Doutrina do Arrependimento

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Os Seis Componentes do Arrependimento

Introdução:
Assim como a fé vem de Deus, o arrependimento também vem dele. É um fruto da graça de Deus em nós.
TEMA: Como diferenciar um verdadeiro de um falso arrependimento?
O que seria um falso arrependimento?
O que seria um verdadeiro arrependimento?
O arrependimento é uma graça do Espírito de Deus por meio da qual um pecador é humilhado em seu íntimo e transformado em seu exterior. A fim de proporcionar melhor entendimento, saiba que o arrependimento é um remédio espiritual formado de seis componentes especiais… Se um for deixado fora, o arrependimento perde o seu poder.
Dizia ele: “sem qualquer desses ingredientes, o remédio perde o seu poder”.
Portanto, quais são os seis componentes de um verdadeiro arrependimento?

Componente 1: Visão do pecado.

A primeira parte do remédio de Cristo são olhos abertos (At 26.18).
Este é um dos fatos importantes a observarmos no arrependimento do filho pródigo: ele caiu em si (Lc 15.17).
Em sua descrição de arrependimento, Salomão considerou isto como o primeiro componente: “Caírem em si” (1Rs 8.47).
Uma pessoa deve, antes de tudo, reconhecer e considerar o que é o seu pecado e conhecer a praga de seu coração, antes que seja devidamente humilhado por ela.
Os olhos são feitos tanto para ver como para chorar. Antes de lamentarmos pelo pecado, temos de vê-lo. Disso, podemos inferir que, onde não percepção do pecado, não pode haver arrependimento.

Componente 2: Tristeza pelo pecado.

Esta tristeza pelo pecado não é superficial; é uma agonia santa. Nas Escrituras, ela é chamada de quebrantamento de coração: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17); um rasgamento do coração: “Rasgai o vosso coração” (Jl 2.13). As expressões bater no peito (Jr 31.19; Lc 18.13), cingir o cilício (Is 22.12), arrancar os cabelos (Ed 9.3) – todas essas expressões são apenas sinais exteriores de tristeza. Essa tristeza implica:
1. tornar a Cristo precioso.
Oh! quão precioso é o Salvador para uma alma atribulada! Agora, Cristo é, de fato, Cristo; e a misericórdia é realmente misericórdia.
Quão bem-vindo é um cirurgião para um homem que sangra por suas feridas!
2. Implica repelir o pecado.
O pecado gera tristeza, e a tristeza mata o pecado… A água salgada das lágrimas mata o verme da consciência.
3. Implica preparar-se para receber firme consolo.
“Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” (Sl 126.5)
O penitente tem uma semeadura de lágrimas, mas uma colheita deliciosa.
O arrependimento rompe os abscessos do pecado, e, em seguida, a alma fica tranquila… O ato de Deus em afligir a alma por causa do pecado é como o agitar da água que trazia cura, no tanque (Jo 5.4)

Componente 3: Confissão de pecado

A tristeza é um sentimento tão forte, que terá expressões. Suas expressões são lágrimas nos olhos e confissão nos lábios.
“Os da linhagem de Israel… puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados” (Ne 9.2).
A confissão é auto-acusadora. “Eu é que pequei” (2Sm 24.17)…
E a verdade é que por meio desta auto-acusação impedimos Satanás de acusar-nos.
Assim, quando Satanás, chamado de acusador dos irmãos, lançar essas coisas contra nós, Deus lhe replicará: “Eles já acusaram a si mesmos.
Agora, ouça o que diz o apóstolo Paulo: “Se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1Co 11.31).
Para que a confissão de pecado seja correta e genuína, estas… qualificações precisam estar presentes:
A confissão tem de ser espontânea. Tem de surgir como a água que brota do manancial, livremente.
A confissão tem ocorrer com contrição. O coração precisa ressentir profundamente o pecado. Uma coisa é confessar o pecado, outra coisa é sentir o pecado.
A confissão tem de ser sincera. Nosso coração precisa estar em harmonia com a confissão. O hipócrita confessa o pecado, mas o ama, assim como um ladrão que confessa os bens roubados e continua a amar o roubo.
Na confissão verdadeira, o crente especifica o pecado. O ímpio reconhece que é um pecador como todos os outros. Ele confessa o pecado de maneira geral… Um verdadeiro convertido reconhece seus pecados específicos.
Um pessoa verdadeiramente arrependida confessa o pecado em sua fonte. Ela reconhece a contaminação de sua natureza.

Componente 4: Vergonha pelo pecado.

