Entre a Crença e a Prática
Sermon • Submitted • Presented
0 ratings
· 3 viewsNotes
Transcript
Introdução
Introdução
Você se lembra do nosso último sermão em Gálatas 2.1-10 ? Falamos sobre o legalismo, que é basicamente por vezes até mesmo fazer a coisa certa, porém com a crença errada. Hoje, estamos dando continuidade ao mesmo capítulo, mas agora Paulo está levantando um outro aspecto do legalismo. A crença certa, porém com a pratica errada.
Essa imagem, especialmente entre versículos 11–14 é o oposto da imagem anterior. Em vez de comportamento correto com crença errada, vemos crença correta com comportamento errado. Este é um dos episódios mais dramáticos e tensos de todo o Novo Testamento. Paulo, o apóstolo, confronta publicamente Pedro, o apóstolo. Um contexto anterior vai nos ajudar a entender esse confronto.
A igreja em Antioquia era composta principalmente por cristãos gentios. Quando Pedro chegou a esta igreja, começou a comer e passar tempo com eles. Isso pode não parecer significativo, mas era uma grande coisa para um homem judeu como Pedro. Por séculos, os judeus eram conhecidos por sua separação dos gentios. Sob a antiga aliança, Deus havia estabelecido certas leis dietéticas e outros mandamentos destinados a impedir que os judeus se misturassem com os gentios e fossem corrompidos por sua idolatria e imoralidade. Sentar à mesa com eles era considerado por alguns como impuro. A comunhão à mesa era mais do que apenas convidar alguém para uma refeição; muitas vezes era considerado um sinal de aceitação e aprovação. É por isso que o estabelecimento judeu fica espantado quando vê Jesus comendo com cobradores de impostos e pecadores (Marcos 2:16). Mas algo aconteceu com Pedro, registrado em Atos 10 que mudou seus paradigmas.
No capítulo 10 do livro de Atos, Cornélio, um gentio devoto, recebe uma visão de um anjo instruindo-o a chamar Pedro. Enquanto isso, Pedro, em Jope, tem uma visão de um lençol com animais considerados impuros, sendo instruído por Deus a considerá-los limpos. Nele havia todos os animais de quatro patas e répteis da terra, e as aves do céu. Então uma voz lhe disse: “Levanta-te, Pedro; mata e come!”. No primeiro momento, Pedro responde: “-De maneira nenhuma, Senhor!nPois jamais comi algo comum e ritualmente impuro!”
Novamente, pela segunda vez, a voz lhe disse: “O que Deus purificou, não consideres impuro.” Isso aconteceu três vezes, e então aquele pano foi recolhido ao céu.
Logo depois, os mensageiros de Cornélio chegam e convidam Pedro para visitar sua casa. Pedro, guiado pelo Espírito Santo, concorda em ir, desafiando as normas judaicas de associação com gentios.
Ao chegar à casa de Cornélio, Pedro encontra uma grande multidão reunida, incluindo familiares e amigos de Cornélio. Pedro começa a pregar o evangelho, declarando que Deus não faz acepção de pessoas e que Jesus Cristo é Senhor de todos. Enquanto ele ainda está falando, o Espírito Santo desce sobre os gentios, demonstrando que eles também são incluídos no plano de salvação de Deus.
Ao retornar a Jerusalém, Pedro enfrenta críticas dos cristãos judeus, que ficam chocados com sua associação com os gentios. No entanto, Pedro explica seu encontro com Cornélio e como Deus demonstrou sua aceitação dos gentios ao derramar o Espírito Santo sobre eles. Isso leva os cristãos judeus a glorificar a Deus por conceder aos gentios o arrependimento para a vida.
Com esse pano de fundo em mente, o confronto de Paulo com Pedro em Gálatas 2:11–14 faz mais sentido.
Gálatas 2:12 diz que Pedro costumava comer com os gentios, mas porque temia o “partido da circuncisão”, ele parou de comer com os gentios e começou a se separar deles. E este era o apóstolo que havia levado o evangelho aos gentios em Atos 10! Outros crentes começaram a seguir o exemplo de Pedro, incluindo Barnabé, que havia ajudado a iniciar a igreja em Antioquia. A implicação das ações de Pedro era que os gentios talvez não fossem totalmente aceitáveis diante de Deus. A frase-chave aqui é: “eles estavam se desviando da verdade do evangelho” (2:14). Isso era crença correta com comportamento errado, hipocrisia. Pedro conhecia o evangelho e acreditava no evangelho, mas suas ações não refletiam o evangelho, então Paulo o confrontou.
