Tiago 4:1-10

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Estudo 7

Como viver em um mundo cheio de guerras
(Tiago 4.1–12)
As guerras são uma realidade da vida, a despeito dos acordos de paz. Não há apenas guerras entre as nações, mas também entre as denominações, dentro nas famílias e dentro do nosso próprio coração. Tiago diz que o nosso verdadeiro problema não está fora de nós, mas dentro de nós (4.1; Mt 15.19,20).
Na Primeira Guerra Mundial (1914–1918) aproximadamente 30 milhões de pessoas pereceram. Todos ficaram horrorizados. Mas dentro de 20 anos outra guerra foi travada no mesmo anfiteatro, pelos mesmos participantes, por muitas das mesmas razões. A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) resultou na perda de 60 milhões de vidas.
Estas guerras são uma projeção da guerra instalada em nosso próprio peito. Carregamos uma guerra dentro de nós. Desejamos o nosso próprio prazer à custa dos outros (4.2). Em vez de lutar, Tiago diz que devemos orar (4.2,3).
Tiago fala sobre três tipos de guerras que enfrentamos: contra as pessoas, contra nós mesmos e contra Deus.
Em guerra contra as pessoas (Tg 4.1,11,12)
O Salmo 133.1 diz: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” Certamente, os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em guerra. Os pastores de Ló entraram em contenda com os pastores de Abraão. Absalão conspirou contra o seu pai Davi. Os próprios discípulos geraram tensões entre si, perguntando para Jesus quem era o maior entre eles. Às vezes, os membros da igreja de Corinto entravam em contendas e levavam essas guerras para os tribunais do mundo (1Co 6.1–8). Entre outros problemas.
Tiago já havia denunciado a guerra de classes (2.1–9). Os ricos recebiam toda a atenção e os pobres eram ignorados. Tiago também denuncia a guerra entre patrões e empregados (5.1–6), quando os ricos retinham com fraude os salários dos ceifeiros. Tiago denuncia ainda a guerra dentro da igreja (1.19,20). Finalmente, Tiago denuncia uma guerra pessoal (4.11,12). Os crentes viam em constante clima de hostilidade. Os crentes falavam mal uns dos outros. Nós precisamos examinar primeiro a nossa própria vida e depois ajudar os outros (Mt 7.1–5). Não somos chamados para ser juízes. Deus é o nosso juiz.
O mundo vê estas guerras dentro das denominações, dentro das igrejas, dentro das famílias e isso é uma pedra de tropeço para a evangelização. Por isso Jesus orou pela unidade (Jo 17.21). Como podemos estar em guerra uns contra os outros se pertencemos à mesma família, se confiamos no mesmo Salvador? A resposta de Tiago é que temos uma guerra dentro de nós.
Tiago aborda aqui três coisas: primeiro, um fato: há guerra entre os irmãos. Essa guerra representa o contínuo estado de hostilidade e antagonismo. Segundo, uma causa: os prazeres que militam na nossa carne. Tiago diz que os nossos desejos são como um campo armado pronto para guerrear. Terceiro, uma prática: a cobiça.
Em guerra contra nós mesmos (Tg 4.1b–3)
A fonte de todas essas guerras está dentro do nosso próprio coração (4.1; 3.14,16). A essência do pecado é o egoísmo. Eva caiu porque quis ser igual a Deus. Abraão mentiu porque queria se proteger (Gn 12.10–20). Acã causou derrota a Israel porque forma egoísta tomou o que era proibido. Somos como Tiago e João, queremos lugar especial.
Desejos egoístas são coisas perigosas. Eles levam a ações erradas (4.2). E eles levam a orações erradas (4.3). Tiago agora se move do relacionamento errado com outros irmãos para um relacionamento errado com Deus. Quando as nossas orações são erradas, toda a nossa vida está errada. Quando temos guerra com os irmãos, temos a comunhão interrompida com Deus. A oração seria a solução (4.2b), mas na prática, a oração não funciona (4.3a) porque ela está motivada pela mesma razão que provoca as contendas (4.3b). O desejo egoísta e oração egoísta conduzem à guerra. Se há guerra do lado de dentro, haverá guerra do lado de fora.
