IPA | 90 ANOS (5)

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IGREJA PRESBITERIANA DE APIAÍ
PLANEJAMENTO PASTORAL – SERMÕES TEMÁTICOS
MAIO/2024
Rev. Mateus Lages
PROPÓSITO TEMÁTICO: Em 2024 nossa Igreja completa 90 anos de organização. Pensando e orando sobre essa data histórica, bem como, sobre tantos homens e mulheres usados por Deus para escrever essa história, teremos um ano memorável para juntos agradecer. Além disso, à luz do que aprendemos nos últimos anos, reconheceremos que Deus age sempre a partir daqueles que se dispõe. Assim ocorreu em nossa história, pois incontáveis foram as vidas encontradas por Jesus a partir da nossa Igreja. Diante disso, aprenderemos biblicamente sobre como Deus participa da história da nossa vida, mas, especialmente, por sua graça, nos torna participantes da história da redenção, que ele escreveu desde antes da fundação do mundo para Sua glória.
Como fonte criativa, usarei o livro Deus nas histórias da Bíblia, de Philip Graham Ryken, publicado pela nossa Editora em 2022 e, hoje, especialmente, o comentário de Robert B. Chisholm Jr. no livro de Samuel.

Dia 05/05: Santa Ceia - “Deus é com seu povo - como Deus intervém na história: A rejeição de Saul como rei

(1Sm 15.1-3)

