Série de Mensagens Ekklesia - Testemunhando Cristo
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Testemunhando Cristo
Testemunhando Cristo
Texto base: 1Pedro 3.13-17
INTRODUÇÃO
Boa noite,
Graça e paz!
“Se você construir, eles virão” essa é uma fala clássica do filme Campo dos Sonhos. A maioria dos não cristãos não tem a menor vontade de congregar conosco no próximo domingo. Simplesmente oferecer um “bom produto” não é suficiente para atrair pessoas na era considerada pós-cristã. Um ambiente agradável, uma boa acústica, pastores modernos e descolados, nada disso importa.
Aqueles que de vez em quando aparecem aos domingos em nossos cultos, em praticamente todos os casos, foram trazidos por algum membro da comunidade local. A maioria “dos de fora” não acordam aos domingos pela manhã desejosos de vir ao culto por causa do “café da manhã”, por causa da música, ou por achar o pastor bacana. Não! Eles vêm a um convite feito por você. Na maioria das vezes, eles são convencidos a vir por identificar alguma mudança em sua vida e desejosos de descobrir o que você tem experimentado, essas pessoas são impelidas a vir.
Cada um de nós interage com diversas pessoas em diversos ambientes, trabalho, vizinhaça, família, locais de lazer… Evangelismo não se limita a pastores e missionários, mas é um comissionamento de todo discípulo. É para toda a Igreja!
Muitos de nós já leram livros sobre evangelismo, fizemos até cursos sobre esse assunto, mas continuamos não nos envolvendo com não cristãos. Evangelismo não lida com métodos, mas diz respeito ao coração. Eduardo M. Bounds disse que: “A igreja está procurando por métidos mehores; Deus está buscando homens melhores”. O passo a passo é importante, mas o maior problema é a falta de vontade. A verdade é que proclamamos aquilo que transborda em nosso coração! Me questiono: O que tem transbordado em nosso coração?
Uma jovem quando é pedida em casamento, não fala mais de outra coisa a não ser das expectativas e anseios que tem em relação a esse novo ciclo de sua vida. Ela mostra a todos o seu anel de compromisso, atualiza o status das redes sociais, planeja o casamento, busca o melhor vestido! E sabe por que? Porque ela tem um novo amor! Ela não consegue ficar dias ou semanas sem falar desse assunto! Ela não precisa ser forçada ou constrangida a falar sobre o assunto, pois isso move o seu coração. Nós falamos daquilo que amamos, reverenciamos e ansiamos.
Observando o texto em apreciação, repare que o foco recai sobre a vida interior do cristão. Pedro volta à ideia de uma exortação anterior. No capítulo 2, verso 12, vemos pedro escrevendo:
1Pedro 2.11–12 “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.”
Pedro exorta os crentes a viverem de modo exemplar na sociedade para que seus adversários possam observar as suas boas obras e glorificar a Deus. Agora, Pedro coloca o objetivo de fazer o bem dentro do contexto do sofrimento. O contexto de Pedro era caracterizado pela hostilidade ao evangelho. Ele escreveu a cristãos marginalizados da região da atual Turquia, pessoas que enfrentavam calúnias, eram ridicularizadas, excluídas, e um dia sofreriam também a perseguição física.
“Quem irá lhes fazer mal?” ou “Quem há de maltratá-los?” A pegunta retórica nos faz lembrar do Apóstolo Paulo: “Se Deus é por nós? - (Rm 8.31)”. É claro que em ambas as perguntas a respostá é: ninguém. Como costumava dizer o reformador John Knox, “Com Deus ao seu lado, o homem está sempre em maioria”. Nossos inimigos podem nos ferir, mas não podem nos fazer mal. Só podemos fazer mal a nós mesmos se não confiarmos em Deus. Em geral, as pessoas não se opõem a nós quando fazemos o bem;no entanto, mesmo que se oponham, o sofrimento por causa da justiça é melhor do que comprometer o nosso testemunho.
De que maneira, então, podemos alcançar essas pessoas? Como cultivar um amor por compartilhar a esperança que temos em Cristo? Apesar de o contexto da Apóstolo Pedro ser diferente do nosso, em suas palavras encontramos três prioridades atemporais do testemunho fiel onde quer que seja: a prática da bondade; a reverência centrada em Cristo; e a predisposição constante. Se cultivarmos essas atitudes e vontades, veremos pessoas em nossa volta sendo alcançadas.
BONDADE PRÁTICA QUE PROVOCA PERGUNTAS:
Em sua primeira epístola, Pedro constantemente enfatiza a importância de se “fazer o bem” (1Pe 3.13, 16 -18; 1Pe 2. 12, 20, 3.1). Nosso testemunho envolve muito mais do que boas obras, mas definitivamente, inclui as boas obras (Mt 5.16). O grande mandamento (ame ao Senhor teu Deus e ao próximo) e a Grande Comissão (Façam discípulos de todas as nações) não se rivalizam, mas caminham na mesma direção. Elas representam o que podemos chamar de “modelo integrativo” de missão: proclamar as boas-novas , mas também, praticar as boas obras.
