O Caminho da Humildade
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Tg 4.7-10
Tg 4.7-10
Introdução:
Na segunda passada entendemos sobre o zelo de Deus, é necessário ter atenção aos seus comando, sem permitir que nossa vida seja dupla. Deus nos salvou de modo integral, e igualmente, a totalidade de nossa vida pertence a ele. Por conta disso, esses irmãos foram advertidos de como estavam falhando com seu Senhor ao agirem de modo desleal com os outros ao serem dominados por seus desejos. Deve ficar claro para cada um de nós, há desejos nossos que precisam de controle, pois se eles nos dominam, o pecado já nos venceu.
Agora, os leitores de Tiago devem trilhar o caminho da humildade, o que não é nada fácil. Mas quando entendemos a quem ofendemos ao pecar, fica evidente que o arrependimento deve ser nítido a todos. Nessa passagem somos convidados a entender que: O verdadeiro arrependimento gera mudança em nossas atitudes. Ao longo do texto vamos ver essa ideia.
Verso 7
1. A conclusão após entenderem a raiz das contendas chega nesse ponto, por isso a palavra portanto aparece no texto.
2. Tiago inicia o verso com um comando “sujeitai-vos”, ele ainda está utilizando o pronome na segunda pessoa indicando que a exortação continua.
3. Mas o que seria sujeitar? Isso significa…
4. Submeter-se às ordens ou diretrizes de alguém - 'obedecer, submeter-se a; obediência; submissão'.
5. A utilização desse comando fica mais claro quando observamos outra vez a passagem citada antes.
6. “Deus resiste aos soberbos”. O que são pessoas soberbas? Alguém orgulhoso, arrogante.
7. Assim, no lugar de pessoas estarem autoconfiantes, o que já foi demonstrado que não dá certo.
8. São agora chamadas a caminhar partindo da graça, essa que é parte constituinte da sua nova vida em Deus.
9. Tenha uma postura humilde à luz do Espírito de Deus que está em você.
10. Deixem de lado sua vontade de serem líderes da sua própria vida, o famoso: EU SOU DONO DO PRÓPRIO NARIZ, e vivam sob a liderança de Deus, mediante sua sabedoria ofertada pela Escritura.
11. Na continuação do verso, também há o comando da resistência ao diabo, mas como seria possível fazer isso?
12. Já que você poderia me dizer: Eu não o vejo, não sei onde está para passar longe.
13. Ele não é como uma pessoa que você não gosta, a qual pode chegar a evitar passar na mesma calçada que ela.
14. Não é por esse caminho, não podemos evitá-lo assim.
15. O caminho é seguir o comando anterior, (submete-se as ordens do SENHOR), e deste modo o diabo não terá ocasião para entrar em nossa vida.
16. Enquanto você se sujeita a Deus, e se coloca como dependente dele, você enxerga o diabo como alguém que não deve nenhum tipo de submissão. Por isso o Mas. Há um contraste de ações.
17. Esses irmãos estavam permitindo o diabo ter ocasião entre eles, ao serem guiados pela sabedoria do mundo, pelos maus desejos interior. Então, o diabo concedia má sabedoria.
18. Mas se sujeitando a Deus, eles tomam por verdade sua palavra e evitariam envergonhar o nome do Senhor.
19. E, quanto a nós? De qual lado estamos? A quem estamos submissos? Precisamos avaliar essas perguntas seriamente.
Verso 8
No inicio do próximo verso o verbo “chegai-vos” está presente no inicio.
Para essas pessoas que estavam caminhando para longe de Deus, qual será a melhor solução?
Acordem das suas ações e chegai-vos novamente a Deus!
Tal conclusão deve reconhecer que o seu relacionamento com Deus estava abalado, e necessitava de restauração.
É importante perceber no texto o modo como isso reflete outra vez o Antigo Testamento.
No texto de Zacarias 1.3 diz: “Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos Exércitos, e eu me tornarei para vós outros, diz o Senhor dos Exércitos.”
O povo que estava com o coração longe de Deus é convidado a retroceder do seu mau caminho.
Muitas vezes isso pode acontecer conosco, infelizmente podemos não concordar em como o pecado nos seduziu, como aconteceu com estes irmãos.
