Memórias do Futuro

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É no contexto do cativeiro que Jeremias ensina a olharmos para os constates livramentos de Deus para

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Introdução

Lamentações de Jeremias 3.22–26 “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. O Senhor é bom para os que esperam nele, para aqueles que o buscam. Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio.”
Se a sua vida está ótima, sua imigração está indo de vento em poupa, já conseguiu trabalho na sua área, seus filhos estão cheios de saúde… Esses versículos soarão como uma expressão verdadeira de louvor e agradecimento a Deus pelas suas misericórdias. Como nos lembrou o pb. Lucas, “Conta as bênçãos, dize-as quantas são, recebidas da divina mão!Vem dizê-las, todas de uma vez,E verás, surpreso, quanto Deus já fez!”
A gente se lembra da vida que Deus nos deu e diz, Feliz Ano Novo. Vai ter mais bênçãos no ano que vem.
Mas eu ainda me lembro de quantas vezes na minha vida eu estive em um culto, parecido com este, onde o pastor celebrava com alegria as tantas bênçãos e com ele os irmãos, mas eu não estava vivendo nada parecido com aquilo…
As Palavras de gratidão, reconhecimento da soberania de Deus e confiança soavam, no mínimo… distantes.
Eu me lembrava da vida que eu vivia e dizia, Feliz Ano Novo! Precisa ser melhor do que o passado.
Do que você se lembra, ou ainda, o que você trouxe no seu coração nesta noite de Ano Novo? Gratidão, sofrimento?
Já que estamos falando de lembranças, nesta última noite de 2023 eu quero te incentivar a usar a sua memória de acordo com o profeta Jeremias.
Usando as memórias do passado.
Usando estas lembranças para projetar o futuro, memória para o futuro.
E, por último, lembrar do que ainda não aconteceu. Uma Memória do Futuro. Será que isso é possível?
Seja qual for o contexto que você está vivendo, eu te convido a relembrar como nascem os versos de Jeremias e o porquê de Jeremias pode desejar um Feliz Ano Novo para todo o Israel.
Que Deus nos ajude.

