Série de Mensagens - Ekklesia - Comissionamento
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Comissionamento - Dando continuidade à missão da Igreja
Comissionamento - Dando continuidade à missão da Igreja
Texto base: Atos 11.13-30.
INTRODUÇÃO:
Somos uma igreja jovem! Quando digo isso não me refiro a um grupo geracional constituído por aqueles que de pouca idade; mas me refiro a idade da nossa igreja. Temos 31 anos de organização religiosa e um pouco mais de história. No entanto, somos apenas uma parte de um grande corpo. Somo apenas uma igreja local de uma grande igreja invisível sem fronteiras. Por isso, acredito que a resposta mais adequada seria dizer que “nós temos mais de dis mil anos”.
Claro que eventualmente a nossa resposta será dada com base no tempo de organização que temos. Mas é importante lembrar da história da “nossa igreja”, somos parte de algo muito maior. Em certo sentido, a história da igreja começa em Atos 2, e essa é a nossa história.
O povo de Deus não teve orgiem no primeiro século. Deus sempre teve um povo para si, escolhido por ele, abençoado e comissionado para ser uma bênção. No entanto, o livro de Atos marca uma virada na história da redenção. Atos descreve o dia de Pentecostes, a explosiva origem da igreja primitiva, e o início da história missional da igreja.
Essa viva história de Deus reunindo um povo para si deveria nos encorajar quando olhamos para a nossa igreja local. Devemos nos maravilhar com a fidelidade do Senhor. Que o nosso coração se encha de louvor, e que possamos anseiar pelo dia em que o Senhor reunirá todos os remidos de todas as eras de todos os lugares do mundo.
Não apenas fazemos parte dessa história: nós também contribuímos e damos continuidade a ela. Em Atos 28 lemos acerca do nascimento da igreja, mas a história segue em frente, e nossas igrejas fazem parte dela! Esse talvez seja o motivo do livro de Atos encerrar de forma tão abrupta (repentina). Atos termina com um tom de suspense: Paulo está ministrando na prisão, e um monte de pontas soltas relacionadas aos ministérios de Paulo, Pedro e das primeiras igrejas não foram atadas. Ficamos com aquela impressão de que a história ainda não acabou. E de fato, não acabou! A igreja está vivendo hoje o que podemos chamar de “Atos 29”.
Lucas não tinha interesse em escrever uma biografia de Paulo ou qualquer outra pessoa. Seu objetivo era registrar os atos do Espírito Santo. Ele se propôs a descrever o avanço irrefreável do evangelho. Seu primeiro livro, o Evangelho segundo Lucas, se propõe a descrever “todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até o dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas” (Atos 1.1-2). O livro de Atos, trata daquilo que Jesus continuou a fazer através da igreja depois de ascender aos céus.
Cristo é o herói, o protagonista, no livro de Atos, não Paulo ou qualquer outro. Lucas termina o livro de Atos com uma nota de vitória, o triunfo do rei Jesus quando Paulo prega sua soberania na capital do império, e com uma mensagem dizendo que, mesmo com o fim daquele livro, a missão de Cristo ainda não foi concluída.
O Senhor substituiu os mensageiros, mas não a mensagem e a missão da igreja. Elas permanecem inalteráveis até que Ele venha. Cristãos hoje fazem parte dessa narrativa de redenção! Ainda que nossas histórias não sejam acrescentadas à Bíblia, damos continuidade à missão de pregar as boas-novas a todas as nações. Nós podemos fazer parte disso tanto quanto as igrejas que lemos em Atos. Para termos um vislumbre. consideraremos a igreja de Antioquia conforme descrita por Lucas em Atos.
Quando os santos foram dispersos durante a perseguição de Saulo à igreja (Atos 8.1), alguns deles acabaram em Antioquia, capital da Síria, a 480 quilômetros ao norte de Jerusalém. O mundo antigo tinha, pelo menos, dezesseis cidades chamadas Antioquia, mas essa era a maior. A capital da Síria era uma cidade corrompida, talvez perdendo apenas para Corinto. Apesar de todas as divindades gregas romanas e sírias serem honadas ali o santuário local era dedicado a Dafne, cujo culto incluía práticas imorais.
A igreja em Antioquia foi uma plataforma de comissionamento para as missões mundiais, tornando-se a base de operações da jornada missionária de Paulo e Barnabé, em seguida, a base de jornada de Paulo e Silas.
