A origem das guerras - Tg 4.1-3

Cristianismo prático  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 8 views
Notes
Transcript
Handout

Introdução

James 4:1 NVI
1 De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês?
De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês?
Tiago começa com uma pergunta, que na verdade aponta para uma realidade na vida daqueles crentes.
A igreja, cuja visão normalmente é de um lugar harmonioso, onde quando se adentra a ela, você se depara com risos, pessoas felizes, gente se abraçando e se alegrando uns com as conquistas dos outros, aquela música de fundo que lembra harmonia.
A imagem na narrativa de Tiago parece mais com um campo de batalha, de um lado das trincheiras um exército, com suas razões pra guerra e seu poderio bélico, e no outro lado, outro exército carregando seus motivos e razões para a batalha.
As guerras nos fazem perder a perspectiva da fraternidade intrínseca da raça humana, somos todos criação de Deus, todos viemos de um mesmo criador, devemos viver a partir da solidariedade da raça humana.
Desde quando passamos a olhar para os outros como inimigos?
A bíblia diz que essa ruptura aconteceu quando Adão e Eva agiram a partir da cobiça do seu coração em comer do fruto que Deus não permitiu comer, e isso trouxe uma grande ruptura, por causa do pecado.
Gerando assim, afastamento de Deus, da percepção de si mesmos, dos outros e da criação, o homem que foi criado para viver em comunhão, passa, depois deste evento, por causa do pecado, a viver para fazer guerra.
Podemos ver isso, na relação entre irmãos, Caim e Abel, a inveja entre irmãos produziu o primeiro homicídio.
Temos a tendência de encontrar culpados pela nossa explosão de ira, pela nossa raiva, pelas nossas batalhas. Estamos sempre apontando o dedo para os culpados.
Mas, no mesmo versículo, Tiago faz outra pergunta, com o objetivo de nos fazer perceber que o problema das guerras, batalhas e conflitos em que nos metemos, não tem sua origem em fatores externos e tão pouco nos outros, o inimigo não é o outro.
O problema não é externo, vejam só o que ele diz.
Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês?
A palavra paixão aqui, vem do grego hedone, palavra que conhecemos como hedonismo.
No NT hēdonḗ é uma das muitas forças da carnalidade não santificada que operam contra Deus e nos arrastam para o mal.
Hēdonḗ primeiramente significa aquilo que é agradável ao paladar e, em seguida, aos sentidos em geral, depois àquilo que dá prazer.
b. A palavra passa então a significar o “desejo por prazer” (cf. Tg 4.1.
Hedonismo é a maneira de enxergar a vida que vai contra a maneira Bíblica de ver o mundo.
O hedonismo é a ideia do prazer a qualquer custo, é a mensagem dos demônios que trabalham no departamento de marketing do inferno, dizendo que você foi feito para ter prazer a qualquer custo, que sua identidade, seu corpo, mente, e todos os recursos que você tem, estão a serviço do prazer.
E Tiago vai além, ele diz que o hedonismo guerreia em seu coração.
Essa imagem é muito interessante, pois guerreiam é a palavra grega strateuo, que é usada em contexto militares para denotar um exército empreendendo uma estratégia militar de dominação e rendição ao seu oponente.
Gente, Tiago está falando de mim e de você, ele está mostrando a feiura da igreja, a partir da podridão dos nossos corações.
Como somos potencialmente maus e quando nos voltamos para a sabedoria humana que emana dos nossos corações, criamos guerras, contendas.
Tudo isso por causa dos desejos desordenados e intensos do nosso coração em querer os que os outros têm, e de ir até às últimas consequências para conseguir.
O hedonismo afeta-nos tanto, que desprezamos o outro para possuir o que ele tem, seja o seu prestígio, status, bens, mulher, marido, filhos, enfim.Tiago faz um severa denúncia sobre nós.
Nossa igreja está começando, talvez não experimentamos essa realidade, mas, é importante sermos alertados sobre isso, principalmente porque essa guerra começa silenciosa, quando seu coração é sitiado e vencido pelo hedonismo.
James 4:2 NVI
2 Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem.
O verso 2, Tiago vai nos mostrar que quando nosso coração é vencido pelos desejos, isso afeta nossas relações em todas as camadas, seja em nossa casa, nas relações de trabalho, e na vida comunitária, que é o foco do autor.
Veja como o Hedonismo perverte nosso senso de significado e propósito, as escrituras vão nos dizer que fomos criados com o propósito de conhecer a Deus e desfrutar de sua presença, ou seja, fomos criados para algo superior e eterno.
Mas, quando somos vencidos no coração pelos desejos desenfreados, passamos a cobiçar coisas, e isso nos leva a um espiral descendente.
Cobiçamos coisas, mas não as adquirimos, logo, olhamos para as pessoas como inimigas e impeditivos para termos o que queremos.
Por que não adquirimos nada por meio da cobiça.
Porque a cobiça é como beber água do mar, nunca mata a sede, só gera mais sede, é desesperador.
