A ressurreição de Cristo: O triunfo sobre o morte

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A ressurreição de Cristo além de ser uma realidade histórica incontestável, também é o fundamento do verdadeiro evangelho e a âncora da bendita esperança cristã

Notes
Transcript

Introdução

Ilustração: Primeiro os pilares
Em uma aula na faculdade o professor colocou diante dos alunos um recipiente amplo e transparente. Primeiro, ele encheu com pedras grandes. Então perguntou aos alunos: O recepiente está cheio?. Todos disseram que sim. Em seguida, o professor pegou uma vasilha com pedregulhos e os jogou sobre as pedras. Eles escorregaram para dentro dos espaços entre as pedras grandes e os preencheram. Ele perguntou novamente: “E agora, o recepiente está cheio ?”. A maioria respondeu que sim, mas alguns hesitaram. Na sequencia, pegou uma vasilha com areia e outra com água. Depois de acrescentar cada elemento, perguntou se o recepiente estava chei e recebeu cada vez menos respostas afirmativas. Por fim, depois de derramar a água, perguntou: “Se o recepiente é sua vida, o que significa essa ilustração?”. Há sempre espaço para mais coisas na vida. O professor respondeu: “Não. Significa que se você não colocar as pedras grandes primeiro, não haverá mais espaço para elas depois; se coloca-las primeiro, o resto acabará se encaixando onde deve.
Assim como nessa ilustração, nós cristãos temos o desafio de identificar as doutrinas que constituem as pedras grandes que definem a nossa fé e lançar o alicerce dos nossos fundamentos teológicos. Há muitos temas da fé cristã que até chegarmos ao céu continuarão sendo debatidos e sempre estaremos avançando em nosso conhecimento e amadurecendo o nosso entendimento sobre estes tópicos. Todavia, há fundamentos que são definidos e nega-los significa negar o próprio cristianismo.
A ressurreição de Jesus é um destes elementos em que a cristandade por toda a história tem entendido ser um fundamento incontestável e inalterável da nossa fé.
A ressurreição de Cristo é a pedra fundamental da arquitetura de Deus, é o coroamento do sistema bíblico, o milagre dos milagres. A ressurreição salva do escárnio a crucificação e imprime à cruz glória indizível”
É verdade que muitos em nosso meio lançaram dúvidas quanto à historicidade e confiabilidade do relato evangélico. Mais recentemente, um determinado pastor escreveu em suas redes sociais admitindo que a ressurreição pode não ter ocorrido de forma literal como apresentada nos quatro evangelhos.
Em sua carta aos Coríntios o apóstolo Paulo lidou com um dilema semelhante. A igreja de Corinto era conhecida por ser uma comunidade com intensos desafios pastorais para o apóstolo. Paulo dedicou 14 capitulos de sua carta discorrendo a cerca de problemas morais e éticos da comunidade. Agora, no capítulo 15, ele passa a lidar com um outro dilema dos crentes corintos: a doutrina da ressurreição. Corinto era uma cidade com fortes influências da filosofia grega que negava qualquer ressurreição. Quando Paulo pregou sobre a ressurreição na cidade grega de Atenas, o povo escarneceu de Paulo (At 17.32). Para os gregos a ressurreição era algo intolerável e absurdo
1Coríntios: Como Resolver Conflitos na Igreja (1Coríntios 15.1–58)
A igreja de Corinto começou a abandonar a sua fé e a substituir a teologia pela filosofia grega. A filosofia grega acreditava na imortalidade da alma, mas não na ressurreição do corpo. Ela acreditava na vida futura, mas não na ressurreição. Os gregos acreditavam no dualismo filosófico. Para eles o espírito era essencialmente bom, mas a matéria essencialmente má. Para os gregos, o corpo era um claustro, uma prisão da alma
Com isto, os crentes coríntios, sobretudo os de origem gentílica, estavam negando a possiblidade de uma ressurreição corpórea e, além disso, negando a próprioa ressurreição de Jesus. Para responder este tema, o apóstolo dedica um capítuo inteiro de sua epístola para discorrer sobre aquilo que é o fundamento da fé evangélica.
Assim, encontramos neste capítulo o mais sólido argumento a favor da doutrina da ressurreição dos mortos, especialmente a de Cristo. O capítulo 15 pode ser claramente dividido em três seções. Nos versículos 1 a 11, Paulo argumenta a favor da ressurreição fisíca como fato histórico, tendo como evidência o fato do Cristo ter sido visto por diveras testemunhas. Na sequência, dos versos 12 a 34 ressaltam a importância da ressurreição de Cristo para fé cristã, sendo a sua ressurreição a primícia da experiência de todo cristão. Por fim, dos versos 35 a 58, ele descreve como tudo isso fundamenta a esperança da ressurreição dos mortos. Na mensagem de hoje eu quero me ater tão somente à primeira seção (1-11). Como já dito antes, nesta passagem o apóstolo se propõe a apresentar a historicidade incontestável do relato da ressurreição.
Proposição: O argumento de Paulo é contundente: Cristo ressuscitou. E isso é atestado por três linhas de evidências: o testemunho das escrituras, os relatos históricos e o testemunho apostólico.

