Carta aos que sofrem
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Introdução
Introdução
Filipenses 4.4–7
Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
Paulo, escreveu diversas cartas no novo testamento, essas cartas tem tons, motivações e construções de narrativas diferentes.
Gálatas - Paulo mais pastoral, se colocando em atitude de guerra contra os falsos mestres e profetas.
Romanos - Paulo tem um tom mais acadêmico, está estabelecendo em Romanos as bases e estacas do cristianismo. O Paulo filósofo.
Coríntios - encontramos um Paulo mais sangue nos olhos, mais enérgico na correção aquela comunidade. Leitura equivocada de 1 Co 13.
Paulo em Filipenses não é nenhum desses, não é o professor, nem o filósofo, nem o pastor ou o exortador, Paulo é o amigo. Ele escreve para seus amigos. Paulo está preso e recebe a visita de Epafrodito, um dos líderes da igreja de Filipos. Ele ouve dizer que aquela comunidade estava paralisada, com medo, por conta da prisão de Paulo e por serem expostos morte e perseguição de outros irmãos. Estavam temerosos, assustados.
Ele então, urgentemente, pega seu papiro e sua pena e passa a escrever para aquela comunidade. E ele escreve aos seus amigos: Não tenham medo!
Esse é o tom da carta, é uma carta pra quem sofre, pra quem tem medo da dor, pra quem teme a perseguição.
Isso é muito pertinente para nós, porque nós sofremos, o sofrimento bate a porta, não poucas vezes. A ideia do já, mas ainda não, nos ensina muito sobre o sofrimento. aprendemos que nossa libertação do pecado ainda não é final e perfeita. Decisiva e irrevogável, sim! Mas final e perfeita, não! O pecado ainda habita dentro de nós, o mal está presente em nós e ao nosso redor e sofremos com os resquícios do pecado.
Nós sofremos, e como sofremos, olhamos para nossas mãos calejadas e nossos pés cansados e clamamos misericórdia ao Senhor.
Filipenses é urgente para nós, porque é a mensagem do apóstolo que nos é gritada: Não tenham medo de sofrer.
E talvez, nunca antes, essa mensagem foi tão útil. Nós somos a geração que não sabe sofrer, não que sofrer seja algo bom, mas é a ideia de que não temos a disposição de entender o sofrimento como parte da jornada humana. Somos a geração que não sabe sofrer, a geração da cesariana, somos a geração do analgésico, dos ansiolíticos, não fomos ensinados a sofrer e a perder. E não a toa, quando o sofrimento bate a porta, nos desesperamos como nenhuma geração, tanto que somos recordistas em suicídio, em depressão e em desenvolvimento de patologias emocionais. Não entendemos o sofrimento como parte da jornada.
“A dor é a substancia da vida e a raiz da personalidade pois somente sofrendo se é uma pessoa.” Miguel de Unamuno - Poeta espanhol do início do século passado.
Filipenses é pra gente como a gente, porque Paulo escreve aos seus amigos não tenham medo de sofrer, não tenham medo da dor, não tenham medo de perder, vocês estão chorando, então deixe me enviar um lenço para seus olhos. É isso que Filipenses é, um lenço para os olhos.
Nesse texto nós encontramos três lições que nos ajudam a lidar com as dores em vida, com o sofrimento a porta.
Recebam com alegria
Recebam com alegria
Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor.
Paulo repete sua expressão favorita na carta, Ele reafirma, alegrem-se, não importa quão escuras sejam as circunstancias da vida, se alegrem no Senhor. Para o apóstolo qualquer circunstância na vida poderia ser recebida com alegria, mas só se for “no Senhor”. E não existe talvez, mais testemunha viva de alegrar-se em qualquer circunstância do que o próprio apóstolo
Paulo se alegrava mesmo quando era contrariado por outros pregadores, contanto que estivessem proclamando o evangelho (1.18)
Mesmo se isso demandasse perder sua vida pela causa cristã ou dos filipenses, Paulo os exortaria a se alegrarem juntamente com ele (2.17–18).
ele provavelmente estava acorrentado a um guarda romano, esperando o veredito se iria viver ou morrer e ainda sim, clama para que aquela comunidade se alegrasse;
Da outra vez que estava na prisão, na própria Filipos, ele e Silas haviam sido espancados severamente e acorrentados a uma parede de uma cela imunda, mas tinham respondido não com gemidos e palavrões e sim com hinos e cânticos de louvor (At 16.22–25).
Mas a pergunta mais circunstancial aqui é: Porque? O que levava Paulo, mesmo em meio a todo o sofrimento, gritar aos quatro cantos, alegrem-se?
Ele mesmo nos responde: Perto está o Senhor!
O original da expressão “Perto está o Senhor” pode significar que o Senhor está presente agora ou que a vinda do Senhor está perto. Ambas as interpretações são aceitáveis e são úteis para nós.
A primeira:
O que Paulo nos convida é entender que em toda e qualquer situação, a presença e o envolvimento do Senhor clama por alegria, pois o Senhor está no comando e supervisiona cada circunstância para trazer o bem no fim (Rm 8.28). Não é nossa situação em si, mas sim a presença de Deus que determina a alegria que sentimos.
