(Êx 20:17) O Décimo Mandamento: A Jóia Rara do Contentamento

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Estamos sempre gastando, mas nunca satisfeitos
Cobiçar é ansiar, desejar algo com muita força, almejar por algo que pertence a outro. Não é simplesmente querer o que não temos; é querer algo que outra pessoa possui.
Thomas Watson: “um desejo insaciável de adquirir o mundo”.
Gênesis 3.6 “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.”
Temos pecado dessa forma desde então. Um bom lugar para observar isso é uma creche cheia de bebês. Nada desperta o interesse de um criança por um brinquedo mais do que vê-lo nas mãos de outra criança, e a transição de cobiçar para roubar é quase instantânea.
Ryken: “Estamos sempre nos comparando a outros e, francamente, ficamos ressentidos quando não recebemos o que eles têm. Tiago perguntou: Tiago 4.1–2 “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;”
1Timóteo 6.9 “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.”
A Essência da Questão
Deus exige obediência tanto interna quanto externa. O Décimo mandamento demonstra que Deus julga o coração. O mandamento contra a cobiça mostra que a lei de Deus é espiritual.
Lutero: “Este último mandamento se dirige, então, não àqueles que o mundo considera vigaristas perversos, mas precisamente aos mais retos - às pessoas que desejam ser elogiadas como honestas e virtuosas porque não violaram nenhum dos mandamentos anteriores… Esse mandamento, mais do que qualquer outro, nos convence de que somos pecadores”.
Romanos 7.7–8 “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado.”
Francis Schaeffer: “‘Não cobiçarás’ é o mandamento interno que demonstra ao homem que se considera moral que ele realmente precisa de um Salvador. O homem ‘moral’ mediano, que passou a vida comparando-se a outros homens e a uma lista de regras um tanto fáceis, pode achar, como Paulo, que está se saindo bem. Mas, de repente, quando é confrontado com o mandamento interno de não cobiçar, ele cai de joelhos”.
Pink: “A concupiscência ou cobiça é o primogênito da depravação interna, as primeiras manifestações e expressões da nossa natureza corrompida.”
Mateus 15.19 “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.”
Pink: “Veja aqui a sabedoria de Deus em colocar esse mandamento no encerramento do Decálogo, pois ele é uma cerca e guarda para todo o resto. É a partir das contaminações internas da alma que todos os nossos pecados visíveis em palavras e atos têm a sua ascensão.”
O puritano Ezequiel Hopkins aponta quatro graus da cobiça:
(1) Existe a primeira imagem ou sombra de um pensamento mau, o embrião imperfeito de um pecado antes que ele tome forma em nós ou tenha qualquer característica ou traço. Isso é ao que a Escritura se refere como “toda a imaginação dos pensamentos” do coração humano. Tais imaginações são expressamente declaradas como sendo “más” (Gn 6.5). Assim como o hálito sobre o espelho o embaça, deixando ali um ofuscamento, assim o primeiríssimo respirar de um mau desejo ou pensamento dentro do peito de alguém corrompe a alma.
(2) Um degrau seguinte dessa concupiscência é alcançado quando esses maus impulsos da nossa natureza corrompida são acolhidos na mente com algum grau de complacência. Quando um objeto pecaminoso se apresenta diante de um coração carnal, há uma resposta interna que afeta esse coração com deleite e gera uma simpatia entre ele e o objeto. Dessa forma, o primeiríssimo vislumbre de um pensamento pecaminoso em nossas mentes revela que existe algo em nós que gera uma consideração pelo mesmo, antes que tenhamos tempo para examinar o porquê é assim. Essa segunda forma ou grau de concupiscência é mais difícil de lançar fora que a anterior.
(3) Se tais impulsos do mal são acolhidos por nós, um consentimento e uma aprovação do pecado seguem no julgamento prático da pessoa, o qual, sendo cegado e carregado pela força de afeições corruptas e carnais, recomenda o pecado à faculdade executiva. O entendimento é o examinador de cada ação deliberada, de modo que nada passa para a ação que não tenha primeiro sido julgado ali. A grande questão ponderada é se essa ou aquela ação é para ser feita, e todas as faculdades da alma esperam qual será a sentença definitiva aqui pronunciada e, dessa forma, realizada. Normalmente, duas testemunhas aparecem e apelam para o entendimento ou julgamento sobre o pecado: a Lei de Deus e o vice-gerente de Deus, a consciência. A Lei condena e a consciência cita a lei. Mas, então, as afeições se intrometem e subornam o juiz com promessas de prazer ou lucro, por esses meios corrompendo o julgamento para dar seu voto e consentir no pecado.
