(Êx 20:18-21) O Fim da Lei de Deus
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v. 18 >> Os terrores da Lei de Deus
A Teofania, com fogo, fumaça, trevas e trovoadas, trazia a realidade do terror da presença de Deus ao pecador.
Os Israelitas temiam por dois motivos: porque sabia que a lei exigia “muito” deles, e eles eram incapazes de cumprir; segundo, porque, dessa forma, eles entenderam que a Lei trazia condenação.
Esses “sinais” teofânicos, reaparecerão assim no Dia do Juízo (Apocalipse 11.19 “Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada.”)
Charles Spurgeon: “É possível que essa terrível grandeza pretendesse também sugerir ao povo a força condenatória da lei. A lei não foi dada ao doce som de harpas nem ao canto dos anjos, mas com uma voz assustadora de dentro de um fogo terrível. [...] Em virtude da pecaminosidade do homem, a lei gera ira; e, a fim de indicar isso, ela foi publicada com acompanhamentos de medo e morte: os batalhões da onipotência se dispuseram na cena com a poderosa artilharia de Deus acrescentando ênfase a cada sílaba com salvas terríveis. A tremenda cena no Sinai era, também, em certo sentido, uma profecia ou até mesmo um ensaio do dia do Juízo.”
“A Vida de David Brainerd”: “Descobri que era impossível para mim, após minhas mais profundas dores, corresponder às suas exigências. Muitas vezes, fazia novas resoluções e sempre as quebrava. Eu atribuía tudo isso ao desleixo e à falta de ser mais vigilante, e eu costumava chamar-ame de tolo por minha negligência. Mas quando, após uma resolução mais forte e empreendimentos maiores e uma rígida aplicação de jejum e oração, descobri que todas as minhas tentativas falhavam, briguei com a lei de Deus por ser rígida demais. Pensei que, se eu a estendesse apenas aos meus atos e condutas externos, eu a suportaria; mas descobri que ela me condenava por meus pensamentos maus e pelos pecados dos meus anos, coisa que eu não podia impedir.”
Romanos 3.20 “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.”
Tiago 2.10 “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.”
John Murray: “A lei nada pode fazer para justificar a pessoa que, em algum detalhe, violou sua integridade e veio a cair sob sua maldição. A lei, conquanto lei, não tem provisão expiatória. Ela não exerce qualquer graça perdoadora e não tem nenhum poder de capacitação para o cumprimento de sua própria exigência. Ele não conhece clemência para a remissão de culpa; ela não fornece justiça para satisfazer a nossa iniquidade; ela não exerce poder constrangedor para impedir nossos desvios; ela não conhece misericórdia para derreter nosso coração em penitência e obediência renovada. Ela nada pode fazer para aliviar a escravidão do pecado; ela acentua e confirma a escravidão.”
V. 19 e 21 >> O Mediador
Uma das primeiras coisas que as pessoas fazem quando entram em conflito com a lei é contratar um advogado. E foi isso que os israelitas fizeram.
Muitos pessoas querem uma experiência não mediada com Deus. Querem a sua presença direta, sem um Mediador. Não fazem ideia do que estão pedindo!
Os israelitas pedem um mediador, mas Deus já havia providenciado Moisés, quando o chamou e apareceu para ele a primeira vez na sarça ardente. Mas agora a diferença é que finalmente o povo entendeu a necessidade do mediador.
(v.21) Ryken: “a escuridão da qual Moisés se aproximou não era a escuridão de dificuldades pessoais; era a escuridão misteriosa do próprio ser de Deus. No fogo e na fumaça do monte Sinai, Deus preservou o mistério infinito de sua divindade eterna. Quem ousaria se aproximar? Quem conseguiria suportar a densa escuridão em que Deus estava? Apenas o mediador. É isso que um mediador faz: ele entra na presença de Deus em nome do povo de Deus.”
Isaías 33.14–16 “Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas? O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho de opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal, este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas.”
Salmo 15.1 “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”
Salmo 24.3–4 “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente.”
Ryken: “Um mediador faz expiação pelo pecado, coisa que Moisés também fez. Quando os sacrifícios foram oferecidos a Deus, ele aspergiu o povo com o sangue salvador (24.5-6,8). Um mediador intercede pelo povo de Deus, coisa que Moisés também fez. Ele implorou a Deus para que não os destruísse quando pecaram (32.9-14). Um mediador sacrifica sua própria vida ao povo a quem serve, e Moisés estava disposto a fazer isso também. Quando os israelitas violaram a lei de Deus ao adorar um bezerro de ouro, ele orou: “Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste” (32.32). Deus não só deu sua lei ao seu povo e a entregou ao seu destino para que sofressem as consequências de violá-la. Ele lhe deu Moisés, o mediador, para que ele os liderasse no caminho da salvação.”
