A Primogenitura

De Isaque a José: Do Filho da Promessa ao Filho do Amor  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Sermão ministrado no culto noturno de domingo, 9 de junho de 2024, na Primeira Igreja Batista de São Caetano do Sul

Notes
Transcript

Antes de iniciarmos esta mensagem, baseada em Gênesis 26, a partir do versículo 34, até o capítulo 27, versículo 25, é importante trazermos uma contextualização.
Aqui nós temos a história de Isaque, filho de Abraão, o filho da promessa, casado com Rebeca. No começo do capítulo, a gente vê que houve um grande período de fome que fez com que Isaque se mudasse para Gerar, terra de Abimeleque, rei dos filisteus.
Ali Isaque, temendo por sua vida, fez algo que seu pai já tinha feito anteriormente: mente. Diz que a sua esposa era, na realidade, sua irmã, com receio de que alguém lhe fizesse mal para ficar com Rebeca.
Acontece que Abimeleque descobre e determina que ele vá embora dali. Ocorre que Isaque é grandemente abençoado pelo Senhor, prospera financeiramente, a ponto de atrair inveja dos filisteus. Um exemplo da riqueza de Isaque, além de ovelhas e bois, eram os poços de água. Vale lembrar que a gente está falando de uma região conhecida por nós hoje como Oriente Médio onde a água nunca foi um artigo de abundância.
Os pastores de Gerar, a Terra de Abimeleque, então passam a arrumar confusão com os servos de Isaque. Isaque, então, decide ir para Barseba, onde o Senhor apareceu a ele e reforçou a promessa que havia feito a Abraão. Isaque era decendente de Abraão, logo, fazia parte do plano traçado por Deus. Ali, Isaque ergueu um altar para adorar e invocar ao Senhor.
Vale uma observação fundamental quando a gente estuda a história dos patriarcas. Sempre que a gente vê a expressão “e construiu um altar”, o significado disso é que ali aquele patriarca viu a manifestação de Deus e dele recebeu orientação. Aquele ponto, então, fica marcado, fisicamente, na história dando a dimensão histórica da cronologia da ação de Deus através da vida desses homens.
Depois disso, Isaque e seus servos cavaram outro poço. O tempo passou e Isaque recebeu a visita de Abimeleque, acompanhado de seu conselheiro e de seu comandante de guerra. Ele se surpreende e pergunta: o que vocês estão fazendo aqui? Eu sei que vocês me odeiam.
É interessante observar a ação de Abimeleque porque ele leva dois homens de confiança e estratégicos para o seu reinado. Caso houvesse alguma revolta por parte dos servos de Isaque, ele poderia perder seus dois homens mais importantes. Aqui nós temos uma inclinação de Abimeleque a uma conversa em paz, intenção de guerra.
Eles conversam e, então, celebram uma aliança, um acordo de paz.
Quando a gente olha para a história de Isaque, podemos ter a impressão de que ele é o mais pacato dos patriarcas, talvez aquele que jogue quase parado, mas é neste capítulo, o 26, que Deus trata com ele e nos mostra a piedade que havia em seu coração. Um patriarca era aquele chamado para o novo de Deus, para viver os desafios que representar a mensagem traria. O que não poderia faltar em seu coração era justamente a piedade, o temor e a crença em Deus. O lindo da Bíblia é que ela não esconde nada sobre os personagens por ela registrados. A gente sabe que Isaque mentiu. Contudo, a gente viu também o tratar de Deus para que ele crescesse em temor e na compreensão do seu propósito.
Parte deste processo de ser um mensageiro de Deus passa por saber agir com sabedoria no lugar em que se está. Isaque sabia que teria mais dores de cabeça do que sucesso se, porventura, entrasse em alguma bola dividida com Abimeleque. É por isso que o acordo de paz é destacado aqui neste capítulo.
Agora a gente entra no texto bíblico desta noite, Gênesis 26.34-Gênesis 27.25.
Lembrando que Isaque tinha dois filhos com Rebeca: Esaú e Jacó.
O texto começa assim:
Gênesis 26.34–27.25 (BS:NVT)
Quando Esaú tinha 40 anos, casou-se com duas mulheres hititas: Judite, filha de Beeri, e Basemate, filha de Elom.
Essas duas mulheres causaram grande desgosto a Isaque e Rebeca.
Certo dia, quando Isaque era velho e estava ficando cego, chamou Esaú, seu filho mais velho: “Meu filho!”. Esaú respondeu: “Aqui estou!”.
Isaque disse: “Estou velho e não sei quando vou morrer.
Pegue suas armas, o arco e as flechas, e vá ao campo caçar um animal para mim.
Depois, prepare meu prato favorito e traga-o aqui para eu comer. Então pronunciarei a bênção que pertence a você, meu filho mais velho, antes de eu morrer”.