Argumentação

I. É EVIDENCIADA PELO TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS (v.1-4)

Nova Almeida Atualizada (Capítulo 15)
Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho que anunciei a vocês, o qual vocês receberam e no qual continuam firmes. Por meio dele vocês também são salvos,a se retiverem a palavra assim tal como a preguei a vocês, a menos que tenham crido em vão. Antes de tudo, entreguei a vocês o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras
Nos dois primeiros versos o apóstolo fundamenta a base para todo seu raciocínio no poder do evangelho. Em Romanos 1.16, ele descreveu o evangelho como o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Paulo estava convicto do poder salvador do evangelho, razão pela qual dedicou toda sua vida, após sua conversão, à pregação desta mensagem que um dia transformou sua vida.
1 Coríntios 1. A Ressurreição de Cristo (15.1–8)

Em sua conversão perto de Damasco, Paulo recebeu do Senhor Jesus Cristo o evangelho. Mas mais tarde ele passou algum tempo com Pedro e Tiago em Jerusalém; esses discípulos contaram-lhe, sem dúvida, numerosos detalhes do evangelho de Jesus (Gl 1.18–19), e prepararam-no para o ministério. Depois de passados 14 anos, Paulo voltou a Jerusalém para conferir com os apóstolos se sua pregação estava em harmonia com o evangelho que eles proclamavam (Gl 2.1).

O evangelho que Paulo pregava consistia da revelação de Jesus Cristo, que cumpria as Escrituras do Antigo Testamento. Paulo reconhece que ele não havia seguido Jesus desde o tempo do batismo do Senhor até sua ascensão (At 1.21–22). Contudo, Paulo podia dizer que ele havia testemunhado a ressurreição de Jesus, e que assim recebera de Cristo a autorização para proclamar seu evangelho.

Foi este evangelho que ele pregou aos corintos quando fundou a igreja naquela cidade, e era este evangelho que, agora, ele procurava relembrar os seus ouvintes. Além do mais, reforça o que já era sabido:
Nova Versão Internacional 15.1 A Ressurreição de Cristo

Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão.