A segunda:
Ele está pedindo a esses cristãos para demonstrarem sua gentileza e bondade em um mundo perverso, para se tornarem conhecidos por sua resiliência inabalável e natureza amorosa, mesmo para aqueles que os odiavam. A verdade sobre o iminente retorno do Senhor é um lembrete de que Deus corrigirá todos os erros, justificará seu povo perseguido, e os brindará com uma vitória final. Em outras palavras, tudo valerá a pena, pois ele transformará o nosso sofrimento em glória.
Deus nos dá a promessa que nossa futura glória compensará nossas atuais dificuldades
A exemplo de Paulo, somos chamados para receber todas as adversidades da vida não com um fraco suspiro (embora as vezes não consigamos evitar!) ou com um grito de raiva, mas sim com cânticos alegres – pois, independentemente da situação, estamos “no Senhor”, e tudo será resolvido no final.
Respondam com orações
Respondam com orações
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.
Paulo começa nos propondo uma missão impossível: “Não andar ansiosos”. Somos naturalmente ansiosos, assustados com o futuro, temerosos quanto ao porvir. Paulo relembra as palavras de Jesus no Sermão do Monte (Mateus 6.25, em que ele se refere a flores e a pássaros como exemplos dos cuidados de Deus por sua criação: “Não se preocupem com suas próprias vidas…”). Se Deus cuida de sua criação inanimada, diz Jesus, quanto mais ele não cuidará de você (Mt 6.25–31)
Mas ele não somente nos desafia, Paulo já nos apresenta um resposta; Como nós responderemos a ansiedade profunda que nos consome?
“mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus”. Isso resume tudo.
A nossa resposta ao sofrimento e a dor deve ser as nossas orações. Porque a oração?
Revela nossa posição como dependentes e o Senhor com provedor
É uma atitude humilde de sujeição a soberania e controle de Deus. - Cada percalço é planejado por Deus para aumentar nossa fé e ajudar-nos a confiar nele mais completamente
Nos conecta ao eterno -
Nos previne do caos -
Além das petições, outra forma de responder ao sofrimento é com corações gratos. Quando entendemos que a dor e o sofrimento fazem parte da jornada da vida, e que eles servem para nos tornar maduros e parecidos com cristo, reagimos, respondemos com gratidão.
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente,
"Ensinando-nos" Paideyoysa” (Instruindo) – Não é o ensino de professor e aluno, mas significa, no original, a ideia da designação da criação de filhos. Inclui a instrução, a admoestação, a repreensão e até mesmo o castigo. Diferentemente dos pais do mundo, permaneceremos debaixo da disciplina paterna de Deus enquanto vivermos.
Ou seja, enquanto vivo, e desfruto das experiências da vida, sejam boas ou más, eu aprendo e amadureço, sou forjado e formado a semelhança de Cristo. É imagem do filho que cai e machuca seu joelho, que corre chorando para os braços do pai, onde se sente confiante e confortável, ainda que seu machucado continue a doer e a arder.
Diante disso, não outra resposta a não ser gratidão ao Senhor.
Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento VIII. Um Apelo à Harmonia, Assistência Mútua, Alegria, Indulgência, Oração e Reflexão Disciplinada (4:1–9)
“Ansioso por nada, orando por tudo e agradecido por qualquer coisa”.
Desfrutem da paz
Desfrutem da paz
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
O resultado de uma vida ativa de orações é “a paz de Deus”. Notem o contraste agora entre paz humana e a paz de Deus. Uma paz terrena ancorada nesse mundo doentio e pecaminoso será sempre incerta e sujeita às imprevisibilidades ocasionais da vida. Paulo, no entanto, está se referindo a uma paz dominante que caracteriza Deus e nos é oferecida como um dom divino. Ela não é meramente o oposto de ansiedade, mas sim a solução; a paz de Deus é como o limpador milagroso que, quando é borrifado sobre uma sujeira, limpa-a e remove-a.
Essa paz, então, não é simplesmente uma tranquilidade interior da alma; ela é isso e mais. . Há um senso de integridade associada a ela, um sentimento de que tudo está correto com o mundo pois Deus está presente. Nossas mentes e corações ficam cheios com sua presença, e de uma tal maneira que todas as provações assumem uma outra matiz e a ansiedade praticamente desaparece (embora jamais totalmente, pelo simples fato de sermos humanos). Essa é a razão pela qual Paulo afirma que esse tipo de paz “excede todo o entendimento”.
Essa paz está além da capacidade de ser compreendida pelo raciocínio humano; ela é amplamente superior à percepção humana e, portanto, cura o coração aflito de uma forma mais completa
Essa paz, então, “guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus”. Paulo não usa o verbo grego regular para “manter” ou “guardar” (phylassō), mas, contrariamente, escolhe um termo militar (phroureō), imaginando uma guarnição romana disposta em torno de uma cidade com um batalhão de soldados em posição de guarda. Essa teria sido uma imagem poderosa para Filipos, que, como uma cidade fortificada nos moldes romanos, era a localidade mais segura da Macedônia. O apóstolo está dizendo que a paz de Deus constrói um forte em torno de nós, nos proteger dos horrores da vida. Ele está nos protegendo, sempre vigilante, e não precisamos temer nada.
Isso não quer dizer que nada de ruim poderá nos acontecer, mas sim que esses eventos dolorosos jamais realmente poderão nos derrotar.
Aplicações práticas:
Aplicações práticas:
Jesus é a fonte inesgotável de alegria e contentamento: Devemos buscar a alegria no Senhor, independentemente das circunstâncias, reconhecendo que a presença de Deus é a fonte verdadeira de alegria.