De Escravos à filhos
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Introdução
Introdução
Hoje, daremos continuidade a nossa série no texto de Gálatas 4:8-20 que acamaos de ler, neste texo encontramos o apóstolo Paulo profundamente preocupado com uma questão que permanece viva em cada era da igreja: a questão da nossa verdadeira identidade.
A igreja da Galácia era composta majoritariamente por gentios convertidos, sendo gentios, antes da conversão aquelas pessoas seguiam religiões pagãs. Não estamos falando de um grupo de pessoas que antes da conversão não eram completamente céticas, mas adeptas a adoração a deuses pagãos. A religião pagã moldava também o seu estilo de vida, as práticas religiosas eram acompanhadas de imoralidade e uma vida licenciosa. Então vemos Paulo advertindo aqueles irmãos sobre a condição atual daqueles irmãos e a tentação que eles enfrentavam.
E aqui estamos nós, séculos depois, ainda enfrentando as mesmas batalhas. Em nossa busca por identidade e significado, quão frequentemente voltamos aos 'deuses' modernos ou até mesmo religiosos? Como os gálatas, somos tentados a encontrar nossa identidade em realizações pessoais, em aprovação social, ou em adesão a regras e padrões culturais, sociais ou ideológicos. Mas, como Paulo nos lembra, nossa verdadeira identidade está em ser filhos de Deus, adotados por meio de Cristo.
Sem o evangelho, a única condição possível para o homem é a escravidão, e pasmem, isso ocorre facilmente dentro da igreja. Paulo não está preocupado com uma deserção de crentes, mas sobre um discurso religioso que substitui o evangelho dentro da igreja, onde a ênfase é muito maior no que eu preciso fazer, no que o que Cristo fez.
Ao explorar este texto, quero que consideremos como a mensagem de Paulo aos gálatas é crucial para nossa própria compreensão de quem somos e a quem pertencemos.
A Ilusão da Escravidão (vv. 8-11)
A Ilusão da Escravidão (vv. 8-11)
No versículo 8, Paulo diz que os gálatas eram escravos daqueles que não são deuses, referindo-se a deuses falsos ou demônios. Lembre-se de que a maioria dos cristãos gálatas não eram originalmente judeus, mas pagãos. Portanto, Paulo basicamente os lembra de que costumavam adorar deuses pagãos. Depois, no versículo 9, ele diz que eles estão voltando à escravidão. E para o que eles estão voltando? O apóstolo especifica no versículo 10, dizendo que sua escravidão é demonstrada na observância de "dias especiais, meses, estações e anos", uma referência geral a uma ampla gama de festivais judaicos, eventos e celebrações.
O que Paulo diz aqui é surpreendente. Ele diz aos gálatas que eles costumavam ser pagãos que adoravam demônios, mas então foram libertos pelo evangelho. Agora, eles estão se entregando novamente à escravidão e ao paganismo. Você percebeu isso? Paulo está falando sobre aqueles que celebram os rituais judaicos como uma maneira de chegar a Deus, e ele está equiparando suas cerimônias com as mesmas práticas religiosas pagãs nas quais os gálatas participaram antes de virem a Cristo. Em outras palavras, Paulo refere-se a essas ordenanças judaicas como demoníacas quando são abordadas como maneiras de se tornar justo diante de Deus. Isso é exatamente o mesmo que os pagãos fazem em suas religiões.
Observe: As práticas pagãs eram cultos a demônios, falsos deuses e eram marcadas pela promiscuidade. Os rituais judaicos faziam parte do culto a Deus na Antiga Aliança e em nenhum momento chancelava a promiscuidade, pelo contrário. A vida com Deus não é somente sobre o que fazemos, mas porque fazemos.
Deixe-me colocar isso em linguagem contemporânea: se você vai à igreja, canta músicas e estuda a Palavra, pensando que é assim que você vai trabalhar para ganhar o favor de Deus, então você não é diferente dos mais de um bilhão de hindus no mundo hoje que estão se curvando aos seus deuses. Se o seu cristianismo é uma caixa de seleção sobre o que pode ou não pode, para fazer você se sentir bem consigo mesmo diante de Deus, para salvar sua pele no dia do julgamento, então seu cristianismo não é diferente de qualquer outra religião no mundo, e, no final, não irá salvá-lo, mas condená-lo. Paulo está revelando um esquema do Diabo no primeiro século que continua no vigésimo primeiro século. É sutilmente e perigosamente enganoso.
E se a estratégia de Satanás para condenar sua alma envolve não tentá-lo a fazer todas as coisas erradas, mas, em vez disso, levá-lo a fazer todas as coisas certas com o espírito errado? E se Satanás realmente quiser que você vá à igreja, lidere um pequeno grupo, ensine e lidere sua casa de maneira íntegra? E se ele estiver a favor de você fazer todas essas coisas, contanto que você pense que, ao fazer essas coisas, está construindo seu caminho até Deus?
