(1João 2:15-17) Vencendo o Mundo

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1João 2.15–17 “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.”
-Se a marca do verdadeiro crente é conhecer a Deus, agora João diz que outra marca é não amar o mundo.
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-Há três motivos eloquentes pelos quais não devemos amar o mundo:
Em primeiro lugar, por causa da incompatibilidade entre o amor do mundo e o amor do Pai (2.15). “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.” De que tipo de mundo João está falando? Há três significados diferentes no Novo Testamento para a palavra “mundo”: 1) o mundo físico, o universo – “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe” (At 17.24); 2) o mundo humano, a humanidade – “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); 3) o mundo sistema, inimigo de Deus – “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo…” (2.15).
-É desse terceiro tipo de “mundo” que João está falando. Devemos amar o mundo como sinônimo de natureza e o mundo como sinônimo de pessoas; porém, o mundo como sinônimo de sistema, esse não podemos amar.
-O mundo é qualquer pessoa, relacionamento, estrutura social, circunstâncias ou situações que não foram redimidos pela graça de Deus. O mundo é a sociedade independente de Deus, governo sem a linha do prumo de Deus, sistemas econômicos que não têm a soberania de Deus, indústrias e corporações sem interesse pelas pessoas ou pelos propósitos divinos.
-Estamos no mundo, mas não somos do mundo (Jo 15.15). Estamos no mundo, mas o mundo não deve estar em nós, assim como a canoa está na água, mas a água não deve estar nela. Há um processo na mundanização do homem: primeiro, ele se torna amigo do mundo (Tg 4.4). Segundo, ele ama o mundo (2.15). Terceiro, ele se contamina com o mundo (Tg 1.27). Quarto, ele se conforma com o mundo (Rm 12.2). Quinto, ele é condenado com o mundo (1Co 11.32).
-Da mesma maneira que não nos conformamos com a poluição do meio ambiente, com a contaminação dos rios, com as chaminés das indústrias poluidoras, com as toneladas de dióxido de carbono despejados pelos milhões de carros que circulam em nossas cidades, devemos também protestar contra a poluição moral do sistema do mundo: o crime organizado, o tráfico de drogas, a prostituição institucionalizada, a corrupção galopante, a impunidade criminosa.
-É impossível haver um vazio na alma. Neste assunto não cabe neutralidade: amamos a Deus ou amamos o mundo. Jesus Cristo mesmo disse: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6.24).
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Em segundo lugar, por causa dos resultados opostos entre o amor do mundo e o amor do Pai (2.16). “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.”
-De acordo com Simon Kistemaker, as duas primeiras categorias (concupiscência da carne e dos olhos) se referem a desejos pecaminosos; a última (soberba) é um comportamento pecaminoso. As duas primeiras são pecados internos e ocultos; a última é um pecado externo e revelado. As primeiras dizem respeito à pessoa como indivíduo; a última, à pessoa em relação àqueles que estão ao seu redor.
-A concupiscência da carne (2.16). A carne fala daquelas tentações que nos atacam de dentro para fora. São desejos sórdidos. É o apelo para se viver o prazer imediato. É endeusar os prazeres puramente físicos e carnais. É viver sob o império dos sentidos.
Segundo Lloyd John Ogilvie, a concupiscência da carne simboliza a vida dominada pelos desejos, com pouco respeito por nós mesmos e por outras pessoas, a ponto de usá-las como coisas.
-Segundo Augustus Nicodemus, “a carne” se refere aos desejos impuros, que incluem todos os pensamentos, palavras e ações não castos: fornicação, adultério, estupro, incesto, sodomia e demais desejos não naturais, quer à intemperança no comer e no beber, motins, arruaças e farras, bem como todos os prazeres sensuais da vida, que gratificam a mente carnal e pelos quais a alma é destruída e o corpo, desonrado.
-As pessoas que tentaram fugir do pecado, trancando-se em mosteiros, na Idade Média, não conseguiram resolver o problema da concupiscência da carne. O pecado não está apenas do lado de fora, mas está, sobretudo, do lado de dentro, em nosso coração.
