A negação de Pedro

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A negação de Pedro

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ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Como acompanhamos no último domingo à noite, com o pastor Gileade, chegamos ao capítulo 18 de João.
Este capítulo apresenta a iminência da Paixão de Cristo. Ele, o próprio evangelho, sofre a perseguição pela verdade que compartilhava, pela mudança de mente que ele propunha às pessoas.
Jesus era visto pelos mestres da lei, pela alta cúpula do judaísmo da época, como um herege. Alguém que dizia ser Deus, mas em quem nem todos eles acreditavam.
Por outro lado, boa parte do povo cria em Jesus porque aprendeu dele, viveu com ele, teve experiências sobrenaturais com ele, foi transformado pelo seu exemplo.
Executada toda a trama, Jesus estava sob poder de uma escolta, a caminho da sua condenação. Aqui chegamos ao texto desta noite:
João 18.12–27 (NVI)
Assim, o destacamento de soldados com o seu comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus. Amarraram-no e o levaram primeiramente a Anás, que era sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. Caifás era quem tinha dito aos judeus que seria bom que um homem morresse pelo povo.
Simão Pedro e outro discípulo estavam seguindo Jesus. Por ser conhecido do sumo sacerdote, este discípulo entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, mas Pedro teve que ficar esperando do lado de fora da porta. O outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, voltou, falou com a moça encarregada da porta e fez Pedro entrar.
Ela então perguntou a Pedro: “Você não é um dos discípulos desse homem?”
Ele respondeu: “Não sou”.
Fazia frio; os servos e os guardas estavam ao redor de uma fogueira que haviam feito para se aquecerem. Pedro também estava em pé com eles, aquecendo-se.
Enquanto isso, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e dos seus ensinamentos.
Respondeu-lhe Jesus: “Eu falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada disse em segredo. Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse”.
Quando Jesus disse isso, um dos guardas que estava perto bateu-lhe no rosto. “Isso é jeito de responder ao sumo sacerdote?”, perguntou ele.
Respondeu Jesus: “Se eu disse algo de mal, denuncie o mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu?” Então, Anás enviou Jesus, de mãos amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote.
Enquanto Simão Pedro estava se aquecendo, perguntaram-lhe: “Você não é um dos discípulos dele?”
Ele negou, dizendo: “Não sou”.
Um dos servos do sumo sacerdote, parente do homem cuja orelha Pedro cortara, insistiu: “Eu não o vi com ele no olival?” Mais uma vez Pedro negou, e no mesmo instante um galo cantou.
ORAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Este é um registro também apresentado nos demais evangelhos. Há muitas teses e artigos que abordam as ilegalidades nos processos de depoimento e julgamento de Cristo. Não me refiro nem mesmo a aspectos do Direito Contemporâneo, mas dos preceitos judaicos mesmo.
Evidentes irregularidades:
- O Sinédrio (que era uma espécie de casa legislativa / jurídica com implicações espirituais), por exemplo, não poderia se reunir à noite e nem julgar crimes de pena de morte às vésperas do sábado ou dias festivos;
- Anás e Caifás deveriam ser desligados deste processo por causa de sua ligação (Anás era sogro de Caifás) e porque suas atitudes já estavam contaminadas (João 18.14)
João 18.14 (NVI)
Caifás era quem tinha dito aos judeus que seria bom que um homem morresse pelo povo.
- Utilizaram testemunhas falsas;
- A acusação sobre Jesus era falsa, uma vez que Jesus, em momento algum, blasfemou contra Deus;
- Jesus foi agredido em várias etapas deste processo de oitiva e julgamento.
Jesus foi, portanto, vítima do maior e mais grosseiro erro jurídico da história. Este trecho é sobre injustiça, meus irmãos.
Todos os dias, quando abrimos os nossos olhos, é provável que você sinta-se vítima de alguma injustiça.
Não sou reconhecido pelo meu talento;
Nada do que eu faço no meu casamento dá certo;
Ser honesto parece que não funciona;
Não adianta ser gentil com as pessoas
Aqueles que vivem com este pensamento apenas se enganam. A vida não é uma caçada às recompensas. Se assim o fosse, viveríamos apenas pela meritocracia. Eu sou bom, logo eu mereço coisas boas.
Jesus não fez mal algum. Ele confrontou aqueles que levavam o povo a passos largos para o inferno, para distante de Deus. Ele evidenciou o pecado de várias gerações. Jesus, como profeta que era, como sumo sacerdote que é, alertou aquelas pessoas sobre a necessidade de arrependimento.
Não bastasse isso, um dos 12, a quem ele mais era próximo, que havia dito de forma enfática que não o trairia, o negou três vezes.
Já preguei aqui nesta igreja sobre a negação de Pedro, mas com base em Lucas 22. Lucas traz uma coisa que os outros evangelhos não trazem. Em dado momento, o olhar de Pedro e de Jesus se cruzam.
