A cura de um endemoninhado na sinagoga de Cafarnaum demonstra a autoridade de Jesus sobre os demônios e lhe aufere ampla reputação
Notes
Transcript
Jesus na Sinagoga de Cafarnaum
Jesus na Sinagoga de Cafarnaum
Introdução
Quando chegamos a Marcos, capítulo 1 versículos 21 a 28, percebemos que as notas preliminares, introdutórias estão concluídas e Marcos começa, então, seu relato dos eventos do ministério de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Marcos inicia a narrativa dos eventos do ministério de Cristo em seu Evangelho com um incidente que ocorre na sinagoga, na cidade de Cafarnaum.
E o objetivo de Marcos é demonstrar para nós o que é essencial para admitirmos Jesus Cristo, o Filho de Deus, como o novo Rei, como o Messias de Deus. Ele deve exercer poder sobre o atual governante deste mundo. Ele deve ser capaz de quebrar a escravidão sob a qual Satanás mantém a humanidade. Portanto, Marcos começa com um relato incrível de como Jesus venceu um demônio.
Ele desce a Cafarnaum e faz dessa cidade seu quartel-general. Isso porque Cafarnaum era a maior e mais populosa das muitas cidades pesqueiras que estavam ao redor do mar da Galileia. Essa cidade vivia entre a riqueza e a decadência, visto que era o ponto de apoio das tropas romanas, campo de fértil influência gentílica. Esse era um lugar apropriado para Jesus desafiar os judeus e os gentios com o evangelho do Reino de Deus.
Era a maior cidade às margens do lago porque era um cruzamento de importantes rotas comerciais. Tinha uma repartição alfandegária e uma guarnição romana porque era uma área potencial de crime porque havia muita ação, muito comércio, muito tráfego de viagens.
2. Jesu Ensina da Sinagoga
“Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na sinagoga.”
O COSTUME de Jesus era ir à sinagoga judaica (como era o costume de Paulo em Atos). Lucas registra um episódio (não encontrado em Marcos) que ocorreu provavelmente pouco antes do evento atual.
"E Ele veio a Nazaré, onde havia sido criado; e como era SEU COSTUME ( ethos ; NLT = "como de costume"), Ele entrou na sinagoga no sábado e levantou-se para ler." ( Lucas 4: 16+ ).
Jesus usou a sinagoga como lugar oportuno para iniciar o seu ministério de ensino, pois ali o povo estava reunido com o propósito de estudar a Palavra de Deus. Jesus sempre caminhou na direção do povo.
A sinagoga foi criada no período do cativeiro babilônico, depois que o templo foi destruído e tornou-se o principal lugar de culto do povo judeu. Nela o culto tinha apenas três elementos: oração, leitura da Palavra de Deus e sua exposição ou explicação. Não havia música nem sacrifícios.
A sinagoga era também o lugar de reuniões da comunidade e servia como tribunal e escola. Elas eram dirigidas por leigos e não por rabinos e mestres ou pregadores permanentes. Dessa maneira, os mestres visitantes sempre eram convidados para ensinar. Isso foi uma porta aberta para Jesus. O apóstolo Paulo também utilizou essa porta aberta para anunciar o evangelho (At 13.14–16; 14.1; 17.1–4). Foi só no século 2 que o ensino tornou-se uma prerrogativa de teólogos estudados.
“foi ele ensinar na sinagoga.”
Assim que nosso Senhor entrou na sinagoga, Ele foi ensinar.
Lembre-se que o principal foco do ministério de Jesus foi o ensino, assim como foi dos apóstolos e assim como deve ser o da Igreja LOCAL.
“Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.” (Verso 22)
O povo ali presente ficou surpreso com o ensino de Jesus.
Marcos não nos diz nada sobre o que Ele ensinou. O foco não está no conteúdo, na abordagem de Marcos. Mas, o que vemos é a resposta dos ouvintes ao ensino de Jesus, versículo 22: “E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.”
O que isso significa? Havia objetividade em Seu ensino. Havia um tipo de caráter absoluto. Havia um nível de convicção a que aqueles judeus não estavam acostumados. Jesus não citou nenhum filósofo ou rabino. Assim como aconteceu quando Ele pregou o Sermão da Montanha – Mateus 7:28 e 29 diz que depois os ouvintes ficaram maravilhados, porque Ele falou como alguém que tem autoridade.
O que é autoridade? A palavra grega traduzida como autoridade aí é “Exousia”, que tem o sentido de regra, domínio, jurisdição, pleno direito, poder, privilégio, prerrogativa. Ele falou com absoluta convicção, objetividade, autoridade, domínio, como alguém que está no comando, como alguém que está falando a verdade. E diz o versículo 22: “Não como os escribas”.
Como os escribas falavam? Bem, eles não falavam com autoridade, eles citavam outros rabinos: “este rabino diz isso, este rabino diz aquilo, há algumas pessoas que pensam que esse rabino está certo, há algumas pessoas que pensam que o outro rabino está certo…”. Eles se orgulhavam de poder se apegar ao passado e citar vários rabinos reverenciados. Mas, diante deles, está alguém que não cita ninguém. Não recebe a teologia de ninguém. Não oferece pontos de vista. Eles não estavam acostumados com isso.
