Vale o escrito

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Introdução

Nós defendemos tudo que para nós é precioso. Uma mãe e um pai defendem um filho quando o mesmo é atacado. Um trabalhador defende o seu emprego. Um torcedor defende o seu time, um exército o seu país… E o cristão, o que ele defende? O cristão defende o evangelho!
Por isso, eu te pergunto, você está disposto a defender o evangelho? Você estaria disposto a viver, e até mesmo morrer pelo evangelho?
Defendemos tudo que valorizamos. Tudo que valorizamos, consequentemente damos demonstrações práticas que aquilo nos é valioso. Quer saber o que você de fato valoriza? Pense nas coisas que quando são atacadas o criticadas provocam algo em você, que dá vontade de você logo sair em defesa. Olhe também para sua agenda, para sua conta bancária e fatura de cartão de crédito. Tudo que é valioso para nós, defendemos, dedicamos tempo e dinheiro. De certa forma, vivemos para tudo que valorizamos. Logo, a pergunta que devemos fazer é, para que eu vivo?
Nesse texto vemos Paulo dando sequência a sua biografia, não afim de se promover, mas defender o evangelho a partir do fato que o seu apostolado era legítimo. E porque Paulo faz isso? Porque o evangelho é valioso para ele. Como cristãos somos chamados não somente a conhever o evangelho (intelecto), mas também a recebê-lo (coração-encarnar), mas também a defender o evangelho. É isso que aprendemos aqui nesse texto, quando falsos mestres tentavam atacar o evangelho pregando um outro evangelho.
Neste texto vemos Paulo fazer a sua defesa pelo evangelho a partir de três pilares fundamentais.

Liberdade (v.1-5)