-Essa nossa natureza egocêntrica é, desde a infância, um feixe de “desejos”: eu quero… eu gostaria… eu exijo.
Uma coisa boa em si mesma pode ser pervertida quando ela nos controla: comer não é um mal, mas a glutonaria sim. Beber não é um mal, mas a bebedice sim. O sexo não é um mal, mas a imoralidade sim. O sono não é um mal, mas a preguiça sim.
A concupiscência dos olhos (2.16). A concupiscência dos olhos são as tentações que nos atacam de fora para dentro. A concupiscência dos olhos é a tendência a deixar-se cativar pela exibição externa das coisas, sem investigar os seus valores reais. A concupiscência dos olhos inclui o amor pela beleza separado do amor pela bondade.
William Barclay diz que a concupiscência dos olhos é o espírito que não pode ver nada sem desejá-lo. É o espírito que crê que a felicidade se encontra nas coisas que pode comprar com dinheiro e desfrutar com os olhos.
Lloyd John Ogilvie diz que a concupiscência dos olhos é a ostentação do espetáculo externo em nossa feira da vaidade. É a incapacidade de alguém ver algo sem desejá-lo para si mesmo como um símbolo de segurança. Mais, mais, mais! O ponto é que tentamos encher com coisas, pessoas e atividades o vazio que somente Deus pode preencher.
A soberba da vida (2.16). A palavra grega que descreve soberba é alazoneia. Essa palavra só aparece novamente em Tiago 4.16. O soberbo é o alazon. O alazon é um fanfarrão. Na antiguidade, essa palavra era usada para descrever os charlatães que faziam propaganda de produtos falsos.
Aristóteles usou alazon para definir o homem que atribui a si mesmo qualidades dignas de louvor que realmente não tem. Teofrasto usou o termo alazon para descrever o indivíduo que frequenta os mercados e fala com os forasteiros acerca da frota de barcos que não tem, e de grandes negócios, quando seu saldo no banco é precisamente irrisório. Gaba-se de cartas que diz que os grandes governantes lhe escrevem solicitando ajuda e conselho. Alardeia a grande mansão em que vive, quando na verdade vive numa pousada. Trata-se daquela atitude de querer impressionar todos com a sua inexistente importância.
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-Em terceiro lugar, por causa da transitoriedade do mundo contrastado com a eternidade daquele que faz a vontade do Pai (2.17). “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”
O apóstolo João contrasta dois estilos de vida: aqueles que vivem apenas para o aqui e agora e aqueles que vivem na perspectiva da eternidade. Não somente a efemeridade do mundo é contrastada com a eternidade de Deus, mas, também, aqueles que fazem a vontade de Deus e permanecem para sempre são contrastados com aqueles que vivem no fluxo da transitoriedade e frivolidade
-A transitoriedade do mundo (2.17). João está dizendo que não devemos amar o mundo, porque chegou a nova era e a era presente está condenada. O mundo e as suas trevas estão se dissipando (2.8) e os homens na sua concupiscência mundana passarão com ele. O mundo não é permanente. Um dia este sistema passará. Seus prazeres e encantos passarão. A grande meretriz, a grande Babilônia, o sistema deste mundo corrompido e mau, com seus encantos, cairá e entrará em colapso. O mundo não permanecerá para sempre.
-Quando John Rockeff eler, o primeiro bilionário do mundo, morreu, perguntaram para o seu contador no cemitério: “Quanto o Dr. John Rockeff eler deixou?” Ele respondeu de pronto: “Ele deixou tudo; ele não levou nenhum centavo”.
-Em 1793, durante a revolução ateísta da Revolução Francesa, a atriz Maillard desfilou garbosamente num carro alegórico representando a deusa razão. Quinze anos depois, o Dr. Restorini atende uma mulher acabada, num sótão sujo, à beira da morte. O médico pergunta à mulher moribunda: “Quem é você?” Ela responde: “Eu sou a deusa razão”.
