Uma carta para os dias atuais –

Série Expositiva em Colossenses | Parte 1 |  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Tema: Série Expositiva em Colossenses
Título: Uma carta para os dias atuais – Parte 1 – Versos 1-2
Autor: Ricardo Moreira
Local: 18ª Igreja Presbiteriana Renovada de Goiânia
Data: 10/09/2022
Texto chave: Colossenses 1:1-2
Colossenses 1.1–2 “1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, “2 aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.” (Colossenses 1.1–2, RA).

1. INTRODUÇÃO

· Os corpos celestes exercem alguma influência sobre nossa vida?
Milhões de pessoas que consultam o horóscopo todos os dias diriam que sim. Nos Estados Unidos, circulam diariamente cerca de 1.750 jornais e, desses, 1.220 trazem informações astrológicas!
· Existe alguma relação entre a alimentação e a vida espiritual?
· Deus comunica-se conosco de maneira direta em nossa mente ou apenas por meio de sua Palavra, a Bíblia?
· As outras religiões têm algo a oferecer aos cristãos evangélicos?
Essas perguntas poderiam são identificadas como perguntas atuais de nosso dia a dia. Apesar de parecerem extremamente contemporâneas, essas questões são tratadas por Paulo em sua magnífica Epístola aos Colossenses.
Esta carta é tão relevante para nós hoje quanto era para os cristãos do ano 60 d.C., quando Paulo a escreveu.
Sobre estes assuntos, entre outros, que iremos tratar nesta série expositiva de Colossenses.
Vamos tratar de questões polemicas e atuais para nossa igreja.
Pretendo fazer uma exposição minuciosa dessa carta, por isso, não quero me prender ao tempo, nem à quantidade de mensagens que serão realizadas. Sempre que tiver a oportunidade de falar, estudaremos uma pouco mais dessa epístola tão importante para nossas vidas hoje em dia.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. A cidade de Colossenses

· Uma cidade inexpressiva
Colossos era uma dentre três cidades situadas a cerca de 160 quilômetros de Éfeso. As outras duas eram Laodicéia e Hierápolis (Cl 4:13, 16). Uma rota comercial importante cortava a região, transformando-a em ponto de encontro do Oriente com o Ocidente. Durante algum tempo, as três cidades cresceram e prosperaram igualmente, mas, aos poucos, Colossos foi ficando para trás. Para os padrões de hoje, não passava de uma cidade pequena; e, no entanto, a igreja de lá era importante o suficiente para o apóstolo Paulo lhe dar atenção especial.
Filosofias de todo tipo misturavam-se nessa região cosmopolita, e não faltavam charlatães religiosos. Havia uma grande comunidade judaica em Colossos e também um afluxo de novas ideias e doutrinas do Oriente, criando um ambiente propício para as mais diversas especulações religiosas e heresias.

2.2. A igreja de Colossenses

A igreja dali não tinha sido fundada por Paulo, e, pelo que parece, ele ainda não havia estado lá quando escreveu a Epístola aos Colossenses. É provável que Epafras, companheiro de trabalho de Paulo, tenha sido o primeiro a anunciar o evangelho em Colossos (1:7; 4:12).
O apóstolo ouviu falar de sua fé (Cl 1:4, 9), mas não chegou a se encontrar pessoalmente com esses cristãos (Cl 2:1). Uma igreja de pessoas desconhecidas numa cidade pequena recebe uma carta inspirada do grande apóstolo Paulo!

2.3. O escritor Paulo

Paulo, que estava na cadeia em Roma (4:3, 10, 18), tinha recebido notícias das falsas doutrinas que estavam sendo ensinadas aos cristãos de Colossos (2:8, 16–23) e por isso escreveu esta epístola para combater esses falsos ensinamentos e trazer os colossenses de volta à verdadeira fé, que Epafras havia anunciado. Ele havia ensinado que somente Jesus Cristo pode salvar, somente por meio dele é que os pecados são perdoados. Portanto, que os colossenses continuem fiéis, tendo a sua fé construída sobre um alicerce firme e seguro; e que não vão atrás de ensinamentos inventados por qualquer um. Paulo fala da nova vida que os cristãos têm por estarem unidos com Cristo e de como essa vida se manifesta especialmente no amor de uns para com os outros (3:12–14).

