Pais e Filhos!
6 1Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isto é justo. 2“Honre o seu pai e a sua mãe”, que é o primeiro mandamento com promessa, 3“para que tudo corra bem com você, e você tenha uma longa vida sobre a terra”.
4E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor.
Introdução:
I- Primeiro ponto -Os filhos devem obedecer e honrar os pais;
1. Filhos, obedecei. Por que o apóstolo usa o termo obedecei, em vez de honrai, que tem uma extensão maior de significado? É porque obediência é a evidência daquela honra que os filhos devem a seus pais. Ele, pois, a exige da maneira mais enérgica possível. É igualmente mais difícil, pois a mente humana se esquiva da submissão, e só com dificuldade suporta ver-se forçada ao comando de outro. A experiência revela quão rara é essa virtude; assim, é possível encontrarmos um entre mil que seja obediente aos seus pais? Mediante a figura de sinédoque, aqui uma parte é expressa pelo todo, e necessariamente é acompanhada por todas as demais.
No Senhor. Além da lei da natureza [naturae legem], que é recebida por todas as nações, o apóstolo ensina que a obediência dos filhos é decretada pela autoridade de Deus. Daí se segue que os pais devem ser obedecidos, só até onde os deveres para com Deus não sofram detrimento, porquanto estes devem vir em primeiro lugar. Se a determinação divina é a regra pela qual a submissão dos filhos deva ser imposta, seria totalmente errôneo que, por ela, fossem eles desviados de Deus mesmo.
Inicialmente é preciso dizer que, antes de se tornar um adulto, a obediência aos pais deve ser a norma, e a desobediência, a rara exceção.
2. Que é o primeiro mandamento com promessa. As promessas anexadas aos mandamentos se destinam a avivar nossa esperança, e comunicar-nos uma disposição mais intensa em nossa obediência. Portanto, Paulo usa um condimento, por assim dizer, para tornar a submissão que ele ordena aos filhos mais pronta e prazerosa. Ele não diz simplesmente que Deus ofereceu um prêmio àquele que obedecem a seu pai e a sua mãe, mas que tal proposta é peculiar a este mandamento. Se cada um dos mandamentos tivesse suas próprias promessas, não teria havido nenhuma força na recomendação feita aqui. Mas este é o primeiro mandamento.
3. Para que te vá bem. A promessa é de longa vida. Com isso entendemos que a presente vida não deve ser menosprezada entre os dons divinos. A este respeito e de temas afins os leitores poderão ler nas Institutas da Religião Cristã. Aqui só observarei sucintamente que o prêmio prometido à obediência dos filhos é muito apropriado. Aqueles que se mostram bondosos para com seus pais, de quem receberam a vida, se asseguram, da parte de Deus, de que tudo estará bem com eles em sua vida.
Sobre a terra. Moisés menciona expressamente a terra de Canaã [Êx 20.12]. Pois os judeus não poderiam ser felizes, ou ter uma vida deleitável, fora dela. Mas, como a mesma bênção divina é hoje derramada sobre o mundo inteiro, Paulo oportunamente omitiu a menção de um lugar, cuja distinção peculiar só durou até a vinda de Cristo.
. Desde que sejam considerados crianças ou menores, eles devem continuar a obedecer aos seus pais.
Independentemente da idade ou situação legal, devemos continuar a honrar nossos pais, que ocupam uma posição única em nossa vida
Até a obediência aos pais mudou e já não é uma concordância relutante com a autoridade deles. Os filhos cristãos aprendem a obedecer com alegria, “pois isso agrada ao Senhor” (Cl 3.20). Esse mesmo Jesus é o Senhor e Salvador deles, e o Criador da nova ordem, por isso eles estão ansiosos por fazer o que lhe agrada.
II. Segundo Ponto- O que Deus espera dos pais? Os pais devem amar a imitação de Cristo;
E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor.
Em todos os casos, a disciplina e a instrução dos pais devem ser “do Senhor”. Mães e pais devem se lembrar de que ele é o principal mestre e o que melhor aplica a disciplina.
Os pais podem facilmente abusar de sua autoridade, fazendo exigências irritantes, irracionais ou severas, que não levam em consideração a inexperiência e a imaturidade das crianças. Há lugar para a disciplina, como Paulo continua a dizer, mas ela nunca deve ser arbitrária. Por outro lado, quase nada faz com que a personalidade de uma criança floresça e os dons se desenvolvam como o encorajamento positivo de pais amorosos e compreensivos.
As crianças devem poder ser elas mesmas. Pais sábios reconhecem isso. Como diz Calvino, as crianças devem “ser tratadas com carinho […] Trate-as amavelmente”.
Os filhos, portanto, não devem ser levados à ira e endurecidos pelo comportamento impróprio dos pais, mas educados “em disciplina e exortação do Senhor”. Bertram classifica a expressão de “regra fundamental de toda a educação cristã”. O genitivo “do Senhor” indica o sujeito da ação: “a educação que o Senhor exerce por intermédio do pai”. Os meios disponíveis para isso são: exemplo, elogio, admoestação, eventualmente castigo físico. Aparentemente, o mesmo processo é descrito por meio dos conceitos “disciplina e exortação”. Seria imaginável também a diferenciação entre educação pela ação (disciplina) e educação pela palavra (exortação). Em 2 Tm 3:16 a referida concepção de educação é aproveitada para ilustrar o efeito da Sagrada Escritura em toda a igreja: “Ela serve para ensino, punição, repreensão e educação na justiça.”