BARRABÁS
Semana Santa - O Drama da Paixão • Sermon • Submitted • Presented
0 ratings
· 15 viewsNotes
Transcript
BARRABÁS
Jesus Cristo, nosso Substituto
Texto – Marcos 15:6-15
INTRODUÇÃO
Um artigo altamente incomum foi publicado pela prestigiada revista da Associação Médica Americana, em que um grupo de médicos da famosa Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, descreve a interpretação médica da morte de Jesus Cristo. Os clínicos cuidadosamente analisaram os aspectos físicos que cercaram a paixão do Senhor, incluindo Seu suor de sangue no Getsêmani e os detalhes mais minuciosos dos efeitos dos açoites e da crucifixão.
Nas palavras desses profissionais: “Os severos açoites, com sua dor intensa e considerável perda de sangue, provavelmente deixaram Jesus num pré-estado de choque. O abuso físico e mental infligido pelos judeus e romanos e a falta de alimento, água e sono também contribuíram para Sua debilitação geral. Portanto, mesmo antes da crucifixão, a condição física de Jesus era no mínimo séria e possivelmente crítica […]. O maior efeito físico-patológico da crucifixão, além da dor excruciante, foi uma assinalada interferência na respiração normal […]. Uma arritmia cardíaca fatal pode ter sido responsável pelo catastrófico evento terminal.”
Sem dúvida, um relatório assim chega a nos comover. Contudo, é a bíblia, não a medicina, que provê a chave da revelação do que ocorreu na cruz. No Calvário, Jesus não morre como um mártir, vítima de meras causas físicas, das intrigas do sistema religioso de Seus dias ou da crueldade da máquina romana. Ele morre como substituto de Barrabás. Jesus morre na cruz, mas não da cruz. VAMOS LER MARCOS 15:6-15.
I – POR QUE BARRABÁS FOI ESCOLHIDO?
Os quatro evangelhos fazem referência a Barrabás, uma figura misteriosa que surge em conexão com o julgamento de Cristo. Prisioneiro, ele aguardava a execução. Pelo menos três acusações pesam sobre Barrabás – rebelião contra Roma, assalto e assassinato. Desejando libertar Jesus, talvez influenciado pela mensagem de sua esposa, Pilatos sugere uma escolha entre os dois: Jesus ou Barrabás? Para surpresa de Pilatos, Barrabás é escolhido pela Multidão: “Solte-nos Barrabás”, eles gritaram.
Barrabás era judeu, possivelmente criado na tradição judaica. Deve ter sido ensinado a guardar o sábado de um pôr-do-sol a outro. Seguia um restrito regime alimentar, abstendo-se tudo que era imundo. Seu nome é a junção de duas palavras, “Bar Abba”, significa “filho do pai”. A história de Barrabás é a história da salvação por meio da morte de Jesus. Como ele, todos nós, filhos do pai Adão, somos culpados de rebelião e sedição contra Deus, ladrões de Sua glória, assassinos de nós próprios e de outros, e prisioneiros do pecado.
Qual é a razão para uma escolha como essa? Qual a razão de escolherem Barrabás? Os líderes religiosos daquele tempo sabiam que poderiam prender Barrabás novamente, quando necessário. Mas como poderiam silenciar alguém como Jesus? Como parar um Homem que, sem qualquer arma, representava um perigo revolucionário capaz de transformar o judaísmo e todo o império Romano? O que fariam com Alguém cujas armas eram Suas novas ideias sobre Deus e as pessoas, capazes de explodir as velhas tradições religiosas? Barrabás poderia explorar seus conterrâneos, matar seus patrícios, roubar as pessoas e se rebelar contra Roma, mas ele não ameaçava governar a vida de ninguém. Por outro lado, Jesus apresentou um reino que governa de dentro para fora. Sem imposição, sem obrigar ninguém, Ele conduz as pessoas a uma lealdade tão grande que seus seguidores darão a vida por Ele.
II – A SUBSTITUIÇÃO NA BÍBLIA
Vemos na história de Barrabás e Jesus o tema da substituição. Deus de fato precisava de algum tipo de substituição para a penalidade dos pecados da humanidade? O que significa substituição? Nesse contexto, substituição significa que Alguém toma o lugar de outra pessoa a fim de levar sua punição com o propósito de salvá-la.
A Bíblia apoia o conceito de morte substitutiva? A resposta é sim. A substituição ocorreu no caso de Abraão. Quando ele estava no Monte Moriá para sacrificar seu filho Isaque, “Abraão pegou o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho” (Gn 22:13). Na narrativa da páscoa, a vida foi poupada por substituição. Mas os únicos primogênitos do sexo masculino poupados foram aqueles cujas famílias sacrificaram um cordeiro e colocaram seu sangue nas ombreiras das portas (Êx 12:7, 13). Todo o sistema sacrifical tinha por base a substituição. Como a penalidade para o pecado é a morte, o animal substituto era morto, poupando assim a vida do pecador (Lv 17:11).
Voltando ao novo testamento, observamos que João Batista identificou Jesus como “O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Paulo declarou: “Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado” (1Co 5:7). Na carta aos Efésios, o apóstolo foi claro: “Cristo nos amou e Se entregou por nós, como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Ef 5:2). Já em Romanos, ele afirmou que Deus provou Seu amor “Pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8). A Bíblia está cheia de substituições. (Para mais exemplos, veja Is 53:12; Mc 10:45; 2Co 5:14; 1Tm 2:6; Hb 9:28; 1Pe 2:24). Hebreus coroa esse tópico com a declaração indiscutível, embora frequentemente ignorada, de que “Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9:22). Que sangue? Não pode ser o sangue de animais, “Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10:4). Portanto, tem que ser o sangue de Cristo.