Ponto 1 - A Memória do Passado

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos… Cantarolar.
Se você é crente há algum tempo, possivelmente já cantou a letra deste poema com uma melodia animada. Na verdade, o início da música é o início do poema. E faz todo sentido se animar como uma palavra como essa. Afinal,
Apesar dos nossos delitos, não somos consumidos porque Deus é bondoso conosco e essa bondade não tem fim.
Cristo é a expressão máxima desta boa vontade de Deus para com a humanidade, foi o que celebramos no Natal.
A fidelidade dele é grande e eu quero lembrar que ela é grande no sentido eterno. Deus é fiel e por isso cumprirá as suas promessas fielmente.
A maneira que o profeta Jeremias expressa esta constância é dizer que elas se renovam a cada manhã.
Se você não conhece o texto, pode chegar à conclusão que eu chegava quando ainda era jovem e via os irmãos comemorando o Ano Novo tão alegres: “A vida deles deve ser mais fácil que a minha”.
Mas eu queria salientar 3 fatos sobre o livro
Cada poema em Lamentações se relaciona primariamente com Jerusalém e o seu em torno. A Jerusalém de Jeremias (ela não mudou de lugar…) está em uma elevação com uma boa vista da paisagem e é cercada por vales em três lados. Os adoradores que subiam a Jerusalém (ver 1:4; Salmos 120–134) podiam ver o sol refletir no templo, e a intenção é que essa beleza refletisse a grandeza de Deus. Afinal, Jerusalém foi a cidade onde Deus colocou Seu nome, lá estava o seu templo, construído e consagrado pelo Rei Salomão como o lugar onde o povo se apresentava diante do Senhor. (A consagração do templo 1 Reis 8:22–53). Mas Jerusalém foi cercada, o templo destruído e o povo levado para o exílio.
Lamentações começa com a imagem angustiante daquela Jerusalém como uma mulher solitária, seus esposo e filhos mortos (1:1). Ela, Jerusalém, lamenta suas perdas (1:2–7), Lamentações de Jeremias 1.7 “Agora que está aflita e andando sem rumo, Jerusalém se lembra de todas as coisas preciosas que teve nos tempos antigos. Ela se recorda de como o seu povo caiu nas mãos do adversário, sem que ninguém viesse socorrê-la, e de como os adversários a viram e deram risada da sua queda.” Jerusalém está ciente de que seus pecados levaram a isso (1:8–11). Ela sabe que Deus enviou a Babilônia contra ela (1:12–13). A Jerusalém personificada ora para que Deus veja sua dor e interrompa a catástrofe. Ela lamenta, mesmo admitindo que Deus estava certo em julgar (1:18); Ela pede, mesmo sem merecer, que Ele, o Senhor acima de todos, que veja tanta dor e mude suas circunstâncias (1:20–22). Os poemas são orações honestas, humildes, mas igualmente ousadas. Pois elas apresentam o conflito e a confusão, mas também a dependência do povo. Não era para Deus nos proteger?! Não era a casa dele, não era o povo dele?! Sabemos que a culpa é nossa senhor, mas por favor venha nos socorrer!?
Lamentações 3, o capítulo que estamos lendo, oferece o coração do livro. Jeremias assume o lugar de Jerusalém como figura central no lamento (3:1). Ele reconhece que o castigo de Deus foi severo (3:1–18); Ele confessa seus pecados (3:25–42); Ele ora para que o Senhor veja sua dor e se compadeça (3:43–63), pois Ele confia que Deus restaurará o seu povo . Como?! Jeremias se lembra que, apesar da dureza do coração dos homens, o amor constante de Deus nunca acaba; Sua misericórdia nunca falha; Sua fidelidade permanece grande (Lam. 3:22–23).
Nos versículos anteriores, desde o início do capítulo 3, Jeremias se lembra da aflição, das trevas, do cerco... de Deus ignorando as orações, da sensação de que Deus armou uma armadilha, da zombaria e da amargura.
Ele traz as memórias do passado recente e as compara a dentes quebrados com pedrinhas de areia e declara: Lamentações de Jeremias 3.18 “Então eu disse: “Não tenho mais forças. A minha esperança no Senhor acabou.”
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Nesta semana eu convidei os presbíteros para falarem no Mais do Mesmo sob o tema: Fechado para Balanço.
O que Jeremias está fazendo é um balanço dos últimos dias e o resultado até este momento do texto é muito negativo. “Deu ruim!” Como a gente dizia no Rio. Deu ruim demais!
Ele não esconde sob uma falsa alegria o problema, mas o traz à tona, de maneira angustiante e honesta, o traz à sua memória como a finalidade apresentá-lo diante de Deus.
Meu irmão, traga seus problemas à mente agora, não sinta vergonha de fazê-lo, nem público é. Ore com raiva se for o caso, só não finja que está tudo bem se não estiver. Porque Deus não se agrada orações vãs.
Não confie nos votos Ano Novo, mas em Deus. Coloque nele a sua esperança de dias melhores. Meu ponto é: Eu não gosto de desejar Feliz Ano Novo a partir de uma bolha de felicidade, mas amo pedir ao Senhor que nos dê um ano novo fundamentado nas suas misericórdias e promessas porque grande é a sua fidelidade.
Portanto, lembre-se! Lembre-se com sinceridade de quando as coisas não estiveram bem, de quando a esperança esteve por um fio, de quando você achou que as suas forças haviam se esgotado.
Pode lembrar, ore com toda a força destas lembranças, mas não fique estagnado nelas.

