Como cantar ao Senhor em terra estranha?

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Tema: Não se esqueça do Senhor em terra estranha
Texto: Salmo 137
“1 Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. 2 Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas, 3 pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião. 4 Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor em terra estranha? 5 Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. 6 Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria. 7 Contra os filhos de Edom, lembra-te, Senhor, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos. 8 Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste. 9 Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.
Introdução:
Não temos certeza quem escreveu o salmo e quando foi escrito. Alguns entendem que este salmo deve ser de uma data tardia como se tivesse sido escrito enquanto o povo do Senhor estava cativo na Babilônia. Alguns entendem que não, que o que o salmista está fazendo aqui é simplesmente lembrar do período em que estavam na Babilônia e justificam isso por causa do tempo perfeito dos verbos "assentar" e "chorar", mas "a conjugação perfeita transmite a totalidade de uma ação sem dividir seus processos cronológicos. O perfeito hebraico, então, não é um tempo verbal, um termo gramatical que fala do tempo de ação do verbo (passado, presente, futuro, etc.). O hebraico bíblico não tem tempo verbal como o inglês ou o grego (o tempo de ação é transmitido pelo contexto). O aspecto perfeito refere-se a um tipo de ação, não ao tempo da ação. Uma ação em hebraico pode ser vista ou concebida como completa, mesmo que ainda não tenha ocorrido” Matthew Henry entende que o salmo foi escrito perto do fim do cativeiro dele; pois, agora, eles conseguem ver a destruição da Babilônia vindo em ritmo acelerado (v.8), o que poderia representar a libertação deles. É um salmo de pesar, de lamento, mas que também traz um toque de esperança ao olhar para as promessas de Deus Independente de quando foi escrito, olhar para o passado e relembrar o sofrimento ou encarar o presente, tendo perdido as bênçãos do passado pode ser algo difícil. Muitas pessoas vivem traumas profundos e sentem dificuldade de continuar vivendo com leveza e alegria. Enfrentar os horrores da destruição de Jerusalém pelas mãos dos babilônicos juntamente com o escárnio dos edomitas, além de todas as dificuldades da deportação, não foi nada fácil. Ver a cidade de Deus destruída, mesmo que o povo reconhecesse a retidão dos juízos divinos, como vemos em Daniel 9.4-19, não parece ser algo muito fácil de encarar. O salmo demonstra o profundo amor que o salmista tinha por Sião. Daniel também demonstra esse mesmo amor quando suplica a Deus em favor do Seu santuário que estava em ruínas e contemplasse a cidade que levava o Seu nome (Dn 9.17-18). Mesmo no caso de Daniel, que havia prosperado na Babilônia, ele diz: "olha para nossa desolação". Os bens materiais e prestígios da Babilônia não preenchem o coração dos que são de Sião.
S.I.: Como você lida com os infortúnios? Como você viver no tempo da angústia? Na terra da "Babilônia", você encontrou forças para louvar a Deus? Você manteve sua alegria em Deus e nas coisas de Deus?
Proposição: A angústia vivida pelo salmista na terra da Babilônia, atrelada ao seu amor por Sião, o leva a desejar a retribuição divina sobre aqueles que lhes fizeram o mal.
S.T.: O salmo pode ser dividido em três partes, cada uma delas apontando para a relação do salmista com a sua terra amada.
1. O salmista lembra de Sião (v.1-4)
Existe tristeza na Babilônia. Babilônia não é o lugar do povo de Deus, mas foi pra onde ele foi por causa dos seus constantes pecados. Para o povo hebreu, viver em exílio não era o mais cruel, nem a prisão fechada, mas viver separados de Sião afetava profundamente os crentes fiéis.
Não tinha força pra caminhar (v.1)
Sentava e chorava - Allan (2011, p.451) entende que "assentar-se não era um sinal de ócio e conforto. Era a postura dos pranteadores, e as lágrimas eram derramadas quando se lembravam de tudo o que ficou perdido na destruição de Jerusalém”.
Não tinha força para louvar (v.2-4)
Penduravam as suas harpas
A nação opressora pedia canção A nação opressora exigia celebração
A nação opressora exige cânticos alegres de Sião, mas como demonstrar alegria ali, no local de opressão. Os capturados demonstravam recusa em tomar parte no entretenimento dos filhos da Babilônia. Esse é um tipo de abuso. Como se exige de cativos, cânticos alegres, cânticos da sua terra amada. Isso é desumano. Pode significar, até mesmo, uma forma de ridicularizar o Deus de Israel, tendo em vista que os cânticos de Sião, geralmente eram cânticos que exaltavam o ser de Deus e os seus feitos, mas agora, "cadê esse Deus poderoso que não foi capaz de livrá-los"?
"A pergunta no versículo 4 (“Como podemos entoar os cânticos do Senhor enquanto estivermos numa terra estranha?”) não deve ser tomada no sentido de que os judeus nunca haviam cantado longe de sua própria terra. No contexto, evidentemente, significa que não podiam tomar parte num concerto para o entretenimento de seus captores. Os cânticos de Sião não se destinavam a ser usados em tais cenários" (Allan Harman, 2011, p.451). Henry diz que "não se pode ser condescendente com zombadores profanos da mesma forma que não se joga pérolas aos porcos". Além disso, os cânticos do Senhor, provavelmente se referiam aos salmos inspirados.
