Ligados uns aos outros

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Introdução e textos

Durante as última semanas estamos dando passos perseverantes para ajustar nossa direção, apontando para a missão deixada por Jesus “Vão e façam discípulos” não apenas como uma tarefa a ser cumprida mas como um modo de viver.
Já entendemos que a missão é cumprida a partir da obediência aos mandamentos de Jesus. Ele confirmou a um estudioso da Lei que toda a lei deixada por Moisés e o ensino dos profetas poderiam ser bem resumidos no amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Que grande desafio! Ao falar com seus discípulos, Jesus trouxe um novo padrão de comparação para esse amor. Antes era suficiente amar o outro como eu me amo, agora Jesus nos desafia a amar como ele nos nos ama. A mudança é tão grande que Ele chamo de novo mandamento.
John 13:34 NVI
34 “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.
Três aspectos importantes podem ser brevemente destacados. Eles são como degraus pelos quais precisamos passar:
Primeiro, esse novo mandamento continua sendo um mandamento. De certa forma essa geração tem muito medo de receber e dar ordens. Sente-se insegura para dá-las e ofendida quando as recebe. Mas Jesus não fugiu do formato. Ele tanta afirma obedecer ao Pai quando requer que seus discípulos o obedeçam.
Amar, portanto, não é opcional para os seguidores de Jesus. Se temos dificuldade, não podemos nos conformar, olhar para nós mesmos e dizer: “Tudo bem. Esse é o meu jeito de seguir Jesus.” Cumprir a missão decorre de você amar.
Segundo, é o aspecto da reciprocidade. Não se trata de um amor unilateral, mas mútuo. Esse é o primeiro “uns aos outros”, de onde surgem todos os demais. Jesus nos desafia a direcionar nosso amor par outras pessoas, mesmo sem podermos controlar no que isso vai dar. É nossa parte na mutualidade, já que não podemos fazer com os outros nos amem. Por isso é que, na lógica invertida do Reino de Deus, aquele que ama antes de ser amado, e até mesmo quando não é amado, é mais digno e nobre. Cumprir a missão decorre de você amar primeiro.
Terceiro, é o novo padrão que recebemos: “como eu vos amei”. Antes da lei havia a barbarie. Mesmo que individualmente algumas pessoas procurassem ser justas, a regra era proteger os seus e dar fim a todos os outros e não havia limites. A lei de Moisés, confirmando em alguns aspectos a lei de Talião, pôs um limite às punições excessivas e afirmou “olho por olho, dente por dente”. Falando à multidão, Jesus confirma o freio da lei, mas reformula da seguinte maneira:
Matthew 5:38–39 NVI
38 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. 39 Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra.
Agora, falando aos seus discípulos, ele vai além e estabelece um novo padrão de relacionamento a ser desenvolvido: “amem uns aos outros como eu vos amei”. Assim, cumprir a missão decorre de você amar da mesma forma que Jesus amou.

Edificados sobre Jesus

Como descrever um grupo de pessoas que se relaciona dessa forma uns com os outros e com as pessoas de fora do grupo? Como deveríamos chamar esse grupo de pessoas que insiste em amar, que corre o risco de amar primeiro e aceita o desafio de amar como Jesus amou? Jesus, o fundamento de tudo isso, chamou-os de igreja:
Matthew 16:18 NVI
18 E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la.
Ephesians 2:20 NVI
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular,

