RESPIRAÇÃO – Parte II – Pág. 168-174
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“Se queres escutar a voz de Deus de forma audível, leia a Bíblia em voz alta.” John Piper
Portanto, a Bíblia foi escrita por homens, mas eles foram guiados de tal modo pelo Espírito de Deus que os escritos que saíram de sua pena podem ser chamados, com toda a propriedade, de Palavra de Deus (2Tm 3.16-17; 2Pe 1.19-21). Ainda que a inspiração não anule a paternidade literária nem o estilo dos escritores humanos, a paternidade literária não altera em nada a perfeição do que eles escreveram. Dessa maneira, a Bíblia é a Palavra de Deus escrita por homens.
Nem todas as palavras de Deus ficaram registradas nas Escrituras, mas apenas aquelas que ele quis preservar para as gerações futuras. Dessa maneira, quando Deus disse o que está registrado na Bíblia, “ele tinha dois auditórios em mente: a geração que estava presente ali e as gerações futuras” (traduzido pelo autor),2 as quais viriam depois (compare com Rm 15.4; 2Tm 3.16-17)
A inspiração torna possível que as palavras vivas de Deus continuem falando e operando em todas as épocas, muito além do marco histórico no qual foram originalmente pronunciadas. Portanto, nas Escrituras, não só temos um registro do que Deus falou há milhares de anos, como também do que ele continua falando. O fato de escrever a Palavra de Deus não fossiliza essa Palavra. É a Palavra de Deus escrita que “é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4.12).
Sobre o tema, John Stott diz: “As Escrituras são muito mais que uma coleção de instrumentos antigos em que se preservam as Palavras de Deus. Não se trata de um museu no qual a Palavra de Deus é exibida atrás de um vidro, como um fóssil ou uma relíquia. Pelo contrário, é uma Palavra viva, dirigida a pessoas vivas, e que provém do Deus vivo”.
A inspiração não fossiliza a Palavra de Deus, como acabo de dizer; preserva-a para que Deus continue falando por meio dela. Se não temos essa convicção, qual seria o sentido de pregar? Pregamos porque acreditamos que o que Deus quer nos dizer hoje, ele diz por meio de sua palavra escrita, que é infalível, inerrante e suficiente. Esse é o instrumento que Deus usou, está usando e usará para trabalhar em sua Igreja e no mundo até a segunda vinda do nosso Senhor Jesus Cristo. Se você acredita nisso, então permita que o texto bíblico fale, pois a Bíblia é Deus pregando, e ele atua por meio de sua Palavra.
Deus falou e continua falando por meio de sua palavra escrita. Essas duas convicções devem atar nossas consciências para resistir à pressão “antissermônica” de nossa geração.
Michelén, Sugel. Da parte de Deus e na presença de Deus: um guia para a pregação expositiva (Portuguese Edition) (pp. 44-45, 47-48). Editora Fiwl. Edição do Kindle.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Assim, temos ainda mais segura a palavra profética, e vocês fazem bem em dar atenção a ela, como a uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês. Primeiramente, porém, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração.
Porque, assim como a chuva
e a neve descem dos céus
e para lá não voltam,
sem que primeiro reguem a terra,
e a fecundem, e a façam brotar,
para dar semente ao semeador
e pão ao que come,
assim será a palavra
que sair da minha boca:
não voltará para mim vazia,
mas fará o que me apraz
e prosperará naquilo
para que a designei.”
8.4. UM LIVRO DE BOAS NOTÍCIAS.
8.4.1. Muitos de nós, lidamos com a Bíblia não como uma fonte de oxigenação, mas como um instrumento de sufocamento. Vemos a Bíblia repousando sobre a mesa do canto. Sabemos que devemos abri-la. Às vezes, nós a abrimos. Mas, em geral, nós fazemos isso com um senso de dever enfadonho. A vida é muito exigente, pensamos. Eu realmente preciso de mais demandas? Tenho de ouvir ainda mais instruções que me dizem como viver?
8.4.2. Esse é um sentimento compreensível, mas, lamentavelmente, está errado e me leva ao fato central que desejo revelar sobre a Bíblia, à medida que continuamos a refletir sobre como os pecadores genuínos obtêm estímulo para realizarem uma mudança genuína em suas vidas.