2. O salmista demonstra seu amor por Sião (v.5-6)
A afeição do salmista por Jerusalém transpira nesses dois versículos. A mesma atitude que vemos no livro de Lamentações, quando o autor lamenta por Jerusalém desolada (Lm 1.16; 2.11)
Jerusalém ocupa seus pensamentos
Já que Deus havia escolhido Jerusalém (Sl 78.68; 132.13), desde então o seu povo se lembrava de lá como lugar da sua habitação e suspirava por retornar à sua terra. Algo interessante é o fato do salmista orar evocando uma maldição sobre si próprio caso viesse a ser infiel às promessas concernentes a Jerusalém. "Ele preferiria que sua mão direita se ressecasse (e assim o impedisse de tocar a harpa), e que sua língua se apegasse ao céu de sua boca, de modo que não mais cantasse, se um dia fosse desleal para com Jerusalém" (Allan Harman, 2011, p. 451).
Jerusalém é o motivo da sua alegria
Jerusalém constitui sua mais intensa alegria, mas por causa da sua associação com Deus. Ele não ama Jerusalém ou se alegra nela pela cidade em si, mas por aquilo que Deus fez e fará por ela. Agora, já em Jerusalém, o salmista demonstra o seu profundo zelo e interesse de que Jerusalém se encontre, outra vez numa condição próspera. Ele afirma que essa seria a sua maior alegria e se qualquer outra coisa lhe deixasse mais alegre sua mão e sua língua deixariam de louvar. Em outras palavras, o homem de Deus se alegra e coloca acima de sua própria alegria, aquilo que alegra o coração de Deus. Devemos amar o que Deus ama, mais do que amamos qualquer outra coisa.
3. O salmista ora pedindo justiça a Sião (v.7-9)
Demonstra sua revolta contra Edom (v.7)
Os edomitas (v. 7) eram descendentes de Esaú (ver Dt 2.4,5). Desde o princípio do Antigo Testamento há comparativa inimizade entre Israel e Edom; mais tarde, porém, desenvolveu-se amarga hostilidade (ver as maldições expressas contra Edom em Am 1.11,12; Jr 49.7–22; Ob 1–21; Ml 1.2–5).
Ora pedindo que Deus se levante contra Edom - Por que ele faz isso? Edom ajudou a Babilônia no tempo da queda de Jerusalém. A crueldade de Edom foi intolerável, tendo em vista que eram irmãos, possuíam o mesmo sangue, ou seja, era filhos de Esaú; e os israelitas, devido ao mandamento de Deus, haviam ocupado os edomitas enquanto estes se dedicaram à destruição de Jerusalém. Os edomitas haviam dominado a cidade e matado os fugitivos que tentava escapar (Ob 11-14; Ez 25.12-14; 35.5-15). Ele não só queriam ver Jerusalém arrasada até o chão, mas destruída até os fundamentos do governo de Deus. Essa invocação do juízo divino sobre Edom é expressa mais plenamente no livro de Obadias.
Demonstra sua revolta contra a Babilônia (v.8-9)
A atitude do salmista ecoa a linguagem que encontramos nos profetas que apresenta uma sentença judicial já pronunciada contra a Babilônia, a grande inimiga de Sião, e da eliminação de gerações sucessivas (cf. Is 13.16; Os 13.16; Sl 55.23; 69.25; 109.8,9,13). Quando tudo isso acontece, pressupõem-se que o salmista está ecoando profecias já conhecidas pronunciadas contra a Babilônia. Dessa forma o salmo nos mostra:
A certeza do salmista - Babilônia será destruída (Ap 18.1-19.4). Deus já havia predito que puniria os edomitas (Ez 25.13; Jr 44.7; Lm 4.21-22). O desejo do salmista - Se os filhos da Babilônia forem eliminados, então seus dias como nação estarão contados. A linguagem é forte. Essa oração nos mostra que o salmista apenas "queria recordar ao povo de Deus a promessa para fortalecer a sua crença na justiça vingadora de Deus e fazê-lo esperar pelo evento com paciência e submissão. Orar por vingança teria sido injustificável, se Deus não a houvesse prometido, e se a parte contra a qual a vingança era buscada não fosse réproba e impenitente; pois, quanto aos outros, embora sejam nossos maiores inimigos, devemos almejar que se corrijam e sejam transformados”.
Conclusão:
Este salmo nos ensina que:
No mundo devemos esperar a disciplina divina. O povo pecou e, por isso, o povo sofreu em terra estranha. Essa nunca tinha sido a vontade de Deus para eles, entretanto, por terem rejeitado a Lei, receberam as maldições da lei. De Deus não se zomba. Na vida também há tempo de sentar e chorar. Nem sempre estamos animados e bonitos. Existe choro de lamento, de arrependimento, e é bom que exista. Os sofrimentos são importantes para repensarmos as coisas que realmente importam. Nosso amor por Deus e pelas coisas de Deus precisam estar acima de qualquer outro amor que tenhamos. No caso dele, era Jerusalém, por causa do que a cidade representava, para nós pode ser a igreja, a Palavra, o próprio céu, estar com Jesus… Devemos aguardar a justiça divina contra aqueles que se levantam contra nós. Não nos cabe buscar a vingança, mas esperar em Deus. A Deus pertence a vingança, é Ele quem retribuirá cada um pelas suas obras. A nós, neste momento cabe vencer o mal com o bem.
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