Os dois caminhos
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Transcript
¹ Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
² Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
³ É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!
⁴ Não é o caso dos ímpios! São como palha que o vento leva.
⁵ Por isso os ímpios não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos.
⁶ Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição!
OS DOIS CAMINHOS
Existe um castelo às bordas do lago Lemano, partilhado pela França e pela Suíça, o qual costumava ser usado como prisão.
A muitos prisioneiros dali aconteceu que, a altas horas da noite, eram acordados por alguém que, tendo aberto as portas da prisão, os convidava à fuga.
Confiante, o prisioneiro seguia o seu pretenso salvador.
Este, em dado momento, abandonava-o dizendo:
– Siga correndo por este corredor. Não há perigo.
A vítima seguia pelo corredor escuro, e, em dado momento, caía nas águas geladas do lago, tendo morte certa.
O corredor era o “caminho da morte”.
Após a leitura do Salmo inteiro, talvez seja de bom tom observarmos cada um dos versos separadamente de acordo com o intuito do texto em partes diferentes. A primeira parte é do verso um até o verso 03. Que vai explorar o caminho do justo, o que devemos fazer para seguir este caminho e o que acontecerá conosco se seguimos este caminho. Já a segunda parte (versos 4-6) explora o caminho contrário, o que acontecerá se seguirmos o caminho dos perversos.
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
O texto começa nos apresentando uma pessoa. Algumas traduções irão trazer “Bem-aventurado o homem” no começo, mas a NVI acerta ao se utilizar de um sujeito indefinido nesse momento, pois o texto irá tratar de um aspecto geral para homens e mulheres, não colocando diferença em como homens e mulheres devem agir em certas situações, coisa que a Bíblia faz em outros momentos.
Começamos observando que é feliz, ou “bem-aventurado”, quem não faz certas coisas. Tema que será trabalhado em diversos outros Salmos. Creio, inclusive, que este Salmo foi escolhido para ser o primeiro de forma proposital (Bruce Waltke, John Piper, C.H.Spurgeon), pois acaba introduzindo muito bem diversos outros temas que serão trabalhados em outros momentos no saltério.
E nesse momento é melhor nos voltarmos um pouco para o verso dois: Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
Salmo 32:1-2 -> ¹ Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados! ² Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia!
Salmo 34:8 -> ⁸ Provem, e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!
Salmo 65:4-> ⁴ Como são felizes aqueles que escolhes e trazes a ti, para viverem nos teus átrios! Transbordamos de bênçãos da tua casa, do teu santo templo!
Algumas traduções acabam trazendo a palavra “alegria” no lugar de satisfação, porém, no caso do nosso verso, acabaria ficando complicado o entendimento, pois ele já começou dizendo como é feliz aquele que… Após lermos as outras passagens, uma coisa fica bem clara para nós, ou pelo menos deveria ficar: Feliz é aquele que tem o Senhor, ou seja, no nosso caso o ser humano apenas é feliz pois tem a sua alegria, o seu prazer, a sua satisfação na lei do Senhor.
Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
E por ter sua alegria na lei do Senhor e nela meditar dia e noite, ele não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
Creio que o autor utilizou uma certa progressão nesse verso, ele começa com ouvir um conselho. Esse primeiro ponto traz um grande ensinamento para nós: “Cuidado com quem você escuta”. Não queira escutar um conselho de casamento de alguém do seu trabalho que nunca ao menos escutou o evangelho, não queira escutar sobre criação de filhos sobre alguém que nunca leu a Bíblia. Não me levem à mal, alguns desses conselhos podem ser de muita valia, porém, temos em nossa igreja pessoas bem mais capacitadas para nos aconselharmos.
Pois uma vez que escutamos o conselho de um ímpio, o próximo passo é imitarmos sua conduta, “Abençoado aquele que não imita a conduta dos pecadores”. Ou seja, o próximo passo é simplesmente pecarmos, simplesmente começarmos a agir igual os ímpios agem. Começamos a ver pessoas sensuais nas redes sociais, começamos a falar mal de nosso cônjuge para os outros, começamos a não honrar meu pai e minha mãe.