2.4. As heresias em Colossenses

Nessa mesma época, Epafras foi a Roma pedir a ajuda de Paulo. Algumas doutrinas novas estavam sendo ensinadas em Colossos e se infiltrando na igreja, causando transtornos. Assim, Paulo escreveu esta carta aos colossenses a fim de refutar esses ensinamentos heréticos e de apresentar claramente a verdade do evangelho.
A heresia que ameaçava a paz da igreja de Colossos era uma combinação de filosofias orientais e de legalismo judaico com elementos de uma crença que os estudiosos da Bíblia chamam de gnosticismo[1].

2.4.1. O gnosticismo

Em primeiro lugar, essa heresia prometia às pessoas uma união tão íntima com Deus a ponto de atingirem a "perfeição espiritual". Os que aceitassem os ensinamentos e cerimônias prescritas pelos gnósticos alcançariam a plenitude espiritual. Falava-se, ainda, de um "conhecimento pleno", de uma profundidade espiritual que só os iniciados poderiam desfrutar. Dizia-se que tal "sabedoria" os libertava das coisas terrenas e os ligava às coisas celestiais.
É evidente que esses ensinamentos não passavam de filosofia humana, com base em tradições, não na verdade divina (Cl 2:8). Desenvolveram-se a partir da seguinte pergunta filosófica: por que o mal existe no mundo se a criação é obra de um Deus santo? Ao especular e ponderar sobre tal questão, esses filósofos chegaram à conclusão de que a matéria era má. Em seguida, concluíram, equivocadamente, que um Deus santo não poderia ter contato com essa matéria má, de modo que deveria existir uma série de "emanações" de Deus em sua criação. Acreditavam em um universo espiritual poderoso, que usava as coisas materiais para atacar a humanidade. Também aceitavam uma forma de astrologia, crendo que seres angelicais governavam sobre os corpos celestiais e influenciavam os acontecimentos na Terra (ver Cl 1:16; 2:10, 15).

2.4.2. O legalismo judaico

Além dessas especulações vindas do Oriente, havia também uma forma de legalismo judaico. Os mestres acreditavam que o rito da circuncisão era benéfico para o desenvolvimento espiritual (Cl 2:11). Ensinavam que a Lei do Antigo Testamento, especialmente as regras alimentares, também ajudava a alcançar a perfeição espiritual (Cl 2:14-17). Uma série de normas precisas determinava o que era mau e o que era bom (Cl 2:21).
Temos alguma heresia semelhante nos dias de hoje? Sem dúvida! E é igualmente falaz e perigosa. Quando consideramos Jesus Cristo e a revelação cristã apenas parte de uma filosofia ou sistema religioso mais amplo, deixamos de lhe dar preeminência.
Os cristãos devem guardar-se de misturar a fé cristã com quaisquer outras coisas, como ioga, meditação transcendental, misticismo oriental, por mais atraentes que sejam.

