Nunc Dimittis
Cânticos de Natal • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Esse é o tereceiro e último sermão da série, “Cânticos de Natal”, uma série de mensagens baseadas em louvores que foram entoados a partir de reações ao nascimento de Jesus. Já falamos sobre o Magnificat, que é o cântico de Maria, Benedictus, que é o cântico de Zacarias, e hoje meditaremos em um cântico composto por um homem chamado Simeão ao saber que o salvador nasceu.
Todas essas pessoas reagiram em louvor à Deus ao saber da notícia do nascimento de Jesus. Esse cântico de hoje foi composto apos a constatação que Jesus havia nascido, e o Natal é a celebração dessa mesma constatação. Nós celebramos a mesma certeza que Simeão teve quando Jesus era apenas um bebê. Ele sabia quem Jesus era e o quele veio fazer, nós sabemos o que Jesus já fez.
Portanto esse cântico deve nos levar a seguinte reflexão: Qual sua reação diante do fato que Jesus já nasceu?!
25 Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão. Este homem era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. 26 Ele tinha recebido uma revelação do Espírito Santo de que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. 27 Movido pelo Espírito, ele foi ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava, 28 Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:
29 “Agora, Senhor,
podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra;
30 porque os meus olhos já viram
a tua salvação,
31 a qual preparaste
diante de todos os povos:
32 luz para revelação aos gentios,
e para glória do teu povo de Israel.”
33 E o pai e a mãe do menino estavam admirados com o que se dizia a respeito dele. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
— Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para elevação de muitos em Israel e para ser alvo de contradição, 35 para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. Quanto a você, Maria, uma espada atravessará a sua alma.
Esse é o cântico de Simeão, conhecido como Nunc Dimittis, que é a expressão em latim da primeira afirmação de Simeão nesse cântico, quando ele diz “Pode despedir-me". Ou seja, Simeão começa dizendo que agora ele poderia partir, aquilo que era a maior expectativa da sua vida já havia sido realizado, não lhe faltava mais nada após constatar que Jesus nasceu.
Temos poucas informações sobre quem era Simeão, mas a bíblia diz que era um homem simples, justo, piedoso e cheio do Espírito Santo. Esse homem simples recebeu uma promessa do Espíirito Santo, que não morreria antes de ver a consolação de Israel. Conhecendo o contexto, o maior dos dramas do povo de Israel naquele momento, que era a chegada do libertador político que livraria Israel do império romano. Mas quando olhamos para o cântico vemos alguns detalhes e também especialmente uma palvra que Lucas usa, que nos chama a atenção para uma consolação maior.
Primeiramente Lucas usa a mesma palavra para consolação que dá origem a "consolador” atribuído ao Espírito Santo, que tem um significado amplo, as vezes traduzido como advogado, que significa também encorajamento, exortação.
Em segundo lugar, no próprio cântico vemos Simeão reconhecendo que aquele que estava em seus braços seria o consolador de Israel e salvador de todos os povos e luz para os gentios.
Simeão também fala a Maria que sua alma seria transpassada, o que remete a traição de Judas, o espirito vacilante de Pedro, a hipocrisia dos fariseus e a incredulidade e infidelidade do povo de Israel.
Vemos que Simeão tinha uma expectativa que estava para além das carências temporárias, mas era uma expectativa maior, uma expectativa espiritual que estava acima de todas as outras. Certamente Simeão tinha expectativas, carências terrenas que ele esperava resolver, mas o que de fato o levou a dizer “Ninc Dimittis” foi a certeza que o Salvador havia chegado.
Por isso, eu gostaria de te perguntar, o que falta aconteçer na sua vida para que você também possa dizer “Nunc Dimittis”?
Por isso, eu gostaria de te perguntar, o que falta aconteçer na sua vida para que você também possa dizer “Nunc Dimittis”?
Paira na mente e no coração humano que algo deve acontecer na sua vida antes de morrer. Nós funcionamos assim. Quantas histórias que você já ouviu de pessoas que imediatamente após um cônjuge falecer na velhice, o outro também vem a falecer. Outros, que dizem que depois de ver os filhos formados, outros conseguir uma determinada posição profissional, construir um negócio… Lembro que eu ouvia uma expressão em que todo homem antes de morrer deveria ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Sobre expectativas, os botafoguenses, especialmente os que nasceram depois de 1995, não conseguiram dizer Nunc Dimittis… Nem os tricolores podem dizer isso ainda, porque quem é tricolor sabe que a libertadores é apenas o prelúdio do que ainda está por vir…
Certamente Simeão tinha expectativas, carências temporais que ele ansiava, ele era um homem comum, mas a diferença é que a expectativa maior estava acima, governava, todas as outras carências temporais que ele certamente possuia. A libertação política, poderia ser uma, afinal de contas Simeão era um Israelita e sofria com a situação do seu povo junto ao império romano. Mas, todas essas palavras aqui tem um contexto de suprimento de necessidades espirituais e não simplesmente algo de natureza temporal para aplacar uma tristeza ou frustração momentânea (era o que o povo inclusive experimentava).