Ponto 2 - Uma Memória para o Futuro

Leiamos os versículos Lamentações de Jeremias 3.19–21 “Lembra-te da minha aflição e do meu andar errante, do absinto e da amargura. Minha alma continuamente se lembra disso e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória o que pode me dar esperança.” Essa é a oração de um crente sincero
Jeremias não quer ficar pensando somente no sofrimento, mas ele pede ao Senhor algo que citamos geralmente desconsiderando o contexto: Quero trazer à memória o que me pode trazer esperança.
Estes versículos fazem a distinção entre um pensamento amargurado e uma memória amarga; entre a resignação e a resiliência; entre o desepero e a esperança. É como se Jeremias dissesse, apesar de tantos motivos, eu quero lembrar das coisas que não são passageiras, das coisas eternas, que nunca mudam, como as tuas promessas, eu quero lembrar das tuas misericórdias. E a palavra misericórdia merece um destaque aqui. E este é o único destaque que farei neste segundo ponto, porque o primeiro foi longo...
Há duas palavras diferentes na língua original sendo utilizadas neste versículo. As duas podem ser traduzidas como misericóridia, então, não precisa ficar com medo da sua bíblia, nem redecorar o versículo, mas pode estendê-lo.
Vou fazer de trás para a frente.
A segunda misericórdia, que se renovam a cada manhã, tem o sentido de compaixão, como comumente entendemos. Nenhum mistério, a não ser o fato de Deus ter nos amado eternamente. Oh, mistério!
Mas a primeira, também poderia ser traduzida como bondade. Misericórdia e bondade. A versão A21, resolveu fazer esta opção. O versículo fica assim: “A bondade do Senhor é a razão de não sermos consumidos, as suas misericórdias não têm fim, renovam-se cada manhã”.
Ou ainda, na versão de John L. Mackay, “Os atos do SENHOR de amor constante – pois não fomos consumidos, porque suas compaixões não cessaram, Eles são novos a cada manhã; grande é tua fidelidade.
Talvez não seja uma descoberta espantosa, mas o que eu quero destacar, meus queridos irmãos, é que Deus não está somente exercendo a sua compaixão diante da nossa dor, mas há uma ação bondosa para conosco.
C.S.Lewis, Em "Mero Cristianismo", destaca a importância de reconhecer a humanidade compartilhada, o que poderia ser associado à compaixão (uma característica do ser), enquanto a bondade poderia envolver a prática ativa de fazer o bem aos outros (uma atitude baseada na moralidade de alguém).
Deus, que é compassivo, também praticará o bem conosco. Esse é o pensamento de Jeremias. “Eu posso contar com a misericórdia de Deus e recorrer a ele em meio ao sofrimento, porque ele é essencialmente bom e atua de acordo com a sua bondade!
Traga à sua memória alguns textos bíblicos.
Salmo 130.7 “espere Israel no Senhor, pois no Senhor há misericórdia; nele, temos ampla redenção.”
Salmo 42.5 “Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.”
Salmo 77.7–11 ““Será que o Senhor nos rejeitará para sempre? Acaso, não voltará a ser propício? Cessou perpetuamente a sua graça? Caducou a sua promessa para todas as gerações? Será que Deus se esqueceu de ser bondoso? Ou será que encerrou as suas misericórdias na sua ira?” Então eu disse: “Esta é a minha aflição: o poder do Altíssimo não é mais o mesmo.” Recordarei os feitos do Senhor; certamente me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.”
Jeremias ainda nos diz que o Senhor é a porção da sua herança.
A palavra “porção” (3.24) é utilizada de duas maneiras distintas.
A Porção do SENHOR é Seu Povo:
Em Deuteronômio 33.9, é expresso que “a porção do SENHOR é seu povo”.
Deus separou seu povo como "sua propriedade querida/pessoal" entre todas as nações.
O Senhor como a Porção Dada ao Seu Povo:
Em outro sentido, o Senhor é apresentado como a porção ou propriedade concedida ao seu povo.
Exemplo em Salmo 16.5: “o SENHOR é a parte designada da minha porção e do meu corpo”.
Sendo assim, como povo de Deus, somos ao mesmo tempo a porção de Deus, e ele é a nossa parte; a “grande recompensa” do seu povo, conforme Gênesis 15.1 “Depois destes acontecimentos, a palavra do Senhor veio a Abrão, numa visão, dizendo: — Não tenha medo, Abrão, eu sou o seu escudo, e lhe darei uma grande recompensa.”
Olhando para o passado, Jeremias toma forças para o futuro. Numa espécie de “recuo para pegar impulso”, ele nos ensina a encarar não somente este ano novo, mas todos os novos anos. De que maneira? Recordarei os feitos do Senhor; certamente me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade. As memórias dos atos de bondade divinos nos fortalecerão para encaramos o futuro. Neste sentido, não importará se ele será momentaneamente ruim, ou momentaneamente bom. Porque as circunstâncias mudam, mas os atos de bondade do Senhor nunca. Ele permanece fiel.