2.4.3. Em suma. Os problemas enfrentados na carta

Os problemas enfrentados pela igreja de Colossenses são muito parecidos com os problemas que enfrentamos hoje
· PRIMEIRO. SINCRETISMO RELIGIOSO.
· Quando nossa fé acaba sendo misturada com outras filosofias e religiões
· Exemplo 1: Quando crentes misturam elementos das religiões afro-brasileiras com o culto cristão. Ungir elementos para ficarem poderosos; Invocar o Espírito Santo como se invoca o espírito maligno lá no terreiro (1 Co 3.16[2]; 2 Co 1.22[3])
· Exemplo 2: Evocar elementos da religião judaica para dentro do culto cristão, com a construção de templo de Salomão, Arca, Menorá, etc
· Exemplo 3: Mistura de legalismo e misticismos com o culto cristão.
· Este sincretismo será enfrentado com vigor pelo Apóstolo Paulo.
· Toda mistura polui, contamina. Não tem uma mistura que purifica, mas toda mistura contamina. Se você tem Cristo mais alguma coisa, esse “alguma coisa” contamina o saudável de Cristo.
· SEGUNDO. A MANEIRA COMO CRISTO É APRESENTADO. EXISTEM DIVERSOS CRISTOS.
· Cada uma fala de Cristo a partir de seus desejos e gostos.
· Tem uma Cristo para cada um. Tem o Cristo Amoroso; Tem o Cristo mestre, que nos ensina; tem o Cristo da justiça social;
· Não que estes aspectos de Cristo estejam errados, mas são todos aspectos, ou atributos de Jesus Cristo; é apenas uma visão parcial de Cristo
· Quando eu me apego somente à um ou alguns dos aspectos/atributos de Cristo, você não crê no Cristo verdadeiro, você fatiou, Cristo. Ou você crê em num Cristo total, ou você não está crendo em Cristo.
Cristo é amor
Mas é modelo também
1 Pedro 2:21 (2:21) Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas,
Cristo é amor
Mas é disciplinador também
Hebreus 12:6 Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.
Cristo é amor
Mas se você não pegar sua cruz, não é digno Dele (Mt. 10:38)
Cristo é amor
Mas ele veio trazer a espada e não a paz Mt. 10:34: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”
Cristo é amor
Mas é juiz também 2 Coríntios 5:10 “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.”
· “O problema dos homens é que Deus nos criou à sua imagem e semelhança, e infelizmente nós retribuímos o favor, criando Deus à nossa imagem e semelhança”. (Heber Campos)
· TERCEIRO. PRAGMATISMO RELIGIOSO.
· Pragmatismo é o movimento de tentar fazer de tudo para que Deus faça uma revolução. Estão sempre buscando uma nova estratégia, uma nova onda que a igreja está adotando para lotar as igrejas.
· Cristo não era deixado de lado, mas era deixado de lado, era misturado com algumas práticas e técnicas para melhorar o desempenho do cristão

2.5. Conclusão sobre as heresias

A Igreja de hoje precisa encarecidamente da mensagem de Colossenses. Vivemos em uma época na qual a tolerância religiosa considera "todas as religiões igualmente boas".
Alguns tentam aproveitar o que há de melhor em cada sistema religioso e criar a própria religião particular.
Para muitos, Jesus Cristo é apenas um dentre vários mestres religiosos com a mesma autoridade que outros. Pode ser proeminente, mas, por certo, não é preeminente.
Vivemos uma era de "sincretismo". Muitos procuram harmonizar e unir diversas linhas de pensamento e criar uma religião superior. Em sua tentativa de entender as crenças de outros, nossas igrejas evangélicas correm o risco de diluir a fé.
O misticismo, o legalismo, o sincretismo com outras religiões, o asceticismo e as filosofias humanas estão se infiltrando silenciosamente nas igrejas. Não negam a Cristo, mas o desentronizam e o privam da preeminência que lhe é devida.

2.6. Os destinatários

“1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, “2 aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.” (Colossenses 1.1–2, RA).

2.6.1. Primeira característica: Santos

O apóstolo Paulo conhecia os problemas daquela igreja, foi informado de todos os problemas por Epafras, mesmo assim Paulo os chama de Santos.
O adjetivo “Santos” que Paulo menciona, não é um Santo em comportamento, mas é um Santo em posição. Paulo sabe em que aqueles cristãos precisam melhorar em sua convicção em relação a Cristo, mas isso não muda o fato de que eles são posicionalmente Santos.
O termo santopassou a significar possessão e uso exclusivos de Deus. Os santos são aqueles que foram separados por Deus para glorificá-lo.

2.6.2. Segunda característica: São fiéis a Cristo

“1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, “2 aos santos e fiéis irmãos em Cristoque se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.” (Colossenses 1.1–2, RA).
Eles eram fiéis a Cristo, mas estavam sendo enganados. Mesmo os fiéis podem ser enganados.