Eles nunca ouviram nada parecido, nunca.
Por isso, aqueles ouvintes ficaram maravilhados. Há várias palavras do Novo Testamento que podem ser traduzidas como espantadas, atônitas ou admiradas. Mas a palavra usada por Marcos nesse texto é a mais forte, “ekplēssō”. Um léxico diz que significa: “tirar uma pessoa de seus sentidos por meio de sentimentos fortes”. Jesus, em outras palavras, explodiu suas mentes.
3. A manifestação demoniaca na Sinagoga
“Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (23 e 24).
No exato momento em que Jesus está ensinando e as pessoas estão absolutamente maravilhadas, havia um homem na sinagoga com um espírito imundo, e ele gritou.
O fato é que a possessão demoníaca descreve uma condição em que um ser distinto e maligno(Marcos: “um espírito imundo”; Lucas 4.33, “o espírito de um demônio imundo”), estranho à pessoa possuída, tomou o controle dessa pessoa.
A pessoa é frequentemente capaz de executar coisas sobrenaturais e muitas vezes se torna violenta ou blasfema quando confrontada com a pessoa e o serviço do Senhor Jesus Cristo.
a possessão demoníaca é um fato inegável (1.23). Há dois extremos que falseiam a verdade quanto a este assunto: o primeiro deles nega a realidade da possessão; o segundo, diz que toda insanidade mental é evidência dela.
Uma pessoa possessa está sob o controle do espírito imundo que habita nela (1.23,24). Há vários espíritos em um só homem (1.24). O endemoninhado de Gadara tinha uma legião de demônios, ou seja, seis mil demônios dentro de si (5.9).
A manifestação dos demônios na vida das pessoas é uma dramática realidade. Esses espíritos imundos arrastam as pessoas a toda sorte de imundície moral, pervertendo, corrompendo, enlameando.
Vivemos numa geração que obedece a ensinos de demônios, que cultua o satanismo e flerta com as trevas.
Havia um homem possesso na sinagoga. Os demônios não o levaram para os antros do pecado, mas para dentro do lugar sagrado de ensino da Palavra. Ele estava ali escondido, camuflado. Para muitos, talvez, era apenas mais um adorador e mais um estudioso das Escrituras.
O demônio que estava aninhado nesse homem não temeu estar onde se falava do nome de Deus. Os demônios procuram constantemente, por todos os meios e em todos os lugares, mesmo onde a Palavra era pregada, destruir os homens.
Os demônios sempre tiveram seu caminho com aqueles em seu domínio. Mas o que aconteceu durante o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo não tem paralelo antes nem depois. Por exemplo, não há lugar no Antigo Testamento em que você tenha uma ocasião de possessão demoníaca. Os demônios estavam lá? Sim. Mas eles estavam disfarçados, em segredo.
Depois do ministério de Cristo, depois dos evangelhos, existem apenas dois relatos de possessão demoníaca. Um está em Atos 16 e o outro em Atos 19, depois disso nenhum – nenhum nas epístolas. O que acontece é que os demônios estão muito contentes em permanecer disfarçados. Eles não querem ser expostos. Mas durante o ministério de Jesus, quando Ele apareceu, entraram em pânico e disseram em voz alta: “Você é o Filho de Deus!”, e quando disseram isso, Jesus os silenciou.
A possessão demoníaca sempre existiu, mas nunca foi tão manifesta em toda a história bíblica como durante o ministério terrestre de Jesus e, em certa medida, no ministério extenso dos apóstolos, porque Ele lhes delegou poder sobre os demônios.
dias de Jesus, eles foram expostos com selvageria, deformidade física, convulsões violentas, tormento, automutilação, nudez, gritos – eles sempre gritam na presença de Jesus. Esse homem gritou. Ele gritou porque não conseguia se conter. Era o demônio gritando através das cordas vocais do homem. O demônio estremeceu, aterrorizado com a presença do Filho de Deus e Sua proclamação da verdade.
Ele está tão aterrorizado, que se revela, quebra seu disfarce, embora não o quisesse quebrá-lo. Depois que o demônio se revela, Jesus o silencia, porque não quer que ele promova Sua verdadeira identidade. Veja o que ele diz. “Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos?” Literalmente, no grego: “O que temos em comum? Este é o tempo de nossa destruição?”
Por favor, observe o “nós”, ele fala por todos os demônios. Ele quer saber por que Jesus agora invadiu o reino deles. “O que está acontecendo aqui? Que negócio temos um com o outro? Por que é agora? É a hora da nossa destruição final?” 1 João 3: 8 afirma que Cristo foi revelado para destruir as obras do diabo. Como eu te disse, o demônio sabia sobre o Lago de Fogo. Não só ele, mas todos os demônios sabem que eles foram expulsos do céu, sabem para onde estão indo, sabem que são irremediáveis.
