Romanos Aula 6

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Introdução

Em qualquer lista dos grandes capítulos da Bíblia, este está sempre no topo, ou bem perto dele. Os temas são maravilhosos — vida no Espírito, adoção na família de Deus, vitória sobre a adversidade, a segurança do crente. Como não o amar?
O plano de fundo da argumentação de Paulo no capítulo 8 é o problema do pecado, da carne e da lei. Embora ele tenha apontado a lei como santa, justa e boa, ela não pode nos salvar, nem justificar, ela apenas realça o nosso pecado para condená-lo. O propósito da lei não é tirar o nosso pecado, mas nos convencer dele. Tem um papel como de um professor, que nos conduz e aponta um salvador.
Podemos dividir o capítulo em 2 Blocos - A vida nos Espírito - 1-17/ A esperança da eternidade 18-37

Não há condenação para os que estão em Cristo (1-4) -

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, 2 porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte. 3 Porque, aquilo que a Lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne, 4 a fim de que as justas exigências da Lei fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
Se parássemos em no verso 24 do capítulo 7, (Miserável homem que eu sou!) estaríamos em desespero, sentindo que fomos derrotados pela carne e ao pecado e que então enfrentaríamos nada além da condenação por nossas terríveis falhas.
Se o pecado de Adão trouxe condenação para a humanidade, isso foi revertido pelo dom da justificação em Jesus. É a realidade de que a condenação da lei foi substituída pelo perdão em Cristo.
Quando o pecador condenado se volta para Cristo em fé e aceita o seu pagamento pelos pecados, a penalidade do pecado é coberta pelo sangue de Cristo e somos perdoados. O julgamento é substituído por uma sentença de “vida”!
A condenação do pecado que deveria ter caído sobre nós caiu sobre Cristo.
No verso 2 ele faz uma comparação entre duas eras distintas, a era da lei do pecado e a era da lei do espírito no lembra que a razão do fim da condenação é a Lei do Espírito. A lei do espírito nos livrou da morte de do pecado.
Temos uma dupla libertação: o Espírito nos liberta na conversão e, então, está presente ao longo da vida para nos fortalecer e nos permitir vencer nas subsequentes batalhas contra o pecador invasor.
Tudo isso é resultado da boa ação de Deus em nosso favor, Ele envia seu filho como oferta pelo pecado, a fim de que as exigências da era da lei, fossem cumpridas.

A carne x Espírito - (5-8)

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. 6 A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; 7 a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo. 8 Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.
Paulo apresenta um antítese nesses versos. Nos fala sobre duas forças que operam no homem, dois modos de vida conflitantes, somos governados por um ou por outro. Ele está nos falando sobre a vida na carne e da vida no espírito. Paulo da adjetivos a esses modelos de vida, a carne escraviza, produz tormento, e termina em morte. o Espírito Santo liberta, traz praz e gera vida.
É importante ressaltar que Paulo não nos fala aqui sobre dois tipos de cristão, um carnal e um espiritual, mas sim daqueles que tem salvação e os que não tem.
Os salvos são caracterizados pela vida no Espírito, enquanto os não salvos, gozam irrestritamente dos prazeres da carne, mas eles são condenados á uma existência solitária e egoísta.

A tradução tem “os que vivem segundo a carne”, mas o Grego literalmente traz, “os que são segundo a carne”. A ênfase está no que eles são, e não no que eles fazem. Os da carne (a natureza caída) “têm a mente inclinada para os desejos da carne” (literalmente “as coisas da carne”). Eles estão completamente ligados ao eu e às coisas desse mundo.

O espírito de Deus habita em vocês (9)

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo
No verso 9, Paulo usa uma conjunção “entretanto, vocês”, O Apóstolo sai dos não crentes carnais e se direciona aos santos de Roma.
Paulo vai recordar que não estamos mais sob domínio da carne, mas do Espírito.O crente têm o Espírito habitando nele . Somos a casa de Deus, somos agora o templo da sua habitação. Agora vivemos sob o governo do Espírito, vivemos uma vida no Espírito.
Sendo assim, observamos que dos versos 10 a 17 Paulo lista então quais são os benefícios daqueles que vivem pelo espírito:

O Espírito Santo vivifica nosso espírito e dará vida ao nosso corpo mortal (10-11)

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justiça. 11 E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês
Nosso corpo e Espírito tornaram-se mortal em virtude do pecado de Adão. Paulo já havia deixado isso bem claro quando revela que o salário do pecado é a morte. Porém, mediante a essa nova vida no Espírito, essa não é mais uma realidade.
Nosso espírito foi vivificado, está vivo por causa da justiça de Cristo, agora temos nova vida, propósito e sentido.
O mesmo espírito que da vida ao nosso espírito também haverá de dar vida ao nosso corpo. Para Paulo a morte não é o fim da linha e nem tem a última palavra, ele nos lembra que o mesmo espírito que ressuscitou a Cristo nos ressuscitará nos fins do tempo o Espírito santo é a garantia da nossa ressurreição
Carta aos Romanos - Comentário Expositivo do Novo Testamento Grant Osborne (O Resultado: Vida para os Seus Corpos Mortais (8.11))
A morte será superada quando nós, como Jesus, formos ressuscitados da morte para vida. De novo, isso é mais do que apenas uma promessa de um evento futuro. É uma realidade presente experimentada no aqui e no agora pelo Espírito fazendo morada em nós. Temos um “corpo mortal” que é sujeito à morte, mas esperando por nós há “corpos espirituais” ressuscitados “em glória” (1 Co 15.42–44) que serão nossos para sempre.

O Espírito Santo é nosso credor e somos seus devedores (12)

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela.
O apóstolo Paulo introduz uma nova imagem, nos diz que deixamos de ser devedores da carne e passamos a ser devedores do Espírito Santo. Ou seja, diante da realidade da nossa libertação da pecado, da escravidão da carne, devemos nos lembrar sempre constrangidos da boa ação de Deus em nosso favor. Isso nos motiva a viver uma vida que glorifica a Deus, a viver uma vida que busca, alegremente, fazer a vontade de Deus. Entendendo sempre que somos eternamente devedores

O Espírito Santo nos capacita a triunfar sobre o pecado (13)

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão
Podemos dar uma enfase a uma expressão nesse verso “…pelo espírito fizerem morrer os atos do corpo” aqui somos apresentados ao que a teologia chama de mortificação: É crucificar a carne e seus desejos, é lutar contra o pecado, militar contra nossos desejos maliciosos e ilícitos.
Embora sejamos passivos na justificação e na regeneração somos participantes na santificação. Lutamos contra o pecado. Jesus ilustra isso em Mateus 5:29-30 “Se o teu olho direito te faz tropeçar arranca-o E lança o de ti pois convém que percam de seus membros e não seja todo seu corpo lançado no inferno”
Porém somente podemos dizer não ao pecado porque somos capacitados pelo Espírito Santo a isso.

O Espírito Santo nos dá garantias da nossa adoção (14-17)

Nova Versão Internacional (8.1 A Vida pelo Espírito)
14 porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: “Aba, Pai”. 16 O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória.
Alguns pontos interessantes a serem destacados
Primeiro, a paternidade de Deus não é universal, ela é daqueles que são guiados pelo Espírito de Deus.
Essa paternidade é real e experimental, desfrutamos de uma relação intima e real com nosso Pai. Não só nos tornamos da família de Deus, mas agora, agimos como tal. Paulo utiliza a palavra Aba, usada até hoje para se dirigir intimamente a um pai. Isso aponta para intimidade e familiaridade.
Não precisamos viver com medo ou inseguros pelo medo da morte, da finitude, ou de uma vida sem propósito e sentido. Fomos adotados por Deus. Ele nos escolheu, escolheu nos amar, nos adotar e nos redimir.
Não somos apenas filhos, mas também herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo. Herdaremos a eternidade, as bençãos eternas de Deus, mas antes, herdamos o sofrimento, os sacrifícios, choro e dores que enfrentamos aqui fazer parte dessa herança, mas ela só será completa na eternidade!
Agora daremos atenção a um segundo bloco do capítulo 8. O primeiro bloco termina com Paulo nos lembrando que participamos do sofrimento de Cristo, agora nos aponta a glória futura que espera os filhos de Deus. Ele passa do ministério presente do Espírito para a glória futura dos filhos de Deus.