E quando isso toma conta de nós, o próximo passo é ainda pior, é acharmos que não tem absolutamente nenhum problema em fazermos isso, É nesse momento que se assenta na roda dos zombadores! , ou seja, ficamos cegos, achamos que nosso pecado não tem tanta severidade pois “todo mundo está fazendo”.
Nesse momento, as mães já têm a resposta na ponta da língua: Você não é todo mundo. Aquilo que fazemos de errado em nosso dia a dia tem, e muito, problema. Daniel foi fiel mesmo no meio de ímpios, Ester e Mordecai foram fiéis mesmo após errarem em seu passado e estarem no meio do exílio persa, Jesus foi fiel mesmo quando Pedro o pediu para não se entregar. Nenhum deles achou que o pecado era justificado apenas porque “todo mundo está fazendo”, afinal, como a sabedoria materna sempre diz, eles “não eram todo mundo”.
Mas agora no verso dois nós temos o contraponto desse homem. No verso um, o salmista apenas colocou aspectos muito práticos da vida, não ouvir tal conselho, não andar em tal caminho, não se assentar em certa ocasião. Já no verso dois, ele aponta para algo muito mais íntimo do ser humano:
Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
Sim, o contra-ponto de uma vida pecaminosa é ter sua satisfação na lei do Senhor. O primeiro ponto desse verso é tratar sobre o que significa “lei” para nós. Os judeus receberam esse Salmo apontando para a TORAH, porém, nós, cristãos, vemos Jesus e os apóstolos se referindo aos próprios Salmos quando falam sobre Lei no Novo Testamento, na verdade, na grande maioria das vezes quando a palavra “lei” é citada no novo Testamento, o autor se refere a um Salmo. Logo, podemos entender “Lei” do Senhor como todo ensino de Deus, aquilo que ele deixou escrito para guiar o seu povo e, dessa forma, se revelar especialmente para este mesmo povo.
Veja, essa mesma Lei aponta para o nosso pecado, Paulo diz que a Lei mostrou o quão pecadores e imundos nós podemos ser. A primeira pergunta que nos vem à cabeça com toda certeza deveria ser: Como eu consigo ter prazer em algo que me coloca “para baixo”?
Em primeiro lugar, a Lei nos aponta um caminho simplesmente bom para vivermos. Um caminho onde nós amamos uns aos outros, respeitamos uns aos outros, não desejamos os bens alheios, não buscamos vingança, não buscamos guerra, mas procuramos a paz a todo custo. Ou seja, um caminho simplesmente bom, por mais que não consigamos seguir este caminho por nossas forças, o caminho que a Lei apresenta é simplesmente bom.
E em segundo lugar, a resposta acaba sendo bem simples, essa mesma Lei que mostra o nosso pecado, aponta para um redentor que morreu em nosso lugar, essa mesma Lei que mostrou o quão sujos nós podemos ser, mostrou aquele que não tinha absolutamente nenhum pecado nos limpou de toda essa sujeira. Podemos ter satisfação, prazer, alegria nesta lei, não só podemos, mas, segundo o salmista, essa é a maneira e, ao mesmo tempo, a consequência de sermos bem-aventurados, ou seja, mostramos que somos bem-aventurados quando temos prazer nesta lei.
Vejam bem, o contraponto de práticas pecaminosas, não é simplesmente nos abstermos das práticas, mas é algo muito mais profundo. É uma constante admiração do nosso Deus. O que estou querendo dizer com isso é o seguinte: Simplesmente achar que não pecar, e se esforçar ao máximo para não pecar, não será o suficiente enquanto não tivermos nosso prazer, nossa satisfação, nossa alegria no Senhor. Simplesmente começarmos a ter prazer em obedecer o Senhor,
Agora chegamos no final deste verso com um desafio complicado, se é que dá para ficar ainda mais complicado só no segundo verso desse lindo livro: e nessa lei medita dia e noite.
