Acúmulos inuteis
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Tiago 5.1-6
Tiago 5.1-6
Introdução:
Grandeza e riqueza são uma possessão perigosa para a alma. É provável que encham o coração de orgulho e acorrentem as afeições às coisas inferiores.
J. C. Ryle
A riqueza, como uma corrente, pode aprisionar a alma, e fazer com que a devoção do coração seja dada para algo sem sentido. É isso que Tiago luta contra nesse texto, havia uma alegria presente no coração de algumas pessoas, mas era algo que não produzia qualquer valor durável. Riquezas tem seu valor, mas é como um vento que passa. O autor fecha o assunto da riqueza e pobreza em sua carta nessa seção, e ele nos adverte a perceber que: Diante de Deus os bens terrenos não têm valor. Os ricos nos ajudam a chegar nessa conclusão com duas atitudes. Sendo a primeira:
1 - Os ricos acumularam tesouros perecíveis (1-3)
1. No início do verso, Tiago repete o que já havia feito no verso 13 do capítulo passado.
2. Anteriormente ele advertiu àqueles que não viam necessidade de Deus ser a prioridade no planejamento da sua vida.
3. Nesse verso, ao repetir a fórmula “atendei, agora”, ele procura advertir um outro grupo de pessoas.
4. Agora, fala com as pessoas que são ricas, e que podem partilhar de um semelhante sentimento que esses de outrora.
5. É fato que boas condições lhe abrem um leque de possibilidades, mas dentre elas a maldade, nesse contexto, tomou uma proporção claramente pecaminosa, sendo o grande problema que Tiago deseja tratar.
6. Os ricos aqui citados, não são cristãos, são pessoas que utilizavam sua riqueza de modo a acumular juízo sobre às próprias vidas.
7. O tom de toda a seção é de juízo contra pessoas que veem o pobre e se pudessem, pisariam literalmente neles. Deixando certo que são pessoas incrédulas.
8. Deixando nítido que o problema aqui não é você ter riquezas, mas o que você faz com elas.
9. Isso pode ser assemelhar ao fato de alguém que mora num local bastante perigoso, e viu que era necessário colocar um cachorro para proteger a área interna da casa.
10. Enquanto o animal estiver dentro da casa para guardar o que tem dentro, não há problema algum.
11. O problema seria se cada vez que passasse alguém em frente da casa, ele soltasse o cachorro para pegar e morder.
12. O problema não seria o ter, mas a forma como o utiliza. Ter bens não são um problema, mas o modo como aconteceu esse acúmulo e o uso que é.
13. O verso segue: Chorai lamentando. Basicamente há uma palavra para que essas pessoas trocassem de sentimento.
14. Esse aviso é semelhante ao já utilizado por Tiago quando advertiu os crentes que estavam pecando para crescer dentro da comunidade Tiago 4.9. (Alguém Lê).
15. Portanto, no lugar da alegria e orgulho de seguir em frente com as suas posses, essas pessoas devem chorar e lamentar.
16. Esses dois verbos indicam um choro que é acompanhado de gritos, um lamento bem profundo por conta da condição triste que viria. Como o verso conclui falando.
17. É como se Tiago falasse: Não fiquem alegres, porque o futuro de vocês é sombrio, a miséria os alcançará.
18. Nos dois próximos versos Tiago cita o que os ricos tinham e que é causa do seu futuro tenebroso.
19. As riquezas deles e as roupas estavam corruptas e comidas de traça. Isso expressa que elas eram inúteis.
20. Tiago observa a quantidade de trabalho que os ricos fizeram, e tendo em vista sua condenação futura, como algo que não importará naquele dia.
21. Há uma conexão do fim do verso 1 “que vos sobrevirão” com o fim do verso três “nos últimos dias”.
22. Tanto que, quando observamos no verso três e a “sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós”. Está dizendo que o valor que todos os seus bens vão ter é o de uma testemunha que falará contra quem os têm.
23. Eles serão como um inimigo que os esfaqueia pelas costas. E o julgamento proporcionada pela sua declaração trará um fim ao acusado como se fosse corrosão/queimadura que tem uma continuidade eterna.
24. Ezequiel 7.19 resume muito bem a ideia de Tiago “A sua prata lançarão pelas ruas, e o seu ouro lhes será como sujeira; nem a sua prata, nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor; eles não saciarão a sua fome, nem lhes encherão o estômago, porque isto lhes foi o tropeço para cair em iniquidade.”
25. Nos últimos dias, os ricos trabalharam, suaram, se esforçaram, mas tudo isso não tem valor eterno, é um trabalho de tolo.
26. Todos os seus bens não os salvarão, e ainda servirão de testemunho de que seu julgamento não foi injusto. Pois como disse Jesus em Mateus 6.20 “mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;”
27. Eles ajuntavam tesouros que mudam os números da sua conta bancária, mas que é acompanhado de um “pesado na balança” diante de Deus, porque seu tesouro não era o Senhor, e não há nada de bom a receber pois sua recompensa se limitou à essa vida.