Rebeca, porém, ouviu o que Isaque tinha dito a seu filho Esaú. Quando Esaú saiu para caçar,
ela disse a seu filho Jacó: “Ouvi seu pai dizer a Esaú:
‘Traga-me uma carne de caça e prepare-me uma refeição saborosa. Então abençoarei você na presença do Senhor antes de eu morrer’.
Agora, meu filho, preste atenção e faça exatamente o que lhe direi.
Vá ao rebanho e traga-me dois dos melhores cabritos. Eu os usarei para preparar o prato favorito de seu pai.
Depois, leve a comida para seu pai, para que ele a coma e o abençoe antes de morrer”.
Jacó respondeu a Rebeca: “Mas meu irmão Esaú é peludo, enquanto eu tenho pele lisa.
E se meu pai me tocar? Perceberá que estou tentando enganá-lo e, em vez de me abençoar, me amaldiçoará!”.
Sua mãe, porém, respondeu: “Que caia sobre mim essa maldição, meu filho! Apenas faça o que lhe digo. Vá e traga-me os cabritos”.
Jacó foi e trouxe os cabritos para sua mãe. Rebeca os usou para preparar uma refeição saborosa, do jeito que Isaque gostava.
Em seguida, pegou as roupas prediletas de Esaú que estavam na casa dela e as entregou a Jacó, seu filho mais novo.
Com a pele dos cabritos, cobriu-lhe os braços e a parte lisa do pescoço.
Depois, entregou-lhe a refeição saborosa, acompanhada do pão que havia acabado de assar.
Jacó levou a comida para o pai e disse: “Meu pai?”. “Sim, meu filho”, respondeu Isaque. “Quem é você, Esaú ou Jacó?”
Jacó disse: “Sou Esaú, seu filho mais velho. Fiz o que o senhor mandou. Aqui está a carne de caça. Sente-se e coma, para que me dê sua bênção”.
Isaque perguntou: “Como encontrou a caça tão depressa, meu filho?”. Jacó respondeu: “O Senhor, seu Deus, a colocou no meu caminho”.
Então Isaque disse a Jacó: “Chegue mais perto, para que eu possa tocá-lo e ter certeza de que você é mesmo Esaú”.
Jacó se aproximou do pai, e Isaque o tocou e disse: “A voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú”.
Não o reconheceu, porém, pois as mãos de Jacó estavam peludas, como as de Esaú. Assim, Isaque se preparou para abençoar Jacó.
“Mas você é mesmo meu filho Esaú?”, perguntou ele. “Sim, eu sou”, respondeu Jacó.
Então Isaque disse: “Agora, meu filho, traga-me a carne de caça. Depois que comer, eu lhe darei a minha bênção”. Jacó trouxe a comida para o pai, e Isaque comeu. Também bebeu o vinho que Jacó lhe serviu.
ORAÇÃO
Na quarta-feira, falamos sobre a venda da primogenitura por parte de Esaú em troca de um prato de ensopado de lentilhas e hoje chegamos a este texto importantíssimo.
Isaque está à beira da morte e faz um pedido para Esaú, o filho mais velho. Vale lembrar que Esaú era o filho favorito de Isaque.
Só que Rebeca ouve a conversa e arma para que Jacó, o seu filho favorito, que havia “comprado” o direito da primogenitura fosse o agraciado com as bênçãos a serem ditas pelos lábios de Isaque.
A primogênitura era algo muito importante no contexto da época e perdurou ainda por muito tempo depois. O filho mais velho recebia a maior parte da herança, das propriedades e tinha bênçãos espirituais específicas. Esaú trocou este direito por um prato de lentilha.
A desconexão dele com o propósito divino era tanto a ponto de ele se casar com duas hititas. Os hititas eram um povo que viveria posteriormente entre os israelitas porque a terra em que moravam compreendia uma parte da chamada Terra Prometida. Aquilo causou muito desgosto a Isaque e a Rebeca.
Quando não valorizamos as coisas de Deus e os planos dele para a nossa vida, fazemos aquilo que causa desgosto. Fazemos a nossa própria vontade. Isso nos impede de ter a visão completa do que é o nosso propósito, de enxergar a beleza da primogenitura e da bênção do Senhor sobre a nossa vida.
Jacó, por outro lado, queria os benefícios da primogenitura, mas os benefícios materiais. Se ele tivesse a cabeça voltada para o que era espiritual, ele não teria “conquistado” o direito desta maneira tão incorreta.
O personagem mais interessante deste enredo é a Rebeca. Ela sabia o que aquilo poderia representar ao seu filho favorito e forjou uma armação para que Jacó completasse todo o ciclo de um primogênito.
Rebeca não confiou nos planos de Deus. Quis realizar as coisas à sua maneira. Quantos de nós não fazemos a mesma coisa. Falamos durante os cultos: “Senhor, faça a tua vontade”, mas agimos por debaixo dos panos para que a nossa vontade é que prevaleça.
