Graça e Salvação
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Capítulo XVIII
Da Certeza da Graça e da Salvação
(Slide) João 6:37
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.”
Introdução
Uma das verdades mais preciosas que encontramos no Evangelho de Cristo é a que diz respeito sobre a certeza da nossa salvação eterna. Por séculos a igreja romana deturpou essa preciosa verdade chegando ao absurdo de transformá-la numa “ferramenta” para extorsão e manipulação das pessoas. Mas, graças a Deus sempre houveram vozes que não se calaram diante de tamanho abuso e desmando, e o eco dessas vozes resultou na Reforma Protestante (Slide), que traz como uma de suas principais doutrinas a salvação pela graça mediante a fé e não por meio de obras (slide. Ef 2.8-10). Pode um pecador ter certeza de que ao morrer estará com Cristo eternamente na Glória? Sim! Com toda certeza, não em si mesmo, mas, na pessoa e obra de Cristo. Vejamos o que a CFW nos diz sobre essa maravilhosa verdade.
(Slide) §I. Ainda que os hipócritas e os demais não regenerados possam iludir-se vamente com falsas esperanças e carnal presunção de se acharem no favor de Deus e em estado de Salvação (Dt 29.19; Jo 8.41), esperança essa que perecerá (Mt 7.22,23), contudo, os que verdadeiramente creem no Senhor Jesus e O amam com sinceridade, procurando andar diante Dele em toda a boa consciência, podem, nesta vida, certificar-se de se acharem em estado de graça (2Tm 1.12; 1Jo 2.3; 1Jo 5.13; 1Jo3.14,18,19,21,24) e podem regozijarse na esperança da glória de Deus, essa esperança que jamais os envergonhará (Rm 5.2,5).
A certeza da salvação é resultado do novo nascimento, porque somente uma pessoa que é nascida de novo (regenerada) consegue viver com fé verdadeira em Cristo, amando-O sinceramente, andando diante Dele “em toda boa consciência”. Quem não passou pela experiência do novo nascimento poderá até tentar viver uma vida de aparente piedade, mas, em algum momento acabará mostrando quem realmente é (um não
convertido, e, portanto, condenado). Um não convertido ilude-se com uma esperança que está baseada na sua presunção carnal, ou seja, ele pensa que pelo cumprimento de regras religiosas ele será salvo. Sua fé assim, não está em Cristo, mas, em si mesmo. Já o crente verdadeiro tem boa consciência, ou seja, seu coração está firme na obra de Cristo, e mesmo quando peca corre para Cristo buscando Seu perdão, e, em tudo
isso sabe que Cristo lhe salvou e jamais o abandonará.
(slide) §II. Esta certeza não é uma simples persuasão conjectural e provável, fundada na esperança falha, mas uma segurança infalível da fé (Hb 6.11,12), fundada na divina verdade das promessas de salvação (Hb 6.17-20; 2Pe 1.4,5), na evidência interna daquelas graças nas quais essas promessas são feitas (2Pe 1.10,11;1Jo 3.14), no testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos espíritos que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16), sendo esse Espírito o penhor de nossa herança, e por meio de quem somos selados para o dia da redenção (Ef 1.13,14; 2Co 1.21,22).
A igreja romana diz que essa fé é um “mero ‘assentimento intelectual’ à verdade, não envolvendo a confiança; e por isso a fé nada tem a ver com o juízo que porventura alguém faça de sua salvação pessoal; e daí ninguém pode alcançar qualquer certeza sobre esse ponto nesta vida
sem uma revelação extraordinária” (HODGE, 2010, p.325).
Contudo, o alvo da Fé Salvadora, a qual justifica o pecador, é o favor de Deus por meio de Cristo, e, por isso mesmo crer é assegurar-se de nossa salvação pessoal. O Espírito Santo executa um papel primordial e essencial nessa certeza, pois, é Ele quem testifica com o coração do crente que este é de fato um salvo. A certeza da salvação deve estar bem firme em nosso coração, porém, ela não é resultado do nosso
assentimento intelectual, mas, sim, da presença do Espírito Santo em nós e assim Ele é a nossa garantia, o nosso penhor de que no dia da volta do Senhor Jesus seremos recolhidos na Glória Eterna.
O que diz Rm 8.16? (Slide)
“O próprio Espírito confirma ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”
Isso implica em :
- O Espírito é o autor das promessas da Escritura e dos traços do caráter indicando as pessoas a quem pertencem as promessas.
- O Espírito é o autor das graças dos santos, correspondendo aos traços do caráter que são associados a essas promessas na Escritura.
- O Espírito Santo capacita o crente a investigar seu coração e a confrontar-se diante de Deus, bem como o capacita a compreender corretamente as promessas e a confiar plenamente em Cristo.