Se o seu cristianismo consiste em escravidão à religião para se tornar justo diante de Deus, então é como se você estivesse se entregando às religiões pagãs do mundo. Mas o cristianismo é radicalmente diferente dessas religiões mundanas. Em vez de escravos da religião, somos filhos em um relacionamento com Deus. Paulo diz que os gálatas conhecem Deus, e então ele pausa e diz: "ou melhor, tornaram-se conhecidos por Deus" (v. 9). Usando a linguagem de 4:1–7, somos filhos de Deus. Por que viveríamos como um escravo da religião quando somos filhos em um relacionamento com Deus? Deus nos conhece intimamente, e a ideia aqui é de conhecimento profundo e pessoal. Conhecemos Deus, e Ele nos conhece!
“Conhecer” na Bílbia significa mais do que ciência intelectual. Conhecer alguém é estabelecer relacionamento pessoal e íntimo com a pessoa. Em 1Coríntios 8.3 Paulo diz que qualquer um que ame a Deus o faz porque Deus o conhece. O nosso conhecimento sobre Deus pode variar por várias razões, mas o conhecimento dele em relação a nós é absolutamente sólido.
Porque fabricamos ídolos? Por causa da nossa insegurança em relação a sermos ou não aceitos por Deus. Olhamos para o conhecimento que nós temos Dele (muito variável), e não para o conhecimento que Ele tem de nós em Cristo. Aflitos, tentamos consolidar uma auto imagem positiva com o uso de nossos ídolos.
Paulo nos lembra que o evangelho mostra que não precisamos nos fazer belos ou dignos de sermos amados para Deus; Ele já nos conhece. Sendo assim, não precisamos criar um ídolo a partir da aprovação alheia ou mesmo da nossa própria aprovação.
O grande fundamento da certeza cristã não é quanto do nosso coração está voltado para Deus, mas quão inabalável é o coração de Deus voltado para nós. Se começarmos a entender que somos “conhecidos por Deus”, não buscaremos amparar a nossa autoimagem em nossas obras, nem compareceremos diante Dele baseado nelas. Não adoraremos a nenhum ídolo - amaremos a Deus, àquele que nos conhece.
O Chamado para a Liberdade (vv. 12-16)
O Chamado para a Liberdade (vv. 12-16)
Neste segmento da carta, Paulo começa o versículo 12 fazendo uma importante afirmação, que “ele se tornou como um deles. Paulo era Judeu e se tornou como um gentio. O que isso significa? O ministério do evangelho é culturalmente flexivel. O ministério impulsionado pelo evangelho é flexível e adaptável em relação a tudo, desde que o evangelho seja preservado. Ele não se deixa prender por particularidades culturais e de costumes. Paulo fala aqui que ele se tornou como os gálatas para levá-los a Cristo. Em outras palavras, Paulo, um homem judeu, quando foi a contextos gentios, não seguiu todos os seus costumes judeus. Em vez disso, ele os deixou de lado para mostrar que a salvação não dependia dessas coisas. Agora ele está implorando aos gálatas para fazerem o mesmo — para pararem de viver como se precisassem fazer certas coisas na lei para serem salvos.
Uma das marcas registradas da mentalidade legalista, seguidora da justificação pelas obras, é a sua inflexibilidade e obseção por detalhes. Alguém assim deseja que os convertidos se vistam e ajam “exatamente como nós". Paulo, por outro lado, é o modelo de alguém que se aproxima de verdade e entra na realidade de vida daqueles que deseja alcançar, como o próprio Cristo fez na sua encarnação.
Nos versículos 13–14, Paulo fala sobre como ele conheceu os gálatas pela primeira vez. O apóstolo estava doente. Alguns estudiosos pensam que ele teve malária, outros sugeriram outras doenças, mas seja qual for o problema de Paulo, aparentemente era bastante grave, quase repulsivo. No entanto, os cristãos ali o aceitaram, mesmo quando não era fácil fazê-lo. E eles fizeram isso com alegria, diz o versículo 15, mesmo se sacrificando por ele. Mas aparentemente eles pareciam estar quase rejeitando Paulo agora, virando as costas para ele, tratando-o como um inimigo (v. 16). Isso deixou Paulo perplexo, confuso e, de certa forma, com o coração partido.
Os desafios de Paulo nos lembram que precisamos que Deus nos ajude a confiar em Sua Palavra mesmo quando não é fácil.
Curiosamente, a perseguição vem não apenas do mundo, mas também do estabelecimento religioso ao seu redor. Este é um tema que percorre toda a Bíblia. Os profetas foram perseguidos, e quem os perseguiu? Foi o estabelecimento judeu dominante. Jesus foi perseguido, e por quem? Pelos fariseus e líderes religiosos do dia que instigaram Sua execução. De maneira semelhante, Paulo foi perseguido por esses judaizantes. Qual é o tema comum? Quando você começa a viver radicalmente pela graça, isso vai custar a você. Claro, isso custará a você no mundo exterior, mas você receberá mais problemas do mundo religioso ao seu redor. Ao longo da história do povo de Deus, algumas das maiores lutas não vieram de fora, mas de dentro. Isso continua sendo verdade hoje. Uma vida santa certamente desagrada o mundo, mas viva em missão que você vai desagradar grupos religiosos.