-O Senhor Jesus é enfático em sua pergunta: “O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
APLICAÇÃO
1) Apesar de nosso mundanismo natural, o apóstolo João fala, de modo impressionante, a respeito da vitória sobre essa desvantagem. Ele diz: “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo”. João usa esta expressão 16 vezes em seus escritos — mais do que todos os outros autores da Bíblia considerados juntos. Mas, o que significa exatamente “vencer o mundo”?
Não significam que devemos retirarnos do mundo, como um monge ou um Amish, que tendem a retirar-se do mundo estabelecendo suas próprias comunidades. Um crente é chamado a lutar neste mundo, embora não seja deste mundo. Tem de viver no mundo, mas não permitir que o mundo viva nele. Fugir do mundo não é o mesmo que vencê-lo. Fugir do mundo é como um soldado que evita o sofrimento, por fugir do campo de batalha. No reino de Deus, não há lugar para dissidentes espirituais, pois os crentes são chamados a uma guerra, e não a um piquenique.
Vencer o mundo também não significa santificar todas as coisas do mundo para Cristo. Algumas coisas do mundo podem ser redimidas para Cristo, mas atividades pecaminosas nunca podem ser santificadas. Por exemplo, não precisamos cristianizar a dramatização ou a dança para uso no culto público, nem cristianizar as formas de entretenimento que Hollywood tem a oferecer-nos.
Para o apóstolo João, vencer o mundo significa lutar pela fé contra o curso deste mundo perverso. Vencer o mundo envolve vários aspectos essenciais:
(1) uma decisão de vencer o mundanismo;
(2) liberdade e perseverança por meio de Cristo; (3) manter-se acima das circunstâncias mundanas;
(4) uma vida de auto-renúncia.
Quem deseja vencer o mundo compreende que tem algo a vencer. Percebe que tem seguido a mentalidade do mundo — pensando como este mundo pensa, falando como o mundo fala, gastando seu dinheiro e energias na busca de coisas mundanas. Compreende que seus pensamentos, palavras e ações têm sido mundanos — que não tem feito nada para a glória de Deus ou motivado por verdadeira confiança na obediência ao espírito da Lei de Deus. “Tenho desperdiçado minha vida”, ele lamenta. “Em vez de vencer este mundo, tenho sido vencido por ele. Seu egoísmo, orgulho e materialismo têm me dominado.”
Alguém que vence o mundo rompe claramente com amigos, atividades e hábitos mundanos. Ele decide, à semelhança de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).
Há uma grande diferença entre os desejos do céu em um homem santificado, e em um não santificado. O crente o valoriza [o céu] acima da terra, e prefere estar com Deus do que aqui. Mas para os ímpios, nada parece mais desejável do que este mundo; e, portanto, ele apenas escolhe o céu antes do inferno, mas não antes da terra; e, portanto, não o terá sobre tal escolha. —Richard Baxter
2) O coração daqueles que são renascidos de Deus passa por uma mudança tão radical, que eles se tornam novas criaturas e possuem uma opinião diferente quanto ao pecado, ao mundo, a Cristo e às Escrituras. Odeiam o pecado e anelam fugir dele. Odeiam o que costumavam amar e amam o que costumavam odiar. Anseiam conhecer a Cristo e viver para agradá-Lo. Esse tipo de pessoa, disse o apóstolo João, “vence o mundo”. Nesse sentido, vencer o mundo é um ato completo, que acontece de uma vez por todas. Todo aquele que é nascido de Deus venceu o mundo, afirma João.
Vencemos o mundo porque pertencemos Àquele que venceu, mas também nos empenhamos diariamente para vencer batalhas contra o mundo.
Quando alguém é nascido de novo, ele começa a vencer o mundo. No entanto, o crente ainda é atraído ao mundo por causa do pecado que permanece nele. A Bíblia chama essa atração remanescente de “a carne”. Assim, enquanto temos de nos guardar incontaminados do mundo, como afirma Tiago 1.27, temos de lembrar que nossa “carne” ainda é inclinada ao mundo. Essa é a razão por que o isolar-se do mundo não pode guardar-nos do pecado. Nós, que somos crentes, carregamos um pedaço do mundo dentro de nós.