Gálatas 2.1–5 NAA
1 Catorze anos depois, fui outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também Tito. 2 Fui em obediência a uma revelação. E lhes apresentei o evangelho que prego entre os gentios — mas fiz isso em particular aos que pareciam de maior influência —, para não correr ou ter corrido em vão. 3 Mas, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a submeter-se à circuncisão. 4 E isto surgiu por causa dos falsos irmãos que se haviam infiltrado para espreitar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão. 5 A esses não nos submetemos por um instante sequer, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vocês.
Paulo comecá falando que esteve em Jerusalém catorze anos depois por conta de uma revelação. Que revelação foi essa? Um homem chamdo Ágabo, que tinha o dom de profetizar, predisse uma grande fome que atingiria principalemnte a região da Judéia. As igrejas da Judéia eram compostas majoritariamente por judeus convertidos ao evangelho, e Paulo vai até lá para levar ofertas levantadas pelos crentes das igrejas gentílicas (estrangeiras). Ao chegar lá, o que ele faz? Paulo junta os mais influnetes da igreja, os que ensinavam, os pastores e expôs o evangelho. Por que Paulo fez isso? Para defender o evangelho, uma vez que falsos irmãos estavam se infiltrando na igreja da judéia para espionar a liberdade dos cristãos. O que ocorria com isso? A partir desses falsos ensinos, a minoria gentílica na igreja da Judéia se via obrigada a obedecer a lei judaica para serem aceitos na igreja de Cristo, especialmente a circuncisão.
Por isso de forma muito didática Paulo leva consigo Tito e Barnabé para ilustrar a liberdade que temos em Cristo e o que de fato nos torna aceitáveis diante de Deus. Tito um grego não circuncidado, e Barnabé um judeu circuncidado, porém ambos irmãos em Cristo, igualmente crentes por um único motivo: Jesus.
Então, se defender a liberdade do evangelho é tão importante, como fazemos isso nos dias de hoje, uma vez que não enfrentamos o problema da ameaça judaizante (ou pelo moenos não deveria ser nosso problema)?
Primeiramente, devemos entende que o evangelho é a doutrina central das Escrituras. Errar na pregação é errar no que é essencial. Não podemos ser ingênuos de achar que todo pregador prega o evangelho. Isso não ocorria naquela época, como não aconteceria hoje?
Se erramos no evangelho, erramos em tudo mais!
Sendo assim, o evangelho tem que ser defendido, não apenas entendido e recebido. relativizar o evangelho para agradar a audiência não é um gesto de humildade, mas sim um desprezo pelo que para Deus é central. Da mesma forma, tolerar um falso evangelho por supostos irmãos, é um desrespeito para com o próprio Deus.
Como a liberdade do evangelho é atacada nos dias atuais?
Quando o legalismo se infiltra em nosso meio, quando qualquer tipo de acréscimo para obtenção do favor de Deus. Talvez você identifique claramente em alguns contextos do evangelicalismo brasileiro através de grupos que promovem campanhas de sete dias, copo dágua, corrente de milagres… Mas essa ameaça é muito mais sutil do que você pode imaginar.
Podemos definir legalismo como trabalhar em nosso próprio poder de acordo com nossas próprias regras, em última, para ganhar o favor de Deus. Os judaizantes estavam advogando por coisas “boas”, o que é por que rotulamos suas ações como comportamento correto com crença errada. A circuncisão era importante na vida judaica, além de uma variedade de outras leis estabelecidas para o povo de Israel. Como parte da Palavra de Deus, nenhuma das leis do Antigo Testamento era ruim em si mesma. Mas as leis tornam-se legalistas quando acompanhadas pela crença de que ao fazê-las, ao realizar esses atos, pode-se ganhar mérito diante de Deus.
Hoje, nosso problema pode não ser a circuncisão ou a lei judaica, mas há uma série de coisas que podemos fazer que caem nessa categoria de comportamento correto com crença errada: a nossa ideologia política, a nossa cultura, determinados estilos de vida, iobras de caridade e determinadas causas, ajudar outras pessoas, e até mesmo a nossa tradição denominacional. Todas essas são coisas boas, mas quando as fazemos pensando que estamos ganhando o favor de Deus, estamos nos tornando legalistas. Todos nós temos essa tendência; todos somos legalistas em recuperação. Todos nascemos com uma natureza pecaminosa, pensando que podemos ganhar nosso caminho até Deus; essa mentalidade legalista continua mesmo após a conversão. Portanto, as palavras de Paulo devem servir como um aviso para os cristãos que professam. Devemos fugir desse tipo de legalismo.
Eu não obedeço a Lei para conquistar Deus ou para cooperar com a minha salvação ou a salvação dos meus filhos. Eu obedeço, ou tento obedecer (nossa obediência sempre será imperfeita), porque eu fui consquistado e salvo por Deus em Cristo Jesus. Essa é a liberdade do evangelho, eu não vivo me matando por um desempenho que conquiste o Senhor, mas vivo adorando ao Senhor, porque mesmo sem merecer, Jesus resolveu me amar, me salvar e me abençoar com toda sorte de bênçãos nas regiões celestiais.
Osegundo aspecto que Paulo defende após a liberdade é a missão do evangelho.

Missão (v.6-8)