Então qual a consequência desse coração dominado pelos desejos?
Tiago diz, matar e invejar.
O autor não está dizendo que os irmãos estão se matando por causa de coisas, a ideia de matar, tem mais sentido quando pensamos no ensino de Jesus quando ele diz que se odiarmos uns aos outros somos considerados homicidas.
Mas, claro que devemos estar alertas, pois o desejo desenfreado pode sim nos levar a matar as pessoas literalmente
Nós passamos a fazer da inveja e ódio, um estilo de vida e o modus operandi para alcançar o que queremos.
Mas lembre-se de algo, o pecado promete tudo, mas não entrega nada que promete, ele corrompe, destroi, distorce, mata e conduz a perdição eterna.
A segunda parte do verso 2, diz que por meio da cobiça, ódio e inveja, nunca conseguiremos adquirir o que desejamos, sempre acabaremos frustrados, feridos e ferindo os outros.
Perceba outra informação importante que Tiago nos dá, quando o comando central de nossa vida é dominado, o coração, passamos a viver a partir dos comandos de quem nos domina.
Vemos que viveremos a partir dessa realidade, e sempre lutando e fazendo guerras.
Você consegue imaginar isso na sua relação matrimonial?
Imagine como seria sua casa, você em um lado e seu marido no outro, e seus filhos no meio do fogo cruzado, onde ambos lutam em busca de desejos carnais, fúteis, e demoníacos.
Enquanto o marido deveria amar sacrificialmente a esposa, ele luta contra ela e faz dela instrumento de prazeres desenfreados, a vê apenas como uma coisa e não mais como pessoa.
A esposa que deveria potencializar o seu marido o ajudando a ser um marido bíblico e um pai amoroso, coloca os filhos contra o pai, faz de seu lar um caos, em troca da satisfação dos seus desejos.
Agora, leve isso pro ambiente da igreja. Nós apontamos para a igreja de Corinto como uma igreja carnal, problemática, mas me parece que esse grupo a quem Tiago fala, elevou o grau de igreja complicada.
Essa comunidade que deveria ser harmoniosa, é um campo de batalha de gente invejosa, cobiçosa, disposta a destruir o outro em troca de obter o que ele tem.
Tiago termina, vocês não tem porque não pedem.
Agora, o que eles querem?
Se lembrarmos do que Tiago tratou até aqui, imagino que eles querem a riqueza dos ricos, seu prestígio, eles querem posição para serem mestres, eles querem ao que parece, definir quem entra na igreja e quem não entra, eles querem estar na vanguarda das decisões.
E mais do que isso, assim como o desejo desenfreado por prazer, nos faz ver as pessoas apenas como meio para obtermos prazer, ela nos faz ver Deus desta mesma forma..
Vejamos essa dinâmica no verso 3
James 4:3 NVI
3 Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.
O autor atribui o fracasso destes irmãos em viver em harmonia, pelo fato de fazerem do coração a fonte das suas buscas, e não Deus.
O hedonismo afeta a maneira como vemos a Deus, e isso é degradante.
Pois quando somos tomados pelos desejos ardentes de nossa alma, pensamos acerca de Deus como uma garçom de restaurante de beira de BR, achamos que ele está ali para anotar os nossos pedidos e nos trazer sem nenhum atraso.
É por isso que no senso comum da maioria dos evangélicos, a igreja é um lugar onde vou para receber coisas e se eu fizer algum voto ou alguma campanha, Deus fica obrigado a te dar o que quiseres.
Às vezes, pensamos que ao trabalhar mais na igreja, receberemos mais bençãos de Deus, achamos que quanto mais jejuarmos, mais Deus se agradará de nós, que quanto mais dinheiro a gente dá, Deus tem que nos devolver com juros, correções e 100 vezes mais.
Rebaixamos Deus a um tirador de pedidos de gente que acha que merece, pois garante que tem se comportado bem.
Enquanto Tiago está denunciado que nossa visão sobre Deus está profundamente distorcida.
E isso se mostra no texto. Lembre-se, Tiago já nos disse, que Deus é gracioso em nos dar sabedoria.
James 1:5 NVI
5 Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.
Ele é todo bondoso e dele não vem maldade.
James 1:17 NVI
17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes.
Jesus nos ensinou, peçam e lhes será dado.
Matthew 7:7 NVI
7 “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta.
Mas o foco de Jesus ensinar que nossos pedidos para serem atendidos devem nos conduzir a vivermos a vontade de Deus, e não a nossa.
Matthew 6:9–10 NVI
9 Vocês, orem assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
E não pedir com o propósito de gastar (como o filho pródigo) em prazeres, e aqui de novo temos a palavra hedone. Em prazeres desenfreados.
Nós não pedimos, mas quando vamos pedir, a base da oração não é o desejo de agradar a Deus, mas a si mesmo.
Não percebemos, que orar a partir da cobiça que leva a inveja, e estes pecados nos levam a criticar a distribuição da graça de Deus na sua vida e na vida do outro.
