Gn 3.11-13 O que você fez
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Notes
Transcript
o que você fez?
o gracioso confronto de Deus
Gênesis 3.11-13
Introdução
Já nos alegramos com o Senhor Deus quando Ele, supreendentemente revelou sua graça a Adão e Eva ao buscá-los depois que eles pecaram quebrando sua aliança. Mas a graça do Senhor Deus é ainda mais abundante do que podemos imaginar e perceber com nossa mente e sentidos.
A Bíblia nos diz que Deus é um Pai que se compadece de seus filhos (Sl 103) e que sua disciplina, mesmo a mais severa, revela seu desagrado e indignação com nossos pecados. Contudo, sua disciplina mostra muito mais do que isso! Ela mostra muito mais seu amor gracioso por seus filhos rebeldes do que sua severidade para com seus pecados.
No sermão de hoje, nós veremos que Senhor Deus graciosamente confronta Adão e Eva com seu pecado. Aprenderemos que o gracioso confronto de Deus não é para nos envergonhar ou condenar, mas ao contrário é o único meio de nos conduzir ao arrependimento e à salvação por meio da redenção em Jesus Cristo.
O que é isso que fizeste?
“Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.” (Gn 3.11–13)
Agora sim, Deus pergunta “o que você fez?”.
Adão confessara que estava nu e com medo de Deus.
Como Adão adquiriu o conhecimento sobre sua nudez? Claro, que o Senhor Deus onisciente sabe a razão. Mesmo assim, Adão e Eva precisam ser confrontados com seu pecado. Eles precisam dizer o que fizeram de errado.
A confissão não é para que Deus saiba dos nossos pecados – Ele sabe tudo – mas para nós saibamos que pecamos contra Deus – “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.” (Sl 51.4)
Por isso, Deus os confronta, perguntando a Adão: “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?”.
Diante dos olhos perscrutadores de Deus, Adão e Eva estão realmente nus, física e espiritualmente. Eles não podem esconder as próprias faltas – “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hb 4.13) – então, só lhes resta admitir que pecaram.
A confrontá-los, Deus lhes dá uma oportunidade real de tratarem o pecado e serem livres dele.
“E eu comi”
Convicção e confissão de pecados não é o mesmo que arrependimento
Ambos, Adão e Eva confessam o pecado de terem comido o fruto proibido. No entanto, eles não admitem a sua culpa pelo pecado cometido. O “e” na frase “e eu comi” revela a admissão do pecado, mas não de culpa. Eles estão convencidos que pecaram e admitem isso, mas não aceitam sua culpa, pois ainda não se arrependeram.
“A mulher que me deste”. Adão se esconde mais uma vez! Desta vez, atrás de sua mulher (um padrão que será repetido por Abraão e por Isaque e por muitos homens até hoje). Sua resposta ao Senhor Deus é: “eu comi porque ela me deu”. Mais ainda, em última anàlise, Adão culpa o Senhor Deus: “Tu me deste uma mulher e ela me deu o fruto”. “Vê”, argumenta Adão, “eu não sou culpado, pelo menos não sozinho, a culpa é de outro”.
Pela segunda vez Adão abandona seu posto: primeiro, ele não protegeu sua mulher do engano da Serpente e, agora, não a protege da justa ira do Senhor Deus.
Quão diferente é Jesus de Adão. Jesus, morrendo na cruz, interpôs-se entre nós e ira de Deus. Ele assumiu o nosso pecado e culpa. Ele tomou sobre si o nosso castigo. Além disso, Ele nos deu seu Espírito Santo para nos conduzir a toda verdade a fim de que Satanás não nos engane mais.
“A serpente me enganou”. Eva segue seu marido. “Sim. Eu comi, mas eu fui enganada pela serpente – que tu criaste (3.1)”. De fato, Eva foi enganada por Satanás, mas isso só aconteceu porque ela duvidou da Palavra e do caráter do Senhor Deus. Eva não desconhecia a verdade. Seu problema é que ela preferiu a mentira – “...cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” (Tg 1.14).