Ouvimos essa mensagem e falamos: que tolice a de Rebeca, mas quantas outras tolices nós fizemos em nossos momentos com Deus?
O Senhor nos entregou seu Primogênito, o primeiro dentre muitos, Cristo, que também é Unigênito, o único de sua espécie, de sua natureza, para que pudéssemos confiar nele. Se a gente tem dúvida, Deus nos diz: olha para a cruz, o meu Filho amado se entregou em seu favor para que eu te amasse também. Acaso Deus, com tamanho gesto de amor, desejaria algo ruim para nós? Deus quer nos dar vida, mas tem gente que prefere o seu estilo de vida, mas esse estilo de vida leva à morte.
A mentira leva à morte. A usurpação leva à morte. A negligência leva à morte. A falsidade leva à morte. A ambição desmedida leva à morte.
Um filho de Deus não precisa usurpar lugar de ninguém. Ele tem lugar garantido na família de Deus. Jacó, pobre e miserável pecador como você e eu, enganou a seu velho pai dizendo ainda que fora Jeová que havia o ajudado nos preparativos do prato. Seguindo no texto, podemos observar que Jacó ainda beija o pai. O beijo é um dos atos mais sagrados e fortes de uma relação. É uma demonstração de conexão, de autenticidade. Ele jogou isso no lixo ao fazer por interesse, de forma inescrupulosa.
Na continuidade do capítulo, a gente vê que Esaú descobre a farsa, se revolta e ameaça matar a Jacó. Rebeca, então, temendo perder o filho mais moço, mandou Jacó para longe de lá, para Padã-Arã, um território hoje localizado na Turquia.
Nós vemos aqui o retrato de algo que acontece longe da vontade de Deus. Ela provoca brigas, interesse, decepções e até a morte. Sim, a morte. 1João 3.15
1João 3.15 BS:NVT
Quem odeia seu irmão já é assassino. E vocês sabem que nenhum assassino tem dentro de si a vida eterna.
Sendo filhos de Deus, não podemos compactuar com algo assim. Sobre nós estão as bênçãos espirituais do Primogênito de Deus. Quais são? A graça do Senhor Jesus, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo, como traz o apóstolo Paulo em 2Co13.14.
A riqueza, os bens, a saúde, a beleza, o sucesso podem ou não ser consequências de uma vida com Cristo. Não é uma regra, ao contrário do que algumas pseudo teologias pregam por aí. Ele te promete paz, restauração, consolo, fortalecimento, caráter restaurado e a companhia dele em tudo o que você fizer.
Olhando para a história dos patriarcas, vemos cada um com as suas características, mas, em comum, vemos o agir de Deus. Quando tudo parecia impossível, Deus foi lá e agiu, mostrou a sua vontade. Se Deus foi lá e deu filhos a mulheres que não podiam ter filhos, certamente era porque ele tinha um propósito sobre aquelas vidas, sobre aqueles descendentes.
Olhamos as dificuldades e ficamos desanimados. Eu sei, irmãos, tem dias que eu acordo, pela manhã, desanimado e vou dormir, devastado. Mas Deus nos ensina a esperar nele.
Pela história, a gente sabe que Deus tem um encontro com Jacó e restaura a vida dele. Muda o nome dele. A mudança de nome é simbólica porque aponta o propósito de Deus para aquela vida, como a gente vai aprender mais nas próximas mensagens.
Deus nos chama hoje para não repetirmos esses erros. O Senhor não precisa da sua ajudinha. A Jó, Deus perguntou: Jó 38.4
Jó 38.4 BS:NVT
“Onde você estava quando eu lancei os alicerces do mundo? Diga-me, já que sabe tanto.
Deus tem o controle da história desde antes de antes de toda a história. A sua vida não é um acaso. Fazer algo errado achando que, no final, dará certo não é o caminho.
O pastor Wagner citou, pela manhã, o irmã André, fundador da missão Portas Abertas. A Portas Abertas é uma das maiores e mais sérias organizações cristãs do mundo. Ele escreveu um livro chamado O Contrabandista de Deus. Neste livro, ele conta o início do seu ministério. Com um fusquinha e alguns poucos voluntários corajosos, ele levou Bíblia pelos países da cortina de ferro. No livro, é peculiar observar os relatos de quando ele botava as expectativas dele em relação a algum visto ou autorização para entrar em algum país, mas isso não acontecia. Mas é grandioso observar o testemunho dele de que mesmo quando seu passaporte estava carimbado, em destaque, em algumas páginas com ordens de restrição a entrada em alguns países da União Soviética, o Senhor providenciava a autorização. Os soldados não viam ou fingiam que não viam.
O Senhor faz, na forma dele e no tempo dele. Não precisamos antecipar etapas. E essa, meus irmãos, é uma grande lição para todos aqui nessa noite. Inclusive para mim. Cristo está no barco contigo. A tempestade pode ser intensa, mas ela não será eterna.
ORAÇÃO
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