A conotação desse verbo “meditar” nos dá uma impressão de “ruminar”, “gastar tempo”, “repetir”. Vejam bem, no tempo em que este Salmo foi escrito, pouquíssimas pessoas teriam acesso À Bíblia. A maior parte dos judeus tinham que decorar os versos no pouquíssimo acesso que teriam, pois, na maior parte dos casos, apenas os Sacerdotes teriam um acesso maior à Bíblia. Dado esse contexto, essa passagem fica ainda mais impressionante, os Judeus teriam pouco acesso ao texto da Lei, mas, ainda assim são instruídos a meditar nesta Lei dia e noite. Essa talvez seja uma prática muito mais comum quando eu era mais novo, que, pelo o que vejo das novas gerações, está caindo de pouco em pouco gradativamente: decorar versículos é algo benéfico. Repetir a Bíblia em nossas mentes é algo bom. Pois precisamos meditar na Lei de dia e de noite.
Neste ponto, somos BEM MAIS preguiçosos que boa parte dos judeus. Temos uma Bíblia em casa, uma Bíblia no celular, todas as versões imagináveis da Bíblia em nossos computadores, mas, ainda assim, muitas vezes, não desejamos nem ao menos lê-la, quanto mais meditar nela de dia e de noite. Enquanto o Salmista diz: Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
² Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
Ou seja, precisamos ter a palavra de Deus firme em nosso coração, precisamos nos alegrar nessa palavra, ter prazer na Palavra e só assim, estaremos seguros de não seguir o conselho dos ímpios, de não imitarmos a conduta dos pecadores e não assentarmos na roda dos zombadores.
Agora podemos passar para o verso de número 3: É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!
Temos três pontos para trabalharmos nesse verso:
É como árvore plantada à beira de águas correntes.
Dá fruto no tempo certo, suas folhas não murcham.
Tudo o que ele faz prospera.
Israel é uma região com muitos desertos, uma região que não chove muito durante o ano. Logo, as maiores árvores são aquelas que ficam na beira dos rios. A metáfora utilizada nesse versículo começa dessa maneira, mostrando que uma pessoa pode ser forte dentre uma situação adversa. Mas como podemos entender o que são as águas relatadas neste verso? Bem, as águas são a Palavra de Deus, é justamente aquilo que vimos no verso anterior, aquele que tem seu prazer, sua alegria na Palavra, e medita nela dia e noite.
Mas, seguindo na passagem, ele será de que maneira? Ele dará fruto no tempo certo, e suas folhas não murcham. John Piper interpreta esse verso da seguinte maneira: O fruto não é o seu ministério, muito menos uma promoção no trabalho ou conquista, é o fruto da obediência. Ou seja, se formos embasados na Palavra, meditarmos nela de dia e de noite, fomos apaixonados pela nossa Leitura Bíblica, logo seremos obedientes. Um grande teólogo do século 19 possui uma frase que se encaixa muito nesse versículo: "Ou este livro me afasta do pecado ou o pecado me afastará deste livro".
E chegando no final da segunda parte deste verso: Esse homem, que não se assenta no caminho que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
² Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
Suas folhas não murcham. Não importa se o clima está desagradável, as folhas não murcham. Ou seja, não importa se a situação é desfavorável, não importa se o mundo te influencia a fazer o errado, não importa se a sua própria família te influencia a pecar, você continua firme na obediência.
Chegando no último ponto deste verso temos: Tudo o que ele faz prospera!
E aqui é bom tomarmos cuidado com a nossa interpretação. A teologia da prosperidade vai se utilizar exatamente de versículos como este para embasar sua argumentação. Porque, talvez seja até lógico, vamos reler o texto:
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!
Bem, e se está escrito tudo, então se eu fizer tudo o que Deus manda, ele vai ser obrigado a me abençoar, ué, tá escrito aqui, não é verdade? Então vou abrir um negócio e ele vai ter que me abençoar, vou começar uma faculdade e ele vai ter que me passar com nota máxima, vou jogar na mega da virada e vou ter que ganhar, afinal, eu obedeço esse Deus, leio a Bíblia todos os dias, múltiplas vezes no dia, oro por todos da minha família, por todos da minha igreja, faço parte de todos os ministérios, estou em todos os grupos caseiros, então, segundo a Palavra tudo vai cooperar para que eu tenha dinheiro e felicidade, pois tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, não é? Bem, não, não é bem assim.
