SOBRENATURALIZADO – Parte II- Pág. 187-192
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"Portanto, o Espírito Santo é central na vida cristã: “É o Espírito que inflama nossos corações com o fogo do amor ardente para com Deus e para com o próximo”, disse João Calvino. Toda a vida cristã é vida de dependência do Espírito Santo. Um homem ou uma mulher que teme a Deus e crê em Jesus é um homem ou uma mulher que tem de suplicar pelo Espírito dia após dia. O que precisamos lembrar é que quando dizemos “creio no Espírito”, também confessamos nossa dependência do Espírito Santo. Nós precisamos almejar mais do Espírito Santo, e suplicar para que ele venha em poder sobre nossas vidas, nossa comunidade, para que sejamos cada vez mais cheios do Espírito, cada vez mais renovados à imagem do Filho. Se buscarmos assim o Espírito Santo, não será ele que receberá a glória, porque o prazer do Espírito Santo é comunicar glória ao Filho Jesus. Então, quando começamos a depender do Espírito e a invocá-lo, suplicando para que ele opere em nosso meio com poder, com sinais e com prodígios, Cristo será glorificado. E o Filho, quando recebe tal glória, a confere ao Pai, que é glorificado: “Glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (Jo 17.1)." (from "O credo dos apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã" by Franklin Ferreira, Tiago J. Santos Filho)
"Quando lemos no Credo “creio no Espírito”, este documento está confessando a plena igualdade do Espírito com o Filho e o Pai. O Credo coloca o Filho e o Pai no mesmo nível de igualdade. Novamente, temos de tomar cuidado com toda a tentativa de numerar as pessoas da Trindade. Isso é muito comum. Devemos resistir à tentação de dizer que a primeira pessoa da Trindade é o Pai, a segunda pessoa da Trindade é o Filho e a terceira é o Espírito Santo. O que o Credo lembra no início do terceiro artigo, dizendo “creio no Espírito Santo”, é que o Espírito Santo é um, junto com o Pai e com o Filho. Há plena igualdade entre as pessoas divinas: elas compartilham os atributos divinos; compartilham o nome de Deus; fazem as obras de Deus; e recebem adoração e louvor. O Espírito Santo é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que consiste em conhecer o Pai e o Filho (Jo 17.3). No entanto, ele foi revelado por último. Gregório Nazianzeno explicou esta progressão da pedagogia da “condescendência” divina: O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mais obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho, fez entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito de cidadania entre nós e nos concede uma visão mais clara de si mesmo. Com efeito, não era prudente, quando ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do Filho ainda não era admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos uma expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões “de glória em glória” que a luz da Trindade resplandecerá em claridades mais brilhantes." (from "O credo dos apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã" by Franklin Ferreira, Tiago J. Santos Filho
"Aqui lembramos do diálogo entre Jesus e a mulher samaritana (Jo 4.1-26). O culto que Deus requer de seu povo é o culto em Espírito e em verdade: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). Deus é um ser espiritual. É isso o que significa “Deus é espírito”. Mas os tradutores grafaram a segunda menção ao “espírito” em minúsculo. Mas esta é, me parece, uma referência ao Espírito Santo. O que Jesus ensina é que Deus é um ser espiritual, então importa que os que o adoram o adorem por meio do Espírito Santo e pela verdade, que é Jesus Cristo (Jo 8.32; 14.6). A partir do contexto maior do Evangelho de João, podemos sugerir que o texto conecta o Deus Trindade ao culto. Em outras palavras, Jesus ensina que o culto tem de ser segundo a verdade, mas o Espírito Santo tem de operar naquele culto para que aquele culto seja aceito por Deus, seja um culto verdadeiro, um digno espetáculo para o Senhor da glória, e um culto que infunde alegria nos fiéis, que lhes oferece um dia do céu no domingo. A igreja, então, tem de ser sustentada pelo Espírito Santo." (from "O credo dos apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã" by Franklin Ferreira, Tiago J. Santos Filho)
9.2. TRÊS TIPOS DE HOMENS.
9.2.1. Precisamos do Espírito Santo para vivermos uma vida moral? A resposta é que não precisamos realmente do Espírito para vivermos uma vida moral, mas precisamos realmente do Espírito para termos uma vida sobrenatural. Em outras palavras, não precisamos do Espírito para ser diferentes no aspecto exterior; precisamos do Espírito para sermos diferentes no interior.
9.2.2. Novamente: não precisamos do Espírito para obedecer a Deus; precisamos do Espírito para nos alegrar em obedecer a Deus. Esse é o único tipo de obediência verdadeira, visto que a alegria em Deus é, em si mesma, um dos mandamentos de Deus. Deuteronômio 28:47; Salmo 37:4 e Filipenses 4:4
9.2.3. C.S. Lewis comunica isso de forma brilhante em seu ensaio “Três tipos de homens”:
1. O primeiro é formado por aqueles que vivem puramente para si mesmos e por todos os que servem a seus próprios cuidados egoístas.
2. O segundo tipo se constitui daqueles que reconhecem que existe algum código fora de si mesmos que devem seguir – ou a consciência, ou os Dez Mandamentos, ou o que os seus pais lhes ensinaram, ou qualquer outra coisa. Elas pagam fielmente seus impostos, mas esperam que sobre algo para gastarem consigo.
3. A terceira classe é formada por aqueles que podem dizer, como o apóstolo Paulo, que para eles, “o viver é Cristo”. Essas pessoas se libertaram do cansativo negócio de conciliar as reivindicações rivais do ego e de Deus, pelo simples expediente de rejeitarem completamente as reivindicações do ego. A velha vontade egoísta foi mudada, recondicionada e transformada em uma coisa nova. A vontade de Cristo, em vez de limitar a vontade dessas pessoas, torna-se a delas.
