O DESAPARECIMENTO DO PECADO – Pág. 17-22

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O conceito integral de pecado praticamente sumiu da sociedade em geral, e tem sido abrandado em muitas igrejas para não ferir a consciência moderna. Na verdade, as palavras severas que a Bíblia usa em relação ao pecado foram banidas de nosso meio. As pessoas não adulteram mais; elas têm casos. Os executivos não roubam; eles cometem fraude.
1. E como se comportam as igrejas evangélicas conservadoras? O conceito de pecado também desapareceu de nosso meio?
1.1. Não, não desapareceu, contudo, em muitos casos, foi redirecionado para os que não fazem parte de nosso meio e cometem pecados flagrantes como aborto, homossexualismo, assassinato, ou os famosos crimes do colarinho branco do mundo corporativo.
1.2. É fácil condenarmos esses pecados óbvios enquanto ignoramos nossos pecados de fofoca, orgulho, inveja, amargura, luxúria, ou até nossa falta de qualidades amáveis que Paulo chama de fruto do Espírito. Parece que nos preocupamos mais com os pecados da sociedade do que com os pecados dos santos. Gálatas 5:22,23
1.3. Na verdade, muitas vezes nos esbaldamos nos pecados que chamo de “intocáveis” ou até “aceitáveis” sem termos qualquer noção de pecado. A fofoca e as palavras indelicadas sobre um irmão ou irmã em Cristo fluem de nossos lábios sem que tenhamos a mínima concepção de pecado.
1.4. Guardamos mágoas de um passado distante sem nenhum esforço de perdoar como Deus perdoou. Lançamos nosso desdém religioso sobre os “pecadores” sem nos lembrar, em humildade de alma, que, se não fosse pela graça de Deus, estaríamos na mesma situação.
2. Ficamos indignados, e com razão, quando uma denominação muito conhecida ordenou bispo um homossexual praticante. Mas por que também não lamentamos nosso egoísmo, nosso espírito crítico, nossa impaciência e nossa ira?
2.1. É fácil livrar a nossa cara dizendo que esses pecados não são tão vergonhosos quanto os cometidos pela sociedade. Acontece que Deus não nos deu autoridade para estabelecer graus de pecados. Tiago 2:10
2.2. Temos dificuldade de entender esse versículo porque pensamos em termos de leis individuais com suas respectivas punições. Mas a lei de Deus é indivisível. A Bíblia não fala em leis de Deus, como se houvesse muitas, e sim em lei de Deus como uma unidade. Quando alguém comete assassinato, quebra a lei de Deus. Quando um cristão deixa que palavras corruptas saiam de sua boca, ele transgride a lei de Deus. Efésios 4:29
2.3. Pensamos: prefiro ser culpado de lançar um olhar cobiçoso para uma mulher do que cometer adultério com ela; é melhor ter raiva de uma pessoa a matá-la. Todavia, Jesus afirmou, respectivamente, que, ao lançar olhar cobiçoso, o adultério já aconteceu no coração; e, quem mata e quem se ira contra o irmão serão de igual modo julgados. A verdade é que todo pecado é sério porque todo pecado infringe a lei de Deus. Mateus 5:21,22
2.4. Todo pecado, até mesmo aquele que achamos insignificante, é rebeldia contra a lei. Não se trata apenas de descumprimento de um único mandamento; é total desrespeito pela lei de Deus, é rejeição deliberada ao seu padrão moral em favor dos nossos próprios desejos.
2.5. Quando avaliamos as leis civis, fazemos grande distinção entre um “cidadão cumpridor da lei” que comete uma eventual infração de trânsito e aquele que vive “sem lei” em total menosprezo e absoluto desrespeito por todas as leis. Entretanto, parece que a Bíblia não faz essa distinção. Pelo contrário, simplesmente afirma que o pecado – ou seja, todo e qualquer pecado – é rebeldia.