Primeiramente, a pessoa que possui seu prazer na lei do Senhor, que medita nela de dia e de noite, que não faz tudo aquilo que o verso um diz, claramente, terá uma conduta reta, tomará decisões mais acertadas, terá cuidado em seu dia a dia, será amorosa, compassiva, companheira. Logo, ela não buscará o pecado para sua vida, mas buscará tudo aquilo que vem do Senhor. Ou seja, esse versículo não está falando que eu posso sair fazendo tudo o que me dá na cabeça que irá dar certo, mas, se eu sou um homem ou uma mulher de Deus, mostrarei isso pelas minhas atitudes.
Aqui é de bom tom fazermos um adendo: É no dia a dia que vemos a verdadeira espiritualidade. Quando temos uma desavença em casa, por exemplo, como tratamos aqueles que estão brigando diretamente conosco, como tratamos nossos pais, nossos irmãos, nossos cônjuges, ou seja, não importa tanto a quantidade de dons espirituais que você, aparentemente tem, mas importa muito mais o crente que você de fato mostra ser com suas ações.
Não existe alguém que seja tão crente como o apóstolo Paulo (até onde temos registro). Foi ele mesmo que escreveu o versículo citado agora “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus”. E ele foi um homem tranquilo, tudo o que ele fez deu certo, Deus foi obrigado a abençoar ele, não é?
Em Damasco, ele escapou de uma tentativa de assassinato em um cesto (2Co 11).
Na Macedônia, ele foi chicoteado diversas vezes e preso (At16),
em Tessalônica foi obrigado a fugir (At 17),
em Éfeso incitaram grandes tumultos contra ele (At 19),
em Jerusalém foi preso e jurado de morte (At 21),
em Listra foi apedrejado e lançado para fora da cidade dado como morto (At 14),
Em sua defesa no final de sua carreira, foi abandonado por todos (2Tm 4:16).
E no final de sua vida, morreu decapitado.
Porém, Paulo sabia, assim como nós devemos saber, que absolutamente tudo o que fazemos terá um resultado bom para nós, ou seja, prosperará. Porém, não há garantia absolutamente alguma de que teremos essa recompensa enquanto estamos deste lado da eternidade. Mas, há de ter um dia, em que olharemos Deus face a face, e tudo aquilo que passamos, todas as vezes que obedecemos mesmo quando seríamos prejudicados, todas as vezes em que nós falhamos, mesmo tentando agir de acordo com o Senhor, tudo isso, não terá mais sentido, pois estaremos lado a lado com o Senhor, e isso, será o bastante, isso será melhor do que qualquer recompensa terrena que o Senhor poderia ter nos dado. Essa é a verdadeira prosperidade bíblica (John Piper), sabermos que as coisas em nosso dia a dia podem nos dar retorno material ou não, porém, absolutamente tudo, terá uma recompensa na eternidade, saber que este mundo cheio de injustiça terá um fim naquele que não há injustiça alguma.
Agora iremos explorar a segunda parte do nosso Salmo:
⁴ Não é o caso dos ímpios! São como palha que o vento leva.
⁵ Por isso os ímpios não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos.
⁶ Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição!
Agora, o autor explora o caminho que devemos evitar e mostra as consequências de seguirmos nesse caminho.
⁴Não é o caso dos ímpios! São como palha que o vento leva.
Em primeiro lugar, este verso está relacionado diretamente ao primeiro adjetivo do primeiro verso da passagem, alguns estudiosos colocam que estes seriam ainda os “menos piores” dentro da própria passagem, e que o intuito do autor seria falar que o caminho dos “menos piores” leva à destruição. Creio que pensar dessa maneira não é tão relevante para a passagem e, por mais que seja o mesmo adjetivo, a diferença neste momento não seria mais a gradação que vimos no primeiro verso, mas sim comparando o caminho que leva à vida, com o caminho que leva à morte.