A criação Geme (18-22)

Nova Versão Internacional (8.18 A Glória Futura)
18 Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. 19 A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. 20 Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança 21 de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto.
A glória que Deus está preparando não é apenas aplicada ao seu povo. Toda a criação de Deus será transformada. Para entender o ponto que ele está fazendo, devemos lembrar que toda a criação foi afetada pela queda de Adão. Não apenas a imagem da humanidade foi manchada; mas a morte e a destruição também afetaram o mundo animal, e também entraram na criação inanimada. A criação participa da esperança viva da fidelidade de Deus, que percebe que suas dores de parto é um presságio para glória final e para a eterna paz e felicidade.

A criação Geme (23-25)

Nova Versão Internacional (8.18 A Glória Futura)
E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. 24 Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? 25 Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.
Nos versos 19 e 22, Paulo liga o gemido e desejo por libertação da criação ao futuro dos crentes. Aqui, ele volta-se para os cristãos em si, assim incluindo tanto a criação inanimada quanto animada como esperando a liberdade dos efeitos da transgressão de Adão. Se a criação geme, quanto mais o crente, que é o receptor da obra redentora de Cristo.
Além disso, ele incentiva os crentes a permanecerem pacientes. Nós gememos por sua volta, mas devemos aguardar pacientente.
Uma vez que vivemos entre a dificuldade presente e o destino futuro, entre o “já” e o “ainda não”, a postura cristã correta é a de esperar “ansiosamente”, com grande expectativa, e esperar “pacientemente”, firmes enquanto suportamos nossas provações.

Capacitados pelo Espírito Santo (26-30)

Nova Versão Internacional (8.18 A Glória Futura)
26 Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27 E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. 28 Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. 29 Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.
Nesses próximos textos somos levados a entender como suportaremos esse processo, como poderemos aguardar com expectativa e paciência. Nesse estado intermediário, o Espírito Santo nos ajuda em nossa fraqueza quando oramos. Nossa enfermidade é nossa ignorância: “Não sabemos como orar”. Mas o Espírito sabe o que não sabemos. Ele intercede por nós, e o faz com gemidos inexprimíveis. O Espírito Santo se identifica com nossos gemidos, com a dor do mundo e a da igreja, e participa do anseio pela liberdade final de ambos.
Caimos então no verso 28, tão conhecido e tal mal interpretado.
Muitos utilizam fora de contexto e acreditam que tudo aquilo que o crente se propõe a fazer será bem sucedido, e tudo o que passamos é por que Deus está nos preparando para algo maior.
Na verdade o que Paulo nos fala é que todas as dores e gemidos do crente, todo seu anseio por eternidade e libertação resulta em crescimento, toda dor e gemido, nos ajudar a suportar pacientemente todo o processo, sabendo que estamos nos tornando mais parecidos com Cristo e estamos sendo capacitados para esperarmos no Senhor e desfrutarmos de toda glória que nos reserva a eternidade.
Ou seja, ele finaliza nos lembrando que fomos predestinados para sermos como Cristo. Toda a dor e sofrimento nos torna como Ele
Deus usa tudo e todos para sermos como Cristo

A segurança e a vitória do crente (31-37)

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: “Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro”. 37 Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, 39 nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Um dos textos mais lindos das escrituras! Como quando lemos essa verdade somos preenchidos de esperança e gratidão. Como somos constrangidos por tal amor.
Paulo dizendo aos crentes que eles precisam colocar o sofrimento numa perspectiva correta, meditando nas bençãos da salvação. O apóstolo diz aqui que a nossa segurança é baseada no amor de Deus por nós.
Aqueles irmãos em Roma entendiam sobre sofrimento, sabiam o preço de viver para Cristo. Eles sofriam.
A insegurança faz parte de toda a experiência humana. Aos cristãos não é garantida imunidade à tentação, tribulação ou tragédia, mas recebemos a promessa de vitória sobre elas. A promessa de Deus não é que o sofrimento nunca nos afligirá, mas que nunca nos separará do seu amor. Nossa confiança não está em nosso amor por ele, o qual é frágil, inconstante e hesitante, mas em seu amor por nós, o qual é firme, fiel e perseverante.
Quem nos separará do amor de Cristo?
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