O nosso coração é o laboratório onde as guerras são criadas, a estufa onde elas germinam e crescem, o campo onde elas dão o seu fruto maldito. Observe esta dramática descrição:
Esta é uma lista de “armas e estratégias usadas nas lutas e disputadas da igreja”. É quase tão verdadeira que chega a ser cômica!
Mísseis – atacam os membros da igreja à distância.
Táticas de guerrilha – armam emboscadas contra alguém que esteja desavisado.
Franco atiradores – são os críticos com boa pontaria.
Terrorismo – ninguém fica imune de ser atingido.
Minas – seu uso assegura que outros falharão em seus esforços de servir a Deus.
Espionagem – uso de amizades para se obter informações potencialmente danosas sobre outras pessoas.
Propaganda – uso da intriga para difundir informações prejudiciais sobre outros.
Guerra fria – “coloca em gelo” um oponente, ao se evitar ou se recusar a manter diálogo com a pessoa.
Ataque nuclear – mantém o usuário desejoso de sacrificar a igreja se os alvos do seu grupo não forem atingidos.
Tiago nos mostra a localização exata das usinas de fabricação de todas estas armas: o problema está em nós mesmos.
Em guerra contra Deus (Tg 4.4–10)
A raiz de toda a guerra é rebelião contra Deus. Mas como um crente pode estar em guerra contra Deus? Cultivando amizade com os inimigos de Deus. Tiago cita três inimigos.
Em primeiro lugar, Tiago fala do mundo (4.4). A palavra kosmos foi empregada em um sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o princípio do mal que opera sobre os homens. O mundo aqui é a sociedade humana com seus valores, princípios e filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema que rege o mundo é anti-Deus. Se o mundo valoriza a riqueza, começamos a valorizar a riqueza também. Se o mundo valoriza o prestígio, começamos a valorizar o prestígio. Temos a tendência de assimilar esses valores do mundo.
Um crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente: primeiro, sendo amigo do mundo (4.4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo (1.27). Terceiro, amando o mundo (1Jo 2.15–17). Quarto, conformando-se com o mundo (Rm 12.2). O resultado é ser condenado com o mundo (1Co 11.32).
Não dá para ser amigo do mundo e de Deus ao mesmo tempo. Temos que tomar cuidado com as pequenas coisas. O mundo envolve as pessoas pouco a pouco. Ninguém se torna um viciado em álcool do dia para a noite.
Quando a imensa represa Teton Dam, no sudeste de Idaho, desmoronou, em 05 de junho de 1976, todos ficaram aturdidos. Sem aviso prévio, sob céu claro, a imensa estrutura subitamente desmoronou, lançando milhões de litros de água para dentro da bacia do rio Snake. Uma catástrofe súbita? Um desastre instantâneo? Certamente parecia ser, pelo menos superficialmente. Mas, abaixo da linha da água, numa profundidade em que os engenheiros não podiam ver, ocorria a propagação de uma rachadura oculta que, de forma lenta, porém gradual, enfraquecia toda a estrutura da represa. Aquilo começou de forma bastante insignificante. Apenas um pequeno ponto frágil, uma pequena ponta de erosão. Ninguém vira e ninguém cuidara do problema. Quando a fenda foi detetada, já era muito tarde. Os empregados da represa tiveram apenas de correr para salvar suas vidas e de escapar de serem levados pelas águas. Ninguém vira a pequena rachadura, mas todos viram o grande desmoronamento.
Em segundo lugar, Tiago fala da carne (4.1,5). A carne é a nossa velha natureza. A carne não é o corpo. O corpo não é pecaminoso. Warren Wiersbe diz que o Espírito pode usar o corpo para glorificar a Deus ou a carne pode usar o corpo para servir o pecado. Na conversão recebemos uma nova natureza, mas não perdemos a velha. Ela precisa ser crucificada. Essas duas naturezas estão em conflito (Gl 5.17). É isso que Tiago diz no versículo 1.
