Favoritismo, o pecado da discriminação - Tg 2.1-13

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Introdução

Estamos numa série de sermões chamada Cristianismo Prático, a sabedoria de Tiago para o dia a dia.
Tiago vai nos desafiar a considerar que ser cristão não é somente pensar, refletir e deliberar a partir da teologia cristã ou de confissões de fé históricas, como temos aqui na igreja.
Ser cristão nos leva a uma dimensão prática, a um tipo de vida que encarnamos nesse mundo de Deus.
Onde constantemente, revisitamos nossas práticas para alinha-las as escrituras.
Sendo assim, quero refletir hoje, sobre o favoritismo, o pecado da discriminação.
Tg 2.1-13 - leitura.
A tese inicial de Tiago é indiscutível e de fácil assimilação.
James 2:1 NVI
Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade.
Se temos fé em Cristo, e somos chamados a vive-la de forma prática, a discriminação não é uma atitude compatível com aqueles que creem em Jesus.
A palavra que podemos entender por discriminação é a palavra diferença, que no grego traz consigo essa ideia.
Expressão literalmente: “Receber o rosto” é fazer julgamentos e estabelecer diferenças baseadas em considerações externas, tais como aparência física, status social ou raça.
Veja que o favoritismo, a discriminação não são problemas novos, das sociedades modernas, do avanço do capitalismo, das desigualdades das grandes cidades.
A discriminação é um problema do coração, é pecado.
Tiago nos traz um exemplo para entendermos melhor seu argumento.
James 2:2–3 NVI
2 Suponham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro e roupas finas, e também entre um pobre com roupas velhas e sujas. 3 Se vocês derem atenção especial ao homem que está vestido com roupas finas e disserem: “Aqui está um lugar apropriado para o senhor”, mas disserem ao pobre: “Você, fique em pé ali”, ou: “Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés”,
Essa cena não pode ser comum na igreja.
Mas em quantos ambientes somos culturalmente induzidos a preferir aqueles que aparentemente demonstram ter prestígio, e nos afastar até mesmo nos proteger, daqueles que externamente demonstram sua pobreza.
Diante dessa situação, seja principalmente no culto da igreja ou em qualquer lugar, Tiago diz que há algo de errado em nossa fé se agirmos assim.
James 2:4 NVI
não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados?
Se nós, agirmos com favoritismo, escolhendo para perto de nós e tratando com honra pessoas por causa da classe social favorável, nível intelectual alto e rede de influência importante.
E discriminarmos pessoas por sua classe social baixa, etnia, cor de pele, por serem difíceis de se relacionar.
Estamos caindo em contradição, pois estamos julgando com critérios errados, mundanos e malignos.
Esse tema é importante a nós hoje, pois como eu disse, a sociedade funciona e se constrói baseada no que as pessoas tem ou deixam de ter.
Pouco paramos para pensar que tratarmos as pessoas com base em favoritismo, muito menos, paramos para considerar que isso é pecado.
Nossa relação não se baseia em critérios econômicos, etários, de educação, de conhecimento teológico ou qualquer outro critério.
Essa cultura é tão forte que muitas vezes chamamos isso de discriminação ou preconceito estrutural, como se nada pudesse resolver o problema.
Mas Tiago diz que somos nós que fazemos distinção, somos nós que preferimos uns e desprezamos outros.
Somos nós que ao nos organizarmos em sociedade ou organizações da sociedade civil, queremos definir quem anda com a gente ou não, e o fazemos com base em critérios maus, errados, e falhos.
Dias atrás eu tive de ir em Campinas - SP, e a cia aérea divide o embarque por exemplo, por critérios econômicos, e eles falam isso descaradamente.
Os primeiros a entrar são os clientes especiais, depois os VIPS, em seguida, os que possuem cartões black, depois os clientes de milhas e clubes de pontuação, e por fim, o povão, cuja a roupa demonstra sua classe econômica.
Por que o favoritismo, é o pecado da discriminação e deve ser abandonado?
Tiago vai dar três razões:

Uma razão teológica:

James 2:5 NVI
Ouçam, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam?
Porque Deus não escolhe a partir dos critérios humanos, Deus não escolhe favorecendo aquele que é rico, e excluindo aquele de pouca posse, como vimos no exemplo de Tiago.
E isso depõe contra nós de maneira gritante, pois podemos nos perguntar.
Se Deus escolhesse a partir dos nossos critérios, seriamos nós escolhidos?
Nós sempre temos os nossos critérios lá em cima, começamos do alto, do melhor, do maior, do mais proeminente, influente, poderoso.
Deus, porém, com sua misericórdia e por não depender da qualidade do ser humano, começa em outro lugar, embaixo, junto aos pobres.
Elegeu um povo de escravos para fazer uma aliança.
Do seu lugar escondido atrás do rebanho chamou alguém de quem ninguém se lembrava para ser o mais importante rei de seu povo.
Uma moça insignificante de Nazaré, a mais inexpressiva das cidades, foi transformada por ele em mãe do Filho unigênito de Deus.
1 Corinthians 1:26–27 NVI
Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu o que para o mundo é loucura para envergonhar os sábios, e escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte.
Essa não é uma teologia que defende que Deus prefere o pobre em detrimento do Rico, mas sim demonstrando que Deus age diferente de nós.
A salvação não é comprada nem merecida (Ef 1.4–7; 2.8–10). Deus ignora diferenças nacionais (salvou Cornélio).
Ele ignora diferenças sociais (salva senhores e escravos: Filemom e Onésimo).
A escolha divina não está baseada no que a pessoa tem (1Co 1.26,27).
É possível uma pessoa ser pobre neste mundo e rica no vindouro. Ser rica neste mundo e pobre no vindouro (lembremos de Lázaro e o Rico).
Devemos tratar as pessoas como Deus as trata, e não de acordo com o seu status social.

Uma razão lógica:

James 2:6–7 NVI
Mas vocês têm desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles os que os arrastam para os tribunais? Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado?
Tiago faz algumas perguntas retóricas que nos revelam muita coisa sobre a situação em que se encontravam os cristãos judeus.
Primeira, os ricos e poderosos estavam perseguindo os cristãos e entregando-os às autoridades (2.6).
Segunda, os ricos e poderosos blasfemando o nome de Cristo (2.7).
As entrelinhas nos dizem que os pobres não estavam participando desse tipo de perseguição.
Por isso, mostrar um favoritismo indiscriminado pelos ricos e tratar mal os pobres não fazia nenhum sentido!
Vai contra a fé no Deus que nos chamou em Cristo Jesus.

Uma razão Bíblica:

James 2:8–11 NVI
Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, estarão agindo corretamente. Mas se tratarem os outros com parcialidade, estarão cometendo pecado e serão condenados pela Lei como transgressores. Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente. Pois aquele que disse: “Não adulterarás”, também disse: “Não matarás”. Se você não comete adultério, mas comete assassinato, torna-se transgressor da Lei.
Por fim, Tiago coloca seus leitores de frente com as Escrituras, que excluem todo tipo de discriminação.
O texto que ele cita é extraído de Levítico 19.18
Leviticus 19:18 NVI
“Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.
Será que isso lembra alguma coisa? Os leitores de Tiago haveriam de reconhecer de imediato essas palavras — um versículo do Antigo Testamento que Jesus usou em seus próprios ensinos citando Lv 19.18).
Cristo referiu-se a esse mandamento como o segundo dos dois mais importantes, vindo depois de amar a Deus com todo o coração, alma, entendimento e forças (Mc 12.29-31).
Fazendo referência ao segundo grande mandamento, Paulo diz que nele se resumem todos os outros mandamentos da lei de Moisés.
Galatians 5:14 NVI
Toda a Lei se resume num só mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”.
A essência da lei de Deus é o amor ao próximo como a nós mesmos. O amor é o cumprimento de toda a lei. Amar é tratar as pessoas como Deus nos trata.
Quem não ama é transgressor da lei. E se tropeçarmos em um único ponto, somos culpados da lei inteira (2.10).
James 2:12–13 NVI
12 Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade; 13 porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo!
Muitas vezes, os cristãos são julgados por falarem de amor, mas não amar efetivamente, e por vezes a sociedade ao nosso redor não fala sem razão contra nós.
Por vezes, a igreja é acusada de ferir as pessoas, de magoá-las, e nem sempre isso acontece porque as pessoas são hipersensíveis.
Mas porque somos maus e discriminamos, criamos grupos fechados, criamos partidos dentro da comunidade.
Talvez seja oportuno fazermos a nós mesmos algumas perguntas:
Somos mais cordiais com membros de nossa própria raça do que com indivíduos de outras raças?
Damos mais atenção aos jovens do que aos idosos?
Somos mais amigáveis com pessoas de boa aparência do que com pessoas de aparência comum?
Mostramo-nos mais desejosos de fazer amizade com pessoas proeminentes do que com aquelas comparativamente desconhecidas?
Evitamos indivíduos com enfermidades ou deficiências físicas e procuramos a companhia de gente forte e saudável?
Preferimos os ricos aos pobres?
Tratamos os estrangeiros com frieza?
Em nossa mesa, recebemos todo o tipo de pessoas na comunidade, ou temos nossos preferidos?
Tiago está nos dizendo que não basta dizermos que somos seguidores de Cristo, repetir seus ensinos, e viver divorciado na prática destas verdades.
O cristão não vive debaixo do medo da lei, mas na alegria dos preceitos de Deus.
Enquanto fica dentro dos limites da lei de Deus, ele experimenta completa liberdade, mas, no momento em que ultrapassa um desses limites, torna-se escravo do pecado e perde sua liberdade.
O cristão, portanto, avalia cada palavra que fala e cada ato que realiza tendo como medida a lei de Deus. Sua vida toda é governada pela lei do amor.
O próprio Deus é aquele que prefere a misericórdia e a faz triunfar sobre o juízo.
Micah 7:18 NVI
18 Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu, que não permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor.
Tiago nos confronta sobre o problema do favoritismo, declarando que é discriminação, e isso é pecado.
Ele nos chama a perverter a lógica do mundo, vivendo a partir da lógica de Cristo, o amor.
Se queremos ser uma comunidade onde todo o tipo de gente é bem-vinda, nossa maneira de receber não pode ser com base em critérios errados, mas com base na graça e no amor.
Por que fomos acolhidos por Cristo com base em seu amor e sua graça, não havia nada em nos que o fez nos chamar a sua graça.
Mas só conseguimos ser esse tipo de comunidade, que vive a partir do amor e não do favoritismo e discriminação, se entendermos a lógica do evangelho.
Deus deveria nos tratar com justiça, nos punir, nos condenar por causa dos nossos pecados, mas ele decidiu agir em nosso favor com misericórdia.
Ele despejou sua ira sobre Jesus, para que nós recebemos sua misericórdia, graça e amor.
Portanto, quando Tiago nos chama a viver a partir do evangelho, que é a lei da liberdade, ou a lei do reino que é o amor.
Ele não nos diz pra vivermos com base na justiça, dando aos outros o que eles merecem, mas oferecendo a eles mais do que merecem, pois foi dessa forma que Deus nos tratou.
Pode ser, que recebamos pessoas más que venham nos ferir, pessoas rudes que não queiram se relacionar.
Devemos nos relacionar com elas na medida da graça e da misericórdia, afinal, a igreja é o contraponto desse mundo que vive suas relações com base em critérios errados.
Mas por causa de Cristo em nós, podemos oferecer relações de amor e graça, relações transformadoras, porque em Cristo fomos transformados.
SDG
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