9.2.4. O ponto é esse: só conseguimos ir da pessoa 2 para a 3 por meio do Espírito Santo. Crescer como um discípulo de Cristo não é acrescentar Cristo à nossa vida, mas, sim, render-nos a ele como a nossa vida. Ele não é uma nova prioridade que compete com outras reinvindicações, como reputação, finanças ou satisfação sexual.
9.5.5. Ele está nos pedindo que acatemos a queda livre da rendição total de nossas vidas ao seu propósito. É por isso que o Espírito Santo habita em nós. Ele está em nós para nos capacitar a fazer o que seria totalmente impossível se dependêssemos de recursos carnais – chegarmos à deliciosa e terrificante liberdade de sermos resolutamente leais a Jesus.
9.5.6. Talvez isso lhe pareça impossível. Essa percepção, porém, é boa. De fato, fazer isso é impossível. Você nunca chegará lá se, primeiro, não tentar viver para Cristo por sua própria força e descobrir quão temeroso, cauteloso e espiritualmente incapaz você é.
9.5.7. É nesse momento, quando você desiste de si mesmo e abandona todo esforço próprio, que seu coração é mais fértil para o poder sobrenaturalizador do Espírito Santo. Embora o Espírito habite todo crente, nós sufocamos facilmente sua obra poderosa. Efésios 4:30
9.5.8. O Espírito não entra onde tranquilamente agimos com base em nossa autodependência. No entanto, os aflitos, os vazios, os pedintes, os que não nutrem esperança em si mesmos, os cansados de pagar a Deus o imposto da obediência e de tentar viver com o que sobra – o coração deles é irresistível ao humilde Espírito Santo.
9.3. REDIRECIONANDO NOSSO FOCO.
9.3.1. Porém, como exatamente o Espírito Santo impele a mudança interior nos cristãos? A principal resposta que o Novo Testamento dá é a seguinte: o Espírito nos muda ao tornar Cristo maravilhoso para nós. A terceira pessoa da Trindade faz sua obra ao focalizar a atenção na segunda pessoa da Trindade.
9.3.2. Alguns segmentos da igreja se concentram no Espírito Santo. Sentindo corretamente a negligência para com o Espírito Santo em certas alas da igreja, eles tornam o Espírito o ponto central e predominante. João 6:63; Romanos 8:6
Outros setores da igreja enfatizam Cristo. Colossenses 1:28; I Coríntios 1:23
9.3.3. Mas o verdadeiro cristianismo apostólico entende que diminuir a segunda ou a terceira pessoa da Trindade implica, necessariamente, diminuir a outra. O Espírito fixa nosso olhar em Cristo. Ambos operam em conjunto. O Espírito e Cristo crescem ou diminuem juntos. Permita-me mostrar isso brevemente em três passagens da Escritura.
1. João 14 a 16, Jesus conforta os discípulos ao lhes ensinar que sua partida é boa para eles, para que o Espírito venha.
Ele dará testemunho de Jesus. João 15:16
Ele glorificará Jesus. João 16:13-14
O impulso encorajador do Espírito não é um poder rude e desprovido de face na vida do cristão. O Espírito inflama nossa contemplação de Jesus Cristo.
2. I Coríntios 2:12, recebemos o Espírito afim de compreendermos o que recebemos gratuitamente.
O Espírito abre os nossos olhos para que vejamos aquilo com o que fomos agraciados em Cristo.
3. II Coríntios 3:18, o ensino de Paulo é que a própria contemplação transforma os crentes.
O Espírito eficazmente nos leva a contemplar Cristo de uma maneira que transforma.
9.3.4. Seja tão radicalmente guiado pelo Espírito que você se torne radicalmente centrado em Cristo. Cristo e o Espírito, o Filho que encarnou e o Espírito que habita – eis sua dádiva em dobro. Não se concentre demais no próprio Espírito. Concentre-se em Cristo, pedindo ao Espírito que torne Cristo formoso. O Espírito é a causa eficaz de seu crescimento, mas Cristo é o objeto que você deve contemplar em seu crescimento.
9.4. UM ANTEGOSTO DO CÉU.
9.4.1. Viva em harmonia com a pessoa do Espírito Santo. Peça ao Pai que o encha do Espírito. Olhe para Cristo, no poder do Espírito. Abra-se para o Espírito. Consagre-se aos belos caminhos do Espírito em sua vida.
9.4.2. Reconheça e creia, nas profundezas de seu coração, que, sem o poder capacitador do Espírito, todo o seu ministério, todos os seus esforços, a evangelização e as tentativas de matar o pecado serão inúteis.
9.4.3. Ao fazer isso, você será um pequeno retrato vivo do próprio céu para todos ao seu redor, ainda que, sem dúvida, continue a ter inúmeros erros, pontos fracos e recaídas como o exemplo do segundo homem. Entretanto, aqui e ali, a princípio por breves impulsos, mas, gradualmente, por longas extensões do seu dia, você aprenderá a agir como os próprios recursos sublimes de Deus.
CONCLUSÃO
Olhe para Cristo! Esse é o segredo de crescer em Cristo.
Fixe sua contemplação nele. Permaneça nele a cada instante. Fortaleça-se em seu amor.
Ele é uma pessoa, não um conceito. Torne-se pessoalmente familiarizado com ele de forma cada vez mais profunda, a medida que os anos passam.