Essa Tal de Liberdade - Parte 3
1 Coríntios • Sermon • Submitted • Presented
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Leitura - 1 Cor 6 - 12-14
Leitura - 1 Cor 6 - 12-14
Introdução
Introdução
Já tem tanto tampo que eu não volto ao texto de Coríntios que eu tenho quase certeza de que você não lembra mais do que estávamos falando.
E é para isso que servem as revisões, que aqui eu chamarei de memórias.
Ainda estamos fazendo aquela série sobre o texto de 1 Coríntios. Que começa lá com a casa da irmã Cloé relatando os problemas da igreja de Corinto a Paulo.
Desde então, Já falamos sobre o problema das divisões da igreja, do questionamento sobre a autoridade de Paulo, do fato dos Coríntios não estarem prontos para comer alimento espiritual sólido porque eram carnais; da arrogância dos “sábios da igreja” que aprendendo com mundo apresentavam obras de madeira, feno ou palha; do orgulho dos membros daquela igreja em contraste com a humildade de Paulo (que se não me engano foi à pregação que os irmãos se referem como “aquela”; e finalmente chegamos a esta mini-série de 3 episódios chamada “Essa tal de liberdade”, título inspirado nos versos da banda preferida de um certo tocador de cavaquinho, o que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?
Na primeira parte
Na primeira parte
Tratamos, no capítulo 5 sobre o problema da impureza entre os Coríntios quando constatamos que a igreja estava tão moralmente frouxa que não se incomodava com o fato de alguém estar dormindo com sua madrasta.
“Paulo deixa claro que um pouco de fermento fermento leveda toda a massa (5.6) e que por isso não devemos nos associar aos imorais (5.9); ele não se refere aos imorais do mundo, porque isso exigiria que vivêssemos em uma bolha, mas se refere àqueles que “dizendo-se irmão, for imoral, ou ganancioso, ou idólatra ou caluniador, bêbado, ou ladrão. Com esses "irmãos” a gente não deve nem comer” (5.11).
Na segunda parte
Na segunda parte
Que eu espero que alguns de nós ainda retenham na mente, falamos sobre o problema de entrarmos em litígio nos tribunais seculares. Na semana passada acompanhei bastante constragido um pastor sendo processado por uma pastora por tê-la acusado de “estelioanato espiritual”. O interessante é que pesquisando vi que ele também foi processado por um baixista famoso por uma questão de apoio político. Ainda que eu pudesse, eu não quero entrar no mérito dos processos, mas me remeter à pergunta de Paulo: “Será que não há entre vós ao menos um que seja sábio para julgar as questões entre seus irmãos? (6.5).
A opinião de Paulo (que é a opinião de Deus) é que quando chegamos ao ponto de recorrermos a autoridades incompetentes para julgar as questões espirituais, estamos derrotados (v.7).
E é com este gancho que eu começo a nossa terceira e última parte dessa série.
Para isso vamos refletir sobre a nossa conduta com a pergunta: O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade? em 3 rápidos pontos, O que é moral, O que nos convém, A que ponto podemos chegar
Ponto 1 - O mundo é incompetente para definir a moralidade da igreja
Ponto 1 - O mundo é incompetente para definir a moralidade da igreja
Leiamos o capítulo 6.4-6
Eu sei que volto um pouco no assunto da úlltima parte, mas é porque o texto que lemos na abertura ainda é muito dependente do primeiro.
Eu vou resumir a ideia de Paulo da seguinte maneira: “Como, pois, tendo a competência e a responsabilidade de julgar o mundo e os anjos, a igreja não assume o seu papel e passa a julgar as suas causas internas ao invés de recorrer àqueles que não são capazes de discernir coisas espirituais? É no mínimo uma inversão completa de competências”.
Se você se lembrar, comparamos a maneira judia e a grega de lidar com as questões judiciais. Enquanto a maioria dos homens gregos estavam envolvidos com questões judiciais que eram discutidas na esfera pública, os judeus “lavavam a roupa suja dentro de casa”.
O que Paulo denuncia não é a idoneidade, ou o notório saber jurídico dos magistrados da cidade de Corinto, mas a sua incompetência para discernir coisas espirituais. Os coríntios estavam bebendo em fontes outras que não eram a Palavra de Deus. E este talvez tenha sido o nosso problema. Estamos julgando o mundo e os outros por aquilo que lemos em artigos científicos, em jornais, no Facebook, deixando de lado a Escritura.
Este era um fato em Corinto. Por isso tanta divisão, tanta arrogância e tanta imoralidade.