Aplicação: Irmãos, por mais que bens tenham seu valor é um fato que eles não impedem ninguém de morrer, e nem pode salvar qualquer um do julgamento eterno de Deus. Irmãos, quanto a nós? Qual tesouro temos acumulado? E em qual lugar? Nos céus ou na terra? Também em Mateus 6 diz que: onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração? E qual seria a nossa resposta? Que possamos a cada dia ajuntar tesouro celestial ao entregarmos todo nosso coração ao Senhor.
ST: Além de acumularem tesouros perecíveis essas pessoas também…
2 - Maltrataram quem estava abaixo deles (4-6)
1. Irmãos, nada mais justo de que pessoas cumprirem seus acordos. Se foi acordado um valor para determinado serviço, o correto é entregar tudo sem qualquer transtorno.
2. No entanto, o que temos aqui colocado pelos versos, é que os ricos não estavam andando corretamente em seus acordos.
3. Apesar de aparecer o salário dos trabalhos, isso é uma figura que expressa o que os próprios trabalhadores estavam fazendo mediante sua condição.
4. Eles dependiam daquilo para viver, como poderiam pagar suas contas? Como poderiam pagar a comida para alimentar sua família e a si próprio?
5. Me modo algum seria possível. É notório que os trabalhadores cumpriram sua parte, note que o texto diz: “ceifaram os vossos campos”.
6. Então, não poderia ter a alegação de que eles foram infiéis em sua parte, muito pelo contrário, houve fidelidade dos trabalhadores.
7. Porém, o texto também diz: foi retido com fraude.
8. Os ricos enganaram os mais necessitados, apenas ficaram beneficiados com o fruto do penoso trabalho deles.
9. Mas, nada deram em troca, retiveram aquilo que era justo, o salário. Como nos esclarece Levítico 19.13 “ a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã.”
10. O juízo só piorava para essas pessoas, porque os enganados clamaram, e Deus os ouviu.
11. O verbo “penetraram” nos explica que Deus escutou esse clamor, e a causa dele não passaria impune.
12. Os ricos também acumularam queixas, e não tiveram misericórdia dos menos favorecidos.
13. É necessário termos misericórdia das pessoas com piores condições sociais, e ajudar no que for possível.
14. Não é correto enganar e tentar de algum modo tirar proveito daquilo.
15. Lembro de certo deputado comentando sobre a condição de um país que estava em guerra, percebeu que por esse contexto seria mais fácil conseguir mulheres para o satisfazer.
16. A causa da sua viagem até lá era “ajudar” aquele povo, mas suas intenções eram tão malignas quanto destes citados no texto.
17. Há ainda três sentenças contra eles: Vivido regaladamente, nos prazeres, tendes engordado o coração e tendes condenado e matado o justo.
18. A primeira e a segunda recorda bem a situação do rico na Parábola em que aparece o pobre Lazaro.
19. O rico vivia na luxuria e não tinha falta de nada aqui, ele se regalava, ou seja, sempre estava em festas.
20. Enquanto Lazaro estava sofrendo até sua morte. No pós-morte há uma inversão de situações. O que também aconteceria com todos que vivessem da mesma forma.
21. Sobre o terceiro, tendes engordado, serve de uma ilustração de algo comum até nos nossos tempos.
22. Tiago os compara há um animal que estava sendo engordado para ser abatido depois, Tiago apenas utiliza um outro termo para descrever o dia do juízo de Deus.
23. Esse termo “dia de matança” é um sinônimo para os últimos dias citados anteriormente no texto.
24. A qualquer momento o Senhor poderia voltar, e eles não passariam de um animal para o abate naquele dia.
25. Por ultimo, eles também são acusados de condenar e matar os justos.
26. Basicamente, por contas das suas ações anteriormente citadas, eles traziam morte aos que lhe prestavam algum serviço.
27. Apesar do termo justo está no singular, é apenas uma forma geral para tratar qualquer pessoa nessa situação que era fiel ao Senhor.
28. Eles não podiam fazer nada para se defender, não tinham como resistir aos mais ricos.
29. Por isso ficavam à mercê de uma misericórdia que não veio daquelas pessoas.
Aplicação: Irmãos, o que Deus nos dá também pode ser uma benção à outras pessoas, que não coloquemos qualquer pedra no caminho para ajudar alguém, mas que sejamos justos e o que foi acertado também seja pago aqueles que devemos, principalmente os que mais precisam.
Talvez você pense: Independente das nossas condições, sempre podemos contribuir com alguma coisa. Não é necessário ter a conta cheia, ou ter várias carros e casas; uma oração, ouvir ou mesmo com o pouco dos seus bens, sempre podemos ajudar. Não podemos esperar apenas pelos outros, se há algo que já podemos fazer. Seja não aceitando um troco errado, até parar um pouco para ouvir alguém, estenda sua mão para o certo.
Conclusão: Os ricos nos ensinam bastante, principalmente a não ter qualquer inveja deles, parafraseando Calvino “ao ouvir falar do fim miserável dos ricos, possam não sentir inveja da fortuna deles e que, ao saber o seu fim possam suportá-los até lá”. Que esse sentimento não esteja em nossos corações, e que Deus nos dê força para suportar às injustiças até que ele mesmo coloque um fim nelas. Amém.