Gálatas 2.6–8 NAA
6 E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa — o que eles foram, no passado, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem —, esses, digo, que pareciam ser de maior influência, nada me acrescentaram. 7 Pelo contrário, quando viram que me havia sido confiado o evangelho da incircuncisão, assim como a Pedro foi confiado o evangelho da circuncisão 8 — pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios —
Paulo diz que aqueles de maior influência, nada acrescentaram a ele. Paulo se referia aos apóstolos que estavam na igreja da Judéia. Paulo parece arrogante, não? Mas entenda, Paulo não está desprezando o ensino nos apóstolos, pelo contrário, ele está enfatizando que nada foi acrescentado ao evangelho. Que o seu ensino não vinha dele mesmo, mas que sua mensagem era a mesma pregada pelos apóstolos, sem acréscimos ou subtrações.
Paulo foi chamado aos gentios, enquanto Pedro pregou aos judeus, ambos tinham públicos diferentes mas uma mesma mensagem. Estilos diferentes, formas diferentes de entregar a mensagem mas sem mudar o conteúdo. O que isso nos ensina? Nos ensina sobre contextualização. O que é contextualização? É entender a realidade de quem recebe e adaptar a entrega sem mexer no conteúdo, sem acrescentar ou subtrair nada da obra redentora de Jesus. O evangelho é uma boa notícia para uma má notícia. A má notícia de que mesmo diante da bondade de Deus na criação o homem preferiu se afastar de Deus e por consequência desse pecado estamos separados de Deus, mortos espiritualmente, morreremos fisicamente e consequentemente eternamente. Pior, nada que o homem faça é capaz de resolver esse problema, o próprio Deus avisou o homem sobre isso, e Ele sendo justo não poderia trair com a sua própria lei. Mas esse mesmo Deus que é justo, também é amor, e resolveu o problema em Jesus, vindo até nós e vivendo de forma perfeita e morrendo em nosso lugar. Esse mesmo Jesus que morre, vence a morte no terceiro dia, e quando o recebemos nós somos aceitos e salvos por Deus pelos méritos de Jesus. É isso, todo restante são desdobramentos práticos dessa realidade. Essa é a verdade que não pode ser acrescentada nem subtraída. Subtrair a má notícia, por exemplo é perder o evangelho. Da mesma forma adicionar mais alguma coisa a obra de Cristo é da mesma forma perder o evangelho (pegadinha, a pessoa aceita o “evangelho”mas só descobre depois da realidade do pecado, por exemplo). Mas isso não significa que essa mensagem não pode ser contextualizada. Paulo age diferente com Tito e Timóteo sobre o mesmo tema da circuncisão.
Como se aplica hoje?
Fuja dos extremos. Primeiro, a hipercontextualização - altera a mensagem para agradar os ouvintes, torná-la palatável ao homem moderno. Por exemplo subtrair a realidade do pecado para não tornar ofensiva ao pecador que precisa de arrependimento (as vezes mudando a palavra pecado por um sinônimo muito mais leve dando a entender que não é algo tão grave assim). Da mesma forma não alertando sobre a realidade da morte eterna oferecendo uma vida abundante aqui na terra somente. Para outros nunca falar sobre os milagres por exemplo, para não desagradar o homem cético e racional.
Do outro lado, vemos aqueles que nunca contextualizam, não toleram qualquer adaptação a entrega da mensagem. Usam a mesma roupa, o mesmo vocabulário, independente do contexto e da cultura (usa termos em que uma conversa normal ele não usa, ou pelo menos as pessoas para quem ele fala nunca usam). Esse pensamento aponta para dois problemas: Perde-se as oportunidades para a pregação e deixamos de criar pontes com o coração dos ouvintes. Perdemos a missão, logo defender o evangelho é defender a missão. O evangelho existe com um propósito missional, e preservar o seu conteúdo mas ignorar o seu aspecto missonal é inultilizá-lo.
Precisamos nos preocupar em nos aproximar do mundo dos ouvintes, caso contrário nos tornamos legalistas. Por que quando não fazemos isso comunicamos o seguinte: Se eles não se conformarem primeiramente às nossas tradições humanas, nossas ideologias, estilo de vida, nossas preferências culturais e até mesmo denominacionais, eles não serão aceitos por Deus. Todo conselho de Deus são como tijolos, que devem nos levar a construir um alicerce para tudo na nossa vida, mas essa obra não temina nessa base, existe mais uma edificação. E por vezes construímos muros enquanto Deus nos manda construir pontes.
Esses dois extremos não são bíblbicas. Jesus é o maior exemplo de contextualização, ele sendo Deus se fez homem, sendo todo poderoso demonstrou fraqueza, sendo rico se fez pobre, mas nunca relativizou a sua mensagem. No seu ministério ensinou com eloquência aos sábios do seu tempo, mas também falou de forma simples a homens simples, fez analogias com a realidade de pescadores e agricultores, e também a uma mulher pecadora que buscava saciar sua sede em um poço. Existem várias formas de evangelização, mas só existe um evangelho.
Por último, Paulo faz a defeza de um terceiro pilar, a unidade.
Unidade (v.9-10)
Gálatas 2.9–10 NAA
9 e, quando reconheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, estenderam a mim e a Barnabé a mão direita da comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios e eles fossem para a circuncisão. 10 Somente recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer.
Paulo encerra falando de um aspecto fundamental, a unidade, mesmo em meio a diversidade. Que a partir da compreensão da graça, Tiago, Cefas e João estenderam a destra da comunhão a Paulo e a Barnabé para que o ministério deles fosse eficaz para os gentios assim como eles foram eficazes com os judeus. Depois eles fazem uma outra recomendação relacionado a unidade do evangelho: lembrem-se dos pobres. Tim Keller comentando esse trecho, diz que esse apelo é feito por uma motivação particular e também geral.
A motivação particular era a situaçào difícil dos irmãos da Judéia conforme mencionamos no início. A motivação geral é que sim, o cuidado com os pobres é uma ênfase constante das Escrituras. Isso não é uma pauta ideológica, embora muitas ideologias tentem sequestrar essa pauta, e erroneamente muitos cristãos por medo de associação ideológica ignoram ou até mesmo combatem esse tema. A quem você tem sido mais fiel?
Jesus é a perfeita ilustração do cuidado com os pobres. Ele abandonou seu trono de glória para viver com pobres e pecadores. Ele abandonou a adoração dos anjos para ser cruscificado para salvação dos falidos espirituais. Em outras palavras, Paulo está defendendo a unidade do evangelho a partir do que é essencial e em sua missão. Da mesma forma, demonstramos de forma prática essa unidade de forma financeira. Fazemos isso localmente e globalmente. Sim, generosidade e fidelidade na mordomia financeira é uma expressão de unidade no evangelho. Todos contribuem proporcionalmente com a sua relaidade para que a igreja seja edificada localmente e também cuide daquelas que estão em outros lugares e não conseguem se manter (igrejas franquias).
Como defendemos a unidade do evangelho hoje?
Sendo generosos - endendimento que somos parte de uma comunidade que se une em torno de uma mensagem e uma missão,e somos cooperadores.
Sendo acolhedores - recebendo pessoas de culturas e histórias diferentes uma vez que somos unidos por algo maior. Na mesma proporção que compreendemos nossa unidade com Deus, devemos estender a destra da comunhão a todos que Deus igualmente salvou, mesmo que essas pessoas venham de uma cultura diferente da nossa. A quem você tem estendido a destra da comunhão?
Investindo em missões - Amo ser parte da Atos 29 por isso, podemos investir em igrejas diferentes, de tradiçòes diferntes mas que não abrem mão do que é essencial.
Lembrem se dos pobres - Porque devemos estender a mão aos mais necessitados? Por que a nossa oferta é uma ilustraçào do evangelho! O pão que damos não é o evangelho, mas ele aponta para o pão que desceu do céu para nos salvar.