“Para que… se envergonhe das suas iniquidades” (Ez 43.10). O envergonhar-se é a força da virtude.
“Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a face” (Ed 9.6).
O filho pródigo, arrependido, ficou tão envergonhado de seus excessos que se julgava indigno de ser, outra vez, chamado filho (Lc 15.21).
O arrependimento causa um acanhamento santo. Se Cristo não estivesse no coração do pecador, não haveria tanta vergonha se expressando no rosto.
algumas considerações sobre o pecado que nos causa vergonha:
Todo pecado nos torna culpados, e a culpa nos deixa envergonhados.
Em todo pecado, há muita ingratidão. E essa é a razão da vergonha. Abusar da bondade de Deus, como isso nos envergonha!… Ingratidão é um pecado tão grave, que Deus mesmo se admira dele (Is 1.2).
O pecado mostra o que somos, e isso nos causa vergonha. O pecado nos rouba as vestes de santidade. E nos deixa destituídos de pureza, deformados aos olhos de Deus; e isso nos envergonha…
Nossos pecados expuseram Cristo à vergonha. E não nos envergonharemos deles? Vestimos a púrpura; não vestiremos o carmesim?
Aquilo que nos deixa envergonhados é o fato de que os pecados que cometemos são piores do que os pecados dos incrédulos. Agimos contra a luz que possuímos.
Nossos pecados são piores do que os pecados dos demônios. Os anjos caídos nunca pecaram contra o sangue de Cristo. Cristo não morreu por eles… Com certeza, se sobrepujamos o pecado dos demônios, isso deve nos causar muita vergonha.

Componente 5: Ódio pelo pecado.

Os eruditos distinguem dois tipos de ódio: o ódio das iniquidades e o ódio da inimizade.
Primeiramente, há um ódio ou abominação das iniquidades:
“Tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniquidades e das vossas abominações” (Ez 36.31).
Um cristão verdadeiramente arrependido é alguém que detesta o pecado.
Se uma pessoa detesta aquilo que faz seu estômago adoecer, ela deve, com muito mais intensidade, detestar aquilo que deixa enferma a sua consciência.
Não amamos a Cristo enquanto não odiamos o pecado. Nuca anelamos o céu enquanto não detestamos o pecado.
Em segundo, há um ódio da inimizade.
Para constatar o arrependimento, não há sinal melhor do que uma antipatia santa para com o pecado…
O arrependimento correto começa no amor a Deus e termina no ódio ao pecado.
Embora o pecado se apresente de forma atraente, nós o achamos detestável e o abominados com ódio mortal, sem levarmos em conta a sua aparência agradável…
Onde há verdadeiro ódio pelo pecado, nos opomos ao pecado em nós mesmos e nos outros. A igreja de Éfeso não podia suportar aqueles que eram maus (Ap 2.2).
Quão distantes estão do arrependimento aqueles que, ao invés de odiarem o pecado, amam-no! Para os santos, o pecado é um espinho nos olhos; para os ímpios, é uma coroa na cabeça – “Que direito tem na minha casa a minha amada, ela que cometeu vilezas? Acaso, ó amada, votos e carnes sacrificadas poderão afastar de ti o mal? Então, saltarias de prazer” (Jr 11.15).

Componente 6: Abandono do pecado.

Esse converter-se é chamado de abandonar o pecado (Is 55.7), tal como um homem que abandona a companhia de um ladrão ou de um feiticeiro.
É chamado de lançar para longe o pecado (Jó 11.14-15)
No mesmo dia em que o crente se converte do pecado, deve se regozijar com um gozo eterno. Os olhos devem fugir de vislumbres impuros. O ouvido tem de fugir dos escárnios. A língua, do praguejamento. As mãos, dos subornos. Os pés, dos caminho das meretrizes. E alma, do amor à impiedade.
Converter-se do pecado é tão visível, que os outros podem percebê-lo. Por isso, é chamado de uma mudança das trevas para a luz (Ef 5.8). Paulo, depois de ter recebido a visão celestial, ficou tão diferente, que todos se admiraram da mudança (At 9.21-22). O arrependimento transformou o carcereiro em um enfermeiro e médico (At 16.33). Ele cuidou dos apóstolos, lavou-lhes as feridas e serviu-lhes comida. Um navio se dirige ao leste; e o vento muda seu rumo para o oeste. De modo semelhante, um homem se encaminhava para o inferno, mas o vento contrário do Espírito soprou, mudou o seu rumo e o fez andar em direção ao céu… Essa mudança visível que o arrependimento produz em uma pessoa é como se outra alma se abrigasse no mesmo corpo.
Extraído do livro “A doutrina do arrependimento - Thomas Watson”
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