A Decisão de Judas | Parte 2 |

Os exemplos na história

Antes de Judas continuar com sua descrição dos falsos mestres e anunciar a condenação vindoura, ele se volta para a história e oferece três exemplos do julgamento divino:

Como vimos ontem, o primeiro exemplo traz à memória o grande livramento que Deus deu ao povo Hebreu quando saiu doEgito, mas também exorta sobre a necessidade de crer. Por terem murmarado tantas vezes e por terem se recusado a entrar em Canaã por terem que enfrentar os seus habitantes.

Simon J. Kistemaker - Uma nação extremamente privilegiada testemunhou muitos e maravilhosos milagres que possibilitaram sua libertação da escravidão. Ainda assim, esse povo se recusou a confiar na liderança visível de Deus. Ao rejeitar a orientação que Deus ofereceu, experimentou a ira de Deus. Essa ira expressou-se através de castigos severos: muitos israelitas pereceram no deserto e foram deixados por Deus. Que aviso grave para não tomar levianamente o julgamento de Deus!

O segundo exemplo traz em si uma dificuldade teológica que tem a ver com a queda dos anjos.

Esta é uma daquelas passagens em que não há consenso quanto à sua interpretação mais literal, mas há concordância quanto à sua aplicação.

Judas está se baseando no Livro de Enoque, que era muito conhecido na época, mas que nunca fez parte do Cânon do Antigo Testamento.

Baseados no texto de Gênesis 6.2 “os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram bonitas e tomaram para si mulheres, aquelas que, entre todas, mais lhes agradaram.” O que eles entendiam era que os filhos de Deus citados na passagem seriam os anjos, que teriam sido atraído pela beleza das mulheres, abandonando o céu e pecando contra Deus. Desta maneira abandonando os seus domínios e sendo condenados por Deus.

A dificuldade não está tanto em identificar que Judas está se referindo ao livro de Enoque, mas em saber o explicar ele o faz.

Eu vou pelo caminho mais simples:

Judas usa este texto, mas “não necessariamente endossa a verdade de tudo isto; o que faz, no entanto, como qualquer pregador sábio, é empregar a linguagem e formas de pensamento correntes nos dias deles para inculcar nos seus leitores, em termos altamente significantes para eles, os perigos da concupiscência e do orgulho”. Michael Green

O terceiro exemplo é o de Sodoma e Gomorra, jutamente com as cidades vizinhas, que por se entregarem à imoralidade e à perversão sexual, sofreriam as consequências de sua vida longe de Deus.

v. 7 A terceira apostasia do AT mencionada por Judas é a de Sodoma, e Gomorra, e das cidades circunvizinhas (Gn 18:16–19:29). A palavra introdutória “como” mostra que o pecado de Sodoma apresenta características em comum com o pecado dos anjos. Sua imoralidade repulsiva era inteiramente contrária à natureza e abominável a Deus.

Paulo trata do pecado de perversão em Romanos: “Porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro” (Rm 1:26b–27). Os homens de Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim eram viciados na prática da homossexualidade. O pecado é descrito aqui como seguindo após outra carne, ou seja, algo absolutamente contrário à ordem natural ordenada por Deus.

Será mera coincidência que muitos dos apóstatas de hoje estejam na vanguarda dos movimentos que defendem publicamente a homossexualidade e propõem sua legalização desde que ocorra com o consenso das partes envolvidas?

William MacDonald, Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento, 2a edição. (São Paulo: Mundo Cristão, 2011), 985.

A autoridade das Escrituras

Judas se utiliza de um conhecimento bastante comum no primeiro século.

O que são livros apócrifos?

Como é possível que Judas tenha escolhido estes textos?

Qual a importância do ponto de vista do autor bíblico?

Isso valida todo o texto de Enoque?