Saudação aos Forasteiros Eleitos

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Introdução à Primeira Epístola de Pedro

1Pedro 1.1–2 ARA
1 Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, 2 eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.
Introdução:
A Epístola:
O livro recebe o título de ΠΕΤΡΟΥ Α Petrou A, refletindo a sua autoria. É uma epístola de Pedro.
O Dr.Carlos Osvaldo C.Pinto diz que “1Pedro é um dos livros mais bem certificados do Novo Testamento, possivelmente por causa de sua influência precoce e ampla sobre a igreja” (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco & Desenvolvimento no Novo Testamento, ed. Juan Carlos Martinez, 2a Edição revisada e atualizada. São Paulo: Hagnos, 2014, 525).
A epístola é atribuída a Pedro, apóstolo de Cristo.
Evidência externa: “Esta epístola também foi usada ou mencionada em Pseudo-Barnabé 4.12 (cf. 1.17), 6.2 (cf. 2.6), e 7.2 (cf. 4.5). O Pastor de Hermas também utiliza 1Pedro (4.13–16 e 5.7), uma vez na seção Visões (3.11.3) e duas vezes na seção Similitudes (9.28.5–6). Policarpo, bispo de Esmirna, citou de forma evidente 1Pedro em sua epístola aos Filipenses.2. (Na primeira metade do século 2o̱, Policarpo escreveu uma carta à igreja de Filipos. Essa carta tem várias citações de 1 Pedro, como por exemplo: “[Jesus Cristo] a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1.3 e 1Pe 1.8). Mesmo que Policarpo não mencione o nome de Pedro, a fonte das citações é a epístola de Pedro. (Simon J. Kistemaker, Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006), 12.) Na época de Irineu de Lyon (c. 130–202), a carta foi amplamente citada como obra do apóstolo Pedro, com aprovação similar pelos escritores posteriores do século II tais como Clemente de Alexandria (Oriente) e Tertuliano (Ocidente) (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco & Desenvolvimento no Novo Testamento, ed. Juan Carlos Martinez, 2a Edição revisada e atualizada. (São Paulo: Hagnos, 2014), 525).
Evidência interna: Kistemarker (2006, p.13) diz que “As epístolas de Pedro testemunham que o apóstolo é o autor pois, na saudação, o escritor se identifica como “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (1.1). O autor também fala com autoridade e observa que é testemunha ocular do sofrimento de Jesus (5.1). Então, na segunda epístola, o autor declara: “Amados, esta é agora a segunda epístola que vos escrevo” (3.1). E, por fim, Pedro menciona Silas e Marcos e, assim, faz referência aos ajudantes apostólicos cujos nomes eram bem conhecidos na igreja primitiva (ver At 15.22,37; 12.12). Entretanto, alguns poucos questionam a autoria petrina. O Dr. Carlos Osvaldo levanta algumas critérios utilizados por estudiosos para rejeitar a autoria, o qual ele também refuta. Vejamos esses argumentos e as refutações:
O vocabulário extensivo e a sintaxe refinada da carta tornariam improvável que um rude pescador pudesse tê-la escrita. Refutação: O texto indica que Silas (1Pe 5.12), também conhecido como Silvano, agiu como amanuense de Pedro. Isso explica o estilo fluenta da epístola e fornece uma explicação plausível acerca da similaridade de pensamento entre 1Pedro e algumas cartas de Paulo, pois Silas também participou com Paulo na composição de 1Tessalonicenses (1Ts 1.1; 2.1).
O uso interno da LXX associado a uma linguagem semelhante à da LXX aponta para uma pessoa com prática literária, não para alguém como Pedro. Refutação: Já vimos que Silas foi o amanuense de Pedro. Silas andou com Paulo e acompanhou o seu ministério entre os gentios. Isso deve tê-lo familiarizado suficientemente com a LXX, capacitando-o assim a ajudar Pedro a utilizar o AT grego tão livremente.