8.4.3. A Bíblia são boas notícias, não um discurso motivador. Notícias. O que são notícias?
São relatos sobre algo que aconteceu. A Bíblia é semelhante à primeira página do jornal, e não à coluna de conselhos.
Certamente, a Bíblia contém muitas instruções, mas as exortações e os mandamentos da Escritura fluem de sua principal mensagem. Romanos 15:4 e II Timóteo 3:15
A Bíblia é ajuda, não opressão. Ela nos foi dada para nos sustentar ao longo da vida, e não para nos arrasar.
Nossos próprios pensamentos obscuros sobre Deus são a razão que nos esquiva de abrir a Bíblia e de nos render a ela.
8.4.4. Entediarmo-nos de ler a Bíblia é como um asmático crônico que, embora com falta de ar, se entedia da oferta gratuita de um respirador. Leia a Bíblia com o desejo de saber não principalmente quem imitar e como viver, mas o que ela mostra sobre um Deus que ama salvar e sobre pecadores que precisam de salvação.
8.4.5. Em outras palavras, os primeiros capítulos deste livro, que descrevem Jesus, a união com Cristo, a justificação e o amor de Deus, são, cada um deles, um meio de chegarmos à mensagem central da Bíblia.
8.4.6. Talvez pareça óbvio que a Bíblia são boas-novas. De que outra maneira poderíamos lê-la? Aqui, porém, estão nove maneiras comuns e equivocadas de lermos a Bíblia:
1. A abordagem altamente sentimental – lermos a Bíblia a fim de que tenhamos uma experiência estimulante e subjetiva de Deus, induzida pelas palavras do texto, quer entendamos o que significam, quer não. Resultado: leitura frívola.
2. A abordagem rabugenta – lermos a Bíblia motivados por nada mais que um senso vago de que devemos fazê-lo, para não termos Deus em nosso encalço durante o dia. Resultado: leitura ressentida.
3. A abordagem da mina de ouro – lermos a Bíblia como uma mina vasta, cavernosa e escura, na qual alguém tropeça ocasionalmente em uma pepita de inspiração. Resultado: leitura confusa.
4. A abordagem do herói – lermos a Bíblia como um rol da fama moral que nos oferece diversos exemplos de gigantes espirituais heroicos para imitarmos. Resultado: leitura desesperada.
5. A abordagem das regras – lermos a Bíblia à procura de mandamentos a que devamos obedecer, com o propósito de reforçarmos sutilmente um senso de superioridade pessoal. Resultado: leitura farisaica.
6. A abordagem Indiana Jones – lermos a Bíblia como um documento antigo sobre eventos do Oriente Médio que ocorreram há milhares de anos e que são irrelevantes para minha vida hoje. Resultado: leitura monótona.
7. A abordagem da bola oito mágica – lermos a Bíblia como um mapa de viagem que nos diz onde trabalhar, com quem nos casar e qual carro comprar. Resultado: leitura ansiosa.
8. A abordagem das fábulas de Esopo – lermos a Bíblia como uma coletânea de ótimas histórias desagregadas que foram reunidas de forma independente, cada uma das quais possui lição moral no fim. Resultado: leitura desconexa.
9. A abordagem doutrinária -lermos a Bíblia como um depósito teológico que saqueamos a fim de obter munição para nosso próximo debate teológico no Starbucks. Resultado: leitura apática.
8.4.7. Existe alguma verdade em cada uma dessas abordagens. Porém, fazer de qualquer uma delas a principal lente pela qual lemos a Escritura significa transformar a Bíblia em um livro que ela nunca tencionou ser.
8.4.8. A maneira correta de lermos a Bíblia é a abordagem evangélica. Isso significa que lemos cada passagem como uma contribuição para o enredo único e abrangente da Escritura, que culmina em Jesus.
8.4.9. Assim como você não teria a expectativa de entender todo o significado de um romance caso caísse de paraquedas na metade dele e lesse um parágrafo descontextualizado, também não pode esperar entender tudo que uma passagem da Escritura significa sem a situar no quadro maior da narrativa bíblica.
8.4.10. A principal história da Bíblia é que Deus enviou seu Filho, Jesus, para fazer o que Adão, Israel e nós mesmos não conseguimos fazer – honrar a Deus e obedecer-lhe plenamente. Toda palavra na Bíblia contribui para essa mensagem. O próprio Jesus disse isso. João 5:46 e Lucas 24:44