4. Jesus repreende o demonio
“Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem. Então, o espírito imundo, agitando-o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele.” (25 e 26)
Jesus tem autoridade para repreender os poderes das trevas, pois Ele é o Criador e eles são os criados! Ele repreende. Jesus emite duas ordens contundentes, ambas no imperativo aoristo. . "Cala a sua boca!" "Saia" E faça isso agora!
Mais tarde, Marcos registra Jesus “expulsando muitos demônios; e Ele não permitia que os demônios falassem, porque sabiam quem Ele era”. ( Mc 1:34+ ) Eles também temem Jesus, porque sabem que esta expulsão temporal do homem possuído é apenas uma antecipação do seu futuro destino eterno, pois naquele dia futuro Jesus será o seu Juiz ( Jo 5:22 , 30) . 2 Ti 4:1+ ) e fale com a mesma autoridade, ordenando aos espíritos imundos que entrem para sempre no Lago de Fogo! Observe o que não vemos Jesus fazendo – ele não tem diálogo (como se houvesse um plano B para o demônio), nenhuma fórmula, nenhuma oração, nenhuma água benta, nenhum crucifixo, etc, etc. sai instantaneamente!
Os demônios sabiam muito bem quem Jesus é. Fim do versículo 24, “Bem sei quem és: o Santo de Deus.” Quando o anjo veio a Maria, Lucas 1:35, disse que ela teria um filho santo, Filho do Deus Altíssimo. Os demônios sabem disso.
Isso não é bizarro? Um demônio imundo e miserável dizendo: “Você é o Santo de Deus”? Os demônios sabem que o Filho é santo, como o Pai é santo. E os demônios, que são a maldade suprema, encolhem-se diante da perfeita santidade, assim como o pecado se encolhe na presença da virtude.
Jesus repreendeu o espírito imundo, dizendo: “Cala-te, e sai dele. Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele.” Nesse ponto, ainda não era hora da destruição dos demônios, que ainda está por vir. Mas esse demônio experimenta a autoridade e o poder que Cristo tem sobre todos eles. E esse é o próprio poder que um dia os levará ao Lago de Fogo.
Jesus o repreendeu. Ele tem autoridade instantânea para comandar. Sem diálogo, sem negociação, sem fórmula, sem oração, sem exorcismo – poder absoluto. Na Bíblia, não existe exorcismo. Não há isso lá. Jesus ordenou-lhes, e eles foram embora. Jesus delegou esse poder a Seus apóstolos, e eles fizeram o mesmo. E as únicas pessoas que podem ser possuídas por demônios são não-crentes. Esse é o padrão mostrado nas Escrituras.
E, assim, Jesus falou pelo poder de Sua própria autoridade: “Fique quieto! Não quero que você declare quem eu sou. Não preciso de publicidade vinda de você.” É o mesmo que vimos no livro de Atos, capítulo 16, onde uma garota possuída por demônios está divulgando sobre Paulo, que ele é servo de Deus, e Paulo expulsa o demônio e diz, em outras palavras: “Não preciso de publicidade do inferno!”. Jesus diz: “Fique quieto e saia dele!”. Sempre que você leva o evangelho a um não crente, e ele deposita sua fé no Senhor Jesus Cristo, Ele os lava e os demônios fogem.
“Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da Galileia.” (27 e 28).
O poder do Rei agora era visível. Como nós sabemos? Versículo 27: “E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!.” Isso é o que chamaríamos de burburinho, não um debate em sentido formal. É um burburinho. “O que é isso? Quem é Ele? Um novo ensinamento, nunca ouvimos ensinamentos como esse com autoridade. Ele comanda até os espíritos imundos e eles Lhe obedecem.”
Agora todo mundo sabia. Todos sabiam que Ele ensinava como ninguém ensinava, e todos sabiam que Ele tinha um poder que ninguém jamais possuiu. De acordo com Mateus 9:33, Ele expulsou um demônio de um homem mudo, e eles disseram que aquilo nunca tinha sido visto em Israel.
5. Conclução
O que faz os demônios gritarem é a autoridade de Cristo. Isso os aterroriza. E deve aterrorizar você também. Deveria aterrorizar os pecadores, da mesma forma que aterroriza os demônios. A diferença é que os pecadores não entendem a realidade de sua destruição. Mas os demônios entendem muito bem.
Não basta se surpreender com Jesus. As pessoas maravilhadas e os demônios aterrorizados estarão para sempre no mesmo lago de fogo. Jesus não quer seu espanto. Ele não quer sua admiração. Ele quer o seu temor. Ele quer que você o tema como juiz, e depois corra para Ele como Salvador.
Verso 28: “E logo correu a sua fama por toda a região da Galileia.” E isso foi apenas o começo. Vá para o versículo 39: “Foi, então, por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.” A tragédia foi que repetidamente as pessoas sempre ficaram maravilhadas, e foram para o mesmo inferno que os demônios aterrorizados ocuparão para sempre.
Os demônios sabiam quem Ele era e não podiam ser salvos. As pessoas não acreditavam que Ele era quem afirmava ser, e não seriam salvas. O que é necessário é uma combinação de ambos. Você precisa se surpreender e aterrorizar. Espantar-se com tal Salvador e aterrorizar-se com tal juiz. Oremos.