As circunstâncias históricas de perseguição (1Pe 1.6; 2.12; 4.12-16; 5.8-9) denunciam uma oposição mais geral ao cristianismo a partir do império romano, quer durante os reinados de Domiciano (85-96) ou Trajano (98-117). Refutação: Embora a famosa carta de Plínio, O Jovem, a Trajano, por volta do ano a.D.110 venha da mesma área geral para a qual a epístola foi endereçada, a pergunta que fez e a resposta que recebeu indicam não ter havido nenhuma mudança na política romana, enquanto a carta indica que os cristão não estariam acostumados ao tipo ou nível de perseguição que estavam prestes a enfrentar (1Pe 4.12). Além disso, o progom de Plínio foi localizado e breve, ao passo que a perseguição que Pedro proclama será universal (1Pe 4.17; 5.9). Cooperando com esse pensamento, Kistemaker diz que “Apesar de Domiciano ter sido um perseguidor que vitimou cristãos, não há nenhuma indicação de que ele tenha instigado uma perseguição que afetasse os residentes de todas as províncias. Além disso, também são insuficientes as evidências para provar que Trajano adotou e executou as medidas recém-declaradas contra os cristãos. Além do mais, a afirmação de que a perseguição de Nero limitou-se a Roma e não se estendeu pelas províncias continua sendo duvidosa” (Simon J. Kistemaker, p. 14).
O destino da carta não se conforma com a esfera de ação de Pedro no livro de Atos. Refutação: É obvio que o livro de Atos é tão seletivo em sua informação que qualquer argumento de silêncio baseado nele está fadado ao fracasso. O livro de Atos não menciona a presença de Pedro em Corinto ou Roma, mas as epístolas (no caso de Corinto) e a tradição irrefutável (no caso de Roma) atestam o contrário. Além disso, Paulo não havia visitado Roma quando escreveu Romanos, o que invalida definitivamente a objeção.
Parece haver muita coisa tomada de empréstimo das epístolas paulinas para ter sido escrita pelo líder do grupo apostólico. Refutação: A similaridade existe, mas não deveria ser enfatizada. Os serviços do mesmo amanuense podem explicar as similaridades, mas também existem várias distinções, mais especificamente a omissão das marcas características de Paulo como justificação, lei, vida em Cristo, o Novo Adão e a carne. Também não é improvável que Pedro possa ter se familiarizado com os escritos de Paulo à medida que ministrava entre os gentios (cf. 2Pe 3.15-16).
Kistemaker também acrescenta mais uma objeção de alguns estudiosos sobre a autoria:
A falta de inclusão de memórias pessoais, já que ele andou com Jesus. Refutação: Pedro escreveu a epístola não como um relato histórico do seu discipulado, mas como uma carta de exortação e encorajamento.
O Autor:
A Bíblia: Pedro foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, também chamado de Simão e Cefas (Jo 1.42). Antes de ser um seguidor de Cristo, Pedro era pescador. Ele abriu mão de tudo para seguir à Jesus. Pedro era ambicioso, nervoso, orgulhoso, cheio de si, considerava-se melhor do que os outros e, em alguns momentos, repreendeu Jesus e afirmou que Jesus estava errado a respeito da sua fidelidade ao mestre. Mas o Pedro pedra, tornou-se Pedro pó. Ele foi quebrado em seu orgulho e transformado num valioso servo de Deus. Ele que antes foi usado por Satanás, que negou Jesus e abandonou o Senhor quando este foi preso, tornou-se um fiel seguidor de Cristo (1Pe 2.21).
A Tradição: Segundo a tradição, Pedro foi morto entre 64 e 67 d.C., no tempo de Nero. No livro: O Livro dos Mártires, John Foxe diz que “o abençoado apóstolo Pedro foi condenado à morte e, segundo alguns relatos escritos, foi crucificado em Roma; […] Hegessipo diz que Nero procurava fatos contra Pedro para condená-lo à morte. Quando o povo percebeu isso, rogaram a Pedro, com muita insistência, para que ele fugisse da cidade. Pedro no fim foi persuadido pelos importunos pedidos e preparou-se para a fuga. Contudo, ao chegar ao portão da cidade, viu o Senhor Jesus Cristo vindo ao seu encontro, a quem Pedro, adorando, disse: “Senhor, para onde vais tu?”, ao que ele respondeu, dizendo: “Estou voltando para ser crucificado”. Assim Pedro, percebendo que com essas palavras o Senhor se referia ao martírio do qual ele estava fugindo, voltou para a cidade. Jerônimo diz que ele foi crucificado, com a cabeça para baixo e os pés para o alto a pedido dele mesmo porque era, disse ele, indigno de ser crucificado do mesmo modo e jeito como o fora o Senhor". (Foxe, John. O livro dos mártires (Clássicos MC) (Portuguese Edition) (pp. 19-20). Editora Mundo Cristão. Edição do Kindle).
