Tiago 5:1-6
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Estudo 9
Estudo 9
COMO AVALIAR O PODER DO DINHEIRO
O dinheiro hoje domina as casas de leis, os palácios dos governos e as cortes do judiciário. O dinheiro é o maior deus deste mundo. Por ele as pessoas roubam, mentem, corrompem, casam-se, divorciam-se, matam e morrem.
O dinheiro é mais do que uma moeda, ele é um espírito, um deus, ele é Mamom. Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro. Ele é o mais poderoso dono de escravos do mundo.
O problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Não é pecado ser rico. A riqueza é uma bênção. Davi disse que riquezas e glórias vêm de Deus (1Cr 29.12). Moisés disse que é Deus quem nos dá sabedoria para adquirirmos riqueza (Dt 8.18). O problema é colocar o coração na riqueza. A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro (1Tm 6.10).
Vivemos hoje uma economia global. A máquina econômica gira numa velocidade caleidoscópica. Precisamos trabalhar mais e consumir mais. Os luxos do ontem tornaram-se as necessidades do hoje. Mas o sistema pede não apenas mais do nosso dinheiro, mas também mais do nosso tempo. Coisas tornaram-se mais importantes do que pessoas. Estamos a substituir relacionamentos por coisas materiais. Muitas pessoas estão construindo um patrimônio colossal, mas a perder a família. Nenhum sucesso compensa o fracasso da família.
Os ricos estão se tornando cada vez mais opulentos e os pobres cada vez mais desesperados. 50% das riquezas do mundo estão nas mãos de apenas algumas centenas de empresas. Há empresas mais ricas que alguns países. A GM é mais rica que a Dinamarca. A Toyota é mais rica que a África do Sul. A FORD é mais rica que a Noruega. O Wal-Mart é mais rico que 161 países. Bill Gates, no ano 2000, teve uma renda líquida de 400 milhões de dólares por semana.
A corrupção está instalada na medula de nossa nação. Sentimos vergonha ao ver tanto escândalo financeiro, tantos esquemas de corrupção instalados nos corredores do poder, quando os recursos que deveriam vir para aliviar o sofrimento do pobre são saqueados pelas ratazanas que roem incansavelmente as riquezas da nação. Estamos sendo espoliados pelos dráculas que, insaciáveis, chupam o sangue do povo.
A palavra de Tiago é mais do que oportuna. Deveria ocupar as manchetes dos jornais. Deus observa o que está acontecendo. Tiago está falando do uso e do abuso das riquezas. Ele está falando de salários retidos, luxo, vida nababesca e atos específicos do mal. É o efeito dominó. Uma coisa leva à outra.103 Os ricos estão retendo o fruto do trabalho do pobre. Os ricos estão vivendo no luxo, em virtude de terem explorado os pobres. Os ricos estão oprimindo e matando os pobres. Tiago diz que isso está sendo visto por Deus. J. A. Motyer entende que essa descrição de Tiago não se refere aos ricos cristãos, visto que não existe nenhum chamado ao arrependimento. Também, o versículo 7, faz um contraste entre os ricos e a reação que os irmãos deveriam ter diante da exploração deles.
Como a riqueza foi adquirida (Tg 5.4,6a)
A Bíblia não proíbe o homem de ser rico, se essa riqueza vem como fruto da bênção de Deus e do trabalho honrado (Sl 112; Pv 10.4). Abraão e Jó eram homens ricos e também piedosos. O que a Bíblia proíbe é adquirir riquezas por meios ilícitos e para propósitos ilícitos. Amós 2.6 condena o adquirir riquezas ilícitas e Isaías 5.8 condena o adquirir com propósitos ilícitos.
Não é pecado ser rico. Não é pecado ser previdente. Não é pecado usufruir as benesses da riqueza. O pecado está ligado à origem, ao meio e ao fim da riqueza.
Tiago fala que os ricos que ajuntaram riqueza ilícita enfrentarão a inevitabilidade do juízo de Deus (5.1). O luxo de hoje torna-se desventura amanhã (5.1). O primeiro pecado que Tiago condena é a atitude egoísta de acumular a riqueza para si. Tanto as vestes como o dinheiro estão sendo acumulados para o desperdício e não mais para o uso. Esse espírito ganancioso é pura tolice. Ele leva a pessoa a pensar que a vida é só o aqui e agora. Os ricos vivem como se não houvesse o céu para ganhar ou o inferno para fugir.
A segurança do dinheiro é falsa. A alegria que ele proporciona é fugaz (5.1). O apóstolo Paulo retrata esse fato de forma contundente em 1Tm 6.6–10,17–19.
