dos demônios não pode salvá-los.
Em segundo lugar, os demônios creem na divindade e poder de Cristo. (Mc 8.28-34). Os demónios suplicaram.
Em terceiro lugar, os demônios creem na existência de um lugar de penalidades eternas. Eles sabem que o inferno foi criado para o diabo e seus anjos. Eles sabem que o inferno é destinado para todos aqueles cujos nomes não forem encontrados no Livro da Vida. Eles não negam a existência do inferno (Lc 8.31). Eles creem nas penalidades eternas.
Em quarto lugar, os demônios creem que Cristo é o supremo Juiz que os julgará. Os demônios sabem que terão de comparecer diante de Cristo, o supremo juiz. Eles creem que todo joelho se dobrará diante de Cristo.
A fé salvadora (Tg 2.20–26)
A fé salvadora pode ser sintetizada em três palavras: notitia (conteúdo), assensus (concordância), fiducia (confiança): conteúdo, concordância e confiança. A fé verdadeira inclui o intelecto, as emoções e a vontade. O conteúdo da fé é a verdade de Deus. Eu recebo essa verdade e confio nela e por ela sou transformado.
Como Tiago descreve a fé verdadeira? Warren Wiersbe responde a esta questão oferecendo vários pontos.
Em primeiro lugar, a fé salvadora está baseada na Palavra de Deus. Tiago cita dois exemplos: Abraão e Raabe. Duas pessoas totalmente diferentes: Abraão, o amigo de Deus; Raabe, membro dos inimigos de Deus. O que tinham em comum? Ambos confiaram na Palavra de Deus. A questão não é a fé, mas o objeto da fé. Fé em Deus e na Sua Palavra. Não é fé em subjetividades, mas fé na Palavra.
Em segundo lugar, a fé salvadora envolve todo o ser humano.A fé morta toca apenas o intelecto. A fé dos demônios toca o intelecto e também as emoções. Mas a fé salvadora atinge o intelecto, as emoções e também a vontade. A mente entende a verdade, o coração deseja a verdade, e a vontade age com base na verdade.
Em terceiro lugar, a fé salvadora conduz à ação. Tiago cita dois exemplos de fé que produziram ação: primeiro, o exemplo de Abraão. Gênesis 15.6 diz que Abraão creu e isso lhe foi imputado para justiça. Gênesis 22.1–19 mostra a obediência de Abraão ao oferecer o seu filho para Deus, crendo que Deus poderia ressuscitá-lo (Hb 11.19). Abraão não foi salvo por obedecer a esse difícil mandamento. Sua obediência provou que ele já era salvo. Abraão não foi salvo pela fé mais as obras, mas pela fé que produz obras.
Segundo, o exemplo de Raabe. Ela creu e agiu. Ela ouviu a Palavra de Deus e reconheceu que estava em uma cidade condenada. Ela não somente entendeu a mensagem, mas seu coração foi tocado (Js 2.11), e assim fez alguma coisa: protegeu os espias (Hb 11.31). Ela arriscou sua própria vida para proteger os espias. Mais tarde ela fez parte do povo de Deus (Mt 1.5) e tornou-se membro da genealogia de Cristo. Isso é graça que opera a fé salvadora.
O apóstolo Paulo diz que do mesmo jeito que somos destinados para a salvação, somos também destinados para as boas obras.
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