A pergunta para nós é: Viveremos de acordo com a Palavra de Deus mesmo quando não for fácil? Para isso, precisamos da ajuda de Deus.
Não só precisamos que Deus nos ajude a viver a verdade quando não é fácil, mas também precisamos que Deus nos ajude a ouvi-la quando não é popular. Paulo encerra o versículo 16 dizendo: "Tornei-me agora seu inimigo por dizer a verdade?" Paulo disse algumas coisas duras aos gálatas, não porque os odeia, mas porque os ama. Paulo estava disposto a arriscar sua própria reputação com os gálatas dizendo a verdade em vez de dizer o que eles queriam ouvir. Isso é um bom lembrete para mim ou qualquer que ensine a Bíblia. As pessoas amam um pregador ou mestre que diz exatamente o que elas querem ouvir. Você pode atrair multidões, ganhar elogios e ter tudo indo bem enquanto você diz às pessoas o que elas querem ouvir. Mas quando você diz a verdade, as pessoas olharão para você como se você fosse o inimigo delas (Você já viu alguém que quando confrontado em sua idolatria fique feliz e admita que é idólatra?). Então, a pergunta para todo professor e pregador da Bíblia é esta: Você (ou eu) queremos ser populares ou queremos ser fiéis? Eu quero ser fiel à Palavra de Deus mais do que quero ser agradável na opinião das pessoas. Enquanto a Palavra de Deus nos guiar, vamos pedir a Deus para nos ajudar a ouvi-la e recebê-la, mesmo quando não for popular.
Zelo Verdadeiro (vv. 17-20)
Zelo Verdadeiro (vv. 17-20)
Chegamos agora aos versículos 17–20 nesta passagem. No versículo 18, Paulo diz que é bom ter zelo — precisamos ser zelosos — desde que seja pelo propósito correto. Em seguida, no versículo 19, Paulo fala sobre o que ele é zeloso. Ele introduz a imagem de dar à luz, dizendo, "Estou novamente sofrendo dores de parto por vocês, até que Cristo seja formado em vocês" (v. 19).
Paulo, neste segmento, adverte os gálatas sobre pessoas que demonstram um zelo ardente, mas cujas intenções são questionáveis. Ele contrasta o zelo autêntico, que busca o bem dos outros e glorifica a Deus, com um zelo egoísta que procura alienar os gálatas de seu líder espiritual. Paulo expressa um desejo profundo de estar presente com eles novamente, para mudar o tom de sua carta de uma repreensão para uma conversa mais gentil, refletindo sua angústia e cuidado paternal.
Baseando-nos neste versículo, oramos para que Deus nos dê paixão para sermos conformados à imagem de Cristo. A palavra-chave aqui é "formado" (morphoo), que se refere a nos moldar. Mais do que tudo, Paulo queria que Cristo fosse usado como um molde para modelar a vida dos Gálatas. Paulo quer que eles sejam como Cristo. Somos lembrados das palavras de Paulo em 2:20, onde ele fala de Cristo vivendo nele. Da mesma forma, em 2 Coríntios 4:10, Paulo fala do propósito dos sofrimentos dos apóstolos: "para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo." Esta é a liberdade que Paulo está falando — Cristo nos moldando, mudando-nos e formando-nos à Sua imagem, para que possamos ser libertados para experimentar a vida Nele, por Ele, através Dele e com Ele. Esta é a minha oração pela igreja que eu pastoreio, que Cristo seja formado neles.
Conclusão:
Conclusão:
Quando Cristo é formado em nós, o que só acontece pela Palavra, isso afeta nossa proclamação. Portanto, oramos para que Deus nos dê paixão para ver outros transformados para a glória de Cristo. Ouvimos o coração de Paulo neste ponto. De acordo com Gálatas 4:19, isso é pelo que ele trabalha e sente dor, o que ele quer mais do que qualquer coisa. Como uma mãe que anseia, mesmo através da dor, para dar à luz uma criança, Paulo anseia para ver os Gálatas transformados para a glória de Cristo. Isso deveria ser o coração de todo pastor e também de todo seguidor de Cristo. Devemos orar uns pelos outros, ensinar uns aos outros e modelar a vida em Cristo uns diante dos outros porque queremos que outros sejam transformados. Não somos seguidores de Cristo apenas por nossa causa. Estamos aqui juntos, uns pelos outros. Nossas igrejas deveriam ser comunidades que choram juntas, imploram juntas, confrontam umas às outras quando necessário, oram juntas e exortam umas às outras. E fazemos tudo isso porque queremos ver uns aos outros transformados, não à nossa própria imagem ou a uma imagem pré-fabricada do que nossa cultura diz que devemos parecer, mas sim à imagem de Cristo. Paulo diz que ele não ficará satisfeito até que isso aconteça. Que Deus nos ajude a ser um povo que não ficará satisfeito até que Cristo seja formado em nós, até que assumamos a forma de Cristo.