O Problema: A Hipocrisia (v.11-14)
O Problema: A Hipocrisia (v.11-14)
A hipocrisia nesse contexto se dá em andar como algo além da fé salvasse. As palavras de Paulo contra Pedro são fortes, a ponto de dizer que ele havia se tornado reprovável. Pedro não era ignorante sobre o tema, como citei o episódio narrado em Atos 10, Pedro sabia que a partir de Cristo os gentios estavam purificados. Pedro havia pregado aos gentios, ele conhecia a justificaçào pela fé, ele não estava confuso doutrinariamente. Pedro preferiu agir não de acordo com o que ele sabia do evangelho, mas agiu por temor a homens. O medo de ser impopular com algumas pessoas fez com que Pedro se afastasse de outras. Pior, essa atitude de Pedro estava influenciando outros como Barnabé.
A hipocrisia de Pedro consistia no fato que as atitudes públicas eram contraditórias com a fé que ele professava. Paulo está alertado para o fato que a atitude de Pedro era na prática negar o próprio evangelho. A atitude de Pedro era muito mais profunda do que simplesmente “não querer ser amigo de todo mundo". Pior, a sua atitude estava gerando um efeito manada a ponto de influenciar a outros como Baranabé, também os levando a pecar.
Pedro é repreendido publicamente por Paulo, não simplesmente porque o pecado foi púlbico, mas porque o seu pecado público estava influenciando outros, a ponto de levar outros também a pecar. Paulo não passou do ponto, mas agiu biblicamente e nos ensinando como situações assim devem ser levadas. Nos ensinando também como nossas atitudes públicas tem consequências em outras pessoas, sejam elas boas ou ruins.
Esse episódio nos traz algumas lições importantíssimas.
Esse episódio nos traz algumas lições importantíssimas.
Hoje, não estamos lidando com questões sobre se judeus e gentios devem ou não comer juntos ou que tipo de comida eles estão comendo, mas temos também muitas inconsistências. Há muito em nossos estilos de vida que nos levam a hipocrisia, assim como Pedro, e isso deve ser confrontado biblicamente. Lembre-se, você pode ser quem for, você não está acima do evangelho. Nem mesmo Pedro passou impune. Todos nós podemos negar o evangelho de forma prática, mesmo que professemos outras coisa.
Gálatas nos lembra de como facilmente nos desviamos. Por um lado, pensamos que, fazendo coisas boas, ganhamos favor diante de Deus, legalismo. Por outro lado, afirmamos ter o evangelho da graça mas vivemos como o resto do mundo, hipocrisia.
O problema que Paulo confronta em Gálatas 2 é: judeus de um lado e gentios do outro. Os judeus afirmavam que tinham mais favor diante de Deus porque observavam a lei, fazendo com que os gentios se sentissem cristãos de segunda classe. Às vezes a situação era invertida, como em Romanos 14, onde aqueles que observavam a lei eram menosprezados. De qualquer forma, devemos nos proteger contra uma mentalidade divisiva; não há cristãos de segunda classe no reino de Deus. Em nosso próprio contexto, devemos rejeitar um tipo de cristianismo de níveis com divisões.
Isso não significa que não devemos ter nossas preferências pessoais, mas não estamos em uma competição para ver quem pode ganhar o maior favor diante de Deus. E mais, que essas questões não podem ser determinates para quem nós devemos estender a comunhão e não o evangelho. O que Deus nos fala é que devemos unir os braços com outros crentes e banir o legalismo e a hipocrisia do meio da igreja. Dentro de nossas igrejas locais, devemos apontar uns aos outros para o evangelho e para a verdade da Palavra de Deus.
Quantas vezes por temor a homens e medo da avaliação dos outros por associação a pessoas que não atendem aos requisitos de determinados grupos - Se você for amido de tal pessoa, não pode ser meu amigo. Medo de tratar de temas que a bíblia fala por temor a homens e ser associado a grupos que vão te excluir de outros.