2.6.3. Terceira característica: Passaram a ter dois endereços

“1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, “2 aos santos e fiéis irmãos em Cristoque se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.” (Colossenses 1.1–2, RA).
Observe a construção da frase. Os cristãos a quem Paulo envia esta carta eram santos e fiéis irmãos em Cristoque se encontravam em Colossos. Eles estavam em Cristo e em Colossos. Tinham dois endereços: uma morada celestial e outra terrena.
É como se Paulo quisesse dizer o seguinte: “Olha irmãos santos e fiéis, vocês estão em Cristo, e da mesma forma que estão em Cristo, devem estar em Colossos”.
O que vocês são enquanto estão reunidos na igreja, devem continuar sendo na cidade de vocês.

3. AÇÕES DE GRAÇAS PELOS COLOSSENSES

Colossenses 1.3–8 (RA) 3 Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, 4 desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amorque tendes para com todos os santos; 5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6 que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade; 7 segundo fostes instruídos por Epafras, nosso amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo, 8 o qual também nos relatou do vosso amor no Espírito.

3.1. Ação de graças pelos complicados

É interessante notar que Paulo inicia a carta agradecendo pela vida dos Colossenses, mesmo sabendo de seus problemas.
Paulo quase sempre começa as suas cartas com uma palavra de gratidão. O mais interessante é que ele agradece a Deus por vidas de igrejas bem complicadinhas.
Romanos 1:8 (ACF2007) (1:8) Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. (Romanos mesmo havendo briguinhas entre os Fortes e os fracos) 1 Coríntios 1:4 (ACF2007) (1:4) Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. (Coríntios tão repletos de divisões e imoralidades) Filipenses 1:3 (ACF2007) (1:3) Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, (A igreja de Filipenses tinha um problema de unidade na igreja) 2 Timóteo 1:3 (ACF2007) (1:3) Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura, de que sem cessar faço memória de ti nas minhas orações noite e dia; (Timóteo sendo meio covarde enquanto pastor) Filemon 1:4 (ACF2007) (1:4) Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações; (Filemom mesmo este estando amargurado com a desonestidade do seu escravo Onésimo) 1 Tessalonicenses 1:2 (ACF2007) (1:2) Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações, (Tessalonicenses que tinha umas ideias escatológicas meio esquisitas)
É um excelente exercício a gente agradecer a Deus por pessoas que estão inacabadas, por gente complicada, por gente que ainda precisa de ser trabalhado por Deus.

3.2. Os pilares da fé cristã

A tônica de Paulo nesta oração de ações de graças pela vida dos Colossenses está baseada na tríade cristã: , Amore Esperança.
Não é a primeira vez que Paulo usa essa tríade da vida cristã. Ele a usa em:
1Coríntios 13.13 “13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (1Coríntios 13.13, RA) 1Tessalonicenses 1.3 “3 recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo,” (1Tessalonicenses 1.3, RA)