O Monte Sinai e o Tabernáculo
A partir do capítulo 25 até o final do livro de Êxodo, nós teremos as intruções quanto ao Tabernáculo. Mas interessante perceber o prenúncio disso aqui no Monte.
Morales: “A semelhança entre o Monte e o Tabernáculo, primeiro em relação às suas divisões tripartidas por meio do qual o Santo dos Santos (acessível exclusivamente ao sumo sacerdote) corresponde ao cume, o Santo Lugar (acessível ao sacerdócio) corresponde à segunda zona da metade do monte, e o pátio externo com o altar (acessível ao povo) corresponde à base do monte, também com um altar.
“O Tabernáculo tornasse o Monte de Deus… Por meio do Culto no Tabernáculo o Sinai não é meramente relembrado mas revivido - recriado e revivenciado.”
Também três objetos do Tabernáculo relembram e revivem o Sinai: a arca, o altar do inceso, e o altar do holocausto.
(1) A arca que ficava no Santo dos Santos, onde só o Sumo Sacerote tinha acesso, carregava os Dez Mandamentos, que é a Palavra - a Voz de Deus. Assim como do Cume do Sinai vinha a Voz de Deus, que só Moisés podia ouvir.
(2) A fumaça do incenso, junto do véu, cobre o local de encontro da Presença de Deus (Êxodo 30.6 “Porás o altar defronte do véu que está diante da arca do Testemunho, diante do propiciatório que está sobre o Testemunho, onde me avistarei contigo.”) Apenas o Sumo Sacerdote tinha permissão para entrar no Santo dos Santos no Dia da Expiação anual, e ele devia levar um incensário cheio de brasas do fogo do altar, juntamente com um punhado de incenso aromático bem moído, e criar assim uma “nuvem de incenso” para cobrir o propiciatório - o local de encontro onde Deus aparece - “para que não morra” (Levítico 16.12–13 “Tomará também, de sobre o altar, o incensário cheio de brasas de fogo, diante do Senhor, e dois punhados de incenso aromático bem moído e o trará para dentro do véu. Porá o incenso sobre o fogo, perante o Senhor, para que a nuvem do incenso cubra o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra”). Assim, a necessidade da nuvem dentro do Santo dos Santos corresponde exatamente à necessidade de Moisés da nuvem no cume do Sinai.
(3) E por fim o altar do holocausto onde há um fogo que não se apaga, representa o fogo da glória e da presença de Deus (Êxodo 24.17 “O aspecto da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cimo do monte, aos olhos dos filhos de Israel”); (Deuteronômio 4.12 “Então, o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma”).
Um Mediador Melhor
Romanos 8.3 “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,”
1Timóteo 2.5–6 “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos.”
Hebreus 12.18–24 “Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado. Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo! Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.”
Romanos 8.1 “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
v.20 >> O Temor do Senhor
Aqui há duas formas de temor; há o temor servil e fóbico, e há o temor reverente, fruto do amor, obediente. Esse é o Temor do Senhor!
Thomas Watson: “Mesmo que o cristão não se encontre sob o poder condenador da lei, ele continua sob seu poder ordenador”.8 Por isso, parte da obra mediadora de Cristo é ensinar-nos toda a lei de Deus mais uma vez.
Mateus 5.17–18 “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.”
O puritano Samuel Bolton o expressou desta maneira: “A lei nos leva ao evangelho para que possamos ser justificados; e o evangelho nos leva de volta à lei para sabermos qual é a nossa obrigação como aqueles que foram justificados. [...] A lei nos leva ao evangelho para a nossa justificação; o evangelho nos leva à lei para moldar o nosso estilo de vida”.9 Assim, como cristãos, observamos agora os Dez Mandamentos – não porque devemos, mas porque podemos! Porque, em Cristo, somos capazes!
Tiago 1.25 “Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.”
Ryken: “Pelo amor de Deus fomos libertos também do ódio assassino, e agora estamos livres para perdoar. Encontramos prazer real em Cristo e, agora, pela pureza do seu Espírito, estamos livres para sermos castos. Todas as nossas mentiras foram expostas e agora estamos livres para dizer a verdade. E já que temos a provisão de Cristo, não precisamos mais roubar e nem mesmo cobiçar. Não observamos a lei de Deus para sermos salvos. Fomos salvos exclusivamente pela graça apenas por meio da fé apenas em Cristo. Mas por que fomos salvos? Para glorificar a Deus, o que fazemos observando seus mandamentos. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15).”