A palavra grega que Pedro usa para expressar a ansiedade do crente em fazer o bem pode ser traduzuda como “zelotes”. Essa determinada palavra tinha uma conotação política no Israel no século 1º. É o caso, por exemplo, de um dos discípulos de Jesus, Simão, o zelote (Lc 6.15; At1.13). Pedro, porém, não está exortando os leitores a tornarem-se extremistas políticos, mas a gastarem sua energia fazendo o bem.
Em nossa época, todo mundo quer estar do lado certo de qualquer assunto. São tempos voláteis, e as mídias sociais dificultavam a situação permitindo, e até mesmo encorajando, todos a opinarem sobre tudo, especialmente assuntos políticos e culturais. Todavia, o que Pedro incentivava não é a agitação política nem o debate, mas é um estilo de vida belo que demonstre o futuro do evangelho. A ênfase de Pedro recai sobre viver uma vida de boas obras, e não sobre ser antenado em tudo. Esse estilo de vida tem o poder de ser bastante convinvente.
Para ser uma testemunha fiel à sua volta é necessário buscar constantemente viver uma vida virtuosa. Isso não é algo simples, e pode resultar em oposição por parte de descrentes. Mas Deus está conosco, e ele se agrada dessa conduta, e com isso muitos podem ser induzidos a nos perguntar a razão de nossa esperança. O modo que vivemos provocará no mundo a nossa volta questionamentos quanto a nossa esperança.
Muitos cristãos já aprenderam a responder a algumas perguntas báscias que podem ser feitas acerca de nossa fé, e isso é ótimo; mas eles não sabem como despertar esse tipo de conversa! Pedro está aqui ensinando como despertar esse tipo de conversa: abençoe e faça o bem aos outros. Viva uma vida cativante governada pelo Espírito Santo e provoque perguntas.
O fruto do Espírito demonstrado em nossas ações práticas é capaz de causar um grande impacto no mundo ao nosso redor, um mundo que está antenado em tudo. É interessante como uma pessoa alegre, gentil, amorosa e pacífica se destaca nos dias de hoje. Que demonstrar a bondade de Jesus em atos práticos de serviçi ao próxiumo seja o objetivo de nossas vidas.
2. REVERÊNCIA CENTRADA EM CRISTO:
O medo muitas vezes o impedirá de ser uma testemunha fiel. “Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados” - Mais uma vez, Pedro lança mão de um texto das Escrituras do Antigo Testamento e cida as palavras de Isaias 8.12-13 para provar o que está afirmando. Pedro está se referindo tanto a um medo objetivo, quanto a um medo subjetivo.
Quando endentemos o sentido de temam como sendo subjetivo, ouvimos Pedro advertindo os leitores: “Não temam o que eles temem, nem se assustem”.
Se tomamos o termo temam de maneira objetiva, ouvimos Pedro aconselhando os cristãos: “Não os temam nem fiquem intimidados com eles”.
O medo impedirá você de servir outra pessoa, de dar um livro a alguém, de chamar alguém para comer, ou seja, de viver o evangelho com intensidade. É por isso que Pedro exorta os cristãos: “Não vos amedronteis”.
Temer os outros nos escraviza, nos amarra, e constrange os nossos pensamentos e ações. O autor de Provérbios diz: - Provérbios 29.25 “Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no Senhor está seguro.” Mas como evitar esse medo? O apóstolo Pedro escreve que o modo de superar isso é reverenciando Cristo mais do que os outros.
Nós como cristãos, precisamos consagrar o nosso coração a Cristo Jesus. O coração é a parte central da existência humana porque dele procedem as saídas da vida. Quando o coração é controlado por Jesus o cristão está livre do medo.
Pedro adaptou a citação do profeta Isaías 8.13 “Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; seja ele o vosso temor, seja ele o vosso espanto.” - Nos tempos de Isaías, ele disse ao povo para não temer os exércitos invasores dos assírios, mas adorar a Deus. Em sua epístola, Pedro traz também a mesmanmensagem de encorajamento. Redirecione os seus temores: lembre-se da santidade e da glória de Jesus e você verá os outros sob a perspectiva correta. É o deslumbramento por Jesus que faz de nós testemunhas. Viver o evangelho intencionalmente significa não viver com espírito de medo, mas coniando humildemente na presença do Senhor e reverenciando humildemente a santidade de Deus. É com essa disposição de coração que apresentaremos o evangelho a nossos amigos, familiares e descrcentes.
3. ESTEJA PREPARADO PARA TUDO E PARA TODOS:
Duas palavras dessa passagem não podem passar batidas: “sempre” e “todo”. Pedro quer que estejamos “sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em vós”. O apóstolo está dizendo o seguinte: “Estejam sempre preparados para responder a todo tipo de pergunta que as pessoas à sua volta possam fazer”.
Estar pronto significa que temos de deixar de lado as desculpas para nossa falta de interação com os não cristãos. Aceite o fato de que nenhum dia é, de fato, um dia perfeito para evangelizar. Sempre é possível arrajar pretextos: “Não dormi nada bem essa noite”, “Discuti com a minha esposa/esposo”, “Nossa, essa poeira ta me matando”. O evangelismo diário porém é que deve apitar o início da partida.