Há paixões carnais que buscam nos colocar em guerra contra Deus. Devemos fugir dessas paixões (1Co 6.18; 2Tm 2.22). Fugir não é um gesto desprezível. José do Egito fugiu da mulher de Potifar. A única maneira de vencer as tentações da carne é fugindo, fugindo do lugar, das circunstâncias, das pessoas. Viver na carne significa entristecer o Espírito Santo que vive em nós (4.5; Ef 4.30). O Espírito de Deus habita em nós e anseia por nós com zelo (4.5), ele não nos divide com ninguém. Estamos casados com Cristo. Que locais frequentamos que não levariamos Jesus?
Em terceiro lugar, Tiago fala do diabo (4.6,7). O pecado predileto do diabo é a vaidade, o orgulho. Ele tenta as pessoas nessa área (4.6,7). Ele tentou Eva e tenta os novos crentes (1Tm 3.6). Deus quer que dependamos dEle enquanto o diabo quer que dependamos de nós. O diabo gosta de encher o nosso ego. O grande problema da igreja hoje é que temos muitas celebridades e poucos servos. Há tanta vaidade humana que não sobra espaço para a glória de Deus.
Como podemos vencer esses três inimigos? Tiago nos informa que Deus está incansavelmente do nosso lado (4.6). Ele sempre nos dá graça suficiente para vencer. Mas a graça de Deus não nos isenta de responsabilidade. Nos versículos 7–10 há vários mandamentos para obedecer. A graça não nos isenta da obediência. Quanto mais graça, mais obediência.
Tiago menciona quatro atitudes: submissão a Deus, resistência ao diabo, comunhão com Deus e humildade diante de Deus.
Em primeiro lugar, submissão a Deus (4.7). É um termo militar que significa ficar no próprio posto, colocar-se no lugar. Quando um soldado quer se colocar no lugar do general tem grandes problemas. Renda-te incondicionalmente. Ponha todas as áreas da sua vida sob a autoridade de Deus. Davi pecou contra Deus, adulterou, mentiu, matou Urias e escondeu o seu pecado. Mas quando ele se humilhou, se submeteu e confessou, encontrou paz novamente com Deus.
Em segundo lugar, resistir ao diabo (4.7). O diabo não é para ser temido, mas resistido. Só quem se submete a Deus pode resistir ao diabo. A Bíblia nos ensina a não dar lugar ao diabo (Ef 4.27).
Em terceiro lugar, permanecer perto de Deus (4.8). Quanto mais perto de Deus ficamos, mais parecidos com Jesus nós nos tornamos. Não podemos ter comunhão com Deus e com o pecado ao mesmo tempo (4.8b). Comunhão com Deus implica em purificação (4.8b).
Finalmente, humilhar diante de Deus (4.9,10). Temos a tendência de tratar o nosso pecado de forma muito leve e condescendente. Tiago exorta-nos a enfrentar seriamente o nosso pecado (4.9). A porta da exaltação é a humilhação diante de Deus (4.10). Deus não despreza o coração quebrantado (Sl 51.17). Deus olha para o homem que é humilde de coração e treme diante da Sua Palavra (Is 66.2). Quando estamos em paz com Deus, temos paz uns com os outros e então, uma fonte de paz começa a jorrar de dentro de nós!
Ao terminar esta série de mandamentos sobre quebrantamento com a promessa do favor divino, Tiago atrai o coração dos verdadeiros crentes, que almejam acima de tudo neste mundo aquela exaltação e a honra que procedem de Deus, mais do que cargos e posições. “Em resumo, o ponto de Tiago nesta passagem é que Deus nunca nos falta – nós é que nos alienamos dEle. Ele é como alguém que traz o faminto à mesa e o sedento à fonte” (J. Calvino).
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