3.2.1. A fé

Uma distinção importante da palavra fé usada aqui no texto.
Desde o início, a palavra fé incluiu dois elementos: (1)aceitação da mensagem apostólica a respeito de Cristo; e (2) confiança pessoal nesse Cristo como vivendo agora no céu e poderoso para perdoar pecados e conceder salvação completa[4]
Contudo, em toda essa diversidade colorida, a unidade permanece perfeitamente intacta. Crer sempre inclui aceitação do testemunho que Deus deu de seu Filho através dos apóstolos e também uma confiança ilimitada na pessoa de Cristo. As duas são inseparáveis.
A teologia escolástica faz essa distinção da seguinte forma:
a) “Fides quae creditur” (A fé pela qual se crê) = É a fé pela qual a pessoa acolhe a graça e volta-se para Deus em quem crê. Relaciona-se com o conteúdo objetivo da fé. Fé doutrinal ou dogmática. É o objeto da fé.
Entendida objetivamente, como a fé “na qual se crê” ou a doutrina do evangelho, que é o objeto da fé, conforme Gl 1.23 e 1Tm 1.19; ou sua profissão externa Rm 1.8
Gl 1:23 Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir. 1Tm 1:19 mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. Rm 1:8 Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé.
b) “Fides qua creditur” (A fé em quem se crê - relacional) = Em quem cremos. É o sujeito da fé (fé passiva).
Algo interessante nos passa despercebido, é que essa fé dogmática, objetiva, está intimamente ligada ao processo da salvação.
Quando falamos em salvação pela fé, logo vem à mente “somo salvos pela fé em Cristo”. Mas não é bem isso que as escrituras ensinam não.
A fé não é base ou fundamento da salvação; a expiação de Cristo é a única base ou fundamento de salvação. A fé não é a causa eficiente de salvação; a causa eficiente é a graça de Deus. Antes, somos justificados somente pela fé num sentido instrumental. A fé é o instrumento, ou meio, pelo qual recebemos a graça de Deus em Cristo.
Muitos cristãos, até nos dias de hoje, acham que fé é algo interno, subjetivo, se relaciona apenas com uma crença na existência de Jesus
“Eu creio em Jesus, então estou salvo...”
“Eu creio que Jesus existe, então, estou salvo...”
Mas não é apenas este tipo de fé relacional e subjetiva que é instrumental da salvação. Crer na existência pessoal e histórica de Jesus até os demônios creem, e não são salvos por esta fé, vejamos:
Tg 2:19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem.
Somente crer na existência pessoal e histórica de Jesus não promove salvação, se promovesse os demônios estariam salvos. A fé instrumental que é meio de salvação não é apenas o aspecto subjetivo de “crer em Jesus”, mas a fé completa, “crer em Jesus” e “Crer em toda a revelação bíblica sobre Jesus” que é a fé doutrinal. A fé salvífica é mais que uma crença, é uma fé experimental de toda a revelação bíblica.
A fé que se relaciona com a salvação, ou seja, a fé instrumental da salvação é a fé dogmática, objetiva, doutrinal, vejamos o texto de Efésios:
Ef 2:8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
Essa fé aqui tratada não é a fides qua, a fé relacional, mas a doutrinária. Em outras palavras, poderíamos interpretar ou traduzir esse verso da seguinte forma: “Porque pela Graças sois salvos, mediante o conhecimento das escrituras; e isto (Graças e Escrituras) não vem de vós; é dom de Deus.”
Agora vamos raciocinar um pouco. Pensar não dói.
· Se o conhecimento das escrituras é o meio, o aspecto instrumental de se apropriar da Graça, e, portanto, da salvação em última análise;
· então,
· a falta desse conhecimento pode implicar em uma falta de apropriação da graça salvadora, o que redunda em condenação.
Veja que Paulo agradece a Deus pela fé dos Colossenses,
Colossenses 1.3–8 (RA) 3 Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, 4 desde que ouvimos da vossa féem Cristo Jesus e do amorque tendes para com todos os santos;
É por esta razão que Paulo estava preocupado com a igreja de Colossos. Muito provavelmente Paulo está aqui se referindo à “Fides qua creditur” ou seja, ao sujeito da fé deles, Jesus Cristo. Paulo está agradecendo a Deus pela fé que eles têm em Cristo Jesus, pois a carta está sendo enviada justamente para corrigir desvios em sua fé doutrinal, “Fides quae creditur”, ou seja a Fé doutrinal ou dogmática. Mais adiante Paulo vai corrigis a fé instrumental deles, pois sem a pureza nessa fé dogmática, esses fiéis poderiam se descarrilar do caminho.
“Fé, amor, esperança”, essas três características marcam a vida da igreja. Acontece que esse “amor” não é algo indefinido, um sentimento universal, mas “amor para com os santos”.
Consequentemente, está inseparavelmente ligado com fé autêntica, decorrente do renascimento.
Somente quem nasceu de novo é capaz de ter uma fé (relacional) inabalável, e uma amor horizontal “à todos os santos”, sem acepção.