(4) Quando qualquer impulso pecaminoso tem assim assegurado uma concessão do julgamento, ele se transforma num decreto para a vontade. O entendimento tendo-o aprovado, a vontade deve agora decidir executá-lo; e, então, o pecado está completamente formado no interior e nada falta, a não ser a oportunidade para dá-lo a luz em ação aberta. “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.14, 15).
A vinha de Nabote
1Reis 21.1–4 “Sucedeu, depois disto, o seguinte: Nabote, o jezreelita, possuía uma vinha ao lado do palácio que Acabe, rei de Samaria, tinha em Jezreel. Disse Acabe a Nabote: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está perto, ao lado da minha casa. Dar-te-ei por ela outra, melhor; ou, se for do teu agrado, dar-te-ei em dinheiro o que ela vale. Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu dê a herança de meus pais. Então, Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jezreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, voltou o rosto e não comeu pão.”
Levítico 25.23 “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos.”
Aquilo que havia começado como uma ideia indolente havia se transformado em obsessão pecaminosa. Seu desejo havia se degerado e se transformado em cobiça descarada.
Ryken: “A queda de Acabe começou com sua insatisfação. O rei tinha a maioria das coisas finas da vida, mas, em vez de agradecer a Deus pelo que tinha, ficou obcecado com a única coisa que não tinha: um jardim de legumes próximo ao palácio. Foi assim que tudo começou. Acabe queria algo que não lhe pertencia, e então, passou a querê-lo cada vez mais, até finalmente cobiçá-lo. Tudo começou com sua insatisfação. Grande parte da nossa frustração na vida é resultado de querermos coisas que Deus não nos deu. Em nosso desejo cobiçoso, nós nos concentramos não naquilo que temos, mas naquilo que não temos.”
Um jornalista certa vez perguntou a Nelson Rockfeller quanto dinheiro era necessário para ser feliz. Ao que respondeu: “Apenas um pouquinho mais”.
Eclesiastes 5.10 “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade.”
Ryken: “Nosso problema não é externo - é interno, portanto, ele nunca será resolvido conseguindo mais daquilo que acreditamos querer. Se não aprendermos a nos contentar neste momento na nossa situação atual - qualquer que seja ela - jamais ficaremos satisfeitos”.
“Era primavera, mas o que eu queria era o verão: Os dias quentes ao ar livre. Era verão, mas o que eu queria era o outono: As folhas colocridas e o ar seco e fresco. Era outono, mas o que eu queria era o inverso: A linda neve e a alegria do período de Natal. Era verão, mas o que eu queria era a primavera: O calor e o florescer da natureza. Eu era uma criança, mas o que queria era ser adulto: A liberdade e o respeito. Eu tinha 20 anos, mas queria ter 30: Ser maduro e refinado. Eu estava na meia-idade, mas eu queria ter 20 anos: A juventude e o espírito livre. Eu era aposentado, mas eu queria a meia-idade: A presença mental ilimitada. Minha vida chegou ao fim, E nunca tive o que eu quis.”
A jóia rara do contentamento
Jeremiah Burroughs: “Encontro uma satisfação suficiente em meu próprio ccoração, por meio da graça de Cristo que está em mim. Apesar de não ter confortosexternos e agrados terrenos para satisfazer as minhas necessidades, tenho uma porção suficiente entre Cristo e minha alma para satisfazer-me em qualquer condição”.
Asafe se decepcionou com Deus porque homens maus prosperavam: Salmo 73.2–3 “Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.”
Mas então aprendeu o segredo do contentamento: Salmo 73.25–26 “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.”
Paulo também aprendeu o segredo do contentamento: Filipenses 4.11–13 “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.”
Horton: “Se Deus providenciou tão ricamente para a nossa salvação ao nos escolher, redimir, chamar, adotar e justificar e ao enviar o Seu Espírito para nos ajudar a crescer na selhança de Cristo, certamente podemos apostar que ele cuidará dos assuntos menos essenciais da existência humana”.
Mateus 6.25–33 “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste …”
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