Batalha Espiritual
I. Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
Sede fortalecidos- voz passiva! Não depende de nós;
II. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;
Paulo vai demostrar que nós Cristão estamos em guerra e precisamos estar preparados para a batalha;
III. porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
IV. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
Conclusão e aplicação
abundância de elementos negativos a debilitar-nos, e estamos sempre despreparados para os enfrentar
Vós não tendes o direito de vos justificardes, dizendo que vos falta habilidade; pois a única coisa que vos peço é que sejais fortes no Senhor”
Ele os exortou a que tivessem coragem, e então os incitou a pedirem a Deus os recursos de que careciam; e, ao mesmo tempo, prometeu que, se fizessem tal pedido, o poder de Deus lhes seria proporcionado.
Deus nos tem municiado com várias armas defensivas, contanto que não recusemos indolentemente o que nos é oferecido
Devemos preparar-nos em todos os aspectos, de modo a não carecermos de nada. O Senhor nos oferece armas para repelir todo gênero de ataque. Resta-nos aplicá-las ao nosso próprio uso, e não permitamos que fiquem penduradas no armário ou na parede.
Sua intenção é fazer-nos sentir que nossas dificuldades são muito maiores do que se tivéssemos que lutar contra os homens. Ali resistimos à força humana, espada contra espada, homem digladiando com o homem, força sendo repelida pela força, e habilidade contra habilidade; aqui, porém, o caso é muitíssimo diferente, porquanto nossos inimigos são em tal proporção, que não há poder humano capaz de resisti-los. Por carne e sangue o apóstolo quer dizer os homens, os quais são assim nomeados em contraste com os assaltantes espirituais. É como se dissesse: “Nossa luta não é corporal.”
Contra os principados, contra as potestades. Não obstante, seu objetivo em produzir alerta não é encher-nos de consternação, mas excitar-nos à prudência. E então os denomina de κοσμοκράτορας, ou seja, príncipes do mundo; e à guisa de explicação ele adiciona deste mundo tenebroso. Sua intenção é mostrar-nos que o diabo reina no mundo, porquanto o mundo outra coisa não é senão densas trevas. Daí se segue que a corrupção do mundo cede espaço ao reino do diabo
No grego o imperativo “sede fortes” está na voz passiva: “sede fortalecidos”, “fortalecei-vos”. Dessa maneira aponta-se fundamentalmente para a circunstância de que a força necessária aqui não pode ser produzida por pessoas (nem mesmo por pessoas crentes). Pelo contrário: ela tem sua fonte e essência “no Senhor”. Afinal, ela tornou-se visível na ressurreição de Jesus dentre os mortos, em sua entronização no céu e como cabeça sobre a igreja, e também na proclamação do evangelho que gerou a fé nos ouvintes (Ef 1:19ss). Também o acúmulo de expressões similares (“na força do seu poder”), pela qual se intensifica a afirmação, refere-se textualmente a Ef 1:19.
Antes de detalhar os componentes da armadura Paulo descreve o inimigo com o qual a igreja precisa lidar. Trata-se do “diabo”, do qual já falou em Ef 4:27 (cf. o exposto sobre Ef 1:21). Ele é o antagonista de Deus (cf. Mt 4:1; 13:28,39; 1 Pe 5:8; etc.). O seu procedimento também foi caracterizado em Ef 4:14 como cheio de “artimanhas”: “A peculiaridade desses ataques…, que é a grande periculosidade dele, contra a qual na verdade somente a armadura de Deus é capaz de proteger, está menos na metodologia ou estratégia elaborada do que em seu requinte ou também em sua ardileza.”
O termo “dominador do mundo”, cuja natureza recebe uma inequívoca conotação negativa pelo adendo “destas trevas”, aparece na literatura astrológica para designar planetas que dominam o universo e assim também exercem influência sobre as pessoas. No entanto é incerto se esse significado já existia na época pré-cristã: “Esses poderes são chamados de dominadores do mundo porque a seriedade de sua situação deve ser evidenciada na terrível magnitude de sua influência e em seus planos abrangentes.”
Enquanto o ser humano sem Cristo constata que é refém indefeso desses poderes, a descrição possui um significado completamente diferente para a igreja de Jesus Cristo: por meio dela a seriedade da luta e a necessidade da armadura correspondente e da intercessão mútua são destacadas. No entanto, desde o começo a igreja se encontra do lado do Senhor do universo, que tirou o poder de todos os supostos dominadores do mundo.
