CURA DO LEPROSO
O leproso era um morto vivo, isolado, desprezado e condenado a permanecer longe dos outros e de Deus. O leproso não podia se aproximar de Jesus, mas o faz; Jesus não podia deixá-lo aproximar-se, mas deixa que o faça. Ambos transgridem a lei (Lv 5,3; Nm 5,2). A fé do leproso e o amor de Jesus tornam realidade a Boa-Nova. Novamente, três verbos mostram a ternura e a proximidade de Jesus com os marginalizados: compadecer-se, estender a mão e tocar. Jesus não se conforma em estar próximo, e sim passa a transformar a realidade da marginalização proporcionando a cura ao leproso. Apesar da proibição, o leproso se transforma em um evangelizador que propaga a imagem de Jesus. A proibição de divulgar o que aconteceu é conhecida como “segredo messiânico”, uma forma de dizer que o projeto de Jesus poderá ser compreendido corretamente
O relato do leproso fornece-nos um exemplo instrutivo da oração que Deus responde:
1. Foi sincera e desesperada — rogando-lhe.
2. Foi reverente — de joelhos.
3. Foi humilde e submissa — se quiseres.
4. Foi confiante — podes.
5. Reconhecia a necessidade — purifica-me.
6. Foi específica — não “me abençoe”, mas purifica-me.
7. Foi pessoal — purifica-me.
8. Foi breve — cinco palavras no original.
Note o que aconteceu!
Jesus ficou profundamente compadecido. Não leiamos essas palavras sem um senso de exaltação e gratidão.
Ele estendeu a mão. Pense nisso! A mão de Deus estendida em resposta a uma oração humilde e confiante.
Ele tocou-o. Sob a lei, uma pessoa se tornava cerimonialmente imunda quando tocava em um leproso. Também havia, é óbvio, o perigo de contrair a doença. Mas o Santo Filho do Homem identificou-se com as misérias da humanidade, dissipando as ruínas do pecado sem ser contaminado por elas.
Ele disse: Quero. Ele está mais disposto a curar que nós a sermos curados. Depois: fica limpo. Em um instante a pele do leproso estava lisa e limpa.
Ele proibiu a divulgação do milagre até que o homem primeiro se apresentasse ao sacerdote e tivesse cumprido a oferta exigida (Lv 14:2). Isso foi um teste, antes de tudo, da obediência do homem. Ele faria como lhe fora ordenado? Não o fez; ele divulgou sua história e, como resultado, impediu o trabalho do Senhor (v. 45). Era um teste do discernimento do sacerdote. Será que ele perceberia que o tão esperado Messias chegara, realizando maravilhosos milagres de cura? Se ele era um representante típico da nação de Israel, não perceberia.
Novamente encontramos Jesus se retirando das multidões e ministrando em lugares ermos. Ele não mediu sucesso através de números.
Alguns estudiosos acreditam que Simão era um leproso curado por Jesus (Brooks, Mark, 221). Esses estudiosos argumentam que Simão não poderia ter lepra na época da visita de Jesus, pois os leprosos eram considerados impuros e não podiam morar em casas. De acordo com Levítico 13:46, o leproso “permanecerá impuro enquanto tiver a doença. Ele é impuro. Ele deve viver sozinho. Sua morada será fora do acampamento” (Lv 13:46 ESV). Se ele tivesse lepra no momento dessa refeição, então todos os presentes também teriam se tornado impuros. Portanto, muitos acreditam que Simão foi curado antes da visita de Jesus, e sugerem que ele pode ter hospedado Jesus e os discípulos em sua casa como uma forma de agradecê-lo pela cura.
Outros estudiosos acreditam que Simão pode ter sido marido ou pai de Marta (M’Neile, St. Matthew, 374). Os defensores desse ponto de vista apontam que a casa de Simão ficava em Betânia, a cidade natal de Maria, Marta, e Lázaro (Jo 11:1). Além disso, João 12:2 diz que Marta serviu em uma refeição com algumas semelhanças com a que foi dito em Mateus e Marcos sobre a casa de Simão, o leproso (mas veja também A. T. Robertson, Word Pictures, 204: “Marta adorava servir e isso não prova nada”).