Introdução

Enquanto eu morava em São Paulo por causa do Seminário, vinha para Apiaí por volta de 1 a 2 vezes por mês. No período de férias, vinha no final de junho e voltava no início de Agosto e, normalmente, encontrava muitas mudanças no percurso da rodoviária até a casa. Havia sempre uma casa que mudou de cor, um comércio novo aberto ou uma fachada comercial diferente, mas, especialmente, muitas pessoas diferentes uma das outras. Isso em São Paulo, já em Apiaí temos uma característica peculiar que nos leva a refletir sobre como todas as coisas estão mudando: o clima. Em nossa cidade, o tempo muda, muitas vezes, várias vezes ao dia.
Em vários momentos da nossa vida, o que mais desejamos é que as pessoas mudem. Outros momentos, o que menos desejamos é que elas mudem, mas de fato o ser humano sempre está em constante mudança. Você pensa que conhece bem, mas de repente fazem algo inesperado. As pessoas mudam sua aparência, seu temperamento, seus hábitos, até mesmo sua visão sobre o mundo.
Para os que gostam de filosofia, Heráclito 500 a.C. afirmava ser impossível pisar duas vezes no mesmo rio. Seu ponto de vista era que no momento em que você pisasse na margem e seguisse pisando para aprofundar-se, o rio já não seria o mesmo.
Mas haveria de ter algo imutável no mundo? Algo ou alguém que não muda? Nosso Deus, irmãos. O Deus do céu e da terra é como uma pedra fixa: Isaías 26.4 “Confiem sempre no Senhor, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.” Mas ao contrário da pedra que está sensível a erosão e ao desgaste ao longo do tempo, Deus não sofre mutação.
Mesmo que tudo ao nosso redor esteja em constante mudança, Deus permanece, como afirmam os teólogos: imutável. Ima vez que Deus não é uma criatura, mas o Criador, ele não está sujeito a exposição do que nós estamos sujeitos. Ele vive sem mutação, alteração ou variação.
Na definição do BCW.4, tenho recordado com os irmãos sobre Deus ser definido como: espírito infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. Para hoje, de modo especial, enfatizaremos sobre como este Deus é imutável: Malaquias 3.6 “— Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vocês, filhos de Jacó, não foram destruídos.”
Diante disso, se aprendemos no mês passado que Deus é eterno, hoje, vamos acrescentar à nossa compreensão de Deus que ele é eternamente o mesmo. Por isso, ainda sobre a imutabilidade de Deus, afirmamos que a ele nada pode ser acrescentado nem substituído. Nada pode ser retirado ou corrompido: Romanos 1.23 “e trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao ser humano corruptível, às aves, aos quadrúpedes e aos répteis.”
Dentre tantas coisas que ainda podemos argumentar, a principal delas é que a essência de Deus não muda. Por isso, como afirmou o puritano Stephen Charnock: a sua sabedoria, poder, santidade, justiça, verdade e bondade sempre foram e sempre serão como é.
Contudo, o fato dele ser imutável não quer dizer que Deus está imóvel, mas que ele sempre age conforme sua vontade que não muda: Salmo 33.11 “O plano do Senhor dura para sempre; os intentos do seu coração, por todas as gerações.” Ou seja, ao contrário de nós que muitas vezes somos influenciados pelas circunstâncias, Deus não pode ser afetado por elas, porque as circunstâncias não abalam a vontade de Deus nem o influenciam ou constrangem graças ao seu decreto eterno e conhecimento infinito, as coisas acontecem conforme a maneira que ele espera. Do mesmo modo é e age Jesus, o Deus-homem: Hebreus 13.8–9 “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Não se deixem levar por doutrinas diferentes e estranhas, porque o que vale é ter o coração confirmado com graça e não com alimentos, que nunca trouxeram proveito aos que se preocupam com isso.”
Há uma história na Escritura que trata sobre a imutabilidade de Deis. É a trágica história da rejeição de Saul como rei.
A partir dessa introdução, vamos ao tema:
A rejeição de Saul como rei (1Sm 15.1-3)
Sabemos que Saul foi o primeiro rei de Israel. Ele foi ungido por Deus por meio do profeta Samuel. Durante algum tempo reinou bem, com força e vitórias sobre os inimigos, mas então cometeu um erro fatal.
O que aconteceu abrange justamente o trecho bíblico que lemos hoje.
Os amalequitas eram inimigos declarados de Deus, receberiam juízo por causa disso através da liderança instituída na terra, o rei.
Robert B. Chisholm Jr. comenta que já havia sido declarado por Moisés há muito tempo no passado: Êxodo 17.16 “— Porque o Senhor jurou, haverá guerra do Senhor contra os amalequitas de geração em geração.” Mais adiante, quando Moisés se dirige aos membros da nova geração prestes a entrar na terra, enfatiza a lembrança de como os amalequitas atacaram os israelitas enquanto estavam exauatis e vulneráveis: Deuteronômio 25.17–18 “— Lembrem-se do que os amalequitas fizeram no caminho, quando vocês estavam saindo do Egito. Eles saíram ao encontro de vocês no caminho e, quando vocês estavam abatidos e cansados, atacaram na retaguarda todos os desfalecidos que vinham atrás; e não temeram a Deus.” Por isso, os exortou: Deuteronômio 25.19 “Portanto, quando o Senhor, seu Deus, lhes houver dado sossego de todos os seus inimigos ao redor, na terra que o Senhor, seu Deus, lhes dá por herança, para que dela tomem posse, apaguem a memória dos amalequitas da face da terra; não se esqueçam disto.” O que está acontecendo com Saul agora é fruto da desobediência antiga, pois o que se esperava é que esse povo inimigo fosse derrotado imediatamente, na primeira oportunidade, o que não ocorreu e volta a perturbá-los em várias ocasiões.
Nos versos seguintes, notamos como Saul começa bem, mas não prosseguiu buscando algo em benefício próprio: 1Samuel 15.8–9 “Tomou vivo Agague, rei dos amalequitas, porém destruiu todo o povo a fio de espada. Mas Saul e o povo pouparam Agague, o melhor das ovelhas e dos bois, os animais gordos, os cordeiros e tudo o mais que era bom. A isso não quiseram destruir totalmente; porém toda coisa sem valor e desprezível destruíram.” Então, como nada passa despercebido aos olhos de Deus, o Senhor viu o que Saul tinha feito e enviou Samuel para investigar: 1Samuel 15.13–14 “Samuel encontrou Saul, e este lhe disse: — Que você seja bendito do Senhor! Executei as palavras do Senhor. Mas Samuel perguntou: — Então que balido de ovelhas é este nos meus ouvidos e o mugido de bois que estou escutando?”
Irmãos, atenção. Ao ser flagrado no ato pecaminoso, Saul começa agir como as pessoas geralmente fazem nessa ocasião: tentou racionalizar seu comportamento. A isso chamamos de agir na defensiva: 1Samuel 15.15 “Saul respondeu: — Trouxeram isso dos amalequitas. Porque o povo guardou o melhor das ovelhas e dos bois, para os sacrificar ao Senhor, o seu Deus. O resto nós destruímos totalmente.”
Primeiro, tentou colocar a culpa nos seus soldados, depois, justificou que fez aquilo com um propósito nobre. O Profeta Samuel responde: 1Samuel 15.19 “Por que, então, você não deu ouvidos à voz do Senhor, mas se lançou sobre o despojo e fez o que era mau aos olhos do Senhor?”
Então, Saul responde o memso que já havia dito (20-21).
Aqui encontramos a maior aproximação do texto para cada um de nós. Como muitos, Saul recebeu as regras de Deus, mas na hora de cumprir a vontade de Deus e ser obediente, criou as próprias regras. Ao ser cobrado de sua desobediência, notamos outra aproximação conosco, pois rapidamente aponta outros como verdadeiros culpados pelo seu pecado. Mas a lição principal para nós é a de que Deus não muda.
Na sequência do texto temos a declaração do julgamento contra Saul (23B) e a resposta de Saul a Samuel (24-25). Contudo, apesar dessa confissão, Samuel se recusa a acompanhar Saul, o que causa um desespero enorma em Saul, mas não porque aquilo poderia significar que Deus não o perdoou, mas porque entendeu que receberia punição.
Irmãos, isso é muito sério. Por causa do medo da punicão, o texto diz que Saul caiu aos pés de Samuel e agarrou seu manto, um gesto que aparenta humilhação, mas foi dramático no melhor sentido da palavra. Por isso, enquanto Saul ainda está agarrado ao seu manto, Samuel lhe diz: 1Samuel 15.29 “Também a Glória de Israel não mente, nem muda de ideia, porque não é homem, para que mude de ideia.”
A declaração do profeta Samuel para o rei Saul se fundamenta na doutrina da imutabilidade de Deus. Então, pela segunda vez no relato, afirmará que Deus se arrependeu de ter constituído Saul como rei: 1Samuel 15.11“— Lamento haver constituído Saul como rei, porque deixou de me seguir e não executou as minhas palavras. Então Samuel ficou triste e clamou ao Senhor durante toda a noite.” e 1Samuel 15.35“Até o final de sua vida, Samuel nunca mais viu Saul; porém tinha pena de Saul. O Senhor lamentou haver constituído Saul como rei sobre Israel.”
A NAA preferiu o termo lamentar, diferente da ARA que usa o verbo arrepender. Isso facilita muito nosso entendimento. Contudo, se foi Deus quem mandou Samuel ungir Saul como rei, haveria de ter mudado de ideia? Certamente não, porque como estamos aprendendo, Deus não muda. O que então aconteceu? Saul mudou.
A mudança não ocorreu em Deus, mas em Saul. Isso é precisamente o que temos dito sobre arrependimento de divino. Assim como Deus criou Adão e Eva puros no jardim e nos dias de Noé decidiu punir a terra por ter se arrependido de ter criado o homem (Gn 6.6), aqui, novamente ocorre a expressão pelo mesmo motivo. Foi a alteração em Saul que conduziu à mudança do relacionamento de Deus com ele. Do ponto de vista humano, Deus se arrependeu, no entanto, não há nenhuma mudança no plano eterno de Deus para um rei.
Por isso, seja qual for o melhor termo, lamentar o arrepender-se, a ideia é comunicar-se com seres humanos numa linguagem acessível. Deus não deve ser confundido com os seres humanos. Até aqui, vimos que a razão para ele nunca mentir ou mudar é o fato dele ser Deus.
CONCLUSÃO/APLICAÇÃO Concluindo, seguimos firmando nossa fé no tema deste ano: Deus é com seu povo. Deus intervém na nossa história porque ele a escreveu, conhece e quer que desfrutemos dela da melhor forma.
Para hoje, aprendemos que tanto Saul, mas também Davi seu sucessor, tiveram graves problemas diante de Deus pelo fato de serem pecadores. Como seres humanos, passaram por muitas mudanças, como acontece com as pessoas. Mas em tudo isso Deus estava preparando o caminho para o Rei que não mudaria. O nome desse rei é Jesus Cristo. Como ser humano, Jesus mudou em sua estrutura física, contudo, conforme já lemos em hebreus, ele permanece o mesmo.
Graças a Deus por isso, pois se dependêssemos das circunstâncias para que Deus nos amasse e entregasse seu Filho amado para morrer numa cruz por nós, estaríamos fadados à morte eterna. Que enquanto tudo muda ao nosso redor, possamos preservar a segurança da fé em Deus que permanece inalterável em manter a nossa salvação.
1Timóteo 1.17 “Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória para todo o sempre. Amém!”