Então, ele apresenta sua primeira linha de evidência para a historicidade da ressurreição: o testemunho das escrituras.
Observe que Paulo usa duas vezes a expressão “segundo as Escrituras” para demonstrar que o evangelho está arraigado no Antigo Testamento e emerge dele. Para ele, os ensinos elementares desse evangelho são estes três fatos redentores: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que ele foi sepultado; que ele foi ressuscitado no terceiro dia, segundo as Escrituras.
Vejamos com mais detalhes cada um destes fatos:
“Que Cristo morreu por nossos pecados de acordo com as Escrituras.” Observe que Paulo usa o nome Cristo, e não Jesus, para indicar o papel oficial dele como Messias. Com sua referência ao Antigo Testamento, Paulo aponta para a profecia de Isaías. O profeta relata que o Messias, o ungido de Deus, o servo sofredor, foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. Isaías escreve ainda que nossos pecados foram colocados sobre o servo, e que ele morreu pelos pecados de seu povo. A cláusula Cristo morreu por nossos pecados é o resumo doutrinário da expiação. Como nosso substituto, Cristo morreu para satisfazer Deus e corresponder às demandas da lei (Rm 3.25–26; 5.9–19).10 Como nosso advogado, ele efetuou a reconciliação e nos tornou justos diante de Deus (2Co 5.21; 1Jo 2.1–2). Como nosso Mediador, ele estabeleceu uma nova aliança e aceitou-nos como sócios (Lc 22.20; 1Co 11.25). E como nosso Salvador, ele nos concede vida eterna por meio da fé nele (Jo 3.16). (KISTEMAKER, 2014, p. 651).
“E que ele foi sepultado.” Além dos evangelhos, Paulo é o único escritor a falar sobre o sepultamento em seus escritos. Ele observa que Jesus foi tirado da cruz e deitado num túmulo (At 13.29). Ele identifica o batismo do crente com o sepultamento de Cristo (Rm 6.4; Cl 2.12). E nesse texto menciona o sepultamento como a consequência da morte e como prenúncio da ressurreição. O sepultamento de Jesus aponta “para trás, para a realidade da morte, e para a frente, para o caráter da ressurreição. (ibid)
“Que foi ressuscitado no terceiro dia segundo as Escrituras.” As traduções não fazem justiça à diferença de tempos verbais do texto grego nos versículos 3 e 4. O grego usa o tempo passado para descrever uma ação única no passado, para a morte e para o sepultamento de Jesus. Mas para o verbo ser levantado, o grego emprega o tempo perfeito para indicar uma ação ocorrida no passado, mas que possui relevância duradoura para o presente , isto é, Jesus foi levantado dos mortos e continua sua vida no estado ressurreto.
Mas será que as Escrituras do Antigo Testamento ensinam sua ressurreição no terceiro dia? A resposta é dupla. Não há nenhuma referência específica em nenhum texto; contudo, uma combinação de textos fornece evidência suficiente do conceito da ressurreição. Por exemplo, lemos que Deus restaurará Israel no terceiro dia (Os 6.2); Jonas esteve dentro do peixe durante três dias e três noites (Jn 1.17, Mt 12.40). E Isaías profetiza a ressurreição do Messias (Is 53.10–12). Gordon D. Fee conclui: O Antigo Testamento como um todo testifica da ressurreição no terceiro dia… Uma tradição primitiva viu a evidência combinada dos Salmos 16.8–11 e 110.1 como testificando da ressurreição do Messias (cf. At 2.25–36)”. (KISTEMAKER, 2014, 652–653).
À seguir, notamos a segunda linha de evidência argumentada por Paulo.

II. É EVIDENCIADA PELO TESTEMUNHO HISTÓRICO (v.5-11)

Nova Versão Internacional 15.1 A Ressurreição de Cristo

5 e apareceu a Pedro e depois aos Doze. 6 Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. 7 Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; 8 depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.