3. Na cultura grega antiga, pecado significa “errar a marca”, isto é, não acertar o alvo em cheio. Assim, pecado era considerado um erro de cálculo ou um insucesso numa tarefa.
3.1. Esse conceito é bastante válido ainda hoje quando, por exemplo, alguém se arrepende verdadeiramente de um pecado e busca se livrar dele, mas fracassa repetidamente. A pessoa continua querendo acertar o alvo em cheio, mas não consegue. Os pecados normalmente não resultam de fracassos em nossas tarefas, mas de um anseio interior de satisfazermos nossos desejos. Tiago 1:14
3.2. Fofocamos ou cobiçamos por causa do prazer pecaminoso que isso nos dá. Na hora, a sedução daquele prazer momentâneo é mais forte do que o desejo de agradar a Deus.
3.3. Pecado é pecado. Mesmo os que classifico de “pecados aceitáveis pelos santos” – aqueles que toleramos em nossa vida – são graves aos olhos de Deus. O orgulho religioso, as atitudes críticas, os mexericos, a impaciência e a ira, até mesmo a ansiedade. Tudo isso é coisa séria aos olhos de Deus. Filipenses 4:6
4. Ao enfatizar a necessidade de buscarmos a justificação unicamente por meio da fé em Cristo, o apóstolo Paulo cita o A. T. Gálatas 3:10
4.1. Esse é um padrão de obediência bastante exigente. Em termos acadêmicos, significa que 99 no exame final é nota de reprovação. Significa que uma vírgula fora de lugar no trabalho escrito rende uma nota zero. O fato é que os pecados aparentemente insignificantes que toleramos em nossa vida merecem, sim, a condenação de Deus. Felizmente, Paulo nos garante esperança em Gálatas 3:13
4.2. Concordo com a ideia de que o pecado parece ter sumido de nosso meio. Pode ter sido abrandado em muitas de nossas igrejas para não ofender os presentes. E, digo com tristeza, o conceito de pecado entre muitos cristãos conservadores foi praticamente redefinido para abranger apenas os pecados obviamente nojentos da sociedade.
4.3. O resultado, então, é que para muitos cristãos moralmente corretos, a noção de pecado individual basicamente desapareceu de suas consciências. Contudo, não desapareceu da vista de Deus. Pelo contrário, todo pecado, tanto os chamados pecados intocáveis dos santos – que quase sempre toleramos – quanto os pecados asquerosos da sociedade – que somos rápidos em condenar – são transgressores à lei de Deus e repreensíveis aos olhos dele. Ambos merecem a condenação de Deus.
4.4. Se essa parece ser uma afirmação muito severa e uma acusação que abrange todos os cristãos, apresso – me a dizer que há muitas pessoas fiéis e humildes que são maravilhosas exceções. Na realidade, o paradoxo é que os cristãos que mais produzem o fruto do Espírito são aqueles que estão muito mais cientes desses famosos pecados aceitáveis em suas vidas e que sofrem no íntimo por causa deles.
4.5. Existe ainda um batalhão de gente que critica com ferocidade os pecados repulsivos do outros e, contudo, parece orgulhosamente esquecido de seus próprios pecados. Muitos de nós ficam entre um e outro grupo. Mas a questão é que todo pecado – não importa se temos ou não consciência dele – é asqueroso aos olhos de Deus e merece seu castigo.
4.6. É um retrato bastante sombrio, tanto da sociedade em geral quanto de nossa comunidade evangélica conservadora. Mas Deus não nos abandonou. Ele continua sendo o Pai celeste dos cristãos verdadeiros, e continua trabalhando entre nós e chamando-nos ao arrependimento e renovação.
4.7. Parte do seu chamado é para que enxerguemos os pecados que toleramos em nossas vidas e, então, vivenciemos o arrependimento e a renovação que precisamos tanto. Oro para que Deus se agrade em usar este livro como um recurso para esse fim. No próximo capítulo então, cavaremos mais fundo a sujeira de nossos pecados “intocáveis”.
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