Servo Malvado: lidando com a amargura
A Resposta do Evangelho às aflições do coração • Sermon • Submitted • Presented
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Servo Malvado: lidando com a amargura
Eduardo M. Bittencourt / Enfrentando a vida como ela é.
A Resposta do Evangelho às aflições do coração
Da ira à amargura
Mateus 18.21–35 ARA
21 Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? 22 Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. 24 E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25 Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. 26 Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. 27 E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. 28 Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. 29 Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. 30 Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. 31 Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. 32 Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; 33 não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? 34 E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. 35 Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.
Introdução:
“Via de regra, pensamos na ira como uma reação a um incidente provocador, algo que alguém diz ou faz. Mas é possível para alguém pecar tantas vezes ou de maneira tão severa contra um aconselhado que a ira dele não está relacionada mais a um evento ou dois somente; pelo contrário, ela é direcionada ao ofensor. A ira inicial se estabelece como amargura - uma oposição à pessoa. Se a ira reage a um evento, a amargura reage a uma pessoa. No momento em que a pessoa chega ao ponto da amargura, o ofensor não consegue fazer nada correto na frente dela, chegando ao ponto de considerar suspeita ou cínica qualquer tentativa da pessoa de se desculpar, mudar ou acertas as coisas” (A resposta do Evangelho às aflições do Coração, p.279).
A mágoa ou a amargura é o fruto de uma semente de ira que foi plantada, adubada e regada, que lançou raízes. Em casos mais severos, a raiz cresce e faz com que a semente brote. O que antes estava oculto somente no coração do iracundo, agora se torna conhecido de todos. Alguns comem desta erva amarga, dando ouvidos às angústias do iracundo/amargurado, passando a alimentar ressentimento ou mágoa contra uma pessoa que não conhecem ou sem conhecer o outro lado da história.
De toda forma, a ira só se transforma em amargura quando cresce nas trevas, sem exposição à luz. Só cresce quando alimentada e bem regada. Ela só crescerá no coração fértil marcado por ódio. No solo do amor, da compaixão, do perdão, essa semente imediatamente irá fracassar. Se a ira surge por causa de um desejo que se torna exigência, a amargura surge pela cegueira moral e espiritual daquele que sofre a ofensa. “A ira é uma resposta a um incidente: “Estou irado por aquilo que você fez”. A amargura é algo mais profundo e gera uma atitude - um ponto de vista ou uma postura - contra o ofensor: “Estou irado com você, porque você é uma pessoa má”. O incidente se torna quase secundário”.
O Senhor Jesus introduz a parábola do credor incompassivo depois de Pedro lhe perguntar quantas vezes ele deveria perdoar um irmão que pecasse contra ele. Jesus já havia falado sobre a forma de tratar um irmão faltoso e como a comunidade cristã deveria estar envolvida nesse processo. Mas parece que Pedro está preocupado em saber se ele deve ficar perdoando um ofensor que várias vezes peca contra ele. A resposta do Senhor Jesus é surpreendente, supera a expectativa de Pedro e a sua tese que cheirava o rabinismo. Jesus afirma que o perdão não pode ser pesado, medido e contado, o verdadeiro perdão não conhece fronteiras e é um estado de coração e não de matéria de cálculo.
Proposição: A amargura que causa sofrimento é a resposta de um coração que não compreendeu o perdão.
Você alimenta alguma raiz de amargura no seu coração?
Como você avalia esta sua atitude?
Qual o nível de sofrimento que você se encontra?
Você tem pesadelos? Pensa constantemente na ofensa que lhe foi feita?
Você reage os dentes quando lembra da ofensa?
Você justifica esse seu comportamento olhando para as falhas do outro ou para a sua pecaminosidade e incapacidade de perdoar como Deus em Cristo te perdoou?
Na parábola do credor incompassivo, nós encontramos um homem que mesmo depois de ter sido perdoado, procurou o seu conservo que lhe devia uma pequena quantia e o sufocou, cobrou a dívida e o lançou na prisão. Ele foi incapaz de se alegrar com o seu perdão, mas, rapidamente, foi atrás de cobrar os seus direitos. No final, ele se vê aprisionado e entregue aos torturadores. Alimentar ódio no coração contra alguém é o mesmo que tomar veneno esperando que o outro morra.
A amargura do coração do servo e seu consequente sofrimento demonstra que ele:
Ignorou a dimensão da dívida que lhe foi perdoada (Mt 18.23-27).
Cristãos amargurados se esquecem que são pecadores e de quão grande era o débito de seu pecado perdoado por Deus Mt 18.21-35; Ef 4.32; Cl 3.13 Somos falíveis. A pessoa amargurada se esquece de que é capaz dos mesmos pecados comportamentais que a machucaram; na realidade, é possível que os mesmos pecados do coração já residam nela (Jr 17.19; 1Co 10.12; Pv 16.18; Hb 3.12-13).
a. O servo - Os “servos” com quem o rei está para prestar contas seriam altos oficiais, provavelmente sátrapas ou governadores provinciais, cujo dever era cobrar os impostos reais em seus vários domínios e entregar essas grandes somas ao rei no devido tempo
b. A dívida - 10.000 talentos, 350.000 quilos de prata ou ainda seis mil denários (um denário era a jornada do trabalho realizado, cf. Mt 20.2,13, ou seja, um operário precisaria de mil semanas para ganhar um talento). Se um sátrapa ganhava cem vezes o que ganhava um operário comum, sua renda total - não suas economias - durante toda a sua vida dificilmente somaria mil talentos, mas esse homem já devia 10 mil talentos ao rei.