Era geograficamente localizada quase quinhentos quilômetros a norte de Jerusalém e cinquenta a leste do Mar Mediterrâneo, atravessada pelo rio Orontes, onde hoje é sudeste da Turquia. Antioquia ficava no cruzamento das principais estradas que ligavam o norte, o sul e o leste. Gregos, romanos, sírios, fenícios, judeus, árabes, egípcios, africanos, indianos e asiáticos moravam em Antioquia, o que a tornava em uma cidade muito diversificada. No ambito religioso, uma cidade altamente idólatra e pluralista. Um lugar muito semelhante, em vários aspectos, às cidades de hoje.
Qual a razão de o evangelismo em Antioquia ser tão poderoso? E qual motivo de o testemunho dessa igreja recém-plantada ser tão forte mesmo além de seus muros? Podemos identificar uma série de componentes de uma igreja missional desde a origem da igreja de Antioquia até seu subsequente impacto mundo afora.
COMPROMISSO COM A MISSÃO:
Quando os cristãos se dispersaram de Jerusalém a Antioquia alguns deles pregavam o evangelho somente aos judeus (Atos 11.19). Eles foram primeiro até aqueles com quem tinham conexões familiares ou comerciais. Mas alguns homens de Chipre (ilha no Mediterrâneo) e Cirene (norte da África) foram à Antioquia e pregaram as boas novas aos “helenistas”, falantes da língua grega (v20).
Esses evangelistas corajosos e desbravadores começaram a espalhar amensagem de Cristo entre os gentios incrédulos. Pedro pregou a Cornélio, um gentio depois de receber uma visão maravilhosa (Atos 10), mas até então ninguém tinha de forma intencional e sistemática pregado aos gentios. O avivamento da Samaria descrito em Atos 8, não conta também, pois os samaritamos eram “primos próximos dos judeus”. Então, aqui, em Antioquia, esses evangelistas estavam derrubando uma muralha cultural. Apesar de suas raízes judaicas, esses homens haviam decidido em seus corações alcançar os gregos.
Evangelistas vindos de Chipre e Cirene, possivelmente, não traziam muito da cultura conservadora da região da Palestina como os seus colegas judeus, que provavelmente tinham essa característica cultural. Provavel que não tivessem tanto preconceito antigentílico, e possivelmente tinham relações comericiais com os gregos. Portanto, eles eram menos inflexíveis do que os seus companheiros de Jerusalém.
Isso é importante, pois, não podemos nos afastar de pessoas se quisermos ser evangelistas de verdade. Temos de alcançar pessoas. Uma igreja como a de Antioquia se envolve com pessoas. Temos de aprender como viver, como falar e nos portar apropriadamente com os descrentes.
Podemos destacar o fato de que os evangelistas estavam pregando “o evangelho do Senhor Jesus”. Eles não apresentam Jesus como “o Cristo”, “o Messias” ou como “o Rei Ungido”. Esses termos eram desconhecidos para aquele povo, a audiência não era judia, mas gentia. Ou seja, o público não estava familiarizado com as promessas que Deus fizera ao seu povo no Antigo Testamento. Posteriormente, essas promessas seriam conhecidas por esses gentios, mas inicialmente, estes não se interessariam pela esperança de Israel. Porém, o temro Kyrios (Senhor), era conhecido e frequentemente usado em Antioquia.
Aplicação Pessoal: Para ser um bom evangelista, é necessário conhecer bem o evangelho e também as pessoas com quem você está falando. Um panfleto com uma fórmula padronizada dificilmente vai funcionar com todas as pessoas. É preciso pregar o evangelho de um jeito que seja inteligível para quem você está se dirigindo. Interessante que não sabemos nem o nome desses evangelistas. Cristãos desconhecidos que fizeram a diferença. Desconhecidos talvez para nós que não temos informações dos seus nomes, mas jamais, desconhecidos para Deus. As pessoas mais importantes da igreja, nem sempre serão as mais reconhecidas. Não confunda admiração com importância. O verso 21 diz que: a mão do Senhor estava com eles. Eis aqui o segredo: A mão de Deus!
2. O DISCIPULADO AOS CRENTES:
Lucas continua e descreve como Barnabé e Saulo fortaleceram esses novos convertidos. A descrição que ele faz do processo de discipulado é muito clara. Discipular envolve responsabilidade, instrução e encorajamento.
A igreja enviou Barnabé para ver como estavam as coisas em Antioquia. Alguns devem ter ficado preocupados e desconfiados por causa do crescimento da igreja, mas outros provavelmente estavam ansiosos por ajudar e encorajar esse grupo de novos cristãos, que não contavam com liderança Apostólica. Além disso, essa deve ter sido uma igreja difícil de liderar, dado a diversidade de cosmovisões e a imaturidade da fé daqueles crentes. Eles precisavam de um bom e sábio cuidado pastoral para que a sua fé se desenvolvesse.