Paulo diz que quando agimos como Pedro, negamos de forma prática o próprio evangelho. Considere todas as questões que porventura te leve a se irmanar com pessoas de outras religiões, e que essas mesmas questões se tornam barreiras para você estender comunhão com outros crentes, especialmente da sua comunidade de fé. Jesus não morreu por nenhuma outra comunidade que você participa nesse mundo, mesmo que essas comunidades sejam positivas, Ele morreu pela igreja. Essa unidade se dá de forma prática a partir da igreja local. Não estou dizendo que essa comunhão não se estenda a irmãos de outras comunidade de fé que professem a fé somente em Cristo, mas que se essa comunhão não passa de forma profunda na sua igreja local, talvez o que esteja madiando a sua comunhão não seja Cristo, mesmo que esses outros sejam Cristãos.
Uma vez que identificamos o problema, qual é a solução?
A solução: A fé em Cristo somente (15-21)
A solução: A fé em Cristo somente (15-21)
Fé (2:15–21)
Agora chegamos à segunda imagem nesta passagem que nos ajuda a entender o que significa agradar a Deus. Nos versículos 15–21, Paulo descreve crença correta com comportamento correto. Como você junta esses dois? A palavra-chave nestes versículos é fé. Tudo gira em torno da fé. Não fé mais alguma coisa; simplesmente fé. A justificação é pela fé somente. Toda vez que você adiciona algo a fé em Cristo, você perde a Cristo.
Através da Fé em Cristo, Somos Aceitos perante Deus
Através da Fé em Cristo, Somos Aceitos perante Deus
Nos versículos 15–16, Paulo lembra Pedro de que eles, como judeus, não encontraram salvação através da lei, mas através da fé em Cristo. Se a justiça vem através da lei, diz Paulo, então a morte de Cristo foi “em vão” (v. 21). Voltar e viver como se a lei salvasse, depois de ter sido salvo pela fé em Cristo, é, nas palavras de Paulo, “reconstruir o sistema que eu derrubei” (v. 18). Paulo lembra a Pedro que Deus aceitou os gentios, mesmo que eles não sejam circuncidados e não comam o que a antiga aliança diz para comer. E se Deus os aceitou, eles também deveriam (Paulo e Pedro). Através da fé em Cristo, judeus e gentios são aceitos perante Deus.
Junto com a fé, o outro termo chave nestes versículos é justificado. Somos justificados pela fé. O termo justificado aparece quatro vezes nos versículos 16–17. Ele vem da mesma palavra no grego que é traduzida como “justiça” no versículo 21.
Paulo está enfatizando o ponto de que a justificação é indispensável em termos de como pensamos sobre o evangelho e a vida Cristã.
Então, o que significa justificação? Vamos detalhar a seguinte definição:
Justificação é o ato gracioso de Deus pelo qual Deus declara um pecador justo somente através da fé em Jesus Cristo.
Primeiro, justificação é o ato gracioso de Deus. No final do versículo 16, Paulo alude ao seguinte:
Isso significa que ninguém é justo diante de Deus, nem há nada no homem que possa torná-lo justo diante de Deus. Nada em nós justifica, merece, inicia ou causa Deus a nos salvar. Justificação é tudo sobre graça, o que significa que a própria fé é evidência da graça.
Em seguida, justificação é o ato gracioso de Deus pelo qual Deus declara. Justificação é uma declaração. A imagem de palavra é a de um juiz declarando seu julgamento. Isso é importante porque a justificação é um ato, não um processo pelo qual somos mais justificados amanhã do que somos hoje. É uma declaração de uma vez por todas. E uma vez que você é declarado “justificado” ou “justo”, você é justificado para sempre. É por isso que Romanos 5:1 diz, “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo.”
Na justificação, Deus pega um pecador culpado, e o declara justo. O santo juiz do universo pega um pecador que está em rebelião deliberada, merecendo apenas um veredicto de culpa, e diz, “Não culpado.” Isso inclui o perdão de Deus de uma vez por todas dos pecados e Sua declaração imutável de que somos justos aos Seus olhos. Você está em paz com Deus. Você é inocente. Você não é mais culpado. Este é o evangelho! Mas como? Como isso acontece? Melhor ainda, como isso pode acontecer? Como um pecador pode ser declarado justo?
