A Vida Além do Erro dos Pais (Aula)

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O poder transformador do amor de Deus

Deus quer que você conheça e experimente o amor dele. Ele reserva um tempo para fazer mais que apenas dizer simples palavras. A Palavra dele está repleta de lembretes de que ele, pessoal e poderosamente, ama seus filhos:
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4.10).
“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.31–32).
“Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5).
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.15–16).
-Essas passagens falam de duas maneiras principais pelas quais Deus mostra seu amor por nós. Primeiro, o fato histórico: Jesus enfrentou uma morte agonizante por amor a seus filhos. Segundo, a dinâmica poderosa dentro de nossos corações: o Espírito Santo derrama o amor de Deus em nós para criar a resposta confiante de um filho.
-O amor de Deus é eficaz, no passado e agora.
-Mas o que dizer quando nos sentimos desconectados do fato histórico de que Jesus morreu por nós e da dinâmica de trabalho do Espírito Santo? Quando a cruz de Cristo o deixa frio/insensível? Quando o Espírito Santo parece ser apenas uma teoria (e não uma ajuda diária em tempos difíceis)?
-Pessoas que lutam para entender o amor de Deus por elas frequentemente ouvem duas ideias dos conselheiros cristãos e de outros que tentam ajudá-las.
• Declaração 1. “Você realmente não consegue apreciar Deus como Pai se teve um relacionamento ruim com seus pais humanos.”
• Declaração 2. Essa declaração é sobre métodos de aconselhamento e, com frequência, segue a primeira afirmação: “Se você teve problemas com os pais em sua história, precisa agora de um tipo de “reparentalização” ou de alguma espécie de experiência de correção emocional. Você precisa do amor de um pai substituto, terapeuta, mentor ou grupo de apoio antes de experimentar Deus como um Pai amoroso.”
Essas declarações são verdadeiras? Se seus pais eram violentos, críticos, negligentes e egoístas, você está impedido de conhecer Deus como um pai amoroso? Será que você precisa, antes, experimentar um relacionamento humano corretivo para tornar “Deus é meu Pai” uma realidade substancial?
-Quando cuidadosamente examinadas, essas declarações revelam-se falsas. Elas distorcem a natureza do coração humano, e distorcem as razões pelas quais as pessoas acreditam em mentiras sobre Deus. Ainda pior, essas declarações negam o poder e a verdade de como Deus realmente age através de sua Palavra e de seu Espírito. Elas substituem o Deus Todo-poderoso por um todo-poderoso psicoterapeuta, cujas afirmações e tolerância preparam o coração para um deus que vai apenas tolerar e afirmar.
-Isso não quer dizer que pessoas com pais medíocres não projetem frequentemente essas imagens para o Deus verdadeiro. Elas o fazem muitas vezes e não é de admirar que digam que um deus assim não é confiável nem amável! A declaração número 1 reflete um fenômeno comum: “Eu tenho um pai corrupto e eu acho que Deus é corrupto”. Mas a relação causal entre esses dois fatos é real? As pessoas distorcem sua visão de Deus porque tiveram pais pecadores ou por alguma outra razão? Você deve cavar abaixo da superfície para encontrar a resposta. Existem pessoas com pais ruins e que, ainda assim, têm um ótimo relacionamento com Deus? Existem pessoas com bons pais e que, ainda assim, têm uma visão detestável de Deus?
-A declaração 2 também reflete uma experiência comum: “Realmente fez diferença conhecer uma pessoa em quem eu pude confiar e meu relacionamento com Deus cresceu”. Sem dúvida, amigos bons, atenciosos e sábios são uma excelente ajuda no processo de mudança. Um conselheiro piedoso é como um pai piedoso em muitos aspectos. Mas essa explicação para mudança, embora plausível, está correta? Outra vez, você precisa cavar. Relacionamentos humanos que afirmam e lhe dão confiança corrigem o problema de uma visão distorcida de Deus ou há uma solução primária diferente? Existem pessoas que conhecem alguém em quem confiam e, ainda assim, pensam que Deus não é confiável? Um relacionamento com alguém em quem você confia pode desencaminhá-lo de Deus?
