O que proclamamos?!

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Introdução

Boa tarde a todos! É com grande alegria que nos reunimos aqui hoje para dar início a esta conferência tão significativa da Atos 29 Brasil, sob o tema "Proclamar - Compartilhando o evangelho em momentos difíceis". Neste momento especial, estamos aqui para refletir, aprender e sermos encorajados a levar adiante a missão que Deus nos confiou, especialmente através da plantação de novas igrejas.
Hoje, quero começar nossa jornada em mais uma conferência com uma pergunta fundamental: "O que proclamamos?" Esta pergunta não é apenas sobre o conteúdo do que pregamos, mas também sobre o coração e as motivações por trás do nosso ministério. E para explorar essa questão, vamos nos voltar para a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 4, versículos de 1 a 6.
2Coríntios 4.1–6 (NVI)
1 Portanto, visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos. 2 Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus. Ao contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de Deus. 3 Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto. 4 O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Mas não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus. 6 Pois Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.
Neste trecho, o apóstolo Paulo compartilha conosco insights profundos sobre a integridade e a pureza necessárias no ministério do evangelho. Paulo escreve em um contexto de desafios, enfrentando adversidades e mal-entendidos, e ainda assim, ele se mantém firme na missão de proclamar a Cristo. Ao considerarmos a plantação de novas igrejas, as palavras de Paulo ressoam com um lembrete poderoso sobre o verdadeiro propósito e as motivações que devem orientar nosso trabalho.
Vamos então mergulhar nesses versículos e descobrir juntos como podemos alinhar nossa prática ministerial com o chamado divino, evitando as armadilhas das motivações erradas e reafirmando nosso compromisso com a Grande Comissão.

1. A Missão de Proclamar: Compromisso com a Grande Comissão (2 Coríntios 4:1-2)

Meus irmãos e irmãs, Paulo começa este capítulo com uma declaração poderosa: "portanto, visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos." Aqui, Paulo nos lembra de algo extraordinário. O ministério que temos — essa vocação sagrada para proclamar o Evangelho — não é algo que conquistamos ou merecemos. É uma misericórdia, um ato de graça divina. E é essa compreensão que deve fundamentar tudo o que fazemos, especialmente quando pensamos em plantar igrejas.
Não desanimamos, diz ele. Por quê? Porque, quando nossa motivação é a misericórdia recebida, nossa resistência não vem de nossa força, mas da graça que nos sustenta dia após dia. Portanto, quando consideramos a plantação de uma nova igreja, não é um projeto para exibir nossa competência ou nosso conhecimento teológico, mas uma resposta ao chamado de Deus para levar sua misericórdia a lugares onde Cristo ainda não é conhecido ou onde sua igreja ainda não está firmada.
Paulo continua, enfatizando a maneira como conduzimos nosso ministério: "Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus. Ao contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de Deus." Isto é crucial, meus amigos. Em uma cultura que muitas vezes celebra o sucesso a qualquer custo, Paulo nos chama de volta à simplicidade e pureza de nossa missão. Não usamos truques, não torcemos a mensagem para torná-la mais atraente. Proclamamos Cristo crucificado, ressuscitado e voltando novamente, e fazemos isso de forma clara e transparente (o evangelho não sendo pregado de forma explícita - missionários).
Isso tem implicações profundas para nós como plantadores de igrejas. Estamos aqui para construir comunidades que refletem a verdade de Deus, não para criar plataformas para nosso próprio engrandecimento. Nosso trabalho é um testemunho do evangelho que pregamos. Quando plantamos igrejas, não estamos apenas lançando um novo serviço religioso (a igreja mais atracional da cidade) ou estabelecendo um novo ponto de encontro para os já convertidos. Estamos participando do movimento de Deus para redimir e restaurar toda a criação através do Evangelho de Jesus Cristo.
Assim, sejamos motivados pela grande e gloriosa comissão que Cristo nos confiou. Vamos plantar igrejas não porque queremos ser conhecidos como grandes plantadores de igrejas, mas porque somos compelidos pelo amor de Cristo, que deseja que muitos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.