Esteja alerta e pronto para compartilhar a razão da sua esperança. Eis qeui a palavra-chave: “esperança”. No oroginal grego, a palavra traduzida por “responder” é apologia, que dá origem ao conceito de “apologética”. Em certo sentido, essa empreitada demanda algum grau de estudo, porque, para darmos “razão” de algo, é necessário raciocínio.
A apóstolo não tem em mente o tipo de apologética formal ou acadêmica. Ele não está pensando em respostas sofisticadas em defesa da existência de Deus, acerca do problema do mal, e coisas assim do tipo. Pedro tem em mente, na verdade conversas ordinárias sobre a nossa esperança.
Todo cristão pode tomar parte no evangelismo porque todo cristão possui uma esperança viva (1Pe 1.3). Pedro não pede para defender a nossa fé (ainda que tenhamos que fazer isso, em muitos momentos), mas para defender a nossa esperança. A esperança no Novo Testamento não é um “pensamento positivo”. Ela não é um “cruze de dedos”; mas uma confiança firme na glória futura. Essa esperança nos fortalece no aqui e agora, especialmente em meio ao sofrimento, e reluz em meio um mundo desesperado. Esse tipo de esperança é tão raro de encontrar que algumas pessoas perguntarão a você sobre ela, principalmente quando estiverem passando por sofrimentos e adversidades.
Para ser uma testemunha efetiva, precisamos muito mais do que argumentos destruidores - precisamos de um coração que irradie alegria. É preciso muito mais do que respostas lógicas, um coração cativado por Jesus é mais do que necessário. Para ser uma testemunha da viva esperança, é preciso primeiramente adorar a Jesus e ser cheio dessa esperança.
Não cristãos não compreendem sua teologia, mas são capazes de perceber sua esperança (assim como o amor, alegria e sua paz). Nossa esperança chama a atenção das pessoas. Por isso, diante de circunstâncias diversas, irradie esperança mesmo em meio aos fracassos e sucessos.
Epístolas de Pedro e Judas B. Defesa (3.15,16)
Quando reverenciamos Cristo como Senhor, experimentamos que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34). Assim, nossa expressão verbal deve ser exemplar, graciosa e correta.
Ao ler os evangelhos, é difícil não se espantar com o fato de que Jesus em suas interações com outras pessoas, nunca se vale de um método padronizado de apresentação. Ele conhecia cada pessoa e as abordava individualmente. Quando os outros percebem nossa esperança e sentem que não a possuem, suas perguntas se tornam mais pessoais.
Assim como o conteúdo do que dizemos é importante, a maneira como dizemos também é. Quando falamos de Cristo aos outros temos de fazer isso como Cristo faria. Não podemos falar de maneira condescendente ou rude, mas com “mansidão e temor”. Paulo diz a mesma coisa em outra passagem importante acerca do testemunho diário?
Colossenses 4.5–6 “Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.”
Temos de prestar atenção em como vivemos e falamos perto dos “de fora”, e administrar o tempo com sabedoria. Deus nos dá oportunidades de ouro para testemunharmos! Aproveite-as! Se esforce para que o seu testemunho seja interesante, vívido e cheio de cores. Evite o diálogo chato, entediante e monótono. Use a sua personalidade a seu favor. É claro que precisamos que o Espírito Santo nos molde em muitos aspectos, mas o Senhor deseja nos usar em nossas redes de comunicação e respeitando a nossa personalidade.
Que o Senhor use nossas vidas para provocar questões equanto fazemos o bem, e nos dê coragem para fazermos boas perguntas enquanto compartilhamos a nossa esperança de forma gentil e cativante.
CONCLUSÃO:
A propagação do cristianismo no primeiro século foi surpreendente, e o movimento avançou porque cristãos reconheceram a responsabilidade de compartilhar o evangelho com aqueles do seu círculo íntimo. Nós também podemos e devemos fazer isso todos os dias.
Todos os membros da igreja foram chamados para testemunhar a sua fé. É parte essencial de uma conduta de fé. Num contexto pós-cristão, essa dinâmica é também necessária para que possamos dar fruto. Não podemos ficar presumindo que outros irão por nós. Isso deve alegrar o nosso coração, pois, somos testemunhas fiéis, antes e acima de tudo, para a glória de Deus. Independentemente do resultado de nossos esforços, Deus se agrada em nossa fidelidade e é glorificado quando a verdade acerca de seu Filho é proclamada ao mundo.
Este é, então, nosso chamado: viver uma vida correta e fiel mesmo em meio ao sofrimento; responder perguntas da maneira correta e com o tom correto; e sempre estar na posição, preparado para compartilhar a nossa esperança. Alguns podem, como resultado, crer no evangelho, enquanto outros não o farão. Alguns podem se opor a você. Sua missão, nossa missão, é entretanto ser fiel: Deixe os resultados para Deus.
SOLI DEO GLORIA.