c. A omissão - não sabemos como o servo chegou a dever tanto. Parece que esse detalhe é sem importância ao propósito da parábola ou, então, exerce uma didática excepcional, pois o Senhor Jesus pode estar querendo ensinar com isso que não importa o que levou à falha, mas a atitude do que falhou. O que a parábola ensina é que ELE NÃO TINHA DINHEIRO.
d. A consequência - Seria vendido como escravo, juntamente com sua esposa e filhos, e tudo o que possuía. Seu erro colocou em risco o seus bens, sua liberdade e a liberdade da sua esposa e filhos. Ele estava arruinado. “Fora do país dos israelitas, era comum a prática de vender os que eram incapazes de quitar suas dívidas, e é a esse costume que a parábola se refere”
Ignorou a dimensão da compaixão que lhe foi ofertada (Mt 18.27).
a. O coração - movido de compaixão. Nosso Senhor é um Deus de misericórdia incomparável. Ele tem prazer em revelar graça, mesmo para com aqueles que O ofendem profundamente. Seu misericordioso perdão se estende do Oriente ao Ocidente (Sl 103.12). Ele nos salva misericordiosamente apesar de nossas obras de injustiça. Suas misericórdias renovam-se a cada manhã e é a causa de não sermos consumidos (Lm 3.22,23).
b. O perdão - completo e sem amortização. “Foi por pura compaixão que o senhor concedeu a seu servo muito mais do que lhe pedira, perdoando completamente sua dívida e o isentando do castigo”. Todos precisamos urgentemente do perdão de Deus. A pessoa amargurada declara, essencialmente, que não precisa disso (Mc 11.25; Mt 6.12-15; 18.21-35).
Ignorou o modelo de compaixão que lhe foi demonstrada (Mt 18.28-33)
a. Uma grande dívida perdoada e uma pequena dívida cobrada (v.28)
b. Um coração cheio de compaixão e um coração cheio de razão (v.28) - Uma questão a ser considerada é o fato de que existe uma dupla natureza para o pecado de um ofensor. A pessoa amargurada esquece que um ofensor, como pecador, encontra-se, muitas vezes, enganado e escravizado pelo pecado (Lc 23.34; Jo 8.34; 1Co 2.7-8; Cl 3.12-13). Espera-se tolerância por parte de um cristão com o pecado de outros (Oração do Senhor Jesus e oração de Estevão - Lc 23.34; At 7.60).
c. A serenidade do senhor e a destemperança do cobrador (v.28) - Precisamos compreender que o papel de Deus não é nosso papel. A pessoa amargurada assume o papel de Deus como juiz e carrasco (Tg 4.12; Rm 12.19; Gn 50.19).
d. Um perdão completo e uma cobrança completa (v.28)
e. Uma paciência extravagante e uma intolerância chocante (v.29) - Os companheiros ficaram tristes em ver o que viram. “por quem esses servos sentiram tristeza? Naturalmente, pelo rei, cuja esplêndida magnanimidade fora tão grosseiramente insultada e cujo exemplo fora tratado com tão vil desdém. Sem dúvida, também pelo conservo cuja súplica – apelo este provavelmente justificável, no mínimo compreensível – fora tão lacônica e impiedosamente recusada”.
Conclusão:
Muitas vezes passaremos por situações em que seremos tentados a semearmos em nossos corações as sementes da ira que poderão se transformar em ervas amargas. Precisamos nesse momento da graça do Senhor. Como é bom saber que o Senhor está presente na nossa vida nos ajudando a lidarmos com toda e qualquer situação e a amarmos até aqueles que nos parecem intragáveis. Lembre das verdades que podem te ajudar:
Você é um pecador, necessitado de perdão e que foi perdoado de uma dívida enorme. A falta de perdão nos aprisionará num estado de sofrimento além de nos colocar num estado de condenação por nos impossibilitar receber o perdão de Deus (Mc 11.25; Mt 6.12,14,15). Deus sofreu o dano por amor a cada um de nós. A dívida que nos foi perdoada, custou muito para o nosso Deus. O senhor da parábola perdeu o seu dinheiro, abriu mão do que perdeu, ele sofreu o dano. Nosso Deus abriu mão do Seu Filho, Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados. A salvação e o perdão que nos é de graça, por meio da fé, custou um alto preço para Jesus. Nosso perdão custou o sangue do Filho amado de Deus. Você foi alvo de amor e compaixão, experimentou o livramento de tantas consequências por meio do perdão que seria incapaz de contabilizar, logo, você agora possui um modelo a seguir de amor, compaixão e perdão. Amor que ama o outro não por causa do outro, mas apesar do outro. Compaixão que acompanha a confissão (se há confissão, deve haver compaixão). Perdão total e incondicional, que liberta da dívida, da prisão e do sofrimento. Entregue o seu caminho ao Senhor, confie Nele e o mais Ele fará. Nós devemos descansar no juízo de Deus. Deus é o juíz, é a Ele que pertence a vingança. Não se deixe vencer pelo mau, mas vença o mau com o bem. Faça o bem a todos, mesmo àqueles que insistem em se levantar contra teu inimigo. Ore por eles, coloque-os em oração diante do Senhor.