Conclusão

Ao refletirmos sobre a defesa apaixonada de Paulo pelo evangelho em Gálatas 2.1-10, somos convidados a considerar o valor inestimável da liberdade, da missão e da unidade que temos em Cristo. Paulo, inspirado por um compromisso inabalável com a verdade do evangelho, nos mostra que defender aquilo que valorizamos não é apenas uma escolha, mas um imperativo para todo cristão.
A liberdade que temos em Cristo não é uma licença para a complacência, mas sim um chamado para vivermos de maneira autêntica e transformadora, longe das cadeias do legalismo. A missão do evangelho, confiada a cada um de nós, exige uma proclamação fiel e uma contextualização cuidadosa, para que a mensagem da cruz ressoe em cada coração e cultura. E a unidade do corpo de Cristo, em sua gloriosa diversidade, é um testemunho poderoso do amor de Deus, chamando-nos a estender a mão da comunhão a todos, sem exceção.
Mas como aplicamos essas verdades em nossas vidas hoje? Começa com a compreensão de que somos guardiões do tesouro do evangelho. Isso significa viver de maneira que reflita a graça e a verdade de Cristo, investindo nosso tempo, recursos e talentos na obra do Reino. Significa também estar pronto para defender a verdade do evangelho, não apenas com palavras, mas através de uma vida de fé genuína e ações que demonstrem o amor de Cristo aos que estão ao nosso redor.
Defender o evangelho é, em última análise, viver em Deus e para Deus. É mostrar ao mundo que o que temos em Cristo é tão precioso que dedicamos nossas vidas a ele. Que possamos, como Paulo, ser inabaláveis em nossa defesa do evangelho, pois ao fazê-lo, não estamos apenas protegendo uma doutrina, mas assegurando que a esperança viva de Jesus Cristo continue a transformar corações e vidas em todo o mundo.
Que o Senhor nos fortaleça na missão de levar adiante o evangelho da liberdade, da missão e da unidade, para a glória de Deus Pai, através do poder do Espírito Santo. Amém.
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