O discipulado requer mais do que uma boa prestação de contas e uma supervisão adequada: envolve também encorajamento sacrificial. Barnabé era o homem certo para esse trabalho! Seu ministério de encorajamento lhe rendeu o apelido de “filho do encorajamento”.
Em vez de jogar um balde de água fria, Barnabé jogoiu mais lenha na fogueira encorajando-os. Não só isso, mas ele também viu a graça de Deus em ação. Lucas nos diz: “vendo a graça de Deus em ação, se alegrou”(Atos 11.23a). Alguns ficam irritados quando veem a graça de Deus, mas os cristãos, aqueles que a amam, assim como Barnabé, transbordam de alegria e coragem.
Não menospreze o encorajamento: os santos precisavam naquela época e ainda precisam nos dias de hoje. Boa teologia é necessária para ser um bom discipulador, mas você também precisa de um encorajador.
Barnabé precisou de ajuda, então foi atrás de Saulo (Paulo), que estava em sua cidade natal, Tarso. Barnabé sabia que Paulo tinha sido chamado para ser um Apóstolo aos gentios, e é possível que já soubesse o que mais tarde ficaria claro para todos: que o pano de fundo de Paulo o permitia se comunicar com diversos grupos. Paulo e Barnabé passaram ali um ano inteiro, capacitando e equipando os crentes em Antioquia para a importante tarefa que os aguardava.
Foi nesse momento que os crentes em Antioquia passaram a se chamar “cristãos”. Essa foi a palavra usada pelos descrentes para se referir aos crentes. Esses santos em Antioquia se pareciam tanto com Cristo que seus colegas gentios os chamavam de “pequenos cristos”
Aplicaçao Pessoal: Antioquia mostrou ao mundo algo maravilhosamente diferente: os cristãos eram todos galhos de uma mesma árvore, caracterizados pelo compromisso com Cristo, expresso no evangelismo e no discipulado.
3. DEMONSTRAÇÃO DE MISERICÓRDIA:
A generosidade dos crentes em Antioquia se tornou evidente quando um problema atintiu o Império Romano: a fome. Um profeta, Ágabo, disse aos cristãos que essa fome viria. Eles responderam graciosamente, especialmente através das provisões enviadas aos irmãos em Jerusalém. Todos doaram conforme suas posses e enviaram a oferta pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Ágabo entregou sua mensagem aos cristãos de Antioquia, e eles decidiram ajudar seus companheiros cristãos na Judeia. O objetivo da verdadeira profecia não é satisfazer nossa curiosidade sobre o futuro, mas despertar nosso coração para fazer a vontade de Deus. Os cristãos não podiam evitar que a fome chegasse, mas podiam enviar auxílio aos necessitados.
O ministério da misericórdia é o ministério da abnegação. Para refletir a mesma dinâmica de Antioquia, precisamos levar em conta as necessidades deste mundo caído e doar segundo nossas possibilidades. O ministério da misericórdia pode ser realizado individualmente: você como cristão, realizando boas obras. Mas é também importante fazer parte de um ministério de misericórdia comunitário: algo de que toda a igreja participe. Nessa história, vemos a igreja de Antioquia, como um todo, comprometida a cuidadar de outra igreja. A igreja de Jerusalém fazia parte de um contexto cultural completamente diferente, e também ficava longe da deles. Mas ambas as igrejas pertenciam a Jesus, e portanto, seus membros eram irmãos e irmãs. A igreja de Antioquia expressou de forma tangível essa união ao enviar sua oferta.
Aplicação pessoal: Igrejas missionais se preocupam com as necessidades de outras igrejas, em todo o lugar.
CONCLUSÃO:
Equanto você reflete sobre o seu papel como membro de uma igreja missional aqui estão alguns passos de ação para considerar:
a) Adoe uma mentalidade de engajamento cultura - Para sermos uma testemunha fiel, não podemos ter uma mentalidade de autodepravação. Pelo contrário, é necessário adotar uma mentalidade que fielmente comunique as boas-novas aos outros;
b) Encoraje aqueles que estão envolvidos no envangelismo e missões - Seja um barnabé! Quando vir Deus usar seus irmãos se alegre com isso e diga palavras que o encorajem;
c) Medite bastante na misericórdia e na graça de Deus dispensadas a você - A generosidade e o espírito sacrificial do ministério de misericórdia devem fluir de um coração livre de vícios mundanos, mas cativado pela beleza da obra do Senhor;
d) Se envolva na plantação de igrejas: orando, ofertando, mobilizando ou indo. Não subestime a importância das orações para a plantação de igejas! Lembre-se de que sua contribuição financeira e suporte contínuos são de grande valia.
SOLI DEO GLORIA.