Um adendo aqui é importante, a grande maioria dos bilionários não são cristãos, por exemplo. Mas para o salmista, eles continuam sendo a palha que o vento leva. Temos neste versículo, uma amostra da sabedoria presente no livro de Eclesiastes, porém aplicada de forma específica para os ímpios. Eles são como a palha que o vento leva, ou seja, não adianta a quantidade de coisas que eles venham a conquistar, não adianta que eles se tornem os grandes reis desse tempo, não adianta o quão incrível eles venham a se tornar, se não se converterem, se não se arrependerem, se não forem transformados pelo o Senhor, toda e qualquer recompensa que eles terão será aqui nesta vida. Irmãos, se alguém virasse para você e oferecesse 1 ano de bonança, porém, com a consequência de 20 anos de doença, guerra e pobreza, provavelmente não iríamos aceitar essa escolha. É exatamente assim quando o Salmista observa a vida dos ímpios, por mais que eles venham a ter bonança, quando a eternidade vier, o destino deles não será nada bom como veremos mais para frente.
E é exatamente por serem como a palha que o vento leva que não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos.
Temos um fato aqui no momento: Cristo voltará e julgará os vivos e os mortos. Alguns, durante a história da igreja negaram este fato, no último carnaval tivemos uma situação muito embaraçosa que foi bem divulgada nas redes sociais envolvendo uma cantora do Axé brasileiro quando confrontada à cerca do Apocalipse, disse que não iria deixar o apocalipse acontecer, como se pudesse ter a capacidade de fazer algo quanto à isso. Mas, nós, cristãos, continuamos confiantes e, na verdade, esperançosos pela volta de Cristo. Porém, o sentimento dessa cantora acaba revelando em qual dos caminhos ela está, pois os ímpios não resistirão no julgamento, e por consequências farão tudo o possível para adiar, ou fingir que este julgamento não virá e não haverá nenhum ímpio que resista à este dia. Esta passagem deveria ter um efeito duplo em nossa vida:
O primeiro é relacionado à nos abstermos do caminho dos ímpios, pois ele simplesmente não é bom. Isso é o que a leitura normal da passagem deve ter de efeito em nossas vidas.
O segundo efeito que quero salientar, não é algo tão “preto no branco” como o efeito acima, mas, é uma preocupação mais profunda. Saber que estamos no caminho certo, e que os ímpios estão no caminho errado pode nos levar a nutrirmos um certo sentimento de superioridade, quando na verdade, deveria nos impulsionar à evangelizar. Porque não fomos considerados justos por absolutamente nada que há em nós, mas por um ato de misericórdia, por um ato de amor.
Por isso os ímpios não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos.
⁶ Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição!
Irmãos, o final da nossa passagem diz que os pecadores não aguentarão a comunidade dos justos. Isto é bem simples de entender pelos versículos passados. Como alguém que não crê no Deus vivo terá prazer nele? E como vimos, a única saída para o pecado é ter prazer na Lei do Senhor, a única maneira de conseguirmos ter uma vida cristã é ter satisfação plena no Senhor. Então, como alguém que não tem satisfação no Senhor conseguirá permanecer no caminho que leva à vida? Não tem como.
E, chegando na conclusão, o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição. Gente, o caminho dos ímpios simplesmente leva à sua destruição. O que acontece, primeiramente, o caminho dos ímpios pode até parecer prazeroso, pode parecer bom dar uma resposta atravessada para alguém que nos fechou no trânsito, pode parecer bom nos estressarmos acima do limite quando nossos familiares colocam aquela toalha molhada sobre a cama. Tudo isso pode parecer bom momentaneamente, mas, a longo prazo, seguir neste caminho levará à destruição. Este caminho é como a história que contei no início desta tarde, pode parecer que estamos fugindo de uma prisão, mas, no final das contas, estamos indo diretamente para nossa própria morte.
Porém, o Senhor conhece o caminho dos justos, o Senhor escreveu o caminho dos justos, o Senhor tem prazer no caminho dos justos. Que nós possamos ter prazer no caminho dos justos, que nós possamos ter prazer na Lei do Senhor, pois essa é a única saída para as nossas vidas, é a única maneira de termos vida, é o único caminho que devemos permanecer.
ORAÇÃO FINAL