Uma planta estranha precisa de mais cuidados do que uma planta nativa do solo. Os desejos mundanos, como uma urtiga, crescem por conta própria, mas os desejos espirituais precisam de muito cultivo. —Thomas Manton
Em 1 João 2.16, o apóstolo menciona três maneiras pelas quais somos seduzidos aos caminhos do mundo: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Na força de Cristo, a fé luta contra esses caminhos, a fim de vencer o mundo.
Em primeiro lugar, a fé luta contra a concupiscência da carne. A fé recusa amar o mundo que se deleita em concupiscências da carne. Isso significa resistir a tentações tais como drogas ilícitas, fumar, comer exageradamente e beber em excesso. A Bíblia nos adverte, repetidas vezes, contra esses excessos. Não devemos nos tornar escravos de qualquer coisa física, e sim exercer autocontrole, pois o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Co 6.12; 9.27; 3.17).
Recusar-se a amar o mundo significa guardar-nos a nós mesmos e a nossos filhos das músicas mundanas, festas mundanas, entretenimentos que não edificam, clubes noturnos e tudo que desperta as concupiscências da carne. Temos de perguntar em referência a toda forma de entretenimento: posso orar por isso? Isso glorifica a Deus ou desperta concupiscências da carne? Passa no teste de Filipenses 4.8 — é verdadeiro, justo, puro, amável e de boa fama?
Onde mil são destruídos pelos olhares severos do mundo, dez mil são destruídos pelos sorrisos do mundo. O mundo, como uma sereia, canta para nós e nos afunda. Ele nos beija e nos trai, como Judas; ele nos beija e nos fere sob a quinta costela, como Joabe. As honras, o esplendor, e toda a glória deste mundo, são apenas doces venenos que nos colocarão em perigo se não nos destruírem eternamente. —Thomas Brooks
Em segundo lugar, a fé luta contra a concupiscência dos olhos. Satanás trabalha arduamente para envolver nossos olhos em entretenimentos mundanos. Assim como ele tentou nossos primeiros pais a acreditarem que o Criador estava sendo severo e inflexível, assim também ele cochicha em nossos ouvidos: “Quando foi que Deus disse que você não pode assistir filmes ou shows de televisão que quebram freqüentemente os seus mandamentos? Ele não quer que você saiba o que está acontecendo no mundo? Somente um Deus severo e legalista negaria isso a você”.
Como podemos rogar a Deus que não nos deixe cair em tentação, enquanto continuamos a brincar com a tentação? Como nos adverte Tiago: “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.14-15).
Os olhos são a lâmpada do corpo e as janelas da alma. Por eles entram os desejos. Eva caiu porque viu o fruto proibido. Ló viu as campinas do Jordão e foi armando suas tendas para as bandas de Sodoma. Siquém viu Diná e a seduziu. A mulher de Potifar viu José e tentou deitar-se com ele. Acã viu a capa babilônica e arruinou-se. Davi viu Bate-Seba e adulterou com ela e a espada não se apartou da sua casa. Cuidado com os seus olhos. Se eles o fazem tropeçar, arranque-os, porque é melhor você entrar no céu caolho do que todo o seu corpo ser lançado no inferno. - HDL
Em terceiro lugar, a fé luta contra a soberba da vida. Quão predominante é essa soberba em nosso coração. George Swinnock disse: “A soberba é a veste da alma colocada primeiro e tirada por último”. A soberba da vida inclui:
Orgulho de nós mesmos e de nossas realizações. Por natureza, somos cheios de desejo por auto-satisfação e auto-realização. Vivemos para nós mesmos, promovendo nossa própria sabedoria e realizações.
Orgulho em desafiar o governo providencial de Deus. Seitas, arminianismo etc. Também é o que fazem as tentativas de manipular e destruir a vida, por meio de aborto, eutanásia ou dos métodos artificiais de controle da natalidade — todas essas tentativas se intrometem e usurpam o papel da providência divina.