Mas para restaurar a comunhão com Deus, fortalecer novamente esse compromisso, é necessário confessar que sua vida não está como Deus deseja, e se achegar a ele depois.
Assim, não seremos rejeitados. Porém, o que não pode acontecer é a permanência no estado de pecado, Deus não será favorável conosco.
De igual modo ele prometeu sabedoria em Tg 1.5-6, também há promessas de comunhão. Deus fará isso, na passagem esse é o resultado natural de nos aproximarmos dele com arrependimento.
Continuando o verso, há o comando de “purificai as mãos”.
Sabemos que antes de comer é natural lavarmos às mãos, faz parte da nossa higiene. Esse seria o significado?
Nesse contexto havia certa equivalência com o nosso.
Porém, não está lavar e sim purificar, o que isso quer dizer?
Há um sentido figurado na passagem, entendam as mãos como uma representação do nosso corpo.
Com as mãos nós fazemos várias ações, e muitas vezes, como aconteceu em Isaías 1.15 é referido que as mãos estão com sangue, ou seja, há pecados sem arrependimento.
O comando no texto é uma mudança de comportamento, mudem suas vidas, se purifiquem totalmente. Esse é o sentido desejado. Não tenham apenas a purificação como um ritual, como poderia estar acontecendo ali.
Mas, purifiquem suas mãos dos erros e agora tenham uma nova vida.
Por ultimo nesse verso, Tiago retoma alguém já citado anteriormente Tg 1.8, aquela pessoa de alma dupla. Que não tem uma fé firme em Deus
O que aprendemos com eles é que não adianta confessar ter uma fé inquebrável em Deus, se quando é necessário exercitá-la, falhamos.
É imperativo ter fé viva em Deus, e limpar nosso coração das desconfianças. Não podemos ficar nessa indecisão.
Isso não quer dizer que estaremos livres de qualquer receio, mas a nossa fé deve prevalecer, e não colocar o caráter de Deus em dúvida.
Achegue-se ao Senhor e Ele se achegará, Ele é fiel apesar de quem nós somos.
Mas não para por aqui…
Verso 9
O verso nove inicia com quatro imperativos. E note que o quarto fica em elipse no fim do verso, já que ele serve tanto para o riso e para a alegria.
É como uma ação que não precisa ser mencionada outra vez, por ficar claro no contexto que ela deve ser feita.
Assim, o converte-se se aplica aqui.
Algo que podemos conectar com isso é que tendo em vista a situação deplorável que eles haviam chegado, era necessário uma atitude proporcional de humilhação.
Os três primeiros imperativos estão mais ligados, e eles podem ser vistos como sinônimos. O que implicaria num grande pesar.
Imagine uma pessoa que ficou a vida inteira pecando em segredo, e sempre agia como se tudo estivesse bem na frente dos outros.
E quando seu pecado foi descoberto, ainda permanece com o mesmo modo arrogante de agir. Será que esse arrependimento foi real?
Que tipo de arrependimento é esse? Que nada muda!
O que Tiago comanda para seus leitores é que sua atitude de arrependimento tem que ser manifestada sem qualquer orgulho.
Eles estavam errados, tinham pecado, não deveriam achar falhas nos outros, enquanto o seu erro não estava corrigido.
Se o pecado deles aconteceu em segredo, o arrependimento deveria ser público, e notório a qualquer um.
No Antigo Testamento quando alguém estava triste com alguma coisa, ele se vestia de pano de saco para representar seu sofrimento.
Sem ser necessário adotar do mesmo modo, essas pessoas são chamadas a demonstraram o arrependimento com atitudes que indiquem isso. A começar por lamentar pelo erro.
Irmãos, muitas vezes, fazemos coisas em segredo que estão em desacordo com a vontade de Deus, e queremos que isso vá para debaixo do tapete. Você pode varrer a sujeira da sua casa para lá, mas não o seu pecado. O Senhor tudo vê!
Se passamos a vida escandalizando o nome dele, nosso arrependimento deve ser claro a todos.
Não é dizer simplesmente: Senhor eu pequei! Como querendo amenizar a situação.
Mas mudar, colocar suas palavras em ação, e não repetir os mesmos erros.