Depois de apresentar o testemunho escriturístico, ele passa a falar sobre um conjunto de testemunhas oculares que corroboram a historicidade da ressurreição. Nota-se dois argumentos historicamente infalíveis para a ressurreição:
O sepulcro vazio: Como vimos, Paulo não se limitou em dizer que Jesus morreu e depois ressuscitou. Entre um evento e outro, não somente ele, mas, também os evangelistas, declaram que Jeus foi sepultado. As mulheres embalsamaram o seu corpo. Os seus discípulos viram-no ser sepultado. Quando o apóstolo declara que Jesus ressuscitou, logo após ter dito que ele foi sepultado, implícitamente ele está apresentando um fato verificável: O sepulcro está vazio. E os mesmos que o viram ser sepultado, também verificaram estar vazia a sepultura no domingo pela manhã.
Testemunhas oculares: O segundo fato histórico que Paulo apresenta é o fato de que Jesus foi visto vivo, ressurreto. Observe a sequência: Ele apareceu primeiro Pedro e depois aos doze. Depois apareceu a 500 de uma vez, a Tiago e então a todos os apóstolos. E por fim, ele ainda menciona sua própria experiência de quando o Senhor apareceu a ele na estrada de DAmasco.
Testemunho apostólico: Por fim, o último grupo citado pelo apóstolo ao falar sobre a ressurreição é o dos apóstolos, o que inclui a ele próprio. Paulo menciona sua experiência de conversão no caminho para Damasco e chama o encontro com Jesus de uma visão do céu (At 26.19). Esse encontro não foi uma alucinação, e sim uma revelação genuína do Senhor ressuscitado. Observe que Paulo usa a expressão ele apareceu uma vez mais, mas agora especificamente para si. Ele quer indicar que ele também pertence àquele grupo especial de pessoas que viram Jesus. Paulo nunca seguiu o Senhor desde o dia do batismo de Jesus até o dia da sua ascensão. Apesar disso, ele viu Jesus numa visão tão claramente quanto os apóstolos o viram durante o período de 40 dias entre a Páscoa e a ascensão. Ele definitivamente é o último apóstolo a quem Jesus chamou. Por essa razão, Paulo pôde escrever: “a mim também” (KISTEMAKER, 656, 2014).
Essas são as provas históricas da ressurreição de Cristo. Como bem declarou Hernandes Dias Lopes:
A ressurreição não é um fato científico. Porque fato científico é aquele que você pode levar para um laboratório e reproduzi-lo quantas vezes quiser. A ressurreição é uma prova judicial. Não tem como repetir essa prova. Todavia, ela tem evidências incontestáveis (Lc 1.3).
Mas as provas da ressurreição de Cristo não são apenas provas históricas e judiciais, mas também provas morais, emocionais e existenciais. Isso pode ser verificado através da transformação na vida dos discípulos. Aqueles homens ficaram trancados com medo antes da ressurreição, mas depois que Cristo se levantou dentre os mortos, esses mesmos homens se tornaram audaciosos, ousados, e corajosos. Antes eles estavam trancados por medo; agora, eles são presos sem medo algum.
Muitos descrentes procuram invalidar esses relatos afirmando terem sido inventados. Contudo, nas palavras de Paulo, bem como em outras partes nos evangelhos, temos suficientes razões para crer na validade do relato apostólico. Paulo declara que o 500 que o viram de uma vez, muitos ainda estavam vivos por ocasião da escrita do texto, podendo ser facilmente procuradas para então validar ou não a afirmação apostólica. Além disso, com frequencia os evnagelhos citam o grupo de mulheres como testemunhas da ressurreição. É sabido que o testemunho feminino de nada valia para um tribunal. Entretanto, por uma razão estranha, os evangelistas citam as mulheres como, inclusive, as primeiras testemunhas da ressurreição. Só haveria uma razão para os evangelhos citarem o testemunho destas mulheres: o que elas viram, foi exatamente o que todos viram e não podia ser negado, o sepulcro estava vazio e Jesus apareceu vivo para todos estes.

Conclusão

"Jesus ressuscitara exatamente como ele mesmo havia dito. Depois que um criminoso cumpre toda a sua pena na cadeia, a lei nada mais tem a reclamar dele e ele, então, está livre. Jesus Cristo veio ao mundo para pagar a pena por nossos pecados. Havia uma sentença infinita, mas ele deve tê-la cumprido por completo, pois, no domingo de Páscoa, ele foi libertado. A ressurreição foi o modo de Deus bater na história um carimbo escrito "pena cumprida", para que todos soubessem" (KELLER, 2012, p. 252).
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