Corpo de Cristo

Há várias metáforas na Bíblia usadas para tentar comunicar essa realidade espiritual a respeito da Igreja de Jesus Cristo. Somos comparados a uma plantação que está sendo cultivada, a um prédio sendo edificado e também a um corpo em funcionamento.
Isso é muito comum nas Escrituras, usar metáforas e comparações com coisas do dia-a-dia para tentar explicar realidades espirituais. Jesus mesmo disse que ele é a porta, o caminho, a videira... que nós somos o sal, a luz... As comparações são o caminho preferido de Jesus para comunicar conceitos eternos.
Vejamos dois textos escritos pelo apóstolo Paulo em que é feita essa comparação da igreja com um corpo em funcionamento.
1 Corinthians 12:27 NVI
27 Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo.
Romans 12:4–5 NVI
4 Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, 5 assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros.
Os dois textos que lemos são comparações. Escrevendo para as igrejas em Roma e Corinto, o Apóstolo tenta jogar luz sobre nossa relação com Cristo e também sobre nossa relação uns com os outros, usando para isso a metáfora do corpo.
É importante perceber que ele estava escrevendo para pessoas que tinham uma relação bem peculiar com Jesus Cristo. A comparação só é possível por causa desse relacionamento. Então, quando o apóstolo fala “vocês são o corpo de Cristo” ele não está dizendo isso em praça pública para todo mundo, mas ao pé do ouvido daqueles que já resolveram seu relacionamento com Jesus através de uma atitude de rendição a Ele como Senhor e Salvador de suas vidas.
Romans 10:9–10 NVI
9 Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. 10 Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação.
Por isso, podemos dizer que a igreja é formada por pessoas que creem no Jesus ressuscitado e se submetem publicamente a Ele como Senhor de suas vidas. São essas pessoas que o apóstolo Paulo em sua comparação chama de Corpo de Cristo.
Essa compreensão certamente pede uma reflexão sobre nosso relacionamento com Jesus. Porque uma pessoa ser alguém que analisa e até estudo atentamente os ensinos de Jesus… ou admirador dele como ser humano... ou um fã das suas ideias revolucionárias... pode achar bacana o amor que ele demonstrou pelas pessoas... Participar dos cultos e das programações da igreja. Mas não ser um membro do Corpo de Cristo.
Por outro lado, se você em seu coração crer e confia que Jesus ressuscitou do mortos e é o filho de Deus, e com sua boca declara que Ele é o Senhor da sua vida, então você já é um membro do Corpo de Cristo. É isso que as Escrituras nos garantem.
É preciso que isso esteja claro porque a forma como nos relacionamos com Jesus define se somos parte do corpo e serve de guia para nosso relacionamento uns com os outros. Se de fato somos membros do Corpos de Cristo, estamos ligados uns aos outros. E coisas surpreendentes e interessantes irão acontecer entre nós.
Por exemplo, a dor de um membro será sentida pelo corpo do todo, assim como a satisfação de um membro alegrará o corpo todo.

Individualmente...

Outro aspecto importante sobre esse assunto é que há duas dimensões dessa conexão que temos com a Igreja de Jesus, isto é, com o corpo de Cristo:
A primeira dimensão é o fato de que a ligação com o Corpo de Cristo é pessoal e diz respeito a você. Cada um, individualmente, é feito membro desse corpo. Isso quer dizer que nesse assunto não existe terceirização. Não dá para colocar sua relação com Cristo e com a Igreja de Cristo na conta de mais ninguém.

…membros uns dos outros

A segunda dimensão é que embora sejamos membro do Corpo de Cristo individualmente (mediante a obra do Espírito Santo que nos convence do nosso pecado, da justiça de Deus e do seu justo juízo), nenhum de nós é membro desse corpo sozinho. Somos membros uns dos outros, por que fomos conectados por Cristo na coletividade que é a igreja.
Esses dois aspectos são básicos para o entendimento bíblico a respeito dos mandamentos recíprocos, todos os demais “uns aos outros” que decorrem do primeiro: “amem uns aos outros”.
Aqueles que se rendem a Jesus e decidem submeter-se a Ele como seu Senhor e Salvador, são conectados individual e mutuamente no corpo de Cristo. Essa dupla conexão não é obra da nossa boa vontade, de educação ou cortesia entre nós. Acontece numa dimensão espiritual e é Deus quem faz.

