Como superar a ansiedade e o medo - Mt 6:19-34
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Ainda que tenhamos recebido a Cristo como Salvador, e com Ele o perdão de todos os nossos pecados (1Jo 1.7) - Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
Continuamos vulneráveis em nossos sentimentos e emoções. Já somos novas criaturas (2Co 5.17) - E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
Mas a nossa velha natureza ainda é suscetível às circunstâncias que nos advêm. Sendo assim, não é anormal ficarmos ansiosos, com medo, desanimados e abatidos.
CORPO DO SERMÃO
A princípio, parece estranho Jesus ter desenvolvido Seu sermão tratando primeiro a respeito da hipocrisia e, depois, da ansiedade no capítulo 6 de Mateus. Mas é exatamente o que Ele faz. Se o tema dos versículos 1–18 é “Não seja como os hipócritas”, o tema da seção seguinte é “Não sejam ansiosos. Não há necessidade de se preocupar” (6.25, 28, 31).
No entanto, poucos instantes de reflexão já nos mostram que há uma lógica clara nesse ensinamento de Jesus.
Hipocrisia e ansiedade não estão tão distantes quanto pensamos. A causa de ambas é similar, bem como a cura para ambos estes males.
Por que as pessoas ficam ansiosas?
Em parte, pela mesma razão por que tornam-se hipócritas: elas se voltam para si mesmas, e não para Deus.
No caso do hipócrita, a preocupação consiste em ser visto pelos outros; com a pessoa ansiosa, a preocupação é suprir suas próprias necessidades.
O hipócrita e o ansioso provavelmente têm mais alguma coisa em comum. Nenhum deles compreendeu de fato a graça de Deus.
O DIAGNÓSTICO DE JESUS
Jesus conhece o coração dos homens (Jo 2.24–25). Ele próprio é a Palavra de Deus, “apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
Assim como os médicos podem traçar estágios no desenvolvimento de uma doença, Jesus ensina que a ansiedade é um pecado moral possivelmente relacionada a três fatores de nossa vida.
1. Ter o seu tesouro no lugar errado. Por “tesouro” Jesus quer dizer as coisas que mais estimamos. É só um de dois lugares onde nosso tesouro pode estar — no céu ou na terra. Qualquer tesouro deste mundo está sujeito a falhas — por deterioração (“traça e ferrugem destroem”) ou por meio de circunstâncias imprevisíveis (“ladrões entram e roubam”).
Somente o céu é imune aos estragos do tempo e do pecado. “Portanto”, diz Jesus, “deposite no céu, não na terra”. Viva para o céu, e não para este mundo!O que o nosso Senhor diz aqui é absolutamente simples. Chega a parecer óbvio.
Se ao menos considerássemos com seriedade nossas posses, compreenderíamos que elas pertencem a um mundo passageiro, que não oferece nenhuma segurança. Na verdade, a busca por segurança neste mundo e no que ele possui é receita certa para a proliferação da ansiedade, não para amenizá-la!
Eis o porquê da parábola de Jesus sobre o semeador e os solos ser tão penetrante. A semente é semeada entre os espinhos, e ali passa a crescer. Mas os espinhos também crescem, sufocando as sementes boas. O que são esses espinhos? São “os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições” (Mc 4.18–19), conforme Jesus explica. Quando depositamos nosso coração nas riquezas, seja qual for a razão, caímos sempre em engodo.
Onde está o seu tesouro? O que você considera realmente importante na vida? Quais são os seus sonhos? Ainda mais importante, no que você sonha enquanto acordado? Talvez esse seja o sinal mais claro de onde o seu tesouro realmente está. O que ocupa a sua mente? As prioridades erradas geram corações ansiosos.
2. Pensar sobre a vida de forma errada. O retrato que Jesus dá é extremamente vívido. Quando nossos olhos estão saudáveis, “todo o nosso corpo é cheio de luz”. Mas se nossos olhos estiverem doentes, então nosso “corpo inteiro estará cheio de trevas” (6.22–23).
Quando enxergamos com clareza, este mundo é repleto de luz, cor e beleza. Mas se nossos olhos estão doentes, o mundo fica ofuscado, confuso e até mesmo escuro como a noite.
Nosso Senhor está falando sobre “os olhos do espírito”, o coração. Na linguagem das Escrituras, fixar o olho e fixar o coração equivalem à mesma coisa — focar nossa atenção e concentrar todas as nossas energias em algo.
Jesus está dizendo que o espírito sombrio da ansiedade, que controla muitas vidas, é causado pela perda do foco espiritual, e por pensar acerca da vida por uma perspectiva equivocada — ou doente. Essa visão doente afeta mais que os olhos.
A grande tragédia é que o “o corpo inteiro está cheio de trevas”. Assim é com o nosso coração também. Uma visão espiritual pobre — com prioridades espirituais erradas — influencia toda a direção de nossas vidas.