3.2.2. O amor

Não há nenhuma possibilidade de uma pessoa dizer-se cristão, e não amar o próximo, quem quer que seja.
1João 5.1 “1 Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus (salvo, é regenerado); “e”[5]todo aquele que ama ao que o gerou (Pai) também ama ao que dele é nascido (todos os crentes nascidos de novo).” (1João 5.1, RA)
E aqui no texto, Paulo cita o amor dos Colossenses para com “o amor que tendes para com todos os santos”.
Esse tipo de amor representa um milagre da nova criação divina.
1João 3.14 “14 Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque[6]amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.” (1João 3.14, RA)
E amor aqui, não tem nada haver com aquilo que se pensa sobre amor nos dias atuais. Esse tema (amor) mereceria mais atenção nos púlpitos das igrejas, visto que a visão de amor modernas é uma forma de amor totalmente diferente do amor bíblico, é um amor deturbado e mesquinho.
Mas esse não é o tema de hoje, então, prossigamos.

3.2.3. A esperança é a causa da fé e do amor

3 Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, 4 desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amorque tendes para com todos os santos; 5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho,
Note a importância que Paulo dá à esperança. A esperança aqui é causa da fé e do amor.
Mas “esperança” não designa aqui a atividade subjetiva de esperar (eu espero em Deus), mas seu conteúdo objetivo, o “bem da esperança”. É o que mostra nitidamente o adendo “que está preparada para vós nos céus”
A esperança está no futuro. O fim dos poderes destrutivos deste mundo, o reinado dos céus sobre esta terra, o fim do diabo e da morte, o juízo universal, o novo céu e a nova terra (tudo isso constitui o “bem da esperança” bíblico)
Que empobrecimento e deturpação o evangelho sofreu desde então no cristianismo! Ouvimos tão pouco a respeito da esperança bíblica do futuro. Mas justamente ela é o verdadeiro alvo do evangelho. O evangelho só é evangelho (boas novas), por causa dessa esperança no “evangelho do reino”.
Mas as igrejas deixaram de pregar sobre essa esperança futura (consumação do evangelho do Reino).
A falta de ensino sobre essa esperança futura, seu correto entendimento, fez nascer no meio da igreja moderna a teologia do triunfalismo, teologia do sucesso, da prosperidade e do coach. Todas essas teologias cometem um erro grasso, tentam antecipar algo que é para o FUTURO, por ocasião da consumação de todas as coisas.

3.3. O evangelho da verdade

5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6 que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade;
Interessante notar. Se Paulo fala de uma “palavra da verdade do evangelho” é porque existe também uma “palavra da mentira do evangelho”. Observe que Paulo diz que a “palavra da verdade do evangelho” foi aquela que chegou antes, no início, e que produz fruto. Isto significa que depois de terem recebido a “palavra da verdade do evangelho”, eles foram contaminados pela mentira do evangelho.
Muitas mensagens e ideias podem ser consideradas verdadeiras, mas somente a Palavra de Deus pode ser chamada de verdade. Jesus é a verdade (Jo 14.6). Sua Palavra é a verdade (Jo 17.17). O evangelho é a verdade absoluta e invencível.
Num mundo cheio de relativismos, de incertezas, de subjetivismos, precisamos de verdades absolutas para confiar. E o evangelho é uma dessas verdades absolutas.
Mas cuidado, existem muitos evangelhos por ai, mas o que salva é somente um.
1Co 15:1 Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; 1Co 15:2 por ele também sois salvos, SE retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. 1Co 15:3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,

3.4. O evangelho chegou até os Colossos

5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6 que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade;
As boas-novas do evangelho não eram originárias de sua cidade. Foram levadas até lá por um mensageiro chamado Epafras. Ele próprio era um cidadão de Colossos (Cl 4:12, 13) que se encontrara com Paulo e aceitara Jesus Cristo. É provável que sua conversão tenha ocorrido durante os três anos do ministério de Paulo em Éfeso (At 19:10).
Depois de salvo, Epafras compartilhou as boas-novas com os parentes e amigos em sua cidade natal.
O evangelho é a boa-nova de que Jesus Cristo resolveu o problema do pecado por meio de sua morte, sepultamento e ressurreição.