Por isso, para respondermos essa pergunta, precisamos atacar o problema. E qual é o problema? O problema, é quando nossas carências temporais se tornam as maiores expectativas que temos na vida, e a resolução dessas carências passa govenar a nossa vida.
A histótria de Simeão nos traz uma constatação muito preocupante, a superficialidade daquilo que temos como nossa expectativa maior e com a qual nós levamos a vida, está diretamente relacionada à superficialidade do entendimento que temos sobre Jesus. Simeão entendia a natureza verdadeira dos seus problemas. O problema está quando não temos uma noção clara de qual é a natureza dos nossos problemas. Todos nós, vivemos organizando nossas expectativas menores embaixo de uma grande expectativa ou expectativa principal.
Isso é tão verdade que o marketing funciona assim, promete te vender um produto, uma experiência, que se você adquirir, você vai alcançar uma satisfação que você nunca experimentou antes. Eles criam em você uma carência, para depois te vender algo que supra essa carência. E nós, acreditamos nessa mentira que a nossa felicidade virá por meio do suprimento das nossas carências.
Todos nós temos problemas pessoais, nós temos por exemplo dificuldade de lidar com quem nós somos. Trasnitamos de do complexo de inferioridade, para ocomplexo de superioridade. Nós temos muita dificuldade em lidar conosco mesmo, naturalmente temos problemas de natureza pessoal, nós temos dificuldade de compreender quem nós realmente somos.
Eu trabalhei com uma pessoa que antes administrava o sistema de gestão de uma rede de spatarias, e no cadastro tinham pessoas que ganhavam um salário e deviam três em tênis (Nike shocks). Quantas pessoas não se endividam para adquirir coisas que elas acreditam que vão suprir suas carências? Quantas vezes você acreditou no recorte previamente pensado da vida de alguém nas redes sociais que você começa a seguir e depois de alguns dias ou meses, ela diz o em outras palavras o seguinte: Quer ser como eu? Compre meu curso. Aí, você compra o curso, as vezes nem consegue fazer, e mesmo quando faz você termina e sua vida não se torna perfeita como o recorte que aquele influencer te vendeu. Aí você se sente como? Um lixo. Sabe porque? Porque você comparou o palco dos outros com seus bastidores, e acreditou que a performance daquela pessoa é o que falta a você para ser um profissional de sucesso, um homem de verdade, uma mulher melhor, uma mãe melhor…
Nós temos também temos um problema de ordem relacional. Nós, não temos dificuldade apenas de lidar conosco, temos dificuldade de lidar com os outros. Ficamos pendulando na maneira como nós nos relacionamos com os outros entre o extremo de nos tornarmos escravos das pessoas, ou seja viver com base naquilo que as pessoas pensam a nosso respeito (viver em função da opinião das pessoas, viver escravizado pela opinião das pessoas). E o extremo de nos tornarmos dominadores das outras pessoas. Queremos impor sobre elas a nossa própria vontade hora pela força, hora pela da manipulação.
Quantas vezes você viu pessoas traindo colegas de trabalho para crescer profissionalmente, outros que destroem amizades por ganância… Quantas vezes, casamentos são desfeitos sob a desculpa de que a nossa felicidade está em um novo romance, ou em simplesmente viver primeiramente para si (meu conjuge se torna algo que a me atrapalha)… Isso tudo ocorre porque o ser humano acredita que a sua felicidade será alcançada quando as suas carências temporais forem solucionadas.
Não sabemos nos relacionar também com o mundo, pendulamos dos extremos de sermos engolidos pela cultura, para um isolacionismo. Criamos uma subcultura que acreditamos ser imunes a qualquer tipo de contaminação pecaminosa (tá popular uma redenção cultural pela volta ao passado).
Simeão certamente tinha todos os problemas que nós temos (pessoais, problemas relacionais, problemas culturais), ele era ser humano pecador como nós, mas havia entendido que nenhum desses problemas era o seu problema mais básico. Por isso ele ansiava pela “Consolação de Israel". E mais, Simeão entedeu que todos os nossos problemas pessoais, os nossos problemas relacionais e culturais, são todos eles frutos produtos de um problema maior que é de natureza espiritual.
