A regra áurea de Cristo

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INTRO

Mateus 7.12 NVI
12 Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas.
Jesus profere, no verso 12 um importante princípio para a relação com o próximo: a ideia de que se aja com o outro conforme gostaria de que agissem consigo mesmo.
O conceito é bastante simples, em uma primeira análise: a forma de provar se uma ação beneficia os demais é se gostaríamos de receber tal ação.
Tal conceito não é algo exatamente novo apresentado por Jesus.
Hillel, rabino judaico que viveu 100 anos antes de Jesus apresentou essa ideia, em termos negativos: “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem à você.
Além disso, em outras culturas e religiões esse mesmo princípio surge, com diferentes formas e ênfases, de maneira que, em uma primeira avaliação, pode parecer que Jesus está requentando um ensinamento de outros sábios.
Dois importantes alertas aqui:
A verdade é verdade, não importa por quem tenha sido dita. Então, se tal princípio é verdadeiro, que bom que outros também o propagaram, como forma de tentar ajudar a humanidade à viver de forma mais harmoniosa;
Jesus utiliza sim uma variação de um dito já atualizado, mas ele irá prover um significado e um entendimento mais profundos desse princípio, justamente o adequando à verdade do seu evangelho;
Essa regra áurea, da maneira que é expressa por Jesus nos trás importantes considerações acerca de como devemos lidar com o nosso próximo e nos ensina também uma verdade importante sobre a ética do Reino:
O cristianismo não é simplesmente uma questão de abstinência do pecado; é a bondade positiva - William MacDonald
Portanto, podemos extrair aqui algumas verdades importantes nesse ensinamento de Jesus para trazê-los à nossa realidade:

Segue o padrão do Pai

O verso 12 começa com um advérbio que expressa relação de consequência e continuidade do argumento anterior.
Essa continuidade é percebida com os versos imediatamente anteriores e também com o todo do sermão do monte.
Ao olharmos os versos 7-11 percebemos que Jesus está, após ensinar sobre a generosidade do Pai, convidando seus discípulos à seguirem esse padrão.
Se Deus dá coisas boas aos seus filhos, seus filhos também devem assim corresponder, fazendo o bem ao seu próximo;
Jesus ainda é claro em dizer que os alvos dessa bondade, na verdade são maus, mas isso não impede que Deus seja bondoso!
O elo imediato do versículo 12 com os versículos anteriores é este: já que o Pai nos dá coisas boas, deveríamos imitá-lo mostrando bondade aos outros - William MacDonald

É o verdadeiro cumprimento da Lei

Todo ser humano é imagem e semelhança de Deus. Também, todo ser humano tem essa imagem deturpada, arranhada, pela presença do pecado. Por causa disso, o padrão do Reino é o tratamento digno de cada homem ou mulher.
Jesus resume de uma forma simples o padrão da verdadeira Lei ao dizer tais palavras.
Cumprir a Lei e os profetas é, em última instância preocupar-se mais com o próximo do que consigo mesmo. É trocar o egoísmo pelo altruísmo, é substituir o pensamento focado no eu, por um agir que privilegie os demais.
A regra áurea proferida por Jesus resume os ensinamentos morais da Lei de Moisés e os escritos dos Profetas de Israel.
Portanto, fica evidenciado que o objetivo final da Lei não é apenas conformar as atitudes externas do ser humano à um comportamento programado.
Alguns teólogos defendem que a Lei é um grande conjunto de exemplos de como colocar em prática essa regra áurea, de como se deve buscar conformar o coração à Lei de Cristo de maneira que as atitudes externas sejam naturalmente executadas por um coração que entendeu o propósito da Lei e dos Profetas.

Não é alcançada de forma natural

Essa é a verdade central do evangelho: não somos capazes de fazer o que deveríamos fazer, como deveríamos fazer e com as motivações pelas quais deveríamos fazer
O homem é um ser de tal modo limitado e governado pelo mal que não é capaz de cumprir a regra áurea - Martin Lloyd Jones.
A cruz se apresenta aqui como fundamental para o cumprimento da rega áurea!

A razão pela qual temos necessidade da cruz é que transformamos a regra de ouro em ferrugem. A razão pela qual temos necessidade da redenção é que não tratamos o próximo como gostaríamos de ser tratados

A solução para realmente colocar em prática a atitude expressa nessa regra, é, sem dúvida, a graça de Deus habitando o coração do cristão. Sem ela, certamente não haverá espaço para qualquer sucesso.
Isso nos levará à uma visão mais clara da glória e da grandeza de Deus, e nos permite perceber que não somos tratados como merecíamos, mas conforme a bondade dEle.
Essa visão nos leva a enxergarmos a nós mesmos como realmente somos: debilitados, fracos e incapazes pecadores, mas alvos de um tratamento que não merecemos receber, não por quem somos, mas por quem Ele é!
Aí então poderemos enxergar nosso próximo como semelhante à nós, falho, pecador e dependente da graça de Deus! E se nós, que também somos dessa forma, recebemos de Deus cuidado, amor e misericórdia, passamos a entender que devemos, da mesma maneira agir com nosso próximo, não por ele merecer, mas por causa do que recebemos!

CONCLUSÃO

Todos somos maus, e recebemos da boa mão de Deus coisas boas. Portanto, devemos oferecer o que temos de bom, compartilhar o que vem de Deus com nosso próximo, independente de seu merecimento ou não, visto que, sendo maus, recebemos boas coisas de Deus
Cumprir a Lei do Reino tem muito mais à ver com a nossa disposição em buscarmos um coração transformado que ama o próximo, pois ama à Deus sobretudo e reconhece sua debilidade, do que seguir um conjunto de regras externas e de aparência. Precisamos buscar cumprir essa lei em nosso coração, antes de nos preocuparmos com a aparência exterior de nossas ações.
A única chance de sermos realmente fieis na obediência à essa regra é confiar na cruz de Cristo! Sem a graça, certamente seremos incapazes e fracassaremos. Busquemos a graça de Cristo em nossas vidas ao ponto de olharmos para Deus, para nós e para nosso próximo com olhos santificados por Cristo, para então vivermos conforme seus mandamentos.
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