Aceitem uns aos outros
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Introdução
Introdução
Hoje daremos mais um passo em no caminho para o cumprimento da Missão: “Vão e façam discípulos”. O grande norte para o qual somos enviados é o amor, isto é, colocar considerar as pessoas em tão alta conta, que somos capazes de prioriza-los em relação a nós mesmos.
34 “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.
5 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 6 que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!
Jesus explicou que o caminho para cumprir a missão é amarmos uns aos outros assim como ele nos amou. Ele nos deu o exemplo, ele mesmo, do tipo de amor sobre o qual estava falando.
O apóstolo Paulo explica que ele não se apegou à sua condição divina, mas deixou isso de lado e tornou-se um ser humano limitado. Ele optou pela existência sofrida e dolorida dos seres humanos para que, através de uma vida completamente obediente ao Pai, pudesse oferecer salvação a qualquer um que se renda a esse amor.
Esse caminho que nos leva ao cumprimento da missão, esse amar uns aos outros, se aplica na prática em vários “uns aos outros”. Dois deles vimos nas semanas anteriores: Dedicar-se uns aos outros e Honrar uns aos outros.
Hoje vamos conversar sobre outro dos mandamentos recíprocos: Aceitem uns aos outros. Vamos orar juntos.
Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus.
Como Cristo nos aceitou?
Como Cristo nos aceitou?
Aceitem-se uns aos outros. Se o texto terminasse aí estaríamos expostos a todo tipo de interpretação sobre o significado dessa aceitação e a igreja seria uma espécie de vale tudo, porque cada um teria sua própria opinião a respeito de como é aceitar o irmão.
Mas o Espírito de Deus conduziu a apóstolo Paulo a dizer que a aceitação que devemos ter de uns para como os outros precisa ser igual à que Jesus teve por nós. Então, a pergunta inevitável é como Cristo nos aceitou?
Talvez a melhor maneira de começar a ver isso seja examinar alguns episódios, narrados nos evangelhos, em que Jesus acolheu as pessoas que chegaram até ele. Essas pessoas se achegaram a Jesus passando por certas portas de acesso.
Pela porta do perdão
Pela porta do perdão
44 E, virando-se para a mulher, disse a Simão: —Você está vendo esta mulher? Eu entrei na sua casa e você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, os lavou com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.
45 Você não me cumprimentou com um beijo; ela, porém, não pára de beijar meus pés desde que entrei.
46 Você não derramou óleo sobre a minha cabeça. Ela, porém, derramou perfume nos meus pés.
47 Por isso eu digo a você: Os muitos pecados dela foram perdoados; e isto é evidente, pois ela mostrou um grande amor. Mas a pessoa a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor.
Simão e os demais viam aquela mulher como um caso perdido, mas Jesus a amou e a aceitou abrindo-lhe a porta do perdão. Ao ser perdoada, ela explodiu em expressões de amor e gratidão.
A chave parece ser deixar o caminho livre para pessoas entrarem se encontrarem com o perdão de Jesus! E não se incomodar se elas levam na testa o nome de pecadores, mas deixe nas mãos de Deus as transformações que Ele deseja fazer na vida delas! Aceitar aos outros como Jesus nos aceitou é abrir, como ele fez, a porta do perdão.
Pela porta da tolerância
Pela porta da tolerância
8 Respondeu o centurião: “Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado.
9 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade e com soldados sob o meu comando. Digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem. Digo a meu servo: Faça isto, e ele faz”.
10 Ao ouvir isso, Jesus admirou-se e disse aos que o seguiam: “Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé.
Centurião era uma patente do exército romano. Ele certamente não era judeu e não seguia a lei de Moisés. Na verdade, o mais provável era que ele adorasse aos deuses do panteão romano, talvez Marte, o deus da guerra. Mas Jesus abriu para ele a porta da tolerância.
Ainda no caminho, depois de ouvir o recado do militar, Jesus elogiou a confiança dele na autoridade de Cristo. Aonde não se esperava nada, Jesus encontrou um exemplo de fé para ser seguido. Aceitar aos outros como Jesus nos aceitou é abrir, como ele fez, a porta da tolerância.
Pela porta da compaixão
Pela porta da compaixão
11 Logo depois, Jesus foi a uma cidade chamada Naim, e com ele iam os seus discípulos e uma grande multidão.
12 Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e uma grande multidão da cidade estava com ela.
13 Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: “Não chore”.
No encontro de duas multidões, Jesus foi profundamente tocado pela dor daquela mulher, uma viuva que agora saia de casa para sepultar seu único filho. Ele acolheu a dor dela em seu peito e lhe abriu a porta da compaixão.
Segundo a lei, quem tocasse em um corpo ou qualquer coisa que estivera em contato com o morto se tornava impuro e não poderia prestar culto a Deus a não ser cumprisse os rituais de purificação. Jesus considerou aquela mulher e a sua dor mais importantes que aquelas normas. Aceitar os outros como Jesus nos aceitou é abrir, como ele fez, a porta da compaixão.
Sem a nossa ajuda
Sem a nossa ajuda
Assim como aconteceu com eles, Cristo nos aceitou em sua família: sem apresentar exigências morais, comportamentais, filosóficos ou de qualquer outra natureza. Não é que Deus deixou de se importar com o jeito que vivemos e pensamos. Ele sempre deseja tratar desses assuntos conosco, mas eles não são condição para o seu amor.
Cada um de nós estava espiritualmente morto, existencialmente perdido e sem esperança. Ainda assim fomos alcançados pela graça de Deus. Escrevendo aos Efésios, o apóstolo Paulo descreve assim esse cenário:
Não faz muito tempo, vocês estavam atolados naquela velha vida podre de pecado. Haviam permitido que o mundo, que não sabe nada a respeito da vida, dissesse a vocês como viver. Enchiam os pulmões com a fumaça da incredulidade e exalavam desobediência.