Qual é, então, a nossa questão mais essencial? Fomos criados por Deus e para Deus, com o propósito de achar em Deus a fonte que preenche todas as lacunas de nossa alma, e é a partir de nosso vínculo com Ele que todas as outras relações em que estamos envolvidos encontram harmonia. Fomos desenhados para operar desta forma: nossa conexão com Deus proporciona equilíbrio nas nossas interações pessoais, com outros e com o mundo em geral. Foi assim que Deus nos criou. No entanto, em Adão tondos nós fomos iludidos pela voz sedutora do enganador, convencidos de que seria melhor estar isolados. Isso nos levou a enfrentar todos os desafios mencionados anteriormente. Nossa dificuldade em compreender a nós mesmos surge porque perdemos o verdadeiro conhecimento sobre Deus. Sem entender corretamente Deus, a quem fomos feitos à imagem e semelhança, falhamos em nos conhecer verdadeiramente.
E por que enfrentamos problemas em nossos relacionamentos? Por que temos dificuldades em interagir com outros? Isso ocorre porque cada um de nós começou a agir como se fosse seu próprio deus, perseguindo a satisfação de suas necessidades individuais, perdendo a capacidade de amar os outros como a nós mesmos. Deus é nosso equilíbrio essencial. A esperada Consolação de Israel, por qual Simeão ansiava, nos leva de volta à promessa original feita no Jardim do Éden. Essa promessa, reafirmada ao longo da história do povo de Deus, é de que Deus restauraria a ordem correta das coisas. Esta é a Consolação de Israel: a vinda de um mediador perfeito.
Simeão não estruturava sua vida em busca de férias perfeitas. Ele não centrava sua existência em torno das últimas novidades do mercado, ou a grandes influencers. As expectativas de Simeão em sua jornada de vida não giravam em torno de buscar incessantemente os prazeres terrenos. Ao invés disso, ele aguardava ansiosamente pelo preenchimento de suas necessidades espirituais. É importante notar, irmãos, que não estou sugerindo que atender às necessidades temporais não fosse relevante para ele, ou que ele não tivesse o desejo de satisfazer algumas delas. O ponto aqui é que Simeão nos serve de exemplo ao demonstrar que seu anseio maior não era por essas coisas materiais ou passageiras.
Esse anseio maior era a restauração de sua relação com Deus, trazendo equilíbrio a todas as outras relações em sua vida. Por isso, sua oração era para que não partisse deste mundo sem testemunhar o cumprimento da promessa divina.
Simeão se destacava por ser um homem único. Observem bem, a diferença fundamental entre ele e muitos nos dias atuais não reside apenas no objeto de suas esperanças. Enquanto a maioria hoje busca satisfazer necessidades temporais, Simeão ansiava por atender às suas carências espirituais. Em nossa era, não é raro que as pessoas percebam sua falta espiritual e, muitas vezes, reconheçam que suas necessidades espirituais são mais importantes do que as temporais. Contudo, ao tomarem consciência disso, tentam resolver isso por conta própria. Alguns se voltam para práticas como a místicas, acreditando que tais atividades irão sanar suas carências espirituais. Outros buscam causas nobres, causas sociais, pensando que isso os tornará melhores.
É importante frisar, irmãos, que essas podem ser ações louváveis. No entanto, o que estou enfatizando é que tais esforços, por mais nobres que sejam, são insuficientes para resolver nosso problema mais profundo. A restauração da relação com Deus não é algo que possamos alcançar por meio de nossos próprios esforços ou obras. Além disso, há aqueles que se voltam para o legalismo e o moralismo, buscando cumprir rigorosamente regras e normas religiosas, na esperança de que isso preencha seu vazio espiritual. No entanto, essa abordagem também falha em restaurar verdadeiramente nossa relação com Deus e trazer equilíbrio às demais áreas de nossas vidas. Simeão compreendeu que apenas através da graça divina, manifestada na promessa de um Salvador, poderíamos encontrar a verdadeira satisfação de nossas necessidades espirituais.
Simeão compreendia que somente a realização da promessa estabelecida no Gênesis, poderia atender suas mais profundas necessidades. Simeão estava ciente de que necessitava de alguém que o substituísse diante da justiça divina, de alguém que oferecesse perdão pelos pecados, e que abrisse sua mente e seu coração. Ao encontrar o pequeno bebê no templo, Simeão viu nele todas essas respostas: perdão de pecados, a restauração da comunhão com Deus, uma nova vida espiritual e direcionamento para sua existência.