Deus é meu Rei, Pastor, Mestre, Salvador e Deus
-Pais pecadores não são os únicos a deturpar a imagem de Deus. Todas as palavras que Deus usa para descrever a si mesmo têm paralelos humanos desapontadores. Por exemplo: Deus é Rei; O SENHOR é o meu Pastor; O Senhor é o meu Mestre; Deus é meu Salvador, Resgatador e Ajudador; O SENHOR é Deus...
-A questão é: o que você permite que dite sua percepção de Deus — a Palavra ou a experiência pessoal? Se você olhar para Deus apenas através das lentes da experiência humana, vai interpretá-lo mal. Mas, quando você ouve, o Espírito Santo fala através da Palavra para reinterpretar suas experiências de vida. Essa verdade, então, permanece, moldando sua percepção acerca das experiências futuras.
-Se o que voce mais ouviu falar ou a quantidade de experiências que voce teve foi falsos falsos pastores ou pastores ruins, isso invalida o Salva 23 e ele não vai mais servir pra nós?
-Isso significa que não dá para ser consolado pelo fato de o Senhor ser um pastor até você conhecer um ministro piedoso? Ezequiel 34 e João 10 argumentam justamente o contrário. Deus afirma que podemos receber conforto direto dele, mesmo que as pessoas tenham traído a nossa confiança: “Eu estou contra esses pastores cruéis, e eu, o bom pastor, eu mesmo virei e tomarei conta de você, meu rebanho”. A existência de perversidade não nos faz cegos para a pureza. Coloque as prioridades em primeiro lugar. Com frequência, o Espírito Santo usa pastores piedosos, mas ele não precisa deles. Ele é poderoso o bastante para revelar o Supremo Pastor, mesmo que não existam modelos humanos nobres.
-O Senhor é o meu mestre, e eu sou seu servo. Como as pessoas normalmente encaram as figuras de autoridade (chefes, comandantes, diretores executivos, gerentes)? Muitas vezes há rivalidade, distanciamento, manipulação e suspeita entre patrões e subordinados. A escravidão literal sempre foi repleta de degradação e ressentimento. Ainda assim, Deus escolheu uma palavra que está carregada de uma experiência negativa e espera que nós a vivenciemos com alegria. Ele descreve a si mesmo como um Senhor gentil, e a nós, como servos solícitos. Que choque a linguagem de Paulo deve ter sido para os servos ressentidos ou desesperados (mas quão libertadora, quando compreenderam o ponto!). Mais uma vez, Deus usa uma experiência unilateral para mostrar uma verdade bilateral. Existem tanto bons como maus relacionamentos entre mestres e servos. Você crerá em Deus ou no mundo que conhece? O Espírito Santo é capaz de renovar sua mente para que você confie no Senhor.
-A experiência de vida não é suprema; nem as mentiras nas quais as pessoas acreditam. Deus é — e somente ele pode nos dar isso.
-Claramente, nossa experiência de fracasso não precisa nos controlar. Contudo, para muitos, a verdade “Deus é Pai” parece ser a exceção.
Mas Deus é meu Pai?
-Essa ideia de que seus pais determinam sua visão do Pai celeste tem origem na psicologia psicodinâmica, não na Bíblia. Homens como Sigmund Freud e Erik Erikson observaram corretamente que, com frequência, as pessoas criam seus próprios deuses. A teoria psicodinâmica deles fez desse padrão “de baixo para cima” a explicação para nossas ideias de Deus. Essa teoria negou que o Deus verdadeiro se revela “de cima para baixo”. O deus psicodinâmico era uma projeção da psique humana. Agora, versões populares dessa ideia permeiam a nossa cultura.