Tiago menciona duas formas pecaminosas como os ricos adquiriram suas riquezas: retendo o salário dos trabalhadores e controlando as coortes. Vejamos a abordagem de Tiago:
Em primeiro lugar, os ricos tornaram-se opulentos retendo o salário dos trabalhadores com fraude (5.4). Os ricos não apenas estavam retendo o salário dos trabalhadores, mas estavam retendo o salário deles com fraude. Os ricos estavam sendo desonestos com os pobres. A origem da riqueza deles era fraudulenta. Eles estavam ricos por roubar dos pobres (Pv 22.16,22). A lei de Moisés proibia ficar com o salário do trabalhador até à noite: “Não oprimirás o trabalhador pobre e necessitado, seja ele de teus irmãos, ou dos estrangeiros que estão na tua terra e dentro das tuas portas. No mesmo dia lhe pagarás o seu salário, e isso antes que o sol se ponha; porquanto é pobre e está contando com isso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado” (Dt 24.14,15). Prossegue Moisés: “Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã” (Lv 19.13). Os trabalhadores foram contratados por um preço, e fizeram o seu trabalho, mas não receberam. O crente precisa ser honesto para pagar suas dívidas e cumprir com os seus compromissos financeiros.
Além de roubar dos pobres, os ricos são condenados também por viverem regaladamente (5.5). Eles vivem em extravagante conforto, com o dinheiro que eles roubaram dos pobres famintos. Os ricos viviam além das fronteiras do conforto, eles viviam no território dos vícios, onde nunca negavam a si mesmos qualquer prazer.
Em segundo lugar, os ricos estavam cada vez mais opulentos controlando as coortes (5.6a). A regra de ouro do mundo é que aqueles que têm o ouro é que fazem as regras. Os ricos se fortalecem porque compram as sentenças, subornam os tribunais e assim oprimem ainda mais os pobres que não podem oferecer resistência. Tiago chama a vítima de “o justo”. Os ricos roubam-lhe os bens, negam-lhe os direitos, abafam-lhe a voz. Os ricos compram os tribunais, torcem as leis, violam a justiça, oprimem os fracos e fecham-lhes a porta da esperança.
Nos versículos 2,3 e no versículo 5 há o uso egoísta da riqueza (acúmulo e luxúria), cada um dos versículos é seguido por uma condenação dessa prática (v. 4 e 6). Os ricos condenam os pobres nos tribunais (2.6 e 5.6). Na diáspora os crentes foram dispersos e perderam seus bens, propriedades, casas (1.1).
Judas vendeu Jesus por dinheiro. Os ricos compravam as sentenças contra os pobres por dinheiro e assim condenavam e matavam os justos (Am 2.6). Quando Deus estabeleceu Israel em sua terra, deu ao povo um sistema de cortes (Dt 17.8–13). Ele advertiu os juízes para não serem gananciosos (Êx 18.21). Os juízes não podiam ser parciais ao julgar entre os ricos e os pobres (Lv 19.15). Nenhum juiz podia tolerar perjúrio (Dt 19.16–19). O suborno era condenado pelo Senhor (Is 33.15; Mq 3.11; 7.3). Amós denunciou os juízes que vendiam sentenças por suborno (Am 5.12,13). Os pobres não tinham como resistir os ricos. Eles controlavam as próprias cortes. Eles só podiam apelar para Deus, o justo juiz.
Como a riqueza foi empregada (Tg 5.3–5)
Já é uma coisa condenável adquirir riquezas de forma ilegal, imoral e pecaminosa, mas maior delito ainda é usar essas riquezas de forma também pecaminosa. Tiago cita três formas pecaminosas de usar as riquezas:
Em primeiro lugar, eles acumularam de forma avarenta as riquezas (5.3). Não há nenhum pecado em ser previdente, fazer investimentos e em prover para si, para a família e para ajudar outros (2Co 12.14; 1Tm 5.8; Mt 25.27). Mas é pecaminoso acumular o que não é nosso. Eles ajuntavam o que deviam pagar aos trabalhadores. Anos depois, os romanos saquearam todos os seus bens e suas riquezas foram espoliadas.
É uma grande tragédia uma pessoa ajuntar tesouros para os últimos dias e não ajuntar tesouros no céu. Confiar na provisão e não no provedor é um pecado. Quem assim age, vive como se nossa pátria fosse a terra e não o céu (Lc 12.15–21). Confiar na instabilidade da riqueza ou na transitoriedade da vida é tolice (4.14; 1Tm 6.17). A vida de um homem não consiste na quantidade de bens que ele possui (Lc 12.15).
Em segundo lugar, eles mantiveram os necessitados longe do benefício de suas riquezas (5.4). Os ricos não apenas acumularam riquezas, guardando gananciosamente suas moedas ao ponto de ajuntar ferrugem, mas estavam armazenando também o salário dos ceifeiros. Eles não estavam sendo fiéis na mordomia dos bens. Eles estavam sendo fraudulentos. O roubo é pecado. Deixar de pagar salários justos e reter os salários ardilosamente é um grave pecado aos olhos de Deus.