Quando se considera o caráter genérico do presente trecho, que convoca toda a igreja para preparar-se para a luta fundamental contra as artimanhas do diabo, não será correto restringir o significado do “dia mau”. Independentemente da forma como ele se apresenta na vida de cada indivíduo cristão, de congregações inteiras ou também da igreja como um todo: a convocação vale para todos os cristãos em todos os tempos!
A conseqüência de “resistir” é “ficar de pé”, no sentido de superar e perseverar. Isso se torna viável “depois de terdes executado tudo”. No texto grego essas palavras formam uma construção intercalada com um particípio e devem ser entendidas como revestir-se completamente da armadura. Outros comentaristas relacionam a formulação com a vitória total sobre os inimigos. Contudo, deve-se concordar com Schnackenburg, que sintetiza como segue: “Depois de realizados todos os preparativos da luta, os cristãos, plenamente munidos das armas de Deus, devem firmar o pé, por mais que a situação se agrave.”
O INIMIGO QUE ENFRENTAMOS
EFÉSIOS 6.10–12
10Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. 11Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo, 12pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
Entre chamar-nos para que busquemos a força do Senhor e vistamos a armadura de Deus, por um lado (v. 10–11), e listar nossas armas, por outro (v. 13–20), Paulo dá-nos uma descrição completa e assustadora das forças organizadas contra nós (v. 12). Nossa luta não é contra seres humanos, mas contra inteligências cósmicas demoníacas.
Os leitores originais de Paulo estavam bem familiarizados com isso. Sem dúvida, lembraram-se – ou teriam ouvido falar – do incidente dos exorcistas judeus, em Éfeso, que foram precipitados o suficiente para tentar expulsar um espírito maligno em nome de Jesus, sem conhecer Jesus. Em vez disso, eles foram dominados pelo endemoninhado e fugiram em pânico, “nus e feridos” (At 19.13–17). Encontros como esse talvez tenham sido comuns, uma vez que os efésios convertidos por Paulo antes se interessavam pelo ocultismo e, na época, fizeram uma fogueira pública para queimar seus valiosos livros de magia (At 19.18–20).
As forças organizadas contra nós têm três características principais. Em primeiro lugar, são poderosas. O fato de serem chamadas de poderes e autoridades chama nossa atenção para o poder que exercem.
Segundo, são malignas. O poder em si é neutro; pode ser usado para o bem ou para o mal. Mas nossos inimigos espirituais usam seu poder de forma destrutiva, para o mal, não para o bem. São totalmente inescrupulosos e implacáveis na realização de seus maus intentos.
Terceiro, são astutas. Paulo adverte “contra as ciladas do Diabo” (v. 11). Como o diabo raras vezes ataca abertamente, preferindo a escuridão à luz, podemos ser pegos desprevenidos quando ele se transforma em “anjo de luz” (2Co 11.14). E ele é ainda mais astuto quando consegue convencer as pessoas de que ele não existe.
Como podemos ficar firmes contra os ataques de tais inimigos? É impossível por nossa própria conta. Somente o poder de Deus pode nos defender da força, da maldade e da artimanha do diabo. O poder de Deus ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos e entronizou-o nas regiões celestiais, e nos ressuscitou da morte do pecado e nos entronizou com Cristo. Os principados e potestades estão trabalhando nessas mesmas regiões celestiais (v. 12). Assim, o mundo invisível a partir do qual eles nos atacam e no qual nos defendemos é o próprio mundo em que Cristo reina. E nós reinamos com ele.
Alguns cristãos são tão autoconfiantes que acreditam poderem ter êxito sozinhos, sem a força do Senhor. A outros falta tanta confiança em si mesmos que imaginam não ter nada a contribuir para sua vitória na guerra espiritual. Ambos estão enganados. Nos versículos 10 e 11, Paulo expressa a combinação adequada da capacitação divina (“fortaleçam-se no Senhor”) e da cooperação humana (“vistam toda a armadura de Deus”). O poder é, de fato, do Senhor, assim como a armadura. Sem essa armadura, estaremos fatalmente desprotegidos e expostos, mas, ainda assim, precisamos apanhá-la e vesti-la.