Como Adão e Eva nós somos péssimos em lidar com nossos pecados. Temos grande dificuldade de admitir nossa culpa pelas faltas que cometemos. A nossa tendência natural é a de justificar nossos erros. Quando não estamos arrependidos, nós não confessamos nossos pecados, nós apenas oferecemos explicações a Deus a fim de nos justificarmos diante Dele.
Calvino está certo em dizer que somos tais quais Adão e Eva:
Educados na mesma escola do pecado original, nós também somos tão prontos a recorrer a subterfúgios do mesmo gênero, porém para nada; pois, por mais que incitamentos e instigações externas nos estimulem, contudo está dentro de nós a incredulidade que nos seduz contra a obediência a Deus.
O pecado da autojustificação
O Calvino está dizendo é que aprendemos com Adão e Eva a inventar desculpas para nossos pecados. Desenvolvemos uma autodefesa pecaminosa contra a culpa. Assim, desde a queda, a nossa tendência natural é a de nos autojustificar do pecado. E essa autojustificação é em si mesma pecado.
Essa autojustificação acontece de duas formas pelo menos: escondendo o pecado ou não admitindo a sua culpa, a autojustificação propriamente dita.
Escondendo o pecado
A primeira atitude de Adão e Eva foi a de se esconderem um do outro e de Deus. Eles fizerem sintas porque não se sentiam mais à vontade de estarem nus um diante do outro. Posteriormente, eles se esconderem entre as árvores do jardim porque estavam nus e não queriam ser vistos por Deus.
Como Adão e Eva, nós também não nos sentimos muito à vontade com as pessoas. Tememos que elas vejam a nossa nudez. O que, espiritualmente falando, significa que queremos evitar que as pessoas conheçam ou percebem nossas fraquezes e pecados. Por isso, buscamos sempre apresentar nossa melhor versão e tendemos a evitar conversas e relacionamentos mais profundos e confrontadores.
A verdade é que como Adão e Eva nós buscamos nos esconder uns dos outros. Usamos nossas roupas para isso, mas também usamos a polidez, a religiosidade, os bons hábitos, as boas obras etc. Essas coisas são boas, mas muitas vezes não passam de “sintas de oliveira” que tecemos para esconder o nosso pecado dos outros.
Penso que é por essa razão que idolatramos tanto a privacidade e evitamos relacionamentos profundos como o de irmãos em Cristo. Talvez tudo isso seja o medo de termos nossas fraquezas expostas e de ter que lidar com nossos pecados.
Esconder o pecado fica mais grave ainda quando tentamos nos esconder de Deus. Infelizmente, muitos crentes tomam essa atitude. Inconscientemente, eles fogem de Deus para se esconder com seus pecados. Os que procedem assim estão fazendo uma escolha ruim e que pode ser fatal para sua alma: estão escolhendo a comunhão com o pecado em vez da comunhão com Deus.
Sabemos que um crente está se escondendo de Deus quando ele se esconde da Igreja. Ele se ausenta ou se mantém distante da comunhão dos irmãos. Ele diminui ou deixa de frequentar os cultos públicos. Ele também negligencia os meios de graça. Ele não ora ou o fez burocraticamente. Ele não lê a Bíblia e não participa dos sacramentos. Pouco a pouco ele se afasta de qualquer coisa que possa expor o seu pecado. Ele evita a “presença de Deus” e ter de ser confrontado por Ele.
A entrada do pecado no mundo trouxe consigo dois sentimentos negativos: o medo e a vergonha. O medo de sermos expostos – o sentimento de hipocrisia – e a vergonha pelo pecado. Entretanto, esses sentimentos não tratam o pecado, antes o alimentam e aumentam o seu senhorio sobre nós.