Em terceiro lugar, eles estavam vivendo na luxúria enquanto os pobres estavam morrendo (5.5). A palavra luxúria (triphao) só é encontrada aqui em todo o Novo Testamento. Essa palavra significa extravagante conforto. A palavra prazeres (spatalao) significa entregar-se aos prazeres e aos vícios (1Tm 5.6). As duas palavras juntas significam uma vida sem autonegação, uma vida regalada, desenfreada, sedenta apenas dos prazeres e do conforto. Eles pecaram contra a justiça e contra a temperança. Jesus ilustrou essa atitude nababesca, falando sobre o rico que vivia regaladamente em seus banquetes sem se importar com o pobre ou mesmo com o destino da sua alma (Lc 16.19–31).
Qual é o destino final da riqueza? (Tg 5.1–4)
Tiago menciona as conseqüências do mau uso das riquezas. Warren Wiersbe, comentando o texto, fala sobre quatro dessas conseqüências: as riquezas acabam, elas destroem o caráter, elas atraem o juízo e elas revelam a perda de grandes oportunidades.
Em primeiro lugar, as riquezas mal usadas irão desvanecer (5.2,3a). Nada daquilo que é material permanecerá para sempre neste mundo. As sementes da morte estão presentes em tudo aquilo que está neste mundo. É uma grande tolice pensar que a riqueza possa trazer estabilidade permanente. Assim diz o apóstolo Paulo: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos” (1Tm 6.17).
Além disso, a vida é passageira: “Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece” (4.14) e não podemos levar nada desta vida: “Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar” (1Tm 6.7). Jesus disse para o rico insensato: “… insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?. (Lc 12.20).
Em segundo lugar, as riquezas mal usadas destroem o caráter (5.3). Diz Tiago: “O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e devorará as vossas carnes como fogo…”. Este é o julgamento presente na riqueza. O veneno da riqueza infectou a pessoa e ela está sendo devorada viva. A cobiça leva a pessoa a transgredir todos os outros mandamentos. Ló, ao se tornar rico, pôs sua vida e família a perder-se. Diz Deus: “… se as vossas riquezas aumentarem, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10). O bom nome é melhor do que as riquezas (Pv 22.1). A piedade com contentamento é grande fonte de lucro (1Tm 6.6). O casamento feliz é melhor do que finas jóias.
Em terceiro lugar, as riquezas mal usadas acarretam o inevitável julgamento de Deus (5.1,3,5). Tiago viu não apenas o presente julgamento (as riquezas sendo devoradas e o caráter sendo destruído), mas também ele falou do julgamento futuro diante de Deus (5.1,9). Jesus é o reto juiz e ele julgará retamente. Todos vão comparecer diante do tribunal de Cristo para dar conta de suas vidas.
Veja as testemunhas que Deus vai chamar nesse julgamento: Primeiro, as suas próprias riquezas enferrujadas e suas roupas comidas de traça vão testemunhar contra eles no juízo (5.3), revelando a avareza de seus corações. Há uma ironia aqui: os ricos armazenam suas riquezas para protegê-los e elas serão contra eles para condenálos. Segundo, o salário retido com fraude dos ceifeiros vai testemunhar contra eles (5.4). O dinheiro tem voz. Ele fala e sua voz chega ao céu, aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Deus ouviu o sangue de Abel e ouve o dinheiro roubado dos trabalhadores. Terceiro, os trabalhadores irão também testificar contra eles (5.4b). Não haverá chance dos ricos subornarem as testemunhas e o juiz. Deus ouve o clamor do Seu povo oprimido e o julga com justiça.
Em quarto lugar, as riquezas mal usadas revelam a perda de uma preciosa oportunidade (5.3). Pense no bem que poderia ter sido feito com essa riqueza acumulada de forma avarenta. Pobres poderiam ter sido assistidos, o reino de Deus expandido, o salário dos ceifeiros pago. O que esses ricos guardaram, perderam anos depois quando Roma começou a perseguir os judeus (64 d.C e 70 d.C.). O dinheiro não deve ser uma arma para controlar e dominar os outros, mas um instrumento para ajudar os necessitados. O que guardamos, perdemos. O que damos, retemos. Uma pessoa pode ser rica neste mundo e pobre no mundo por vir. Pode ser pobre aqui e rica no mundo vindouro (2Co 6.10). O dinheiro fala: o que ele irá testemunhar sobre você no dia do juízo?
Como você tem lidado com o dinheiro: ele é seu dono ou seu servo? Seu coração confia na provisão ou no provedor? Você é honesto no trato com o dinheiro? Você tem alguma coisa em suas mãos que não lhe pertence? Os bens que você tem, foram adquiridos honestamente? Você tem usado seus bens para ajudar outras pessoas, ou você tem acumulado apenas para o seu deleite e conforto?