SANTA CEIA (MT 26.26-30)

A Ceia é um sacramento, uma ordem do Senhor, uma das marcas da verdadeira Igreja, até que JESUS volte.
Sempre lembramos que a Ceia não é um momento de luto. Não podemos celebrar lembrando apenas da morte e sepultamento de Cristo. A tristeza da Ceia não é pela morte de Cristo. Ele já ressuscitou! A tristeza é pelos meus próprios pecados que devem ser sempre confrontados e confessados. Isso feito, não há lugar para o luto.
A Ceia também não é opcional para os crentes. Muitos não tomam a ceia, mas isso é errado! A única situação que pode levar a isso é a falta de disposição para abandonar o pecado ou estar debaixo de disciplina eclesiástica. Diz a Palavra de Deus: “examine-se e assim coma e beba!”
A Ceia é um meio de proclamação para todos, pois ao obedecê-lo no tomar da Ceia pregamos o Evangelho, falamos da nossa esperança de sua segunda vinda. Assim, ao celebrarmos a Ceia demonstramos ter absoluta certeza que Jesus vai voltar e, ao mesmo tempos dizemos: Maranatha, vem Senhor Jesus!
Além disso, a Ceia é disciplina para a Igreja quando toma do Corpo de Cristo de maneira indigna, sem que haja verdadeira comunhão horizontal e vertical! Pensemos nisso, irmãos! Em Corinto havia irmãos doentes e morrendo porque chamando-se igreja não vivam como tal. Eram divididos, não expressavam na vida e nos relacionamentos a obra de Cristo. Tanto os que eram servidos quanto os que serviam tornavam-se responsáveis diante do Senhor.
Diante dessas coisas, comamos, bebamos, mantenhamos comunhão com Cristo e, assim, uns com os outros.
Hino 79 - Glória ao Salvador
ORAÇÃO FINAL E BÊNÇÃO
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