Não estamos falando de remorso, pois ele não te levar a mudar, apenas à amargura.
É notável como verso continua, “converter o riso em pranto e a alegria em tristeza”.
Isso enfatiza a necessidade de um arrependimento genuíno.
Há tantas pessoas que pedem perdão, mas notamos por seu sorriso cínico, que aquilo não foi sincero.
Mas aqui somos chamados a reconhecer o peso do pecado, e não pedir perdão apenas para receber aplausos.
Como disse Tiago 1.18 fomos gerados por Deus “para que fossemos como que primícias das suas criaturas”.
Hoje já somos parte dessa nova criação, e por que ainda devemos nos comportar como se não fosse?
Irmãos, se não podemos reconhecer o nosso pecado como um grave erro, e ainda apontamos o dedo aos outros para mascarar o nosso.
Temos um grave problema, é provável que apenas estamos sentindo remorso, ou fomos pegos em flagrante, vamos repetir a mesma coisa quando tiver uma oportunidade.
Logo, quando você entende contra quem pecou, lamente de verdade, peça perdão sinceramente, e receba o perdão de Deus.
Lembre que todo pecado fere a santidade de Deus, logo, todo pecado o fere.
Adiante, no próximo verso entenderemos isso.
Verso 10
Como especie de síntese do que falou antes, Tiago resume que o caminho da humildade é demonstrado pela humilhação na presença de Deus.
Esse resumo não é nada agradável, não é fácil ir tão fundo.
Nosso orgulho é um impeditivo que tenta de qualquer modo atrapalhar o processo.
Você pode pensar: Mas não é só eu que peco, tantos já fizeram coisas piores e nada aconteceu!
Citamos tantas e tantas desculpas apenas para não trilhar esse caminho.
O fato de outros terem se safado, não quer dizer que nunca vão prestar contas sobre o que fizeram.
Todos nós um dia prestaremos contas diante de Deus do que fizemos com a nossa vida.
É bem melhor corrigir o quanto antes seu erro.
Por conta disso, o nosso próprio senso de justiça pode sossegar um pouco, ao entender que Deus resolverá o problema do pecado.
Logo, mesmo que você já tenha passado por algo assim, de ver uma disciplina que não aconteceu, ou um julgamento secular que não foi bem sucedido.
Lembre primeiro da sua responsabilidade diante de Deus. Se você pecou, se humilhe agora perante ele e mude. E não se preocupe com o que não aconteceu. Seu compromisso é primeiro com o Senhor.
Talvez tantos exaltem você por conta de quem você é na igreja, mas lá no intimo há coisas vergonhosas.
E para não perder tantos elogios nós acabamos escondendo, e deixando lá no fundo do baú do pecado.
Mas eu digo a você: nenhum elogio humano se compara a aprovação de Deus, se você é elogiado pelas pessoas do que adianta se não é elogiado por Deus.
Raciocínio semelhante se apresenta em Marcos 8.36 “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
Não vale a pena, o caminho da humildade é trilhado com dor, humilhação e não há atalhos para ele.
Apesar de ser doloroso, é a melhor coisa, pois Deus nos exaltará.
Seremos aceitos e restaurados por ele, nada pode se comparar.
Então, confessar o pecado é um processo necessário nessa vida, pois faz parte da nossa nova identidade diante de Deus.
Ainda somos falhos, por isso precisamos do seu perdão.
Aplicação: O erro é algo que ainda vai nos perseguir nessa vida, mas já temos o necessário para ele não ditar quem eu sou. Deus nos concedeu seu Espírito para que nossa mudança seja sincera, por isso:
Não tenha receio de confessar seu erro.
Se arrepender não será fácil, mas não deixe o teu orgulho cegá-lo ainda mais.
Apesar dos possíveis julgamentos que você pode ouvir, lembre que: Deus te perdoará.
Conclusão: Como disse Agostinho:
Deus prometeu perdão para o seu arrependimento, mas Ele não prometeu amanhã para a sua procrastinação.
Agostinho de Hipona
Não deixe para amanhã o arrependimento que você deve ter hoje, Deus é misericordioso, mas não devemos zombar da sua paciência. Que nossas ações sejam rápidas, e possamos usufruir da doce graça do Pai, amém!