3ª Semana do Advento: Quarta-feira 20/12/2023

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Preparação para a chegada do “Emanuel”

A Igreja propõe um período de quatro semanas para bem recebermos o Messias. Qual a razão de tanto tempo? Os acontecimentos da vida cotidiana nos ajudam a compreeender este período, afinal, uma grande festa exige um tempo anterior de preparação. Imagine um casamento, um aniversário natalício ou de união sendo organizado às pressas. Certamente, a possibilidade de que algo saia errado é muito maior. Imagine esquecer de convidar uma pessoa muito querida? Aquele parente complicado convidado em cima da hora? Será que ele se sentirá acolhido e desejado nesta celebração?
A cada dia, a Igreja nos oferece leituras capazes de nos ajudar neste processo de preparação para acolher o menino Deus. Na celebração de hoje, a Igreja quer saber como anda a nossa fé nas promessas do Senhor. Para isso, opõe duas pessoas com atitudes bastante distintas: Acaz e Maria, a mãe do Salvador.
A primeira leitura exige uma pequena contextualização. O Reino da Assíria estava em forte expansão. O Reino do Norte (Israel) escolheu não acreditar nas promessas do Senhor e foi devastado. O Reino do Sul, Judá, na pessoa de seu rei Acaz era pressionado a fazer uma aliança militar com Efraim e Arã para impedir o avanço dos assírios.
Para o profeta Isaías, a fé nas promessas do Senhor deveria se transformar em uma prática de vida não somente individual, mas também enquanto política nacional. Ele então confronta Acaz: Isaías 7.11 “11 “Pede ao Senhor, teu Deus, um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto”.”
Aqui é possível notar algo importante: Isaías provoca Acaz para tentar a Deus por meio de um sinal, para ver com seus próprios olhos que Deus não medirá esforços para protegê-los. Acaz, portanto, tem uma oportunidade para confirmar a sua fé e agir como um verdadeiro crente. Alguém poderia dizer: “Tentar a Deus não é um pecado?” Sim, é. Tentar a Deus, ao contrário do que muitos pensam, não está em pedir provas a Deus, mas em não crer N’ele ou em desprezar a sua ajuda.
Acaz, diante de Isaías, rejeita a ajuda divina e argumenta a sua decisão arrogante com uma desculpa tingida de falsa piedade, extraída de um discurso de Moisés: “Não tentarei o Senhor” Dt 6,16
Acaz, portanto, não apenas desconfia de Deus, mas perverte o significado das Escrituras para apoiar a sua própria arrogância. Diante desta negativa, Isaías faz um novo sinal, que não é um convite, persuasão ou uma predição. Este sinal é a confirmação do desgosto divino perante a atitude do rei Acaz: o Senhor dará um sinal a Judá: “a donzela grávida dará à luz um filho”.
O salmo que ouvimos é uma resposta a essa promessa Sl 23: “O Senhor vai entrar, é o Rei glorioso!”.
Já no Evangelho nos deparamos com a atitude de Maria diante do desejo de Deus em salvar o seu povo, por meio da anunciação feita pelo anjo Gabriel. A situação é também de pressão, afinal, Maria estava prometida em casamento o qual trazia consigo várias obrigações: dentre elas ser fiel, pois a infidelidade era considerada adultério. Além disso, Maria ficou perturbada após o anúncio, pois esta saudação é um convite à alegria messiânica, um eco do apelo dos profetas à Filha de Sião, motivado pela vinda de Deus ao seu povo. Maria era educada na tradição judaica, as palavras não eram estranhas a ela, isto é, Maria percebe que está diante de algo divino, e os judeus sabiam que não se podia ver Deus ou uma manifestação de Deus sem perigo de morrer. É por isso que o anjo lhe diz: “não tenha medo”, e imediatamente acrescenta: “você encontrou graça diante de Deus; "Você conceberá no ventre e dará à luz um filho a quem chamará de Jesus."
Diante de tudo isso, uma menina simples de Nazaré, cidade esta a qual diziam que nada de bom poderia sair de lá, se entrega totalmente à vontade de Deus: “Eis que sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”.
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