Pedro, envergonhado, triste, desanimado, pesado com toda a sua culpa. Talvez seja essa a sua situação nesta noite. Com um fardo tão grande que você não sabe o que fazer.
Pode ser que você esteja em um momento que não saiba mais como sair do buraco em que está, não faça ideia de como resolver um grande problema. Talvez este problema seja por causa uma culpa, de um erro.
Todos nós temos um Pedro em nosso coração. Todos nós falhamos. Na obra fantástica de C.S. Lewis chamada “As Crônicas de Nárnia” há um personagem chamado Edmundo. Para quem não sabe, as Crônicas foram uma forma de Lewis apresentar o evangelho de Jesus na sua época, com o seu dom literário. Há muita discussão sobre qual personagem bíblico teria servido de inspiração para Edmundo, mas eu creio que foi Pedro.
Edmundo era alguém muito temperamental. Extremista. Cabeça quente. Mas ele teve uma experiência arrebatadora. Aquilo mudou o seu coração.
Assim foi com Pedro. Se o olhar dele era de medo e culpa, o olhar de Cristo o alcançou para o curar, o perdoar e o transformar.
Irmãos, devemos parar para pensar em quais de nossas atitudes temos negado a Cristo. Se Pedro, que andou com Cristo, viu tudo o que ele fez, quem ele curou, como fez sinais e maravilhas, o negou diante de toda a humilhação de Jesus mediante aquele processo jurídico corrompido, imagine o quanto nós fazemos.
- Deixamos Jesus de lado quando não damos valor à Sua Palavra;
- Negamos Jesus quando cremos que apenas nós somos capazes de resolver os nossos problemas;
- Zombamos de Jesus quando achamos que os nossos problemas são os maiores problemas do mundo
Jesus foi morto numa cruz por uma condenção que era minha e era sua. Os cravos nas mãos dele deveriam estar nas nossas mãos. A humilhação e a zombaria deveriam ser nossas.
Ele se fez sacrifício em nosso favor. A cruz foi a forma de Jesus nos olhar e nos transformar. O olhar redentivo. Que nos confronta, que nos faz mudar de vida e que nos aponta um caminho.
Ao negar as três vezes, algo acontece com Pedro. Mateus, Marcos e Lucas vão registrar que após o galo cantar, Pedro caiu na real e chorou amargamente. Essa é a ideia mais forte de toda essa situação. É o choro do constrangimento. É a vergonha que ganha forma física e sai em lágrimas.
Todos os dias, Deus nos chama ao arrependimento. A conversão na vida cristã é diária. Não ache que a sua mão levantada em 1980 basta. Eu não estou falando de perda de salvação, isso é um outro assunto. Eu estou falando de vida sincera com Deus.
A partir do momento que você reconhece o seu erro, entrega a sua vida a Cristo, você recebe o Santo Espírito de Deus e ele trabalha, todos os dias, no seu caráter, convencendo de pecados, modelo a sua vida à medida do caráter do próprio Cristo. Isso é a santificação. A santificação não permite que fiquemos inertes na vida cristã. Não existe tanto faz como tanto fez na vida do crente. Erros vão acontecer, você vai pisar na bola e vai falhar porque você está em um mundo tomado de pecado.
Só que a sua ficha precisa cair. O chorar amargamente é terapêutico. É espiritual. Significa que você reconhece a sua situação, não quer mais permanecer nela e abre o seu coração para o trabalhar de Deus.
Aquele Cristo na iminência de ser crucificado falou a multidões, mas discipulou 12 homens, de diferentes perfis. Todos falharam. Uns mais, outros menos.
Não ache que você precisa ser um super crente. Você não está num filme da Marvel para ser um super-herói. Deus quer corações arrependidos. Pessoas que reconheçam o sacrifício feito por elas. Jesus espera por aqueles que ignoram as suas próprias injustiças terrenas, para compreender o quanto vale a justificação que o sangue dele dá.
Diante de todo este trecho de João 18 que lemos, o que concluir?
CONCLUSÃO
Nos achamos injustiçados, mas somos justificados por aquele que sofreu a maior injustiça;
A humilhação de Jesus e a condenação sobre ele eram para mim;
Por vezes, somos como Pedro: mentirosos, enganadores, fujões, mas Deus nos chama, diariamente, para uma nova história, somos chamados à restauração;
Chorar amargamente e abrir o nosso coração, fazem parte do processo do Espírito Santo em nosso caráter
Para praticar
Peça ao Senhor para que te evidencie os seus erros (sobretudo aqueles que você não encara como erros);
Olhe para a cruz de Cristo e reflita sobre o grande amor demonstrado por ele;
Avalie em quais das suas atitudes você tem negado a Cristo. Assuma o compromisso de mudar;
Não se envergonhe do evangelho porque foi por meio dele que a sua vida foi restaurada e é por ele que pessoas são resgatadas das profundezas, das tragédias e da morte;
Glorifique a Deus porque a cruz simboliza o seu resgate.
Em Cristo.
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