E aqui vem a minha primeira pergunta a você? Onde estão fundamentados os seus valores morais? De que fonte é a água que você bebe?
Talvez o problema comece exatemente no que chamamos de moral.
O conceito grego é complexo, mas eu quero apresentá-lo “grosso modo”com duas simples considerações.
Moral seria um valor universal de caráter metafísico (divino) que deve servir como base para regular as relações harmonicas entre os seres.
Moral é a regra que norteia a sua vida e que será expressa por aquilo que “você faz quando ninguém vê”.
O conceito Bíblico
A moralidade divina reflete a natureza moral intrínseca de Deus. Deus é a fonte e o padrão absoluto da moralidade.
Quando ninguém está olhando, Deus continua sendo absolutamente excelente em tudo o que pensa e faz.
Os coríntios, estavam bebendo de um conceito de moralidade impessoal, definido pelas convenções sociais, enquanto Paulo os exortava a buscarem sua moralidade em Deus, que é santo e justo e invariável.
É triste, e já dei este dado, que a moralidade do cristão leva no máximo 20 anos para se adequar à moralidade do mundo. E a moralidade do mundo só piora. Vs. 8-10.
Mas o versículo 11 nos lembra de maneira redentora: “Alguns de vós éreis assim. Mas fostes lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.
Sendo assim, como a fonte da moralidade divina não é um contrato social, nem um construto cultural, mas é fundamentada no próprio Ser de Deus, ela é invariável e absolutamente virtuosa, em contraste com a moralidade do mundo, que é volátil e corrupta.
O que quer dizer irmãos, caso você tenha se distraído, é que o mundo é a moralidade do mundo é incompetente para interpretar o caráter de Deus. Este princípio torna impossível que uma autoridade judicial secular leve em consideração aquilo que Paulo chama de espiritual.
Não vos pude dar alimento sólido porque vocês não são espirituais, mas carnais. Isto é, os Coríntios envolvidos mais com a cultura do que com Deus, eram como crianças egoístas, incapazes de sofrer o dano, assim como Cristo o fez por nós.
Ponto 2 - Se Deus é o nosso padrão moral, temos perfeita liberdade em Cristo
Ponto 2 - Se Deus é o nosso padrão moral, temos perfeita liberdade em Cristo
Finalmente, chegamos ao texto que lemos no início. E o irmãos verão que teria sido infrutífero continuar sem enraizá-lo na primeira seção.
Uma vez que a nossa fonte (source) moral está estabelecida, devemos viver de modo coerente com aquilo que cremos.
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas são proveitosas. Todas as coisas me são permitidas, mas eu não me deixarei dominar por nenhum delas.
Qual seria a preocupação de Paulo? Que se os coríntios tivessem sua moralidade fundamentada em Deus eles não poderiam se deixar dominar pelo caráter de Deus? Obviamente não.
Como ele percebia que os seus irmãos estavam recorrendo aos princípios estabelecidos na sociedade e não na pessoa de Deus, ele percebia que a ética do Coríntios estava viciada. Ela sempre tenderia para o mal. Ele dará alguns exemplos deste ciclo viciosos e sobre eles eu falarei no terceiro ponto. Calma. Mas para que eles fiquem bem claros nesta pequena exposição eu quero ainda fazer uma diferença entre moral e ética.
Vou recorrer ao Sproul mais uma vez, nosso convidado de hoje.
Ele diz que em relação às coisas como elas são no dia-a-dia,
Moral é aquilo que todo mundo faz, enquanto ética é aquilo que todo mundo deveria fazer.
O exemplo mais simples que posso pensar é a gramática.
Tem gente que fala “tem” no lugar de “há”. Exemplo, quando você quer dar aquela indireta, “tem gente que gosta de Só para Contrariar”.
Chega ao ponto de falarmos tão assim que se eu tivesse dito, “há pessoas que falam ‘tem’ no lugar do verbo haver” soaria estranho (a menos que fosse no Facebook).
Os linguístas dirão, o que “vale é a comunicação” porque, afinal, a língua é viva. Ora, isso é o que todo mundo faz. Pronto, essa é a moral da língua.
Mas os gramáticos dirão, se a gente não tentar normatizar a língua, um país como o Brasil vai falar idiomas diferentes em algum tempo. Essa seria a ética.
Num concurso, você é cobrado pela ética, não pela moral. Ao menos por enquanto, mas é só questão de tempo.
Pense agora neste problema aplicado aos Coríntios. Façamos da maneira que os gregos fazem, usemos a liberdade deles para definirmos a nossa própria liberdade.