Todos nós já nos comportamos assim, fazendo o que queríamos, a nossa própria vontade; estávamos todos no mesmo barco. Graças a Deus, ele não perdeu a paciência nem nos exterminou.
Em vez disso, com sua imensa misericórdia e seu amor extravagante, ele nos abraçou. Tirou-nos da nossa vida presa pelo pecado e nos fez vivos em Cristo.
Fez tudo isso por conta própria, sem qualquer ajuda da nossa parte! Ele nos tomou para si e nos concedeu um lugar nos altos céus, na companhia de Jesus, o Messias. Não é demais? Ef 2.1-6 (AM)
Jesus nos acolheu por amor. E isso não se trata de algo que a gente faz para provocar o amor dele. O interesse dele por nós veio primeiro, tanto que as Escrituras dizem que ele nos amou primeiro. É dessa mesma forma que somos convidados a nos aceitar uns aos outros, com base no amor gracioso de Deus semeado em nossos corações.
Marcas da aceitação
Marcas da aceitação
Umas das marcas da aceitação mútua é o equilíbrio; isto é, no trato uns com os outros, é não se deixar levar pelas atitudes de condenação ou de desprezo.
Nem condenção, nem desprezo
Nem condenção, nem desprezo
O apóstolo Paulo explica isso quando orienta os irmãos de Roma sobre como tratar questões controversas, do tipo que dividem opiniões. Ele dá dois exemplos de questões que estavam levando os irmãos tanto a condenar como a desprezar uns aos outros:
1 Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos.
2 Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.
3 Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou.
4 Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está em pé ou cai. E ficará em pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.
5 Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.
6 Aquele que considera um dia como especial, para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne, come para o Senhor, pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus.
7 Pois nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si.
8 Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.
Nas questões controversas devemos evitar tanto o desprezo quanto a condenação. A orientação de Paulo é para que os dois lados da discussão sejam sábios nisso e não transformem questões menores em cavalos de batalha dentro da igreja.
O evangelho de Jesus não pretende nos sobrecarregar com a responsabilidade de sermos juízes uns dos outros. É certo que a todos nós o Senhor pedirá contas daquilo em que cremos e de nossa maneira de viver, mas é para ele que vivemos! Portanto podemos discordar da maneira diferente de alguém pensar um assunto, mas isso não nos dá o direito desprezar ou de condenar a pessoa.
Às vezes nem existe um lado certo e outro errado. E ainda que os dois lados tenham convicções bem fundamentadas, nossa maneira de lidar uns com os outros é que vai fazer diferença, ao se tornar um motivo para que o nome do Senhor seja exaltado.
Sem acepção de pessoas
Sem acepção de pessoas
Outra marca distintiva da aceitação é não fazer acepção de pessoas, isto é, não tratar as pessoas de maneira diferente com base em nossas preferências pessoais corrompidas pelo pecado. Tiago fala sobre isso.
1 Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade.
2 Suponham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro e roupas finas, e também entre um pobre com roupas velhas e sujas.
3 Se vocês derem atenção especial ao homem que está vestido com roupas finas e disserem: “Aqui está um lugar apropriado para o senhor”, mas disserem ao pobre: “Você, fique em pé ali”, ou: “Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés”,
4 não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados?
Escolher a quem tratar bem não é algo que Jesus ensinou.
Escolher com quem ser educado não tem amparo no evangelho.
Escolher a quem dar atenção é discriminar.
Privilegiar alguém é jogar pela janela a graça de Deus.
Decidir a quem amar é negar a natureza do amor de Deus.
O evangelho nos convocar a tratar todos bem, a ser educado e cortês com todos, a dar atenção a todos, a ser justo nas oportunidades e amar cada pessoa que passa em nosso caminho.
Então, quando você rejeita as razões pessoais e culturais que movem o jeito de pensar deste mundo e adota o amor gracioso de Jesus nos seus relacionamentos, você está praticando o “aceitem-se uns aos outros”.
Conclusão
Conclusão
Precisamos revisitar os evangelhos e examinar os vários encontros que Jesus teve com as pessoas de seu tempo. Ele abriu portas para se conectar às pessoas. Ele é nosso exemplo primeiro sobre como nos aceitar uns aos outros. Perdão, tolerância e compaixão foram algumas de suas estratégia de amor. Isso vale para todos aqueles com quem nos relacionamos.
Quando pensamos em uma igreja que aposta no relacionamento com Deus e com as pessoas como estratégia para experimentar o evangelho de Jesus, precisamos aprender a ser tolerantes em questões menos importantes para que os relacionamentos entre nós tenham tempo para amadurecer.
Claro que isso não significa transigir com o pecado ou fazer vistas grossas a valores e crenças que entram em choque com o evangelho. Para essas situações existem outros mandamentos recíprocos.
Mas, ao decidimos aceitar uns ao outros da mesma forma como Cristo nos aceitou... estamos reconhecendo que não temos autorização de Deus para normatizar a vida uns dos outros além daquilo que as Escrituras claramente preceituam para promover a saúde da igreja.
Quando nos aceitamos uns aos outros da maneira que Cristo nos aceitou, estamos afirmando que as transformações operadas na vida dos meus irmãos são uma obra de Deus que dá glória ao seu nome e não uma imposição de fora para dentro.
Se queremos fazer discípulos e cumprir a missão precisamos aceitar e acolher uns aos outros com a mesma motivação de Cristo: por amor.