Justificação é somente através da fé em Jesus Cristo. Deus, o juiz, atribui a justiça de Cristo à sua conta quando você coloca sua confiança em Cristo. Paulo coloca desta forma: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Somos culpados, merecedores da morte, mas nossas contas foram creditadas a Jesus, que suportou a ira santa de Deus na cruz. Por sua vez, pela Sua morte na cruz, Cristo fez um caminho para que Sua justiça fosse creditada a nós. (fico indgnado quando cristãos dizem que pessoas de outra religião que não confesse uma fé em Cristo somente, estão supostamente a frente dos crentes por observarem melhor uma determinada prática)
Tenha em mente, no entanto, que justificação não é o mesmo que varrer o pecado para debaixo do tapete e fingir que ele nunca existiu. Deus sabe que existe. O pecado tem uma penalidade, mas essa penalidade foi paga. E o registro dos seus pecados foi colocado na cruz do Filho de Deus. É por isso que somos aceitos perante Deus através da fé em Cristo. Foi o que alguns oponentes da Reforma pensaram, e é provável o que os judaizantes estavam pensando. Se somente a fé em Cristo é a única base para aceitação perante Deus, então isso não mina uma vida vivida para Deus? Essa é a unica forma de sermos aceitos?
Gálatas 2 tem uma resposta para essa objeção.
Através da Fé em Cristo, Estamos Vivos para Deus
Através da Fé em Cristo, Estamos Vivos para Deus
Nos versículos 18–19, Paulo adverte contra confiar em Cristo e depois voltar a viver como se sua aceitação perante Deus fosse baseada em seguir a lei. No versículo 19, Paulo nos diz por que morreu para a lei: “para que eu viva para Deus.” Não somos justificados apenas pela fé, mas vivemos pela fé. Paulo não tinha espaço para uma salvação que consiste em fazer uma oração, supostamente confiando em Jesus, e depois viver sua vida do mesmo jeito que antes. Impossível. A fé não é apenas para receber a salvação; é também para nos capacitar a viver a salvação. Vivemos todos os dias, todos os momentos, pela fé.
Versículo 20: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.”
No versículo 19, Paulo falou sobre morrer para a lei, e agora no versículo 20 ele fala sobre viver pela fé. Todos os nossos pecados — passados, presentes e futuros — foram pagos na cruz. Cristo levou todos eles. Então, quando um cristão peca, Deus não diz: “Você não é mais justificado.” Não, sua justificação está selada.
Porém, não morremos apenas para o pecado quando confiamos em Cristo, mas morremos para nós mesmos. Paulo diz: “Já não sou eu quem vive” (Gálatas 2:20). Você não apenas acredita intelectualmente que Jesus morreu na cruz pelos seus pecados. Não, quando você coloca sua fé em Cristo, você morre com Cristo. Seu coração de pedra é esmagado, seu orgulho é destruído, e sua vida é entregue. Você morre para o seu velho eu que era dominado pelo pecado.
Quando corremos para Cristo, Ele cobre nosso pecado. Ele leva todo o nosso pecado sobre Si e Seu sangue nos cobre. Paulo diz que Cristo morreu por nós enquanto ainda éramos pecadores, de tal forma que fomos “justificados pelo seu sangue”. Então, Jesus cobre nosso pecado, e Ele muda nossas vidas. Quando Paulo diz que foi crucificado com Cristo, ele está praticamente dizendo: “Não é mais o 'eu' que pensava que o mundo girava ao seu redor. Minha vida não é mais sobre mim”, diz Paulo, “porque Cristo vive em mim.”.
Conclusão
Conclusão
Esta é a chave para a vida cristã: fé em Cristo — não apenas no Cristo que morreu na cruz por você, mas no Cristo que vive em você. Vivemos pela fé quando acreditamos em Cristo a cada momento de todos os dias. Acreditamos Nele como nosso sustento e nossa força. Acreditamos Nele como nosso amor, alegria e paz. Acreditamos Nele como nossa satisfação — mais do que dinheiro, casas, carros e coisas. Acreditamos que Cristo seja nossa pureza, nossa santidade e nosso poder sobre o pecado. Isso é o Cristianismo: acreditar que Cristo seja tudo de que você precisa para cada momento que você vive. Você vive pela fé no Filho de Deus.