-“Se meu pai não me amava, eu não consigo conhecer Deus como um Pai amoroso.” Essa ideia desperta algo no coração humano. Porém, quando lembramos que nosso coração é naturalmente distorcido, começamos a perceber razões diferentes pelas quais essa explicação parece tão convincente para nós. Todos os pecadores fabricam imagens falsas de Deus, e os pais são os primeiros modelos. Como pecadores, esquivamo-nos da responsabilidade por nossa incredulidade, culpando os outros e saboreando o papel de vítimas. Quando projetamos mentiras e imagens errôneas em Deus, preferimos apontar para os pais como a causa a olhar para as atividades de nossos próprios corações. O insight psicológico alimenta nossa tendência humana pecaminosa de encontrar desculpas e razões para a incredulidade.
-“Meu pai não me amava, então meu egocentrismo, autopiedade e incredulidade têm uma razão subjacente. Outra pessoa causou meus problemas; outra pessoa deve corrigi-los.”
-A técnica terapêutica segue logicamente essas suposições. “Seus pais eram distantes e cruéis. Você pensa em Deus como distante e cruel. Eu, seu terapeuta, sou interessado em você e gentil. Conhecer meu amor permitirá que você pense em Deus como em mim, interessado e gentil.”
-O ponto aqui é importante: a “reparentalização” não somente ignora a viva Palavra de Deus e o Espírito que dá vida; ela também substitui uma imagem falsa de Deus por outra. O deus insatisfatório criado pela alma humana, supostamente por causa de maus pais, pode agora ser refabricado à imagem de um terapeuta satisfatório.
-A abordagem da reparentalização tem uma visão equivocada de quem o Pai é e do que um pai deve ser. Ela sabe que a crueldade e a negligência são erradas, porém substitui esses pecados pela confiança suprema no poder de um terapeuta e na afirmação do eu. Não há uma verdade cabal nessa versão de amor: nem morrer para si mesmo, nem Salvador crucificado.
-Precisamos colocar a prioridade na frente, para que a visão do amor humano se conecte com o amor de Deus, em vez de competir com ele.
-As pessoas mudam quando o Espírito Santo traz o amor de Deus aos seus corações por meio do evangelho. Qualquer um que receba o Espírito de adoção como filho de Deus aprende a clamar: “Aba, Pai”. As pessoas mudam quando percebem que são responsáveis pelo que acreditam sobre Deus. A experiência de vida não é desculpa para acreditar em mentiras; o mundo e o diabo não justificam a carne. As pessoas mudam quando a verdade se torna mais clara e brilhante do que as experiências prévias de vida. Nós mudamos quando nossos ouvidos ouvem e quando nossos olhos veem o que Deus diz sobre si mesmo:
Isaías 49.13–16 “Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra, e vós, montes, rompei em cânticos, porque o Senhor consolou o seu povo e dos seus aflitos se compadece. Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim. Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim.”
Salmo 103.10–13 “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem.”
-Mas não há bons conselheiros como pais e mães? Sim. Como o apóstolo Paulo diz:
“Embora pudéssemos, como enviados de Cristo, exigir de vós a nossa manutenção, todavia, nos tornamos carinhosos entre vós, qual ama que acaricia os próprios filhos; assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida; por isso que vos tornastes muito amados de nós. Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus. Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes. E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória” (1Ts 2.7–12).
-O amor do Pai muda as pessoas, ele mudou Paulo. Conhecendo o amor divino, ele pôde incorporar o amor – um amor que era o fruto e o veículo da mensagem que ele impunha a seus ouvintes. Deus é essencial. O agente humano é significativo mas secundário, pois depende daquele que é primário.
O terapeuta moderno ou aquele que faz a reparentalização inverte isso. O conselheiro humano é primário. Deus ou é irrelevante ou secundário.
Se seu pai não o amou, você pode conhecer o amor do Pai. Um conselheiro piedoso (ou pai ou amigo) muitas vezes será o instrumento. Mas a chave para a mudança encontra-se entre você e Deus, e não entre você e outra pessoa.