A Data:
Dr.Carlos Osvaldo diz que “Uma vez que não existe razão para se negar a Pedro a autoria desta carta, ela precisa ter sido datada por volta da metade da sétima década do século I (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, p.527). O autor entende que a epístola foi escrita antes da eclosão da perseguição de Nero, no verão de 64.
A Origem:
Segundo o Dr.Carlos Osvaldo, “Os dois maiores candidatos ao lugar de origem de 1Pedro são Babilônia no Eufrates e Roma. A primeira tem como os argumentos principais a seu favor o significado literal da palavra e a existência de uma população judaica significativa na Mesopotâmia.
A origem de Roma deriva sua força da tradição de que Pedro passou os últimos anos de sua vida lá, bem como do fato de que a própria Roma se prestava a ser identificada como “Babilônia”, pois tipificava a oposição humana organizada contra o povo de Deus.
A Ocasião:
Para o Dr.Carlos Osvaldo, duas causas aparecem como sendo as principais para a composição da epístola:
A consciência de que a igreja na parte norte central da Ásia Menor estaria experimentando um episódio inédito de perseguição (1Pe 1.6; 3.13-17; 4.12-19) e;
Um desprezo aparente da distinção que deveria haver entre cristãos e pagãos em temos de conduta e associação (1Pe 2.11-12, 16; 4.1,15).
“Estes dois elementos correspondem à ênfase na esperança e no chamado celestial, que se oporia à tendência natural ao desespero e ao relaxamento na conduta cristã”.(Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, p. 529).
O Propósito:
“Encorajar o viver cristão que honra a Deus no meio de oposição crescente refletindo sobre as reações exigidas pela vocação celestial do crente” (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, p. 529).
O versículo que mais se aproxima ao propósito da carta é 1Pe 5.12:
1Pedro 5.12 ARA
12 Por meio de Silvano, que para vós outros é fiel irmão, como também o considero, vos escrevo resumidamente, exortando e testificando, de novo, que esta é a genuína graça de Deus; nela estai firmes.
O Conteúdo:
Pastoral: Pedro fornece orinteção à igreja sobre como responder adequadamente à luz da oposição.
Doutrinário:
Salvação (1Pe 1.3-12)
A natureza e o processo de redenção (1Pe 1.18-21)
O privilégio e a missão da igreja (1Pe 2.9-10)
As definições precisas dos meios e propósitos da expiação (1Pe 2.24; 3.18)
Ralph P.Martn diz que “É provável que não haja nenhum documento no Novo Testamento que seja tão teológico quanto 1 Pedro, se considerarmos ‘teológico’ estritamente aquilo que diz respeito ao ensino sobre Deus”.(Ralph P. Martin, “Peter, First Epistle of,” ISBE, vol. 3, p. 809. Ver também The Acts, the Letters, the Apocalypse, vol. 2 do New Testament Foundations: A Guide for Christian Students, 2 vols. (Grand Rapids: Eerdmans, 1978, p. 344. Consultar também W. D. Kirkpatrick, “The Theology of First Peter,” SWJournTheol 25 (1982): 58–81.). Kistemaker nos lembra que “Pedro cita características de Deus: santidade, bondade, fidelidade e graça. Refere-se à obra divina de eleger, regenerar, redimir e julgar seu povo. Pedro define, ainda, sua doutrina de Cristo ao revelar a divindade, humanidade e ausência de pecado em Jesus. Trata, também, do ministério do Espírito Santo, da igreja primitiva e do fim dos tempos” (Simon J. Kistemaker, p.18).
Os Destinatários:
São os eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. “Esses nomes se referem a regiões que cobrem grande parte da Ásia Menor (Turquia, nos dias de hoje) e indicam que a carta foi lida em muitos lugares” (Simon J. Kistemaker, Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006), 11).