Olhar para Jesus Cristo significa não precisar de mais nada. Ao contemplar Jesus e ter um encontro pessoal com Ele, Simeão reconheceu que não precisava de riquezas terrenas, nem das aspirações de viagens exuberantes ou de alcançar altos cargos. Mesmo se Deus lhe concedesse todas essas coisas, ele sabia que poderia utilizá-las para a glória de Deus, mas não eram essenciais. Pois em Cristo, ele já possuía tudo o que precisava: o Redentor que veio ao mundo para satisfazer a justiça de Deus, que restaurou sua relação com o Criador e também equilibrou todas as outras relações de sua vida.
Simeão nos oferece uma lição vital: a maneira como encaramos nossa morte está intrinsecamente ligada à forma como vivemos nossa vida. Conforme Paulo, o apóstolo, nos ensina, Deus é glorificado tanto em nossa vida quanto em nossa morte. Aqueles que focam apenas no que é transitório nunca encontrarão a verdadeira paz, estando sempre à procura de mais um sonho a realizar, e nunca será suficiente. Por outro lado, se vivemos com o olhar fixo no eterno, todos nós que conhecemos Jesus podemos, com confiança, olhar para o céu e proferir 'nunc dimittis', ou seja, 'agora, Senhor, estou pronto'. Estamos prontos para atender ao Seu chamado, pois já testemunhamos a salvação proporcionada pelo Senhor.
Outra lição que aprendemos com Simeão, como esta passagem nos mostra, precisamos cultivar o anseio por Deus acima de tudo. Em nossa batalha contra o pecado, às vezes achamos que não é lícito ter desejos. Mas o problema não está no ato de desejar em si, pois fomos criados por Deus como seres que possuem desejos. O verdadeiro desafio reside naquilo que desejamos: o pecado distorceu nossos desejos originais, que deveriam ser direcionados a Deus, levando-nos a ansiar por coisas mundanas.
Esta compreensão é crucial para nossa santificação, devemos redirecionar nossos desejos. Simeão é descrito nas Escrituras como um homem justo e piedoso, alguém que estava aprendendo a desejar mais a Deus do que qualquer outra coisa. Ele estava desenvolvendo hábitos que nutriam seu coração com desejos santos, colocando Deus como o senhor supremo de sua vida. Devemos nos perguntar: que práticas podemos adotar em nossa vida que transformem nossos desejos, entronizando Deus como o senhor absoluto do nosso ser?
Mas, a diferença em Simeão não era apenas o resultado de seus esforços pessoais, mas principalmente da presença do Espírito Santo em sua vida.
Naquela época, muitos esperavam de Deus algo mais alinhado com o atendimento de suas necessidades materiais do que espirituais. Ao pensar no Messias, muitos judeus esperavam apenas um libertador político do domínio romano. Da mesma forma, ao contrário de Simeão, muitos no templo naquele dia passaram pelo menino Jesus sem reconhecer Nele a promessa cumprida de Deus. Simeão, com os olhos abertos pelo Espírito Santo, viu no menino o cumprimento da promessa, o seu Redentor.
Conclusão
Conclusão
À medida que concluímos nossa série "Cânticos de Natal", refletindo sobre o Nunc Dimittis de Simeão, somos convidados a uma profunda reflexão. Simeão, ao encontrar o menino Jesus, testemunhou o cumprimento da promessa, a encarnação da graça divina. Em Jesus, ele encontrou a consolação de Israel e a salvação para toda a humanidade.
Somos chamados a olhar além das preocupações temporais e superficiais. Em um mundo que constantemente nos tenta com promessas de satisfação imediata e realização terrena, a verdadeira paz e contentamento residem em algo muito mais profundo e eterno.
Portanto, que o nosso Natal seja mais do que um momento de alegria passageira. Que seja um tempo de reconhecimento de que em Jesus, temos tudo o que realmente precisamos. Que possamos viver nossas vidas com a perspectiva de que, em Cristo, todas as nossas carências são supridas, todas as nossas relações são equilibradas, e nosso propósito mais profundo é cumprido.
Que o Natal renove em nossos corações o desejo de buscar a Deus acima de tudo, lembrando-nos de que nossa maior necessidade não são nossas carências temporária, mas a restauração eterna em Cristo. E assim, vivendo nesta esperança e nesta verdade, possamos também dizer com confiança, como Simeão: "Nunc Dimittis" - "Senhor, agora estou pronto, pois vi a Tua salvação".