Muitos de nós já passaram por aqueles exames de vista. Um grande quadro de letras é colocado diante de nós. Lemos o quadro inteiro, as letras vão ficando cada vez menores. Chegamos a um ponto em que achamos a letra C difícil de ser distinta da letra O, apesar de podermos distingui-la do Z. Por fim, todas as letras tornam-se indistinguíveis uma das outras.
Quando crianças no período escolar passam por esse tipo de teste, geralmente elas perguntam umas às outras “Até qual linha você conseguiu chegar?”. Essa é uma boa pergunta de se fazer. O Sermão do Monte nos provê uma maravilhosa avaliação de nossa vista espiritual. Até qual linha do teste você consegue chegar? Você pode ler até o versículo 33? “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Portanto não se preocupe com o amanhã”. Ou sua vista nesse mandamento tornou-se turva a ponto de não parecer tão vital para você como já foi um dia?
3. Servindo a um mestre errado. Você não pode servir a dois senhores, Jesus diz. Ele não está dizendo que é impossível ter dois trabalhos. Não, mas dizendo que o esforço para tanto leva à tensão e à ansiedade.
Deveríamos notar a óbvia implicação do ensino de Jesus aqui.
Fomos feitos para ter um mestre; Deus nos criou para Si. Ele é Senhor, quer queiramos, quer não. Somos criados de forma tal que a adoração é parte indissociável de nossa natureza.
Portanto, quando paramos de adorar ao Senhor, acabamos por adorar a criatura. Ao invés de sermos servos do Senhor, em cujo serviço temos perfeita liberdade, tornamo-nos escravos daquilo que Deus criou, e até mesmo do que o homem criou — posses.
Como Paulo ressalta, nós temos mudado “a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.25).
A vida no reino de Deus exige fidelidade, mente e coração únicos e exclusivos ao Rei. Neste contexto, somos mordomos de tudo o que temos — família, casa, negócios. Nós não os possuímos. Elas são dádivas dadas pelo Senhor, as bênçãos de Seu reinado sobre nós. Elas nunca, jamais devem reinar sobre nós. Não devemos permitir que façam isso. Se as amamos, mas não nos lembramos de que, antes de tudo, pertencem a Ele, logo odiaremos e desprezaremos Aquele que no-las deu (Mt 6.24).
Quando você vai ao médico, ele faz uma série de perguntas a fim de diagnosticar sua condição. Quando é Jesus quem conduz o diagnóstico de nossa condição, Ele também tem perguntas a fazer: Onde está o seu tesouro? Em que está focada sua visão espiritual? Quem é o seu Mestre? Nossa resposta dirá muito acerca de nosso bem-estar espiritual.
PARTE II
A PRESCRIÇÃO DE JESUS
A ansiedade, temos visto, é um sintoma de profunda doença espiritual. A teoria, no entanto, não nos torna capazes de curá-la. Jesus fala sobre a cura: “Eu vos digo, não andeis ansiosos” (6.25).Em si mesma, esta é uma cura inconcebível! Imagine receber a notícia de que você se encontra gravemente doente.
Como você reagiria, se o seu médico dissesse “Não se preocupe”? Você provavelmente responderia: “Só se você me disser que existe uma cura para a minha doença, daí sim conseguirei parar de me preocupar”.
O diagnóstico é insuficiente, se não prover tratamento. Por isso a exortação de Jesus “Não andeis ansiosos” é posta sob o contexto de um ensinamento específico, que nos ajudará a eliminar a ansiedade que paralisa nossa vida. O ensino em Mateus 6.25–34 é estabelecido para atuar como um antídoto contra a preocupação.
Em essência, Jesus está nos dizendo: “Sente-se. Há uma série de questões sobre as quais você precisa pensar e ponderar”. A necessidade de pensar e ponderar é o trecho de destaque, pois a cura do espírito doente — o processo que a Escritura chama de “santificação” — se inicia na mente.
A transformação de nosso caráter começa com a transformação da nossa mente (Rm 12.2). É quando pensamos com a mente já instruída por Cristo que começamos a viver para o reino de Deus com saúde espiritual.
Particularmente aqui, nesta porção da Escritura, uma série de diretrizes nos é dada com a intenção de renovar-nos a mente, de modo que nossas vidas tornem-se consistentes com o reino de Deus. Esse é o antídoto de Jesus contra a ansiedade.
1. Olhe para a vida como um todo. Já notou o que acontece quando você fica ansioso por algo? É um sentimento que passa a dominar seus pensamentos, você vê tudo à luz da ansiedade. Parece (a seus olhos) que tudo depende de solucionar a situação, e, de fato (para você), tudo em sua vida parece estar ligado ao problema.