Eles eram eleitos: Como Pedro consegue dizer isso com convicção? Calvino responde dizendo que: “não devemos inquirir curiosamente acerca da eleição de nossos irmãos; mas, ao contrário disso, devemos levar em conta sua vocação, de modo que todos quantos são, mediante a fé, admitidos na igreja, devem ser considerados eleitos; pois desse modo Deus os separa do mundo, o que é um sinal de sua eleição” (João Calvino, Epístolas Gerais, ed. Tiago J. Santos Filho e Franklin Ferreira, trans. Valter Graciano Martins, Primeira Edição., Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2015), 137–138). Paulo também reconheceu os tessalonicenses como sendo eleitos (1Ts 1.4). “O termo ‘eleitos’ auxilia no aconselhamento pastoral. Visa mostrar aos cristãos: não foi a decisão de vocês que produziu sua redenção, mas essa repousa solidamente na eleição de Deus. No termo “eleito” repercute uma segunda verdade: a alegria admirada por causa do status inconcebivelmente elevado para o qual os destinatários da carta foram chamados (cf. 1 Pe 2:9; Cl 3:12; etc.).10 Não são de forma alguma dignos de pena, mas forasteiros eleitos, possuindo assim um privilégio imerecido. Quem apreende isso pela fé pode aceitar com gratidão sua realidade como estrangeiro. Em última análise, são somente as maravilhosas realidades de Deus que de fato podem consolar e alegrar cristãos atribulados.(Uwe Holmer, Comentário Esperança, Primeira Carta de Pedro (Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2008), 139).
Eles eram forasteiros da Dispersão. Sabemos que “Os cristãos são moradores estrangeiros deste mundo (Hb 11.13). Aqui neste mundo, não estão em seu lar, pois sua estadia na terra é temporária (1Pe 2.11). Sua cidadania é do céu (Fp 3.20). Portanto, sendo eleitos de Deus, vivem aqui na terra como exilados e residentes temporários” (Simon J. Kistemaker, p.47). Entretanto, aqui pode ficar uma dúvida, eles eram forasteiros num sentido figurativo ou literal? Pedro estaria se dirigindo a cristãos judeus que foram expulsos de sua terra depois da morte de Estevão (At 8.1;11.19; Tg 1.1)? Ou pode ser referir a qualquer cristão, judeu e gentio, que estavam nestas regiões fugindo da perseguição promovida por Nero? A palavra “dispersão” se refere ao exílio e seus resultados. Independentemente de ser literal ou figurado, estamos falando de cristãos que sabem que não estão na sua terra e que, por causa de perseguição, foram “espalhados como sementes” (outro significado para diaspora) para viverem à altura do evangelho de Cristo. “Ser forasteiro é sua sina difícil e ao mesmo tempo gloriosa. A existência como estrangeiro é totalmente confirmada por Pedro, porque está indissoluvelmente relacionada ao fato de pertencermos a Jesus. Aquele que foi chamado por ele para fora do mundo e escolhido para ser propriedade exclusiva dele, torna-se assim compulsoriamente um corpo estranho no mundo (cf. Jo 15:19) (Uwe Holmer, Comentário Esperança, Primeira Carta de Pedro (Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2008), 138).
A eleição desses forasteiros se deu:
Segundo a presciência de Deus Pai. O que é presciência? Isso quer dizer que Deus escolheu os que iriam escolhê-Lo? Isso não limitaria a soberania de Deus e faria o homem co-responsável pela sua salvação?
A palavra grega traduzida por presciência é πρόγνωσις que pode significar “premeditação, ação de planejar antes de agir". Presciência “é muito mais do que a habilidade de prever acontecimentos futuros. Ela inclui a soberania de Deus em determinar e colocar em prática sua decisão de salvar o ser humano pecador (Lothar Coenen escreve que o objetivo da eleição é mostrar “em meio à história mundial os atos soberanos de Deus, sua graça e a seriedade de suas exigências. A doutrina da eleição é, portanto, parte indissolúvel do conhecimento da santidade, singularidade e soberania absoluta de Deus”. NIDNTT, vol. 1, p. 538). A palavra presciência é usada no sermão de Pedro em Pentecoste, no qual ele declara ao seu público judeu que Jesus foi “entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (At 2.23). Pedro deixa implícito que Deus agiu de acordo com seu plano e propósito soberano, os quais havia preparado de antemão (Simon J. Kistemaker, Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006, 50–51).