Orgulho em idolatrar atores de filmes, heróis de esportes, lideres governamentais e outras figuras populares. João condena toda idolatria humana, chamando-a de soberba da vida.
Orgulho do materialismo. Amar as posses, tais como a nossa casa, o nosso carro e as nossas roupas, mais do que a Deus é idolatria, visto que fomenta nossa busca por prazer. Desonestidade nos negócios, evasão de impostos e outros meios antiéticos de aumentar a riqueza pessoal alimentam a soberba da vida. Esta soberba também é alimentada pela inveja ou pelo desejo de ficar rico, às custas de nosso bem-estar espiritual. A soberba da vida envolve jogos de azar, loterias e tudo que impede que os primeiros frutos de nosso labor sejam dedicados ao Senhor.
Orgulho de profanar o Dia do Senhor. Quão arrogante deve ser o pensamento de que não precisamos separar um dia, entre sete, para adorarmos o Senhor e recebermos o alimento espiritual que nos fortalecerá para a semana vindoura.
Salomão foi mais prejudicado por sua riqueza do que por sua sabedoria. De seus prazeres mundanos surgiu tal fogo que consumiu e queimou seus espíritos mais seletos e suas virtudes mais nobres; sob todas as suas vestes reais, ele tinha apenas uma alma surrada.—Thomas Brooks
Os homens mundanos imaginam que exista verdadeira excelência e verdadeira felicidade nas coisas que buscam. Eles pensam que, se pudessem obtê-las, seriam felizes; e quando as obtêm e não conseguem encontrar a felicidade, procuram a felicidade em outra coisa, e ainda estão em busca. Mas Cristo Jesus tem verdadeira excelência, e tão grande excelência que, quando eles vêm para ver, não procuram mais, mas a mente repousa ali.—Jonathan Edwards
A vitória de Jesus, na cruz, foi por você, querido crente. A cruz é também o seu caminho à glória. Quando você se depara com tentação mundana, pergunte-se a si mesmo: “Farei esta grande impiedade contra o meu Senhor e pecarei contra a sua cruz?” Em seguida, confesse, como Paulo: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14).
A fé luta contra esses caminhos de mundanismo. Ajuda-nos, de várias maneiras, a obter vitória sobre todo o poder sutil do mundanismo externo e interno:
1. Crendo em Jesus, o Filho de Deus. João perguntou: “Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.5). Quando nos tornamos crentes, temos uma nova natureza que é diferente do mundo. Nossa mente é iluminada, nossa consciência, vivificada, e nosso coração, despertado. Na prática, isso opera pela fé. Pela fé, cremos que Jesus é o Filho de Deus e vencemos o mundo, por deixarmos de olhar para nós mesmos e nossas fraquezas e olharmos para o poder do Senhor.
2. Purificando o coração por meio de Cristo. 1 João 3.3 afirma que todo aquele que possui a esperança cristã de ser um filho de Deus “a si mesmo se purifica... assim como ele é puro”. A fé é uma planta celestial que não florescerá em um solo impuro. A fé é transformadora. Uma pessoa feia que contempla um objeto bonito permanecerá feia, mas o crente que fixa sua fé em Cristo é transformado à imagem dEle. A fé que contempla um Cristo compassivo produz um coração compassivo. A fé que contempla um Cristo puro produz uma vida de pureza. A fé que contempla um Cristo afligido produz uma aflição santificada. E, de acordo com Richard Cecil: “Uma aflição santificada contribuirá para capacitar o crente a obter a vitória sobre o mundo, mais do que vinte anos de prosperidade e paz”.
Se nada mais separar-me de meus pecados, Senhor, envia-me chaga tão cruel e calamidade tão grande que me despertem do sono mundano. - Robert Murray M'Cheyne
A fé que olha para Cristo compartilha das excelências morais dEle. Quando olhamos para Cristo, as concupiscências do mundo não têm mais domínio sobre nós. O mundanismo é expulso de nosso coração, sua fortaleza suprema.