Estratégias para a mudança
-Como Sally reconheceu: “Por anos, pensei que nunca poderia conhecer a Deus como meu Pai porque tive um relacionamento muito ruim com meu pai terreno. Mas, então, compreendi que meu maior problema era eu, e não Deus ou meu pai. Meu sistema de crenças estava completamente arruinado. Eu estava projetando mentiras em Deus e acreditando naquilo que não era verdade sobre ele!”
-...No início da vida cristã de Bill, Deus não parecia, de forma alguma, distante. Mas alguns padrões de pecado bem específicos (ter fantasias sexuais, manipular e evitar as pessoas, sentir preguiça, nutrir amor pelo dinheiro) estavam por trás da sensação recorrente da distância de Deus. A psicologia transformou o relacionamento com seus pais na infância em uma varinha mágica para explicar tudo que estava errado em sua vida no presente.
Eis aqui um resumo simples do caminho para crescer no conhecimento de Deus, seu Pai, ainda que seus pais tenham falhado com você (e é claro que todos os pais pecaram contra seus filhos).
1. Identifique e assuma a responsabilidade por mentiras específicas, crenças falsas, desejos, expectativas e medos que ofuscam seu relacionamento com Deus.
2. Encontre verdades específicas na Bíblia que combatam aquelas mentiras e desejos. Tem de haver uma batalha acontecendo dentro de você diariamente, à medida que o amor e a luz de Deus combatem sua escuridão.
3. Volte-se para Deus a fim de alcançar misericórdia e ajuda, pedindo ao Espírito da verdade para renová-lo, possibilitando, assim, que você extravase seu amor livremente.
4. Assuma a responsabilidade por pecados específicos cometidos contra seus pais e, como padrão geral, contra outras pessoas: amargura, obstinação, fuga, ato de transferir culpas, inquietação, medo, bajulação, calúnia, mentira, autocomiseração etc.
5. Volte-se para Deus a fim de alcançar misericórdia e ajuda. Peça pelo Espírito de amor para capacitá-lo a dar fruto com gratidão.
6. Identifique pecados específicos cometidos contra você. Pais que são egoístas ou hostis, que mentem ou traem a confiança, que fogem da responsabilidade, são pais que fazem o mal. O amor de Deus lhe dá coragem para olhar o mal de frente. Identificar as injustiças ajuda a saber o que perdoar. Isso também deixa claro aquilo que Deus o chama a enfrentar construtivamente. Você precisa de humildade para reconhecer que algumas injustiças podem ser apenas interpretadas como injustiças (produto de sua própria expectativa), e não injustiças reais. Arrepender-se do seu próprio pecado limpa sua mente para separar o que é o mal real do mal meramente considerado como tal. Você também precisa de uma renovação mental para entender que algumas coisas que lhe disseram estar certas ou que você presumiu serem certas estão erradas.
7. Pondere as coisas boas que seus pais fizeram por você. Muitas vezes, amargura e desapontamento embaçam o amor que era mostrado. Existem alguns pais que parecem encarnar o mal, porém a maioria é um misto de amor e egoísmo.
8. O Pai nos dá o poder para devolver o bem por mal, e não o mal por mal. Ele refaz seus filhos à imagem de seu Filho, Jesus. Aproxime-se com um plano para efetuar mudanças específicas em sua maneira de lidar com seus pais e os erros deles: perdoando, dando amor, buscando perdão, tolerando, confrontando construtivamente, reorientando sua atenção, colocando suas energias no chamado de Deus etc.
9. Encontre amigos sábios para orar por você, encorajá-lo, aconselhá-lo e a quem você possa prestar contas. A fé em Deus, nosso Pai, contagia. A sabedoria para viver como pacificador e filho de Deus também contagia. “O companheiro do sábio torna-se sábio.”
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