Você entra em um ciclo vicioso. Quando ansioso pelo que comer, beber, ou pelas roupas para vestir, você não demorará a sentir como que toda a sua vida e felicidade dependem disso.
Abra uma revista sofisticada e leia as propagandas. O que grande parte delas lhe diz? A vida é centrada em comida, bebida e roupas.
Como, então, devemos pensar a respeito destas coisas? Jesus pede que olhemos para a vida como um todo. Os pássaros e os lírios do campo demonstram quão maravilhoso criador e provedor Deus é.
E, se Ele lhes provê mantimento com cuidado paterno e afetuoso, quanto mais não proverá àqueles que comprou pelo preço infinito da morte de Seu filho (Rm 8.32)? Você não crê que o Senhor o suprirá de tudo aquilo de que você necessita na vida?
2. Olhe para a natureza da vida. “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?”, Jesus pergunta (6.27). Ninguém pode, obviamente. Mas o que Jesus deseja ressaltar? Que simplesmente “a ansiedade nunca levou ninguém a lugar algum”? Qualquer um com um pouco de bom senso poderia ter dito isso.O argumento de Jesus, porém, é mais profundo.
Ele esteve ensinando a respeito da provisão do Pai sobre nossa vida. E, agora, dá ênfase à natureza da vida cristã: “Sua vida está nas mãos daquele que é seu Pai. Ele a criou. Ele, desde o princípio, conhece seu fim. Ele traça cada passo do caminho para cumprir o propósito que tem para você e através de você.
Você terá tudo do que precisa para cumpri-lo; e, estando cumprido, você será levado para casa para estar com ele. Por que se preocupar, quando Ele tem sua vida na palma das mãos? Sua ansiedade é um sinal de que você não o conhece suficientemente, de que você não confia nele, ou de que não se entregou a Ele como é devido”.
3. Olhe para a generosidade do Senhor.
“Veja como o pai cuida dos pássaros”, diz Jesus. “Ele lhes fornece provisão. Quanto a vocês, vocês são muito mais importantes do que os pardais”.
Se X é verdade, quanto mais verdadeiro é Y. Se o Pai se preocupa com passarinhos, quanto mais se preocupará com o Seu povo, que foi criado para demonstrar a Sua glória e oferecer-lhe louvores?
Jesus também diz “Observai o lírio dos campos. Eles não trabalham para produzir beleza. Mas nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. Não é esta a verdade? Observe as flores
Diz Jesus, “se Deus tem cuidado tão generosamente dessas criaturas de uma estação, ‘que hoje existem e amanhã são lançadas no forno’ [6.30], quanto mais Ele suprirá suas necessidades!
”A lógica é irrefutável. Deixe-a dominar a sua mente e você estará livre de buscar o que pagãos infiéis buscam (6.32).
Notem a linguagem de Jesus aqui. Ele diz que os pagãos “correm atrás de todas essas coisas”. Eles não conhecem nada além digno de ser alcançado. Mas o cristão “busca” ao Senhor (Sl 42.1)! Quão estúpido é buscar a dádiva, quando é possível buscar o Doador.
4. Busque primeiro o reino de Deus. A ansiedade nunca pode ser curada, enquanto obtemos mais do que já temos. Muitas pessoas cometem esse erro fatal. A ansiedade só pode ser curada pela certeza de que todas as nossas necessidades serão supridas pelo nosso Rei.
Por essa razão, a maior motivação em nossa vida deveria ser viver sob a autoridade do Rei e ver Seu reino propagado de todas as formas possíveis — moral, social e geograficamente, bem como pessoal, interna e espiritualmente. Quando nosso coração está posto na reta justiça que permeia nossa vida, temos as prioridades ajustadas na ordem correta, e, por conseguinte, descobrimos duas coisas:
Em primeiro lugar, entendemos que Deus nos dará tudo do que precisamos. Ele nunca falhou para com um de Seus filhos.
Em segundo lugar, muitas das coisas que pensávamos precisar, descobrimos agora que não precisamos e que não as queremos.
Por fim, no lugar da ansiedade, encontramos contentamento.
Vivemos em dias de grande ansiedade e incerteza. Os próprios fundamentos da vida, às vezes, parecem estar à beira do colapso.
Não é de se admirar que estamos ansiosos. Mas por que deveríamos estar, quando Deus, que governa todas as coisas, tornou-se nosso Pai?
Não é racional ou justificável estar ansioso quando Ele prometeu suprir todas as nossas necessidades. Se, diante do ensino de Jesus, permanecemos ansiosos, é porque não o compreendemos ou porque nele ainda não confiamos.
Em ambos os casos, a culpa é nossa, não dele. Pois ele não só diagnostica a causa da ansiedade: Ele também provê a cura. Ele é a cura.
Você ainda está em processo de cura?