2. Motivações Erradas na Plantação de Igrejas:

a. Vaidade e o desejo de protagonismo (2 Coríntios 4:2)
Meus irmãos, ao rejeitar os métodos vergonhosos e ocultos, Paulo nos alerta contra a tentação de usar o ministério para promover a nós mesmos. Em um mundo onde a visibilidade é frequentemente equiparada ao sucesso, podemos ser seduzidos pela ideia de que somos indispensáveis ou unicamente qualificados para liderar. Mas, a verdade é que a obra de Deus não depende de uma única estrela brilhante; ela floresce através de um corpo de crentes trabalhando juntos para glorificar a Cristo. Quando a vaidade direciona nossa missão, perdemos o verdadeiro propósito da igreja como uma comunidade que reflete a graça de Deus, não a habilidade humana.
b. Guetos Teológicos (2 Coríntios 4:2)
Paulo também nos chama a pregar o evangelho de maneira pura e não adulterada. Neste contexto, ele nos alerta contra a criação de guetos teológicos — comunidades que se formam em torno de uma visão teológica estreita, um determinado modelo eclesiológico (que pode até ser bom), servindo mais para confirmar nossas próprias convicções do que para desafiar o mundo com o evangelho de Cristo. Valorizar a teologia reformada, por exemplo, é crucial, mas nunca deve ser um fim em si mesmo. Nossa missão não é apenas preservar uma tradição, mas proclamar a redenção através de Cristo a todos os que estão perdidos. Assim, a plantação de igrejas deve ser impulsionada pelo desejo de alcançar os não alcançados, e não apenas de fortalecer nossos próprios círculos teológicos. Por termos convicções teológicas profundas, devemos amar profundamente a Deus, por amarmos profundamente a Deus somos profundamente comprometidos com a Sua Missão. Se as suas convicções teológicas não te levam a uma devoção profunda, a um amor profundo a Deus, há alguma coisa errada com a sua teologia, mesmo que ela seja boa. Talvez ela só esteja na sua mente, mas não tenha alcançado o seu coração. Quando ela fica apenas na mente, ela tem um potencial enorme de alimentar sua vaidade e seu orgulho, mas quando ela vai para o coração ela te torna mais humilde e piedoso.
c. A cultura do empreendedorismo (2 Coríntios 4:2)
Por fim, Paulo nos adverte contra o uso de "astúcia" ou manipulação da palavra de Deus. No nosso contexto atual, isso pode se traduzir em abordar a plantação de igrejas como um novo empreendimento de negócios, onde estratégias de marketing e modelos de crescimento são mais valorizados do que a fidelidade ao evangelho. Onde a maior preocupação seja a inovação. Sim, ferramentas de gestão podem ser úteis, mas nunca devem substituir o poder do Espírito Santo em nossa missão. A igreja não é uma startup; é o corpo de Cristo, movido pelo Espírito para testemunhar a verdade do evangelho em cada canto do mundo. Não use aquilo que é sagrado por motivações seculares, onde você vê o Reino de Deus apenas como um campo possível como qualquer outro para empreender.

3. A Manifestação da Verdade pelo Poder do Espírito (2 Coríntios 4:3-6)

Ação do Espírito na Proclamação do Evangelho
Irmãos e irmãs, Paulo, em sua carta, nos traz à consciência de uma realidade transcendente: "Mas se ainda o nosso evangelho está encoberto, está encoberto para os que se perdem." Esta é uma afirmação pesada, mas vital. Nos lembra de que nossa pregação, por mais eloquente ou teologicamente robusta que seja, não pode, por si só, iluminar os corações cegados pelo deus deste século. Só o Espírito de Deus tem esse poder. Não despreze a atuação do Espíritono seu ministério, pelo contrário, a proclamação envolve vida de oração, vida piedosa e dependência profunda do Espírito de Deus.
Dependência do Poder de Deus, Não de Estratégias Humanas
Em um mundo que frequentemente valoriza técnica e estratégia, Paulo nos chama de volta ao essencial: o poder transformador de Deus. "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo." Aqui, Paulo faz uma analogia gloriosa com a criação, lembrando-nos de que assim como Deus falou haja luz para a existência, Ele fala luz em corações escurecidos. Isso não é algo que podemos fabricar ou manipular. É obra de Deus.
Capacitação e Envio pelo Espírito
Isso implica uma abordagem profundamente humilde e dependente no ministério e, por extensão, na plantação de igrejas. Não somos nós, mas Deus quem faz a obra. Nossa parte é sermos fiéis, proclamadores da verdade de Deus, enquanto dependemos completamente de Sua capacitação. Isso nos liberta da pressão de 'fazer acontecer' e nos permite operar em um espaço de graça, onde o crescimento e o impacto são guiados pelo Espírito.
Proclamar com Fidelidade e Dependência
Então, ao pensarmos sobre 'O que proclamamos?', que nossa resposta seja não apenas o conteúdo do Evangelho, mas um testemunho de nossa completa dependência do Espírito Santo para fazer essa proclamação eficaz. Plantamos igrejas não como um empresário lança um novo produto (lançamento de infoproduto), mas como servos obedientes que semeiam sementes de esperança, sabendo que é Deus quem dá o crescimento.

Conclusão: Reafirmando Nossa Missão e Motivação

Meus queridos irmãos e irmãs, ao chegarmos ao final desta reflexão, permitam-me compartilhar uma história que ilustra bem a essência do nosso chamado.
Ilustração: Vitral da Union Church durante a noite e durante o dia - a Incapacidade de trazer beleza com uma luz artifical especialmente de dentro para fora, mas a beleza da luz natural que vem de fora para dentro. O desenho só faz sentido quando há luz do sol, o trabalho do artista só tem valor se houver a luz do sol.
Da mesma forma, cada igreja que plantamos é como esse vitral. Não estamos criando monumentos para nós mesmos, mas meios através dos quais a luz de Deus pode brilhar e alcançar aqueles que estão perdidos na escuridão. Como um artista com seus vitrais, nosso trabalho é um ato de adoração, feito para que outros possam ver Deus através de nossa obra e serem transformados por Sua luz.
Portanto, à medida que avançamos, que cada um de nós examine suas motivações. Estamos buscando a glória de Deus ou a nossa própria? Estamos abrindo novas igrejas para alcançar os perdidos e servir as comunidades, ou estamos apenas tentando replicar um modelo de sucesso que admiramos? Estamos confiando no Espírito Santo para capacitar nosso trabalho, ou estamos nos apoiando excessivamente em estratégias e técnicas humanas?
Que nossa proclamação seja pura, que nossa missão seja clara, e que nossa dependência seja sempre do Senhor. Ao sairmos daqui, renovados e inspirados, que possamos ser luzes em um mundo que precisa desesperadamente da esperança do evangelho. Que possamos plantar igrejas que não apenas afirmam verdades teológicas, mas que demonstram a verdade do amor de Cristo de maneiras tangíveis e transformadoras.
Que Deus nos abençoe nesta sagrada tarefa, e que Ele seja glorificado em todas as nossas obras e palavras.
Amém.
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