Eu falei ontem aos adolescentes, que Montreal tem muito a ver com Éfeso (uma cidade grega). Diana, a deusa dos Efésios tinha como sacerdotisas prostitutas cultuais. Quer adorar a deusa? Durma comigo. Tentador? Espero que não… Mas por que, não?
Werner de Boor comenta: Acaso não podiam, justamente como cristãos, viver na mesma “liberdade” que eles presenciavam em seus concidadãos gregos? Não era justamente isso que haviam aprendido de Paulo, em contraposição a todo o legalismo temeroso?
Não. Claro que não! Não queiram uma moralidade que não nasça em Deus, mesmo que toda a sociedade contemporânea diga que não há problema, que não há nada a ver, que Paulo precisa ser ressignificado.
Não é como medo que sejamos dominados por Cristo que Paulo escreve, mas porque o Deus santo e pessoal estava sendo interpretado pela cultura grega.
O que todo mundo fazia (a moral) estava solapando aquilo que todo mundo deveria fazer (a ética)
A moral daquela igreja, corria o risco de ser conduzida não por Jesus, mas por Afrodite, Apolo, Platão, ou Aristóteles. E a ética deles não traduz a Moral do Deus eterno, encarnado e pessoal.
Se deixarmos nos dominar pela liberdade do mundo, seremos dominados por elas.
Volto à analogia do concurso.
Quando eu paro de estudar gramática porque todo mundo fala de uma determinada maneira, eu viro escravo da minha liberdade, porque me esqueço da gramática. Consequentemente perderei o concurso.
Werner de Boor, aplica a mesma lógica ao texto Paulino, “Minha “liberdade” simplesmente pode me prender à escravidão. A liberdade se transforma, então, em seu exato oposto, a saber, em “falta de liberdade”.
Se deixo a gramática, perco a liberdade de falar de me expressar formalmente; se deixo a ética, passo a ser um mero escravo da moralidade contemporânea.
“Quando, pois, sou zeloso da liberdade (Fonte Divina), é impossível que a pratique de tal modo que me torne seu escravo (fonte mundana)”.
Ponto 3 - Até aonde o conselho do mundo pode nos levar?
Ponto 3 - Até aonde o conselho do mundo pode nos levar?
“Na cidade de Corinto defendia-se uma liberdade total, irrestrita, e incondicional. Eles estavam transformando a liberdade em libertinagem”.
William Barclay nos diz que: “Os gregos sempre desprezaram seus corpos. Epicteto dizia "Sou uma pobre alma encadeada a um cadáver." O que importava era a alma, o espírito do homem; o corpo não interessava. Isto dava como resultado duas atitudes. Ou dava origem ao mais rigoroso ascetismo no qual tudo se realizava para dominar e humilhar os desejos e instintos do corpo. Ou — e em Corinto prevalecia a segunda atitude — significava que visto que o corpo não importava, podia-se fazer o que se quisesse com ele: podia-se deixá-lo saciar e satisfazer os seus apetites”.
Essa era a moralidade grega, o que todo mundo fazia, e assim como gramática que acaba se alterando com o uso da língua, aquela tornou-se a ética dos Gregos.
A questão dos Coríntios tem a ver com o versículo 13 e o que servirá para contrastar a moralidade dos Coríntios com a Ética divina. E o texto será fácil de acompanhar daqui para a frente.
Ler o v.13a - Entendam, irmãos, como o pensamento dos Coríntios estava arraigado em uma moralidade distante das Escrituras: “Se o homem cristão era o mais livre de todos, não está livre para fazer o que desejar, especialmente com esse corpo tão insignificante que lhe pertence?” Eles entendiam que isso era sabedoria.
Assim como a comida e foi criada para o estômago, também o sexo foi criado para o nosso corpo e “que valor terá isso diante do espiritual”?
Paulo não nega que haja relação entre comida e estômago, nem entre desejo e corpo; ele sabe que isso é o que “todo mundo faz”, mas ressalta aquilo que “todos deveriam fazer”: O sexo foi feito para o corpo, mas o corpo não foi feito para a imoralidade.
Segundo as palavras do apóstolo, é possível ser imoral, negando a moralidade de Deus. E aqui vai uma super definição do que seja “pecado”: Pecar é agir contra a moral de Deus, seja em natureza, em ações ou atitudes. Pecado é agir contra os valores de Deus.
No versículo 13b, a primeira correção que Paulo faz é sobre o papel do corpo no plano terrreno: O corpo não é para imoralidade e sim para o Senhor e o Senhor para o corpo.