III – JESUS CRISTO, NOSSO SUBSTITUTO
VAMOS LER 2 CORÍNTIOS 5:21. Esse é o um dos meus textos preferidos das Escrituras. Nele encontramos um sumário da doutrina da salvação. Encenações sobre a paixão de Jesus, filmes sobre esse tema ou mesmo milhares de sermões colocam toda ênfase nos sofrimentos físicos de Cristo, como se esse fosse o elemento central da cruz. A agonia experimentada por Jesus não tem que ver primariamente com mera tortura física. Jesus Cristo morreu na cruz, mas não da cruz. Ele agonizou e morreu sob a condenação do pecado. Sobre Ele, como nosso substituto, foi colocado todo o pecado da humanidade.
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), morte eterna. Jesus pendeu na cruz como nosso substituto. Ele recebeu a condenação que merecíamos. Ele sofreu os horrores da segunda morte sozinho, abandonado por Deus, declarado pecado por nós. Ele experimentou aquilo que os pecadores perdidos e os demônios vão experimentar no juízo executivo. Na queda, Adão, o nosso representante, condenou raça humana. “Por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos” (Rm 5:18). Isso significa morte e condenação.
No primeiro Adão, fomos infectados, expulsos do Éden, e a morte passou a todos (Rm 5:12). Mas Jesus Cristo é nosso substituto. Substituição não significa transferência do caráter moral do pecado para Ele. Não significa que Jesus se tornou moralmente pecaminoso ou culpado. Jesus é declarado pecado. O que isso significa é que a sentença do pecador é cancelada, porque a dívida foi atribuída a Cristo e paga por Ele. Ao ser declarado pecado, Jesus tinha pecado sobre Ele, mas não nEle. Da mesma forma, quando O aceitamos e somos declarados justos, temos justiça sobre nós, mas não em nós.
A Ele é atribuído o pecado de todos. Isso é o que parte Seu coração, em horror e agonia. Como já vimos, quando você O vê sangrando, despido e abandonado na cruz, e pergunta “quem é Esse?”, é tentado a responder: “Esse é o Filho de Deus.” Mas essa resposta é um engano. Na realidade, ali está você, na pessoa de Seu representante. Na cruz, Cristo tem nossa face. Os espinhos, símbolo de maldição (Gn 3:18), colocados sobre Ele, na forma de uma coroa, representam a maldição que nos pertencia. Mas isso não é tudo: Ele morreu pelo pecado, para que nós, pelo Seu poder, possamos morrer para o pecado e viver para Ele.
“Ao se entregar a Ele, […] será considerado justo, não importa o quanto sua vida possa ter sido pecaminosa. O caráter de Cristo substituirá seu caráter, e você será aceito diante de Deus como se não tivesse pecado” (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 62).
CONCLUSÃO
Um dos temas centrais do Novo Testamento é que Jesus morreu como sacrifício pelos pecados do mundo. Essa verdade é o fundamento do plano da salvação. Qualquer teologia que negue a expiação pelo sangue de Cristo nega o coração e a essência do cristianismo. Uma cruz sem sangue não pode salvar ninguém.
Naquela tarde da Páscoa, três ladrões, talvez do mesmo grupo, deveriam ser crucificados: Dimas, Gestas e Barrabás. Barrabás, no corredor da morte, apenas aguardava a execução. Ele deve ter olhado para as palmas de suas mãos, imaginando como seria a dor dos cravos rasgando a carne, dilacerando a cartilagem e os ossos. Ouviu então o sinistro barulho da chave abrindo a pesada porta de ferro. Ouviu os passos dos guardas. “Chegou minha hora”, pensou. Sua cabeça estava pesada e confusa.
Parecia até ouvir seu nome gritado por enorme multidão. Ainda não sabia exatamente o que estava acontecendo. Abismado, ouviu que estava livre: “Pode ir para casa.” Barrabás é liberto no último instante, e Jesus é crucificado em seu lugar. Aqui nós temos a mais perfeita ilustração do princípio da substituição.
Jesus tomou o lugar de Barrabás, Ele tomou o nosso lugar. Ele foi feito pecado para que sejamos feitos justiça de Deus.
APELO
“Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Co 5:15).
A substituição é o fundamento de todo o plano da salvação. Por causa de nossos pecados, merecemos morrer. Cristo, por amor a nós, “entregou a Si mesmo pelos nossos pecados” (Gl 1:4). Ele sofreu a morte que merecemos. A morte de Cristo como Substituto dos pecadores é a grande verdade da qual nascem todas as outras verdades. Nossa esperança de restauração, liberdade, perdão e vida eterna no paraíso está fundamentada na obra que Jesus realizou, de Se entregar pelos nossos pecados. Sem isso, nossa fé não teria sentido.
“Não é a vontade de Deus que vocês estejam sem confiança, com o coração torturado pelo receio de que Ele não os aceitará por serem pecaminosos e sem préstimo [...]. Digam: ‘Sei que sou pecador e essa é a razão por que necessito de um Salvador. Nenhum mérito ou bondade tenho pelos quais possa pretender a salvação, mas apresento diante de Deus o sangue expiatório do imaculado Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Essa é a minha única defesa’” (Ellen G. White, A Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 100 [6 de abril]).