“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará...” (Pv 28.13)
“Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia.” (Sl 32.3)
Não admitindo a culpa
Outra maneira de nos autojustificarmos de nossos pecados é transferindo a culpa para as circunstâncias, outras pessoas e até para Deus. Certamente, pessoas e circunstâncias podem nos tentar ao pecado, mas pecar é sempre uma decisão pessoal pela qual somente eu serei responsabilizado diante do Senhor Deus.
Observe que Adão e Eva contam uma história antes de dizer “eu comi”. Há um “e” justificador. “A mulher que tu me desde me deu ‘E’ eu comi”, disse o homem. “A serpente me enganou ‘E’ eu comi”, falou Eva. Esse “e” justificador é uma tentativa tola de transferir a culpa para pessoas e circunstâncias e afastá-la de nós.
Há uma sutileza diabólica nisso! Porque assumimos o pecado. Parece que o confessamos ao admitir que de fato o cometemos. Mas observe que não se admiti a culpa. A sutileza está no fato de nosso coração nos enganar ao nos fazer pensar que estamos mesmo arrependidos e que somos honestos ao admitir o erro, mas o que fizemos, na verdade, foi colocar a culpa em outra pessoa, enquanto nos justificamos a nós mesmos.
“Bem, se eu não fosse tentado, eu não teria pecado”. “Se não houvesse uma árvore do conhecimento, uma serpente ou uma mulher”, Adão poderia pensar: “Eu nunca teria pecado”. “Sim, eu pequei, admito, mas a culpa não foi minha. Talvez de Eva ou quem sabe do Senhor. Mas minha não!”. Adão conseguiu encontrar desculpas para o seu pecado em um mundo perfeito. Se quisermos, encontraremos vários culpados para os nossos pecados também: os vizinhos, o governo, o irmão mais velho ou o mais novo, os filhos ou os pais, a esposa ou o marido ou não termos nem esposa nem marido. O clima, ou motoristas de São Luís, o pastor ou a igreja, a carestia, a fome ou o sono etc. Todas essas coisas podem ser histórias que contamos para justificar o nosso pecado.
Contudo, se pensamos que podemos justificar os nossos pecados com meras desculpas, estamos muito enganados sobre o que a Bíblia ensina sobre pecado e justificação.
“A alma que pecar, essa morrerá...” (Ez 18.20)
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” (Tg 1.14)
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;” (Rm 5.1)
A Bíblia também nos ensina que somente a confissão e o arrependimento poderá nos fazer prosperar.
“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Pv 28.13)
“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (1Jo 1.7)
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1.9)
Portanto, a justificação dos pecados não vem de nós mesmos ou de qualquer desculpa esfarrapada que apresentemos a Deus. Isso é tolice! A justificação dos pecados vem do próprio Deus, que nos justifica em Cristo e passa pelo caminho doloroso do sofrimento. Quando somos confrontados por Deus e somos levados a reconhecer, confessar e deixar o pecado andamos em um caminho doloroso para nós, mas não mais doloroso do que o caminho de Jesus até a cruz.
O confronto gracioso de Deus
“Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem”. (2Sm 12.7)
Por mais estranho que possa parecer, Deus começa a se revelar como o Redentor do homem quando o confronta. Posso afirmar que o primeiro ato da graça é o confronto. Quando Deus confronta um homem com seu pecado, Ele está revelando sua graça.
Nós, ao contrário, somos adeptos da cultura do “não fale. Não pergunte”. Preferimos fingir que está tudo bem. Não queremos confrontar, porque isso se viraria contra nós. Porque mais desconfortável que confrontar é ser confrontado. Assim, não lidamos com o nosso próprio pecado e menos ainda com o dos outros. Estranhamente, alguns pensam que essa é uma maneira graciosa de tratar o pecado. Pensamos em nosso íntimo: “poupemos o pecador de constrangimentos desnecessários e, simplesmente, deixemos que o tempo corrija as coisas. Logo, logo tudo estará bem e esquecido”.