O estômago e a comida são coisas passageiras; chegará o dia em que ambos passarão. Mas o corpo, a personalidade, o homem como uma totalidade não perecerá, foi criado para unir-se com Cristo neste mundo e estreitar esta nião no além.
No verso 14, Paulo ainda os lembrará que assim como o Corpo de Cristo foi ressuscitado e glorificado, nós também seremos ressuscitados pelo seu poder. Ou seja, o corpo importa!
Imaginem o magistrado grego julgando uma questão de prostituição cultual. Qual problema veria aquele juiz se um homem fornicou?
No 15-16, Paulo ainda destaca que como Igreja, somos membros de Cristo.
Citando indiretamente Gênesis 2.24 “Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” , Paulo está dizendo a moralidade dos coríntios, aquilo que todos faziam na cidade, estaria, se prossível, profanando a santidade do corpo de Cristo, que é a igreja.
A “pastora” que foi acusada pelo pr, é tão perdida, tão influenciada pela cultura dos nossos tempos, que ela própria se veste como uma mulher indecente. Quem dera fosse só ela, um monte de líderes espirituais expondo seus corpos de maneira subliminar propagam que o corpo de Cristo seja uma deformidade.
Boor, “Quem se entrega a Jesus não tem, p. ex., uma ligação “apenas intelectual”, ou seja, meramente “cognitiva” com ele, mas está entrelaçado com Jesus numa unidade tal que precisamente por isso também seu corpo é um “membro de Cristo”, havendo de ter um dia configuração igual ao corpo de glória de Jesus”.
vs.17 - Finalmente, colocando uma intransponível distância entre a moralidade dos Coríntios e a moralidade de Deus, ele mostra que quem se une ao Senhor é um espírito com ele.
Você é um só espírito com Deus, mas o espírito deste mundo pode corromper a nossa moralidade ao ponto de nos tornarmos prostitutos cultuais, pois servimos à moralidade de “outros deuses”.
Quem é que tem feito a sua cabeça? Que Cristo faça a sua cabeça.
Conclusão
Conclusão
O que faremos com essa tal liberdade?
Talvez o seu problema não seja o mesmo dos Coríntios (a imoralidade sexual), já que não temos uma deusa Afrodite e prostitutas cultuais literais. No entanto, talvez sejamos similares a eles já que temos moldado a nossa moralidade por aquilo que todo mundo faz (moral), e não por aquilo que os crentes devem fazer (Ética cristã).
Olhando para o exemplo dos nossos irmãs da igreja de Corinto, eu pergunto:
Continuaremos a conviver com uma conduta pecaminosa em nosso meio sem denunciá-la?
Beber nas fontes da moralidade secular fez com que os Coríntios permitissem que um homem que dormia com sua madrasta não causou escândalo da igreja.
Fugi da imoralidade!
Entregaremos aos magistrados, aos políticos, aos filósofos, aos cientistas, aos algorítmos o patronado da nossa moralidade?
Bebendo das fontes da moralidade secular, os Coríntios entregaram suas questões essencialmente espirituais, porque não somos só corpo, àqueles que não podiam discerni-las espiritualmente.
Obteremos dos Bolsonaros, dos Lulas, dos Trudeaus e Polièvres, dos Hayekes ou Marxes, dos Aristóteles, dos Maquiavéis ou Kantes, dos Dawkins, Higgs ou Hawkins, ou ainda dos Youtubes, Facebookes e TikTokes a nossa ética?
Eles não são competentes para isso. Mas estão conseguindo!
Por isso temos perdido a nossa capacidade de superar diferenças, tendido ao isolamento em guetos, o que nos é proibido, pois somos membros uns dos outros e todos de Cristo.
Que nos tornamos prostutitos cultais daqueles deuses.
Fugi da imoralidade!
Tenhamos perfeita liberdade em Cristo! Pois quem se une ao Senhor é um espírito com ele.
Irmãos queridos, a proposta de Deus para nós é que tenhamos o nosso coração cheio de Deus. Isso quer dizer que tudo aquilo que você estudou, ouviu, ou foi convencido, por mais que faça sentido, por mais que todo mundo faça, que for diferente daquilo que Deus revela nas Escrituras, deve ser deixado para trás.
Eu imagino Paulo sofrendo ao escrever as próximas palavras: vs.18.
Vs. 18-20
Ao menos, é em angústia que eu clamo aos irmãos! Fugi da imoralidade.
Estamos vivendo o período do Advento do Natal, portanto, eu clamo aos irmãos, que o Deus que encarnou para nos trazer paz, seja o Senhor do nosso pensamento.
Não tornemos, portanto, barato o preço que Ele pagou pelos nossos pecados.