Cristo venceu o pecado, Satanás e o inferno por nós. Contudo, Ele promete estar em nós para nos purificar. Esse é o segredo de vencer o mundo, pois, conforme João disse: “Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 Jo 4.4).
“A fé vê por trás da cortina dos sensos e contempla o pecado antes de ele se vestir para subir ao palco”, escreveu william Gurnall. A fé vê a feiúra do pecado sem a sua camuflagem.
Fomos libertos da escravidão ao mundo, por meio de Cristo, mas podemos viver como pessoas livres somente se resistirmos às atrações do mundo. E a única maneira de fazer isso é dizermos ao mundo, pela fé: “Tudo que você me oferece é vaidade passageira. Pertenço ao Rei dos Reis, Àquele que triunfou. Ele me dá alegrias consistentes e prazeres duradouros. Ele me prendeu à sua presença e ao seu serviço, como um escravo voluntário”. Quando falhamos em viver de acordo com esse senso de vitória, precisamos ser relembrados das palavras do Salvador: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
3. Vivendo de acordo com o que agrada a Deus. Pela fé, sentimos prazer no que agrada a Deus. E, à medida que nossa fé se torna mais forte, despreza o mundo cada vez mais, e, assim o faz por obedecer aos mandamentos de Deus. Como disse o apóstolo João: “Este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos... porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo” (1 Jo 5.3-4).
4. Vivendo em função do mundo invisível que nos aguarda. A fé se recusa a chamar o mal de bem e o bem de mal. A fé destrói os encantos do mundo; ela vê o mundo como ele realmente é, de modo que o controle do mundo é rompido.
A fé também vê o destino final que está preparado para o mundanismo. Deus amaldiçoa o mundanismo. O apóstolo João nos fala: “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2.17). Os melhores prazeres do mundo são momentâneos. O mundo é a nossa passagem, e não nossa recompensa. Como nos diz Hebreus 9.27: “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).
Em Gálatas 6.14, Paulo disse: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”. Paulo estava dizendo que a cruz de Jesus Cristo era tão poderosa que tornava o mundo completamente indesejável para ele. O mundo perdera o seu brilho para Paulo e se tornara completamente detestável por causa de Cristo e da glória futura.
Devemos ouvir sermões, saturar nossa alma com as Escrituras, ler bons livros que nos fazem sábios para a salvação e orar sem ces- sar. Precisamos ter comunhão com os irmãos em Cristo e guardar o Dia do Senhor; evangelizar os incrédulos e servir aos outros.
Temos de ser bons mordomos de nosso tempo, lembrando sempre, como disse Thomas Manton: “Um crente carnal não é um crente, e sim uma carcaça de crente, [pois] se não matarmos o amor ao mundo, o mundo nos matará”.
Uma fé que não usa diligentemente os meios de Deus para o combate não é fé, de maneira alguma, visto que não nos muda a partir de nosso íntimo. Quando Deus e os outros não podem ver uma diferença em nossa vida, depois de havermos nos movido da incredulidade à fé, a nossa fé não é genuína.
Se J. C. Ryle escreveu, no século XIX: “O mundanismo é a praga peculiar do cristianismo, em nossa época”, quanto mais deveríamos nós atentar a isso em nossos dias. Muitos dos que se dizem cristãos em nossos dias pensam e agem como o mundo. Talvez tenham boa moralidade, mas Cristo não é o foco de suas vidas. Sentem-se à vontade neste mundo e falham em ter um compromisso fervoroso com Cristo e sua Grande Comissão. Esquecem isto: quando o homem mundano pensa que venceu o mundo, o mundo já o venceu. Assim, ele não é mais sal e luz no mundo e demonstra claramente que, de maneira alguma, é nascido de novo.
Volte ao Senhor: Atentemos a estas palavras de Thomas Guthrie: “Se você percebe que ama qualquer deleite mais do que a oração, qualquer livro mais do que a Bíblia, qualquer casa mais do que a casa de Deus, qualquer ceia mais do que a Ceia do Senhor, qualquer pessoa mais do que a Cristo, qualquer satisfação mais do que a esperança do céu — fique alarmado!”
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