Implicações práticas

Gene Getz, pastor e escritor, apresenta três implicações importantes que decorrem do fato de que somos membros uns dos outros:
A primeira implicação é a INTERDEPENDÊNCIA – o fato de estarmos ligados uns aos outros nos diz que não podemos atuar sozinhos.
1 Corinthians 12:21 NVI
21 O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você!” Nem a cabeça pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês!”
Somos muitos, mas o corpo é um só. Somos membros individualmente, mas sozinhos nossa atuação é limitada e com poucos resultados.
Há pessoas que estão desistindo da igreja, da coletividade, da interdependência para tentar viver uma experiência cristã intimista, quase individualista. Mas as Escrituras deixam claro que a vida de um discípulo de Jesus não pode ser uma carreira solo.
Não é possível experimentar plenamente nossa condição de membros do corpos de Cristo sentados no sofá, assistindo cultos online. Isso não funciona também quando você se encontra esporadicamente com outros membros do corpo. E é impossível de se tornar uma experiência real quando você vai todos os cultos, mas assume uma postura independente, como se não precisasse das outras pessoas.
Deus nos fez interdependentes e cumprir a missão depende desse entendimento e dessa prática.
A segunda implicação é a HUMILDADE – o fato de fazermos parte de um corpo em que seus membro exercem funções diferentes e únicas, nos ensino que nenhum membro é dispensável. Todos são igualmente necessários e nenhum pode ser deixado de lado sem que faça falta. E a falta de um não pode ser compensada com o estrelismo de outro.
Romans 12:3 NVI
3 Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.
No corpo de Cristo, precisamos da humildade que nos leva a depender uns dos outros.
A questão é que por melhor que seja um olho, ele não pode ouvir. Por mais fortes que sejam os braços, eles não podem sentir os aromas da vida.
É a isso que me refiro quando afirmo que uma igreja não pode depender uma só pessoa ou mesmo de um pequeno de irmão. Por mais capacitada que essas pessoas sejam ela são apenas membros do corpo. A mim e a todos os líderes cabe a humildade de reconhecer que não somos suficientes, por melhores que sejamos. Temos nossas funções, mas somos apenas mais um membro.
A terceira implicação é a UNIDADE – em um corpo sadio os membros não lutam uns contra o outros. Eles cooperam uns com os outros. Quando um corpo trabalho contra si mesmo dizemos que ele está doente. É assim também com a Igreja. Somos chamados à unidade, ao compromisso mútuo uns com os outros.
É importante compreender que essa unidade de propósito é produzida pelo Espírito de Deus. É ele que faz nascer em nós uma só mente, um só coração, um só propósito, como nos diz o relato do livro de Atos.
Acts 4:32 NVI
32 Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham.
Por outro lado, embora a unidade seja produzida pelo Espírito de Deus, nós somos chamados a preservá-la. A natureza da unidade que existe entre nós é espiritual, mas a experimentação prática dessa unidade é resultado de esforço em nossos relacionamentos.
Por isso, escrevendo aos irmão de Éfeso, o apóstolo Paulo os encoraja da seguinte forma:
Ephesians 4:3 NVI
3 Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Portanto, aqueles que são parte do Corpo de Cristo e membros uns dos outros, são chamados a reconhecerem o relacionamento de interdependência que temos entre nós, a cultivarem a humildade, compreendendo que são membros de um corpo e a trabalhar com dedicação para manter a unidade do corpo com laços de paz.

Conclusão

Agora estamos prontos para avançar para os vários “uns aos outros” que nascem no novo mandamento de Jesus: “amem uns aos outros”. Eles são nosso caminho para o cumprimento da missão “vão e façam discípulos”
Priorize nosso encontro aos domingos nas próximas semanas e tente ser frequente. Vai ser muito importante para o que vem pela frente que você esteja à vontade com os desafios que acompanham uma igreja que se pretende relacional e compreende que a missão se realiza no contexto de relacionamentos íntegros que se tornam em caminhos de discipulado.
Esses relacionamentos discipuladores, estratégias importantes para que o cumprimento da missão, não são arapucas armadas para aprisionar descrentes incautos; são expressões legítimas de amor. Todos precisamos estar familiarizados com os desafios desse amor que nos leva a tornar “uns aos outros” um modo de vida.
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