Entretanto, tal pensamento é pecado à luz da Bíblia. Jesus ensina justamente o contrario:
“Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.” (Mt 18.15)
Ganhar o irmão significa poupá-lo. Não confrontar no contexto desse ensino de Jesus é o mesmo que não buscar a ovelha perdida. No caso de Deus, especificamente, não confrontar o pecador com seu pecado significa abandoná-lo judicialmente (Rm 1.24, 26, 28) para que esse se perca em seu pecado.
“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,” (Rm 1.28)
Mas Deus não é apenas o criador, Ele também é o redentor de uma humanidade que se perdeu em pecado. Sua graça o impulsiona a buscar o perdido e por isso, Ele voltou ao Éden depois do pecado para buscar Adão e Eva e para confrontá-los com seus pecados. De outra forma, nossos primeiros pais estariam perdidos para sempre.
O evangelho pregado do poder o Espírito Santo é o meio pelo qual Deus tem buscado seus eleitos. Não podemos nos enganar: o evangelho é Deus nos confrontando como nossos pecados. O Espírito Santo por sua Palavra nos expõe a nós mesmos e nos faz ver a nossa nudez. A Bíblia diz que o Ele foi enviado para isso:
“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:” (Jo 16.8)
“quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (Jo 16.13)
A obra do Espírito Santo de confrontar o homem por meio da pregação do evangelho é tão dolorosa que é comparada à uma espada rasgando um coração.
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hb 4.12)
“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?” (At 2.37)
“Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará.” (Os 6.1)
Deus poderia ter deixado Adão entregue a si mesmo com suas tentativas tolas de justificar seu próprio pecado. Mas Deus escolheu, confrontá-lo, expor sua nudez e vergonha. Deus o levou a confessar o seu pecado e enxergar a sua corrupção. Eu sei que tudo isso é triste e constrangedor. Tudo isso e doloso e repugnante. Porém, para redimir o homem, Deus teve que lidar com o seu pecado. Esse é o confronto gracioso de Deus.
Deus levanta o nosso pecado, para que possamos reconhecê-lo, confessá-lo e nos arrepender dele. Se ao sermos confrontados por Deus reconhecermos o nosso pecado e a sua culpa e o confessarmos e o abandonarmos arrependidos. Deus promete nos perdoar e não se lembrar mais dos nossos pecados. Isso é o que faz o confronto gracioso de Deus.
Só não devemos fazer como Adão e Eva que desperdiçaram o confronto gracioso de Deus, colando a culpa em outras pessoas.
Conclusão
O Senhor Deus não nos confronta apenas, Ele também nos oferece perdão através de seu filho Jesus Cristo.
Enquanto Adão, cheio de pecado e culpas, tentava justificar a si mesmo transferindo a culpa para Eva e para o próprio Senhor Deus. Jesus, sem pecado ou culpa, despiu-se de sua glória e assumiu a culpa pelos nossos pecados. Sua nudez foi exposta na cruz para que a sua justiça cobrisse a nossa vergonha. Jesus fez isso para nos dar a certeza de que não importa quão graves sejam os nossos pecados, Ele nos perdoou na cruz.
A cruz é a maior e mais graciosa confrontação de Deus.
A cruz de Jesus expõem-nos, mas também nos cobre.
Ele revela a vileza e corrupção do nosso pecado, mas também revela a pureza e imensidão do amor de Cristo que cobre todos eles.
A cruz de Jesus nos mostra que nossos pecados merecem a maldita morte, mas também nos revela a bendita graça de Deus que nos dá vida eterna em Jesus Cristo nosso Senhor.
Se você foi confrontado hoje, não transfira sua culpa para outro. Apenas busque contrição e arrependimento. Confesse seu pecado sem desculpas. Não tenta se autojustificar. Isso não dará certo. Apenas creia em Jesus e recebe o seu perdão.