3.5. Não basta ouvir o evangelho, tem que entender

5 por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6 que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade;
No evangelho de Mateus Jesus nos adverte de algo parecido:
Mateus 22.37 “37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” (Mateus 22.37, ARA)
Note que um aspecto importantíssimo em relação ao amar a Deus é o entendimento. Sem entendimento de sua palavra, de sua vontade que está revelada na bíblia, não tem como amarmos a Deus.
Sabendo que o entendimento é fundamental para a salvação de uma pessoa, o que o diabo faz:
2Coríntios 4.4 “4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2Coríntios 4.4, ARA)
A cegueira no entendimento não é para que a pessoa não veja a Cristo. A cegueira é para que não entendam a luz do evangelho, pois é o conteúdo do evangelho é o que já vimos de fé instrumental, o meio pelo qual a pessoa entende o caminho da salvação.
Muitas pessoas enxergam Cristo, sabem quem Cristo é. Não são cegas em relação a Cristo. Toda a multidão que acompanhavam a Cristo sabiam quem era Cristo, em pessoa, mas não conheciam o que se deve conhecer de Cristo para a salvação. Somente a revelação especial contém o caminho da salvação.
No caso dos Colossenses o que Paulo está dizendo é que o fruto e crescimento tem uma razão. Os Colossos ouviram e entenderam a Graça de Deus na verdade. Em outras palavras: “Os Colossos ouviram e entenderam a Graça de Deus na contida na bíblia”.

3.6. Os Colossenses entenderam por que foram instruídos

Colossenses 1.7–8 “7 segundo fostes instruídospor Epafras, nosso amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo, “8 o qual também nos relatou do vosso amor no Espírito.” (Colossenses 1.7–8, ARA)
Epafras, discípulo de Paulo, foi o professor deles. Tudo que Epafras aprendeu com Paulo em sua passagem por Éfeso, Epafras ensinou a igreja.
Deste verso 7 podemos extrair dois ensinamentos:

3.6.1. Primeiro, o evangelho necessita ser instruído

O evangelho precisa dos mestres para a instrução do povo. Se tem pessoas instruindo, logicamente tem pessoas ouvindo as instruções. O cristianismo é uma religião que necessita de entendimento, razão. Cristianismo sem instrução, sem ensino, baseado somente nas experiencias pessoais, não é cristianismo, é misticismo. O que distingue o verdadeiro cristão dos místicos, é o gosto pelo estudo, pela instrução, pelo entendimento, pelo conhecimento.

3.6.2. Segundo, necessita de fiéis ministros

Note que Paulo chama Epafras de fiel ministro. Mais uma fez usamos a mesma regra. Se Paulo faz menção à um fiel ministro do evangelho, é porque existem infiéis ministros do evangelho.
O fiel ministro é aquele que prega as escrituras, de forma consistente e expositiva, que não inventa moda, que se preocupa apenas em transmitir a palavra de forma direta, sem rodeios, agradando somente a Deus.

NOTAS :___________________________________________

[1]Esse nome vem do termo grego gnosis, que significa "saber" (um agnóstico é alguém que não sabe). Os gnósticos consideravam-se "conhecedores" das verdades profundas de Deus. Eram a "aristocracia espiritual" da igreja. [2] 1 Coríntios 3:16 Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? [3] 2 Coríntios 1:22 O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações. [4] Herman Bavinck, Espírito Santo, Igreja e Nova Criação, trad. Vagner Barbosa, 1aedição, vol. 4, Dogmática Reformada (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2012), 108. [5]Conjunção coordenativa aditiva. Passam a ideia de adição, de soma. [6]Conjunção coordenativa explicativa
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