A mensagem que emana da inveja é que Deus não sabe conduzir as coisas, e que você é merecedor do que o outro tem, Deus entregou a benção no endereço errado.
A melhor maneira de abordar esse problema é pela oração. “Não discutam. Nem briguem. Orem.” Tiago diz: “Nada tendes porque não pedis”.
Em vez de levar essas questões ao Senhor em oração, tentamos realizar desejos com os próprios esforços.
Se queremos algo que não temos, devemos pedir a Deus. Se pedimos e Deus não atendeu, significa que nossos motivos não eram puros.
A oração não respondida, não nos deve levar a questionar a Deus, mas sim a nós.
Pois o Pai das luzes que é dono de toda bondade, deseja nos abençoar, só deixa de realizar o que necessitamos, quando o que pedidos vai ser usado para pecarmos e para deleites ilícitos.
Assim como um pai não introduziria um filho ao mundo das drogas, Deus não atende orações, cujo o foco é possuir coisas para satisfação de desejos pecaminosos, ou para alimentar os desejos do coração.
Tiago está denunciando o como isso faz a gente ver Deus como nosso serviçal, como um gênio da lâmpada que realiza desejo de gente mimada e cheia de desejos carnais.
Chegar diante de Deus, o dono de toda bondade, três vezes santo, o todo poderoso e pedir a ele, coisas que o levarão a negá-lo, a pecar contra seu caráter, não deveria ser cogitado por nós.
Deus se recusa a ouvir aqueles que o buscam para realizar seus prazeres egoístas.
A cobiça é idolatria, e isso é abominação aos olhos de Deus.
Deus não ouve as orações que vêm de um coração cheio de motivos egoístas. São insultos para Deus.
Alguém disse que:
Se orássemos corretamente, esse senso de contínua sede por causa mundanas em maior quantidade simplesmente não existiria ou estaria diminuindo cada vez mais, oraremos a partir da vontade de Deus e não dos desejos de nosso coração.
A promessa de Deus responder nossas orações é Bíblica e continua atual a nós ainda hoje.
Mas precisamos aprender a orar a partir do que a escritura ensina.
Não se trata de um voto ou acordo onde basta falar meia dúzia de palavras em uma espécie de teologia do pediu-levou.
João nos ajuda a ter uma visão equilibrada da oração.
1 John 3:22 NVI
22 e recebemos dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada.
1 John 5:14 NVI
14 Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá.
A oração é um meio de graça, uma maneira de Deus derramar sobre nós suas bençãos e nos fazer crescer em santidade.
1 Peter 2:11 NVI
11 Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma.
Tiago e os demais autores bíblicos nos advertem contra a oração motivada pelo prazer, João diz que a oração deve agradar a Deus, Pedro diz que ela nos conduz a abandonar os maus desejos.
A grande pergunta diante de nós, é como fazer com que nosso coração deseje pelas coisas de Deus?
Como parar de ter um coração hedonista que cobiça, faz de Deus um meio para seus desejos, e vive bebendo água do mar e continua tendo sede?
Tiago mais a frente deste texto nos da a receita.
James 4:8–10 NVI
8 Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração. 9 Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. 10 Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.
Como que nós, gente com coração cobiçoso e cheio de desejos desenfreados por chegar diante de Deus?
A Bíblia diz que nossos pecados nos separam de Deus, que há um abismo intransponível.
Mas a mesma Bíblia diz que Deus veio até nós em meio a nossa pecaminosidade, e ele fez isso em Jesus.
Jesus encarnou, deixou sua glória e veio até nós para que por meio dele pudéssemos nos achegar a Deus.
Ele não só veio até nós, mas viveu uma vida perfeita com base na vontade de Deus e não em seus desejos pecaminosos, pois ele e nada pecou.
Ele obedeceu em nosso lugar, pagou a dívida dos nossos pecados, morrendo na cruz.
Seu sangue lavou-nos, não somente as mãos, mas principalmente, limpou nosso coração hedonista, cobiçoso e nos deu um coração que o ama.
Um coração que não mais bebe da água do mar e tem sede, mas um coração que bebe da água viva e nunca mais tem sede.
Coração este que sabe que em Cristo e sua presença encontra delícias eternamente.
Mas para isso acontecer, o verso 9 nos diz, que precisamos entender que somos terríveis pecadores, e nos arrepender profundamente dos nossos pecados.
Devemos nos lançar aos pés da cruz em humilhação profunda, em tristeza profunda, e reconhecimento de que fora de Cristo, não há verdadeiro motivo para alegria e riso.
Mas que em Jesus e somente nele, nosso coração encontra o verdadeiro prazer, pois nele, temos vida nova, plena e livre dos enganos do coração, do mundo e do diabo.
Se achegue agora a Cristo em arrependimento e fé, e encontre prazer nele.
Para não mais viver fazendo guerras por causa de seu coração cobiçoso, mas vivendo em paz com Deus e com o próximo.
SDG
Related Media
See more
Related Sermons
See more