Ponto 3 - A Memória do Futuro

No primeiro ponto, consideramos a necessidade de olhar para a nossa história e encarar a realidade da vida. Uma memória do passado.
No segundo ponto, fomos exortados a não permanecer nos pensamentos do passado, mas em renovar a nossa esperança, lembrando dos atos de bondade de Deus para conosco e isso é absolutamente seguro porque grande é a sua fidelidade. Uma memória para o futuro.
Neste terceiro ponto, que é curtinho, o que nos falta?
Para o nosso Ano Novo ser completo - antes da Ceia - claro, eu, com alguma ousadia, quero convidá-los a desenvolver uma memória do Futuro. Será que isso é possível?
Leiamos os versículos finais entre 24-26.
Em meio a tanto sofrimento, Jeremias aprende que “Apenas o caráter e o compromisso do Senhor fornecem uma base confiável para uma visão positiva do futuro.”
E é o futuro que está em vista no texto, pois não há nenhuma indicação de que as circunstâncias imediatas do poeta tenham sido alteradas.
Se ele tem esperança é porque ainda não aconteceu. Quem argumenta desta forma é o apóstolo Paulo, Romanos 8.24b ...Ora, esperança que se vê não é esperança. Pois quem espera o que está vendo?”
Mas o mesmo versículo traz algo muito especial: Romanos 8.24Porque na esperança fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança. Pois quem espera o que está vendo?”
“Fomos salvos” está no passado, enquanto a esperança aponta para o futuro.
Aqui temos uma maravilhosa expressão da fé cristã.
Hebreus 11.1“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem.”
Jeremias tinha certeza do livramento do Senhor. Olhando para o passado ele lembrou das muitas promessas de Deus, de seus atos de bondade e de suas muitas misericórdias, por isso ele mudou. Não ficou amargurado, mas colocou em Deus a sua fé.
Bom é esperar no Senhor e a aguardar tranquilo o seu livramento. Ele continua passando pela dificuldade, como já afirmamos. O que é bom não é a dificuldade, mas aguardar.
John L. Mackay, “O que mudou foi a perspectiva daquele que fala. A angústia e a privação física permanecem, mas agora ele espera com confiança um tempo em que os relacionamentos feridos serão completamente curados e o desfrute do favor divino será restaurado.
Um vislumbre da tranquilidade a ser realizada já tocou seu coração.

Conclusão

Concluindo, Nesta última noite de 2023 eu quis te incentivar a usar a memória de acordo com a perpectiva do profeta Jeremias.
Usando as memória do passado e do presente, convertendo-as em orações sinceras.
Lembre-se com toda a sinceridade dos dias quando as coisas não estiveram bem, de quando a esperança esteve por um fio, de quando você achou que as suas forças haviam se esgotado.
Pode lembrar, ore com toda a força destas lembranças, mas não fique estagnado nelas.
Usando estas lembranças para projetar o futuro baseados na bondade de Deus.
As memórias dos atos de bondade divinos, juntamente com a certeza de que somos a porção dele e ele é a nossa porção, fortalecerão a nossa alma para encaramos o futuro. Seja como for, porque as circunstâncias mudam, mas Deus permanece fiel.
E, por último os desafiei a lembrar do que ainda não aconteceu. Uma Memória do Futuro, uma certeza daquilo que ainda não aconteceu. Isto é, tendo fé.
Ainda que as coisas estejam, ou fiquem turbulentas, que o Senhor nos dê pela fé, um vislumbre da tranquilidade a ser realizada. E que ela toque o seu coração.
E este é o meu “voto” ou oração de fim de ano por todos nós: Que a certeza de que os atos de bondade do Senhor, bem como a sua misericórdia, nos permita lembrar todos os dias que somos porção de Deus e ele é a nossa porção. Que mesmo que esta certeza seja abalada pelas circunstâncias, que nunca nos esqueçamos que grande é a fidelidade dele. Que o nosso Senhor, que revelou sua boa vontade para conosco no amado, preencha as nossas mentes com a sua Palavra até que aquilo que esperamos seja realizado. Entrarmos no gozo do nosso Senhor por toda a eternidade. Neste sentido, que o Senhor nos conceda um Feliz 2024.
Que Deus os abençoe.
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