Logo, a ideia de que Deus elegeu aqueles que Ele diante mão saberia que iria escolhê-Lo não faz juz ao termos e nem a teologia bíblica a respeito da eleição, soberania divina e decreto de Deus. Deus elegeu quem Ele quiz, segundo o seu planejamento prévio e segundo o beneplácito da Sua vontade. Calvino diz que “os sofistas, com o fim de obscurecer a graça de Deus, imaginam que os méritos de cada um são pré-conhecidos por Deus, e que assim os réprobos são distinguidos dos eleitos, quando cada um se prova digno desta ou daquela sorte. A Escritura, porém, por toda parte estabelece o conselho de Deus sobre o qual está fundada nossa salvação, em oposição aos nossos méritos. Daí, quando Pedro os denomina de eleitos segundo o pré-conhecimento de Deus, ele notifica que a causa dela depende de nada mais senão unicamente de Deus, pois ele nos escolheu com base em seu livre-arbítrio. Então a presciência de Deus exclui toda e qualquer dignidade da parte do homem” (João Calvino, Epístolas Gerais, ed. Tiago J. Santos Filho e Franklin Ferreira, trans. Valter Graciano Martins, Primeira Edição., Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2015), 138).
“Uma vez que os leitores na diáspora, sofrendo perseguição e sofrimento, podem cair em perigosa tentação, devem saber isto: Deus tem um plano sábio e amoroso para a vida deles, preparado de antemão, e que abarca sua salvação e sua trajetória de vida. São forasteiros eleitos… segundo a providência de Deus. Esse pensamento é realçado pela caracterização de Deus como o Pai. Onde quer que estejam os destinatários, independentemente do que possam vivenciar: sobre eles governa a providencial e amorosa vontade paterna de Deus” (Uwe Holmer, p. 139–140).
Através da Santificação do Espírito Santo.
O Espírito Santo santifica o eleito. Separa ele do mundo para “pertencer a Deus" e ser “parecido com Deus”. A santificação têm dois aspectos: 1) posicional e 2) moral. A santificação é um processo em que um ser humano é convocado e colocado à servido de Deus. Ele pertence a Deus. Assim como uma coisa ou pessoa era santificada no AT, ficando assim disponibilizada exclusivamente para o serviço a Deus, assim também acontece com aquele a quem Deus elege. Essa é a santificação posicional. Mas o Senhor, por meio de uma obra milagrosa, opera no coração do cristão uma transformação que o impele a se entregar conscientemente a Deus. Essa santificação continua no curso da vida, dia após dia ela vai sendo tranformada, sua vida inteira vai sendo mudada. Esse processo se dará até à morte ou o arrebatamento dos santos. Pedro declara: “Assim como aquele que vos chamou é santo, tornai-vos santos em toda a conduta” (v.15).
Nunca podemos esquecer que essa santificação posicional e moral é operada pelo Espírito Santo. “Nossa incumbência e responsabilidade consistem meramente em dar espaço à ação do Espírito” (Uwe Holmer, p. 140).
Para obediência a Jesus e a aspersão por seu sangue.
“A aspersão pelo sangue de Jesus Cristo concede perdão pleno e certeza da salvação. “Para obediência e aspersão” expressa um objetivo de Deus: Deus previu para os redimidos uma vida marcada pela obediência à sua vontade e, assim, ricamente agraciada. Deus deseja também que vivam mediante o perdão constantemente renovado pelo sangue de Jesus e, alicerçados sobre esse sangue, tenham a ditosa certeza de se encontrar em uma inquebrantável aliança com ele” (Uwe Holmer, p. 141–142).
“Esta apresentação de Deus em relação à condição de “exilados” dos leitores define o tom quanto ao tema do sofrimento como parte da vontade de Deus para eles de forma a modelar efetivamente o padrão de Cristo em suas vidas (cf. 2.21)” (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, p.530).
Conclusão:
Pedro termina sua saudação desejando que graça e paz sejam multiplicadas sobre a vida dos leitores. “A peculiaridade dessa saudação é que graça e paz não são apenas “desejos devotos”, mas uma realidade benéfica. Deve ser concedida a eles de forma ampliada. Na verdade já obtiveram graça e paz, mas Deus deseja multiplicá-las sempre mais, inclusive com a presente carta” (Uwe Holmer, p. 142).
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