(Slide) §III. Esta segurança infalível não pertence de tal modo à essência da fé, que um verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com muitas dificuldades (Is 1.10; 1Jo 5.13; Sl 73); contudo, sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as coisas que lhe são livremente dadas por Deus, ele pode obtê-la sem revelação extraordinária, no devido uso dos meios ordinários (1Co 2.12; 1Jo 4.13; Sl
77.10-20). É, pois, dever de cada um ser diligente em tornar certas a sua vocação e eleição, a fim de que, por esse modo, seja o seu coração, no Espírito Santo, dilatado em paz e deleite, em amor e gratidão para com Deus, no vigor e alegria, nos deveres da obediência, que são os frutos próprios desta segurança. Longe esteja isto de predispor os homens à negligência (2Pe 1.10; Rm 6.1,2;Tt 2.11,12,14).
Este parágrafo toca num ponto muito sério: o dever de cada crente em
confirmar sua vocação e eleição. É comum ouvirmos por parte daqueles que não entendem (e consequentemente, não creem) na doutrina bíblica da eleição divina com base somente na vontade de Deus e não na fé que a pessoa um dia viria a ter (como afirmam os arminianos) que ensinar essa doutrina (a eleição) faz com que as pessoas desenvolvam uma fé hipócrita e descansem perigosamente na ilusão de que são salvos quando de fato não são, e, por isso vivem libertinamente. Qual a exortação que o apóstolo Paulo fez aos filipenses em Fp 2.12 (Slide) ?
¹² Assim, meus amados, como vocês sempre obedeceram, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvam a sua salvação com temor e tremor,
Esta segurança infalível não provém da essência da fé, pois, como a Bíblia mostra, é possível alguém ser realmente crente em Cristo, e, contudo, ainda não ter esta segurança infalível em seu coração. Veja o que diz 1Jo5.13 (Slide). Para quê João escreveu àqueles de quem ele diz que eram crentes no Filho de Deus?
“Estas coisas escrevi a vocês que creem no nome do Filho de Deus para que saibam que têm a vida eterna."
É dever de todo crente envidar todos os esforços através dos meios ordinários (obediência à Palavra, mortificar o seu eu todos os dias, etc.) para confirmar sua eleição e vocação.
Alcançar essa segurança é tanto um dever quanto uma graça, e, por isso
mesmo, tudo quanto conduz a essa segurança infalível deve ser diligentemente buscado, bem como tudo quanto a obstrui deve ser combatido e evitado. Alexander Hodge faz o seguinte comentário: “A segurança genuína não pode conduzir à negligência e indiferença no
cultivo da graça e no desempenho dos deveres religiosos, visto que sua própria existência depende – da evidência oferecida pela diligência nesses deveres, e pelo vigor dessas graças, para que sejamos
crentes genuínos e do testemunho confirmativo do Espírito Santo” (HODGE, 2010, p.332).
(Slide) §IV. Os verdadeiros crentes podem ter, de diversas maneiras a segurança de sua salvação abalada, diminuída e interrompida – negligenciando a conservação dela, caindo em algum pecado especial que fira a consciência e entristeça o Espírito Santo, cedendo a fortes e repentinas tentações, retirando Deus a luz do seu rosto e permitindo que andem em trevas e não tenham luz mesmo os que temem (Sl 51.8,12,14; Ef 4.30; Sl 77.1-10); contudo, eles nunca ficam inteiramente privados daquela semente de Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e aos irmãos, daquela sinceridade de coração e consciência do dever; daí, a certeza de salvação poderá, no tempo próprio, ser restaurada pela operação do Espírito (Jo 3.9; Lc 22.32;Sl 51.8,12), e por meio dessas bênçãos eles são suportados para não caírem em total desespero (Mq 7.7-9).
Como já estudamos nos caps. XIII e XVII, aos verdadeiros crentes é possível que eles temporária e parcialmente se afastem da presença de Deus e não desfrutem da preciosa comunhão com Ele. Contudo, é impossível que um verdadeiro salvo se aparte total e definitivamente da graça de Deus.
O exercitar na graça de Deus é um dever de todo crente salvo em Cristo.
Porém, pelo fato de ainda estar neste mundo, é possível que esses exercícios vezes ou outras, por não serem perfeitos (da parte do homem) serem misturados com elementos carnais e pecaminosos, e por isso mesmo é possível que um salvo em Cristo experimente momentos em que sua segurança se abale e enfraqueça diante de determinadas circunstâncias.
Ao cair em tentações o crente tem sua comunhão com Deus interrompida e Ele retira o brilho da luz de Seu rosto e assim esse crente passa a andar em trevas sofrendo terrivelmente. Mas, Deus é misericordioso e por amor ao sangue de Seu Filho que foi vertido por esse crente que se afastou, Ele o busca novamente (Slide final), pois, jamais Ele lançará no
inferno alguém por quem Cristo derramou Seu precioso sangue na cruz. E assim, Deus restaura esse crente, através da operação do Espírito Santo em seu coração. Aleluia!